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O Baile dos Monstros é o estopim, o pai e a mãe da Mitologia Canavar.
Seu conceito foi criado em meados de Março de 2010 e desenvolvido ao longo do ano, sofrendo diminuições e acréscimos em seu texto e seus detalhes, transformando-se aos poucos na obra final, na peça de teatro “Canavarlar – O Baile dos Monstros”.
Antes de qualquer coisa, você precisa saber a origem da palavra Canavar, que vem do turco e quer dizer “monstro”, tendo “Canavarlar” como seu plural, ou seja, “monstros”. O primeiro personagem a ser criado foi Lilith, o Rei dos Monstros, que surgiu para mim num delírio noturno sob uma febre alta que me fez enxergar as estrelas e o espaço. Ele já havia feito outras aparições em meus devaneios aleatórios que geralmente ocorrem em casa deitado na cama ouvindo música ou dentro do ônibus na volta para casa. Mas nada a seu respeito havia sido registrado antes, sua aparência, seu significado ou seu conceito, exceto uma pequena metáfora feita por mim em um dos meus manifestos escritos para este blog, que relatam um pouco da minha vida e refletem a respeito do acontecimento. O excerto da postagem “Monstro”(http://antonioquem.blogspot.com/2010/03/monstro.html) deste mesmo blog diz o seguinte:
“Às vezes vejo a minha arte como um grande monstro, um monstro perigosíssimo e sanguinário, confinado na gaiola que essa cidade calorenta é, e sem nenhuma esperança de fuga, me sinto preso, sinto na minha alma uma fera acorrentada, uma fera em quem atiram frutas e pedras o tempo todo. E enquanto o ônibus Buritizal-São Camilo faz a curva numa esquina, saindo da Avenida FAB, imagino esse monstro se soltando da corrente para correr o mundo, se alimentando da alma e da essência do que é belo e do que é magnífico, alimentando-se da música, do conhecimento, da arte e da cultura. Meu monstro interior está faminto por liberdade e por poder. E ao se soltar das correntes, tenho certeza de que irá dominar o mundo (...)”
“Eu poderia comer arte, respirar a arte, viver somente dela. Poderia largar tudo pela arte se meu futuro e meu sucesso fosse certo, e com o meu poder eu esmagaria a cabeça de todas as serpentes que silvam pra mim quando eu atravesso a sala de aula.
Parece tudo tão brilhante e grandioso.
Às vezes eu fecho meus olhos e imagino tantas possibilidades. Acho que isso vai acabar me matando um dia.
Mas e então? Como fica meu monstro? Se eu não sonhar com a arte, ele vai passar fome, e é capaz de, num acesso de raiva, ele dilacerar-me por dentro.
O que fazer a respeito?”.

Aos poucos fui trabalhando aquela ideia, aquela metáfora, e dando forma ao personagem, contextualizando-o. Surge então o primeiro ato da peça, embalado ao som de Pagan Poetry de Björk, Lilith aparece pela primeira vez concretizado em minha mente, acorrentado pelos tornozelos e pulsos por pesadas correntes. Vestido em seu quimono branco, vendado por uma renda vermelha de onde pendem sementes rubras de Lágrimas-de-Nossa-Senhora, muito encontradas nas calçadas da cidade, uma alma torturada, vítima do conformismo e do controle mental exercido pela sociedade, coroada por uma coroa magistral onde quadro círculos dourados se encaixam perfeitamente em sua áurea, brilhando de forma divina e ao mesmo tempo demoníaca.


Os outros personagens foram todos criados por mim aos poucos para montar o panteão do que mais tarde viriam a ser verdadeiras divindades de um novo folclore!
Pandora foi a terceira a ser gerada, é praticamente gêmea de Lilith, possuindo as mesmas longas garras douradas que o irmão mais velho ostenta, em tamanho menor. Trata-se de uma vampira oriental originalmente criada especialmente para ser interpretada por minha alto-estimada amiga Naomi Sakaguchi, carregando 10.000 anos de idade em suas costas, já alimentou-se de tanto sangue que já não precisa matar para viver, perdida nos séculos, acaba sozinha em uma velha mansão, precisando de companhia, e como o mundo neste futuro distante é habitado tão somente por monstros, ela decide optar pela companhia de uma máquina na ausência de um humano, e decide comprar um robô, pelo qual ela se apaixona.

A quarta criatura, ou a irmã do meio, é Akasha (antes Enkil, – homenagens à Anne Rice a parte – optou-se por uma personagem feminina para equilibrar a quantidade de homens e mulheres entre os Reis Monstros, tendo em vista que Lilith é hermafrodita, a intenção era manter um número par: dois homens, duas mulheres), uma criatura alienígena, princesa espacial e filha das estrelas, veio para a terra e tornou-se a mãe da arte clássica, inspirando artistas ao longo dos séculos em segredo; é calma, doce e delicada, possui um coração enorme e uma bondade divina, e por este motivo recusou-se a assumir um posto como deusa nos tempos antigos, como fizeram seus outros irmãos.
Estava em um sono profundo em seu sarcófago quando foi despertada pelo terremoto que sacudiu a terra e trouxe os monstros discípulos de Lilith para esta dimensão, e aos poucos foi se revoltando contra a postura cômoda perante a ditadura que surgiu após a grande revolução. Decidiu então libertar seu irmão Lilith das suas correntes, sua intérprete original é Raíssa Stéphanie.

Decidiu então hibernar e esperar que as eras passassem e os velhos tempos voltassem, e realmente aconteceu, um grande terremoto sacudiu a terra e o despertou de seu sono. Pronto para ser adorado como deus outra vez, ele saiu finalmente, e deu de cara com um mundo habitado por criaturas que eram suas semelhantes, mas que estavam sob o domínio da ditadura. Boatos o levam até Auriel, onde a última esperança da raça monstruosa estaria acorrentada, lá ele encontra Lilith e decide libertá-lo.

Esta é a base da Mitologia Canavar, a história ao redor da qual orbitam Yellow e Oráculo das Feras.
Ambientalização:
O ano é 3939 d.C., a cidade é Babel, uma grande fortaleza interdimensional. A peça se passa num futuro estranho e utópico, onde criaturas de todas as formas e tamanhos convivem sob uma ditadura em uma sociedade altamente tecnológica, são forçadas a usar branco no seu dia-a-dia e a se comportarem como os humanos se comportavam, trabalhar em empresas, frequentar a escola e aderir ao comodismo do capitalismo. Imaginem górgonas, ciclopes e ogros, entre outros monstros vivendo neste dia-a-dia humano banal e tedioso.

No futuro, após descer ao mundo humano, a mescla de culturas e costumes transforma Babel numa grande metrópole altamente tecnológica, onde velhas construções milenares dividem espaço com edifícios futurísticos de arquitetura arrojada. Ou seja, algo inimaginável, quem sabe um dia algum diretor de cinema consiga adaptar esse mundo que nós criamos para as grandes telas! Enquanto isso, nós fazemos da nossa imaginação a produção cinematográfica e deixamos fluir...
Atualmente:

Eu em particular creio muito na existência do subconsciente coletivo, acredito que tudo o que criamos e imaginamos já exista em um outro plano, e nós, meros instrumentos do universo, servimos como portal para essas informações. Em algum lugar aí fora, os Reis Monstros aguardam a hora de reinar... Quem sabe o futuro da terra não seja realmente a Era dos Monstros?
2012 está chegando, é esperar para ver!
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