Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

domingo, 31 de outubro de 2010

Especial de Halloween - As Wítcharmeds - Parte Final

Acho melhor vocês escolherem logo se preferem doces ou travessuras, porque o Especial de Halloween de The Fatcat House está chegando ao fim! Assim como o mundo em As Wítcharmeds... Hoje fiz que acordei e resolvi contar pra todo mundo (na verdade, fazer um resuminho básico) sobre a saga principal de As Wítcharmeds, criada por mim e minhas amigas de ensino fundamental, em que nós próprios somos os personagens principais e lutamos contra o mal (a imaginação fica por minha conta, como sempre!).
Aconteceu então de o Dr. Chaos ter vencido e o mundo ter mergulhado numa era de trevas sombrias, onde todos os continentes se uniram novamente, formando a Pangéia mais uma vez. Os países (ou épocas) foram divididos onde um "tempo" acaba e outro começa (ex: Era dos Dinossauros termina onde Era das Cavernas termina, que termina onde a Era Medieval começa e assim por diante), mas em geral, está tudo uma bagunça. Os feudos são atacados por dinossauros constantemente e estes são vítimas constantes dos vulcões sempre em atividade, dragões dividem espaço nos céus com naves espaciais ultra-tecnológicas e submarinos precisam fugir constantemente de mosassauros furiosos. Esta época conturbada ficou conhecida como "Millennium", onde as velhas Wítcharmeds são tidas como deusas mortas, as quais um dia virão do além para restaurar a ordem das coisas, e esta fase da saga ficou conhecida como "Wítcharmeds - The Millennium Returns"!
Numa das ilhas minúsculas que permeiam o oceano único, vive Frederico, um pescador como todos os que ali vivem. Certo dia, caminhando pela praia, ele encontra o velho Coração da Amizade, agora só uma ametista comum como qualquer outra. Guarda-a no bolso. Mesmo sabendo que era muitíssimo perigoso sair da ilha e se aventurar no continente, ele resolve fazer a travessia na companhia do seu pai, que morre no naufrágio do barco graças à tempestade. Frederico acorda sob os cuidados de uma garota chamada Íris, filha do dono de um dos feudos de uma região oriental da Pangéia, onde tudo lembra o velho Japão. O coração da amizade brilha mais uma vez, revelando a eles as suas verdadeiras identidades: reencarnações de Antonio e Naiara que precisavam cruzar o mundo atrás das outras cinco pessoas que são as reencarnações de Jéssica, Bianca, Marina, Marilene e Pedro (Profª Marilene era amiga íntima minha, uma mãezona, professora de português para quem eu contava todas as nossas aventuras, as quais ela ouvia com muita atenção, acabou por se tornar parte da história depois de um tempo, como ex-Wítcharmed que ainda ajudava de vez em quando).

Eles partem continente afora, buscando as outra cinco pessoas que supostamente seriam as reencarnações das deusas e deus Wítcharmed restantes: encontram Freya (Jéssica) sendo adorada como uma valquíria pelos nórdicos distantes, Tsuabara (Marina) como uma caçadora de recompensas, Azaléia (Bianca) como aprendiz de maga, Milena (Marilene) como prisioneira de uma tribo de neandertais e a memória de Pedro presa num andróide perdido no meio de um cemitério de Gundams (robôs gigantes), meio sapo, meio macaco, meio máquina, agora sob o nome de EX-19000.

Juntos eles partem para o monte Maneki-Neko no centro da Pangéia para roubar o Olho do Gato, peça essencial roubada da máquina de fiar de Passado, Presente e Futuro, as Fiandeiras. Porém nossos heróis são interceptados por clones mal-feitos de suas antigas encarnações, agora entidades malignas, contra quem lutam, vencem, sobem ao palácio astral das Fiandeiras, encaixam a peça que alimentava com a sua energia ao sistema inteiro e restauram a ordem no mundo, o tempo volta e todas as pessoas que um dia fizeram parte de toda a história perdem a memória e voltam a viver tempos melhores, vidas normais e felizes.

Nesse meio tempo há uma aventura curta em que eles recuperam a memória para combater um cavaleiro do mal, mas no momento não me recordo do enredo, apenas lembro-me porque tenho alguns desenhos em mãos agora, mas o fato é que o tempo passou e o futuro chegou, o aquecimento global trouxe consequências catastróficas para os seres humanos, a inundação mundial causada por um meteoro gigante que abateu a África e afundou metade do continente deixando vivo apenas um único pedaço de terra, que com a ajuda da tecnologia avançada tornou-se flutuante, servindo de refúgio para o restante de humanos que sobreviveram à catástrofe. A cidade voadora gigante ficou conhecida como "País Flutuante Mecheye", onde os robôs e as máquinas fazem quase tudo e os seres humanos vivem em paz, provavelmente o último pedaço de terra existente no mundo inteiro, com excessão da Cordilheira dos Andes que virou um lugar maligno habitado por feras horrendas, há alguns dias de voo da cidade.

Naquela cidade três garotas distintas vivem suas vidas normais até o momento em que um enorme pássaro branco surge vindo da cordilheira maldita, causando pânico em todos os habitantes de Mecheye. Por coincidência as três garotas estavam na mesma hora e no mesmo lugar em que o pássaro gigante desceu, e algo estranho aconteceu: assim que eles as viu, acalmou-se e tornou-se pura luz, transformando-se num medalhão feito a partir dos restos do Coração da Amizade: O Medalhão da Flor Lilás.

As três novas Wítcharmeds são Stefani (Akasha), Aeon (Fogo e Ar) e Cha-cha Zero (Terra e Água), a garota-robô. A primeira vilã declarada das três é a Feiticeira de Porcelana, um espírito maligno preso num manequim de porcelana cujo único objetivo é destruir o que restou da raça humana. Seus filhos são os Soldados das Trevas, sombras usando máscaras feitas de crânios de animais mortos nascidas das lágrimas da própria feiticeira. A única maneira de destruir o País Flutuante Mecheye é invocando a dragoa ancestral Tiamat, e isto havia custado o corpo físico da feiticeira antes dela tornar-se espírito, porém, na última batalha entre ela e as três Wítcharmeds, seu objetivo é atingido graças à sua falta de corpo físico, e isto a torna portal para a dragoa ancestral, que invade este mundo e junto de seus filhos, domina toda a cidade de Mecheye e escraviza os humanos. A Feiticeira de Porcelana agora é passado...
As Wítcharmeds então fogem do seu país flutuante e acabam descobrindo o País Naufragado de Acqualiss, nas profundezas do oceano logo abaixo da sua cidade! Lá, elas são recebidas com festa, relatam o ocorrido e descobrem que os habitantes daquela bolha gigantesca sempre souberam da existência de outras cidades como aquela que flutuava acima das suas cabeças, mas não sairiam de Acqualiss por ser muito perigoso, mas a elas indicam onde podem encontrar toda ajuda que precisam: nos outros países sobreviventes à catástrofe.
O segundo lugar visitado é o País Lunar Cavios, um palácio chinês colossal construído sobre uma montanha, atormentado frequentemente por uma enguia gigante que de cara é derrotada pelas três garotas. É chamado de País Lunar por possuir uma cidadela tecnológica flutuante que orbita ao seu redor, onde o clã rival vive. A paz então é restaurada naquele lugar, e as três passam a ter um novo companheiro, o misterioso Guerreiro Zero.
O terceiro lugar visitado é a Ilha Le'Monster, um lugar abandonado, morto, esquecido, onde jaz uma mansão velha em ruínas. Para a surpresa dos quatro viajantes, ali habita uma mocinha muito "simpática" chamada Lilly, que vive entre ursos de pelúcia parcos e encardidos. Após uma cerimônica do chá "de brincadeirinha", Lilly concorda em acompanhar os viajantes e lutar contra a tal dragoa malvada, talvez ela não fosse páreo para seus ursos de pelúcia. Lilly tem o poder de dar vida ao inanimado, e anda sempre acompanhada de um coelho rosa gigante que come tudo o que vê, um coelho preto ninja de olhos vendados por um "X" feito de esparadrapo e um coelhinho branco de colo com olhos tristes.
No sótão daquele lugar, o Guerreiro Zero encontra uma bola de pêlos com orelhas de gato e asas de morcego, que quando furiosa vira um monte de dentes afiados violentos. O único som que ela produz é "Berry", por este motivo Cha-cha Zero o batiza com este mesmo nome.
O último lugar visitado é Sky Piear, um lugar onde vivem os anjos e as fadas que foram banidos de seus reinos por tentarem ajudar os seres humanos destruidores da sua própria e merecida destruição. Juntos construíram um país de paz e douçura onde residem até hoje, velando pelos homens através de uma bola de cristal gigante. Lá, o grupo de viajantes Wítcharmed recebe a última benção antes de partir para Mecheye e lutar contra dragoa Tiamat. Trata-se de Straw, uma bola de pelos cor-de-rosa com asas de anjo e orelhas de coelho que só diz o próprio nome. Torna-se companheira de Cha-cha Zero.
Ao retornar encontra árdua, dura batalha, mas enfim eles vencem com a ajuda de Straw e Berry, que se fundem para formar o Grande Usabu, que lhes concede um desejo; o oceano então seca e os seres humanos voltam a viver em terra firme, mas talvez tenha secado demais...
A última saga escrita por mim em 2007 chamada "Wítcharmeds - Alabaster" mostra o que aconteceu ao mundo após o oceano ter secado...
Stefani tornou-se o pilar do planeta terra, protegendo o nosso mundo da desgraça e da destruição, mas quando o poder das suas orações não foi o suficiente, os mares secaram tanto que o mundo inteiro tornou-se um grande deserto sem fim, e toda a vida na terra morreu ou se adaptou de forma estranha. Suas filhas gêmeas, Charlotte e Plasticeen, viviam em paz juntas até que em seu aniversário de 15 anos, Plasticeen revoltou-se, trancou a mãe numa pequenina ampola de vidro com ajuda de magia negra e lançou a irmã na terra, para morrer no deserto. Porém ela não sabia que a mãe havia presenteado a Charlotte o Medalhão da Flor Lilás, que lhe daria sorte em sua jornada. Charlotte perdera a memória, mas fora encontrada pelos caçadores da vila Cogumelo do Deserto (um conjunto de cabanas e prédios construídos a partir de esqueletos de cogumelos mutantes fossilizados) e com alguns cuidados, acabou sendo adotada por dois gentis velhinhos, tornando-se uma caçadora também, sem conhecer outra vida além daquela.
Certo dia, ela encontra um velho baú enterrado, onde jaziam lacrados duas estranhas pelúcias, uma preta e outra rosada, que acionadas pelo poder do medalhão em seu pescoço, criam vida e se apresentam como Straw e Berry, contam-lhe a história das Wítcharmeds e da revolta de sua irmã. Imediatamente, Charlotte volta à vila decidida a invadir o distante Castelo de Rubi para salvar sua mãe montada na carcaça de um pequeno avião ultra-leve, porém Valentine, sua melhor amiga tenta impedi-la e acaba indo junto.
Valentine é uma feiticeira cega, filha do Sultão capaz de produzir água com a ponta dos seus dedos, consequente guardiã da água, mas isso não foi o bastante para manter o avião nos céus. Caíram cedo e logo foram acudidas pela famosa caravana Violet Flag, uma cidade de tendas ambulantes que cruza o mundo levando iguarias, especiarias, artefatos, bebidas, mulheres e muita festa por onde passa. Lá elas conhecem a odalisca Sophie, controladora dos ventos, que impede a aproximação das perigosas tempestades de areia. Torna-se a guardiã do ar e junta-se as duas viajantes e seus bichos de pelúcia falantes.
Por ironia do destino, o tanque do avião estava furado, e as três são forçadas a fazerem uma parada num oásis onde encontram animais de todas as espécies e, ora vejam só, uma tenda de circo! A dona desse circo é ninguém menos que Lilly Le'Monster, uma mulher sem memória que vive para entreter os viajantes que ali se perdem. Desperta o poder da terra e relembra tudo o que viveu no passado como Wítcharmed, segue viajem com as garotas.
Numa cidade digna de faroeste, elas encontram o Guerreiro Lilás, filho de Aeon e do Guerreiro Zero, imediatamente entra em desavenças com a bruta Charlotte que acha que pode mandar sendo uma forasteira, como cherife, ele tinha de dar um basta nela, mas acabou perdendo a aposta e se juntando ao grupo, partindo da cidadezinha de 20 habitantes para o Castelo de Rubi, logo após a Cordilheira da Morte. Torna-se o guardião do fogo.
O grupo invade o Castelo de Rubi e tenta resgatar Stefani, o pilar do mundo, em vão. São capturados e presos em ampolas de vidro como ela. Plasticeen e sua comparsa Princesa Do-ré-mi (que havia sido lacrada num sarcófago abaixo da Esfinge de Gizé e fora libertada recentemente para servir à Plasticeen) então tomam posse do Medalhão da Flor Lilás, a chave para a Cidade Proibida de Mecheye que guarda todos os Ídolos, objetos sagrados que guardam as almas de antigos deuses e que juntos dão poder e vida eterna a quem os possuir. Mas as desavenças entre as duas ocasionam numa batalha perdida pela mimada Plasticeen, a portadora do Olho do Gato, e por muito pouco, Do-ré-mi não abre as portas da Cidade Proibida. Aeon, o Guerreiro Zero e Cha-cha Zero surgem para libertar as novas Wítcharmeds e ajudam na batalha final contra Do-ré-mi, selando-a para sempre em uma dimensão de onde ela jamais poderá voltar.
A ordem mais uma vez foi reestabelecida, os oceanos enchem-se pouco a pouco e a terra floresce de novo, a natureza estava em paz mais uma vez, e cabia ao homem agora manter a paz eterna...

FIM?

Provavelmente NÃO, a ideia principal de As Wítcharmeds era ser uma coisa bem maluca sem pé e nem cabeça exatamente como Power Rangers, sem começo, nem meio, nem fim. Fica a pergunta depois de tudo isso: "isso aí é o que? Uma série televisiva? Um livro?" na verdade, As Wítcharmeds chegaram a ser uma história em quadrinhos que eu desenhava meio que por hobby mesmo. E a ideia principal deste especial de Halloween era assustar àqueles que morrem de medo de leitura! E aí?! Esse texto gigantesco assustou vocês?! Espero que sim, porque escrever tanto o dia todo me deu muito sono! Boa noite e doces pesadelos com letras que não acabam mais!

E FELIZ HALLOWEEN!

Especial de Halloween - As Wítcharmeds! - Parte 2

Olá de novo pessoal, doces ou travessuras? E que tal um pouco de magia? Nesse especial de duas partes em The Fatcat House tudo pode acontecer! Principalmente quando se trata das aventuras sem fim de cinco crianças cheias de imaginação chamadas Antonio, Beatriz, Naiara, Bianca e Carolina, mas o Ensino Fundamental I acabou, a Carolina sumiu, tomou rumo, desapareceu, e os quatro restantes se encontraram por uma coincidência enorme (ou melhor dizendo, destino, sobrenatural, coisa de bruxa, estamos ligados espiritualmente), no Centro de Ensino Atual, ou melhor dizendo simplesmente, Colégio Atual. A escola já não é mais um portal enorme para outro mundo, os professores e inspetores não são seres das sombras, novos amigos, novos dilemas, e agora?
A coisa começa a ficar preta quando se tem uma pequena noção da falta que Carolina faz: o elemento fogo é uma peça que fez falta e tanto numa batalha rápida contra uma sucuri gigantesca que surgiu às margens do Rio Amazonas, ameaçando invadir a cidade e por a vida de milhares de pessoas em risco. Para completar, a cidade ficou infestada de um tipo estranho de morcego de uma hora pra outra, tomando conta de sótãos da zona sul à zona norte inteiras! Antonio jamais escondeu o segredo das Wítcharmeds, as outras crianças nunca acreditariam mesmo, por não ter o poder para enxergar o que está oculto, porém uma delas acaba levando a história a sério até que o Coração da Amizade brilha e elege Marina como a nova guardiã do fogo, queimando todos os morcegos mágicos um a um.
(Nota: o pessoal do Atual me achava retardado, por isso ninguém gostava de mim quando eu cheguei naquela escola, porque eu ficava falando o tempo todo das Wítcharmeds e das nossas batalhas contra as criaturas das sombras).
Após isso Macapá passa por uma série de sete pragas mágicas: aranhas, serpentes, ratos, mariposas, rãs, visgo e por último, gárgulas! São todas derrotadas com a ajuda da nova guardiã do fogo, Marina... Porém, a coisa se complica quando a atividade mágica na nossa região chama atenção de Caçadores de Bruxas! Sim, ainda existem caçadores de bruxas e eles estão por aí, soltos, esperando o primeiro passo em falso para entrar de vez em cena e abocanhar de uma vez por todas os amigos Wítcharmeds! O grupo Wítcharmed agora só poderia sair dessa com a ajuda de um amigo que descobre tudo sobre o segredo das bruxas através de Marina: Pedro. O garoto se torna um aliado e tanto, conhecedor de todos os métodos capazes de derrotar desde criaturas das sombras até caçadores!
Entre outros vilões enfrentados em 2004 os principais foram a Fada do Mal e Omega Saurus, a vingança de Mr. Saurus que veio para o nosso mundo muito mais poderoso. 2004 foi um ano fraco para a minha imaginação na verdade, eu fiquei mais preocupado com as minhas notas e outras coisas, conhecemos novos amigos e nos distanciamos um pouco, e foi quando eu comecei a criar As Dellabóboras, então me desprendi um pouco das Wítcharmeds para em 2005 voltar com tudo. As primeiras "temporadas" de As Wítcharmeds foram inspiradas em Wítch, Charmed, As Aventuras de Jackie Chan, Digimon, Sakura Card Captors e outras séries animadas e histórias em quadrinhos, a partir de 2005 conheci outras séries que influenciaram bem mais a minha imaginação para continuar brincando de Wítcharmed com as meninas... Vejam só e tentem encontrar as séries inspiradoras...
Em 2005, já na sexta série entra em cena uma garota chamada Jéssica, loira, alta, olhos azuis, jeito de menina comportada, mas por trás, uma aprendiz de vilã! Neste momento, Marina e Bianca passam a estudar de manhã, de modo que o grupo Wítcharmed está parcialmente separado e fraco, é o momento oportuno para que a misteriosa Jéssica entre em ação e coloque Beatriz e Naiara contra seu melhor amigo e portador da ametista encantada Antonio, usando de intrigas e fofocas, as Wítcharmeds racham e permanecem distantes durante aproximadamente três meses, Antonio, Marina e Bianca de um lado, Naiara e Beatriz de outro, do lado de Jéssica, que passara por injustiçada enquanto na verdade se alimentava das energias negativas liberadas pelas intrigas.
É o momento em que ela mostra sua verdadeira face e as coisas viram de cabeça pra baixo! Aos poucos, Beatriz e Naiara perdem a memória até esquecerem de tudo o que passaram juntas como guardiãs, até esquecerem aos poucos do próprio Antonio! É o momento em que o Coração da Amizade brilha de novo e elege Pedro, um dos amigos mais íntimos do grupo e pesquisador especializado em bizarrices desde a série anterior, como um guardião, dando a ele o poder do ar, antes pertencente à Beatriz.
Antonio, Bianca, Marina e Pedro descobrem que Jéssica já fora uma Wítcharmed há muitos anos atrás, e que fora contaminada por um Espectro, por isso fora afastada e exilada em outra dimensão, porém, tendo escapado, torna-se capaz de entrar em simbiose com o corpo de uma garota humana, tornando-se um ser vivente outra vez, agora com sede de vingança.
Em uma batalha contra ela na quadra do último andar, seu eu humano e real se separa de seu eu espectral, revelando seu nome e forma original: Acisséj, que na verdade era um Kappa (monstro da mitologia Japonesa) então é derrotada, e a adolescente Jéssica se vê livre do espírito maligno que a havia possuído, assumindo imediatamente a posição de guardiã do elemento ar, pois após esta última batalha Beatriz havia renunciado.
Era hora de uma reorganização na posse dos poderes: Bianca passa a ser a detentora da terra e Naiara a verdadeira detentora da água, e a ordem das Wítcharmeds é alterada. Pedro volta a ser um humano normal, porém com certa capacidade mágica de premonição em sonhos, ajudando a prever o momento em que Naiara encontra um anel amaldiçoado e se divide em duas, uma Naiara boa e outra má, fazendo surgir esta nova vilã poderosíssima que dá um trabalho e tanto...
Mas as coisas complicam quando uma locomotiva-fantasma à vapor monstruosa cruza os céus de Macapá numa calma madrugada, trazendo em seu interior animais bestiais, palhaços sanguinários assustadores, acrobatas disformes e outras atrações malignas, parte integrante do pacote aterrorizante do Circo dos Demônios comandado pela audaciosa bruxa Circe e seu livro de feitiços. Todos os animais-monstro e as atrações nada divertidas e um tanto perigosas são derrotadas capítulo a capítulo dessa nossa aventura imaginária, até que o circo demoníaco que paira flutuante sobre a cidade de Macapá é invadido por Marina, que rouba o livro de feitiços da bruxa Circe, deixando-a vulnerável, aproveitando a chance para explodir a tenda gigante voadora em milhares de pedacinhos minúsculos. Para os cidadãos comuns da cidade, aquilo não passou de uma chuva de estrelas cadentes... Uma peculiaridade nesta fase da série são as atrações do circo: girafas de duas cabeças que cospem fogo, rinocerontes e elefantes zumbis, jacarés de tamanho descomunais vivendo nos esgotos, leões negros de olhos vermelhos, poodles assassinos, cavalos-zumbis, motoqueiros-fantasmas, acrobatas mortos, entre outros cujo único objetivo era infernizar as madrugadas da cidade.
Achando que Circe havia sido derrotada, o grupo Wítcharmed pode descansar enfim, porém eles não esperavam que a bruxa estivesse viva e um pouco enfraquecida, sobrevivendo escondida numa velha construção abandonada no centro de Macapá, fabricando um exército de homúnculos (humanos artificiais criados por alquimia, sem sentimento algum) para matar todos os que ali viviam. Seus planos são frustrados quando sua varinha é roubada e Antonio faz um sacrilégio especial numa noite de eclipse que transforma Circe em pó.
2006 entra com tudo então, agora sem Pedro e sem Naiara, que passaram para o turno da manhã, mas que não deixaram de dar aquela mãozinha quando alguma coisa estranha acontece nas noites solitárias da cidade. Neste meio tempo um navio voador bizarro surge sobre os céus de Macapá, e junto com ele criaturas abomináveis nunca antes vistas por nenhum de nossos heróis. Com o tempo é descoberto que aqueles monstros se tratam de mutações de criaturas mágicas capturadas no Mundo das Bruxas para servir de experimento científico em nosso mundo, tudo isso assinado embaixo pelo Dr. Chaos, um mago-cientista que criou um vírus em laboratório chamado "Mortalis", capaz de infectar qualquer criatura da Luz e torná-la um ser detestável a seu serviço!
O golpe de mestre do Dr. Chaos é infectar a Criatura Arcana (ou pilar) protetora do Mundo das Bruxas: Usabu (Usa - gi + Bu - nny = Usabu, ambas palavras do japonês e do inglês, respectivamente, denominam "coelho"), um coelho-palhaço branco gigante, que se torna Troller, uma criatura odiável, maligna e poderosíssima, capaz de destruir tudo o que há em seu caminho, sua mera existência presença traz depressão e lembranças ruins àqueles que estiverem próximos. Numa longa batalha, Troller volta a ser Usabu, e todas as outras criaturas mágicas voltam à sua velha aparência agradável e sua personalidade dócil, porém o vírus Mortalis (que é invisível e do tamanho de uma bola de beisebol cheia de perninhas e bracinhos) sofre uma mutação e passa a infectar tecido morto, causando um pesadelo mundial digno de filmes de terror: uma revolta de mortos vivos generalizada!
Enquanto as Wítcharmeds se entretem lutando contra os zumbis, o Dr. Chaos cuida do seu verdadeiro objetivo: se tornar imperador mundial, abrindo um portal para o palácio astral das fiandeiras do destino e destruindo a máquina de fiar que tece o destino da terra com as suas próprias mãos. As três fiandeiras, Passado, Presente e Futuro caem num sono profundo e a terra entra um caos eterno, misturando todas as eras numa única era. As Wítcharmeds são derrotadas e o mundo cai em sombras...
Continua...
(ou não, estou com preguiça de contar o resto, estou sujo e quero tomar banho '-')

Especial de Halloween - As Wítcharmeds! - Parte 1

Como prometido, fiz um esforcinho básico e resolvi postar alguma coisinha por aqui em homenagem ao Dia das Bruxas... (dia do Segundo Turno Eleitoral também, a bruxa está solta, literalmente). Mas dessa vez, infelizmente, não vou contar nenhuma lenda aterrorizante e nem postar um capítulo do meu livro (como fiz no ano passado), dessa vez vou falar sobre cinco bruxas em especial, as avós intelectuais de Afonsa e suas primas, as primeiras bruxas que eu criei, muito antes de As Dellabóboras...
Nossa história começa oficialmente no meu terceiro período, quando criei uma personagem para um dos "trabalhinhos" de arte: A Menina Cor de Vento. É claro que vento não tem cor, LOGICAMENTE, mas no momento eu era apenas uma criança de seis anos com muita imaginação e que precisava fazer alguma coisa com todas aquelas histórias que surgiam na sua cabeça antes que explodisse. A solução foi o de sempre: as últimas páginas do caderno de Matemática (desde esse tempo...).
Não me lembro muito bem contra o que aquela heroína lutava nem dos seus poderes, lembro malmente do seu uniforme que era um misto da roupa da Angewomon de Digimon Adventure com as roupas da Sakura Card Captors. Lembro-me também de ela possuir um amigo que o ajudava nas horas vagas, como um companheiro de batalha. Infelizmente meus cadernos desses tempos remotos se perderam - 12 anos não é brincadeira! - e o que eu tenho na memória é muito pouco para contar, então pulemos a primeira e a segunda série para chegar exatamente na terceira, quando conheci minhas quatro melhores amigas:
Beatriz, Naiara, Carolina e Bianca.
Juntos colecionávamos a revista "Wítch" que fazia o maior sucesso naquela época, então pensamos um bocado, porque éramos cinco e as protagonistas das histórias em quadrinhos também eram cinco, cada um de nós possuía o signo do zodíaco de um elemento distinto, exatamente como as guardiãs da HQ, e então chegamos a uma conclusão: NÓS ÉRAMOS OS GUARDIÕES DO NOSSO MUNDO.
Começava aí então uma saga que transcorreria e sobreviveria a anos, escolas, separações, brigas e todo o tipo de adversidades que vocês podem imaginar! Sempre relatando o ocorrido do dia nas últimas folhas do meu caderno, composto de desenhos e algumas narrativas curtas, minha imaginação nos fazia voar. Transformavamos professores e inspetores escolares durões e até coleguinhas de classe intragáveis em criaturas do outro mundo, fenômenos meteorológicos e catástrofes mundiais em apocalipses causados por eles, vultos, sombras noturnas e acontecimentos inexplicáveis presenciados por nós em seres malignos tentando invadir o nosso mundo e muitas outras viagens loucas da nossa imaginação (da minha em particular. tudo o que eu falava deixava as outras crianças assustadas e elas acreditavam piamente que o que eu falava era verdade, tanto que até uma mãe evangélica uma vez me chamou atenção, foi hilário).
Juntos, nos éramos As Wítcharmeds (mistura das palavras "bruxa" e "encantamento" em inglês, Charmed também era um seriado que eu via toda quinta-feira na Sony, nos tempos em que eu ainda possuía TV à cabo em casa, contava a história das três irmãs Halliwell e seus dilemas como feiticeiras, mais uma inspiração), protegendo o nosso universo! Nosso colégio, a Escola Visconde de Mauá (ou o SESI) era sempre o centro das confusões, onde todas as histórias começavam e terminavam, porque fora construída exatamente sobre um portal fechado por nossas mães (as ex-Wítcharmeds) há 25 anos atrás quando elas eram apenas adolescentes. É claro, haviam outros portais espalhados pela nossa cidade, porém a escola era um portal GIGANTESCO, ela toda era como se fosse a porta principal para o "outro mundo". Os outros portais davam passagem para apenas um indíviduo atravessar, de lá pra cá, ou daqui para lá, fechando logo em seguida e nunca mais tornando a abrir, mas a escola não, o portal ali oculto daria passe livre para qualquer coisa entrar e sair na hora em que bem entedesse! Se fosse aberto novamente, o mundo cairia em desgraça eterna, e como nós éramos estudantes ali (e feiticeiros em treinamento), nosso dever era impedir que a Porta Principal fosse aberta de novo.
Sabendo disso, criaturas do outro mundo presas no nosso frequentemente se candidatavam para o cargo de professores, funcionários ou zeladores, e se admitidos, faziam de tudo para abrir a Porta Principal e liberar seu senhor, o Mestre das Sombras e o exército de Shadows, ou Espectros

Mas do que se tratava esse outro mundo?

Uma explicação primordial essa: nosso mundo faz parte de uma tríplice de três esferas astrais que estão em conexão, possuem pontes entre si, formando um triângulo enorme no espaço. É claro, simbolicamente, porque os outros dois mundos estão em universos diferentes. Porém, posicionados da maneira certa, eles formavam uma estrela que os Celtas chamavam de "Triskle", o que dava passe livre para que o encantamento certo fosse usado e as portas dos três mundos fossem abertas, "desbloqueando" as pontes astrais e permitindo a passagem livre de qualquer um que quisesse ir e vir entre eles. Isso acontecia a cada 25 anos, porém a passagem entre eles poderia ser forçada por magia graças a um experimento de Merlin que criou portais espalhados pelo nosso mundo, que só poderiam ser usados uma única vez. Estes portais também poderiam ser acessados pelo lado de lá.
Os outros dois mundos são:

O Vácuo.

Um espaço negro e obscuro onde antes havia um mundo que foi destruído pela guerra entre as raças que ali viviam. Agora é apenas um lugar de desordem e caos, onde todas as feras e os seres sem forma habitam. Os seres sem forma, conhecidos como "Shadows" ou "Espectros" podem atravessar do Vácuo para cá pelos portais menores criados por Merlin, mas JAMAIS podem voltar. Porém, esta passagem está sujeita a causar grande desordem e desgraça aqui na nossa dimensão, como grandes tempestades elétricas, ventanias poderosas e tonalização vermelha no céu. Isto também causa interferência nas linhas de rádio, de telefonia celular, na transmissão televisiva, na energia elétrica e na distribuição de água. Em resumo, quando um Espectro vem para o nosso mundo, a cidade literalmente para. Isto acontece porque algo que não devia estar aqui veio para esse mundo, onde não há lugar para ele, onde ele não existe. O Mestre das Sombras costumava mandar os Espectros através dos portais usando de magia negra para fazer a passagem, mas só depois que todos os seus servos residentes aqui foram derrotados. (coitadinhos dos nossos professores malvados!)

Os Espectros:
Os Espectros não tinha forma, eram apenas falhas espirituais que ao absorver a energia vital de um animal, de um vegetal ou até mesmo de um humano poderia tornar-se aquilo ou sofrer uma metamorfose para subir ao nível de Besta, ou monstro gigante. Tudo isso retirado da minha imaginação, aos nove anos, quando ficava assustado com tempestades e trovoadas!

A Luz (O Mundo das Bruxas ou o Lar das Feiticeiras).

Ali vivem todos os seres mágicos que antes viviam no nosso mundo, fugiram para lá depois da revolução industrial que destruiu seu habitat natural. Aquele mundo repleto de florestas, ilhas flutuantes, motanhas voadoras e criaturas colossais, porém dóceis (querem uma comparação? o planeta Pandora do filme Avatar lembra muito o meu Mundo das Bruxas criado em 2002). Aquele mundo de paz e tranquilidade é governado por uma dinastia de Reis-Magos que levam nomes de notas musicais e timbres de voz. Nossa principal aliada daquele lado era a Princesa Do-ré-mi, filha da Rainha Sol, que frequentemente nos enviava ajuda e nos dava as informações necessárias que precisávamos para derrotar os inimigos através dos sonhos, ou "viagem astral", a única maneira pela qual poderíamos acessar a Luz.

Éramos seres mágicos por excelência: havíamos nascido com poderes especiais que poderiam ser ativados por uma ametista encantada chamada "O Coração da Amizade", que nos mantinha unidos e nos dava os "uniformes de batalha", inspirados, é claro, no mesmo uniforme das bruxinhas Wítch da HQ, especialmente feitos para nós, para nos dar confiança para lutar contra o Mestre das Sombras e seus aliados: ele podia mandar apenas seus aliados pelos portais menores, mas ele em si não poderia passar do Vácuo para cá, pois sua maldade era tão grande que causava alterações no tempo e no espaço, grande demais para se espremer pelos portais pequenos, por isso ele necessitava da abertura do portal principal na piscina do colégio (nos últimos episódios foi descoberta a localização específica da Porta Principal). Após a última batalha que aconteceu no Obelisco do Marco-Zero, o último portal descoberto e a última chance de atravessar o Mestre das Sombras para cá, a verdade sobre a Princesa Do-ré-mi foi descoberta: ela própria era o inimigo, conseguiu atravessar para cá, mas foi derrotada, e sua derrota custou a memória de Bianca, Carolina, Naiara, Beatriz e Antonio, os guardiões da Água, do Fogo, da Terra, do Ar e de Akasha (a energia maciça em si, ou a eletromagia de As Dellabóboras, ou o Pó de Philip Pullman).
A vida parecia ter voltado ao normal quando em 2003 um troll veio pedir ajuda, vindo diretamente do Mundo das Bruxas, afirmando que Princesa Do-ré-mi fora destruída, mas seu principal general, Mr. Saurus (que já havia sido derrotado e mandado de volta para o Vácuo no ano anterior), havia instaurado estado de sítio em todo o Mundo das Bruxas, estabelecendo uma ditadura violenta e autoritária governada por monstros meio humanos, meio lagartos, governando do pólo norte ao pólo sul sem um pingo de compaixão ou piedade, escravizando as criaturas mágicas de todos os continentes da Luz. Segundo o troll, aquele mundo sempre fora assim, desde que a mimada Princesa Do-ré-mi subiu ao trono após aprisionar sua mãe Sol na Torre do Crepúsculo, e que após sua derrota foi imaginado que as coisas voltariam ao normal, mas não voltaram: Mr. Saurus saiu do Vácuo e assumiu a coroa da noite para o dia!
Foi um pouco difícil acreditar naquela história, é claro, mas quando a ametista encantada voltou a brilhar, toda a memória das crianças foi recuperada, e elas tinham de encontrar uma maneira de ir para o Mundo das Bruxas fisicamente, e não só espiritualmente, como era de costume. Com a ajuda da Grande Anciã, recentemente descoberta como sendo a bisavó de Antonio, um novo encantamento foi descoberto e agora as crianças poderiam acessar o Mundo das Bruxas através de uma poça d'água no quintal da casa do garoto. Porém, esse portal levava direto para o subterrâneo do outro mundo, onde um Tiranossauro muito malvado governava. Foi descoberto após a batalha que aquele era o submundo de uma ilha minúscula chamada Margalo, onde Mr. Seagull (um homem com cabeça de gaivota) governava. Após a derrocada do senhor dos pássaros, as crianças Witcharmeds seguiram viagem Mundo das Bruxas afora, desbravando ilhas, continentes, geleiras e terras distantes, derrotando os generais de Mr. Saurus e vivendo grandes aventuras.
Após praticamente um ano e meio neste mundo estranho, as crianças voltam para casa, descobrindo que não se passara sequer um dia inteiro! Mas uma tragédia havia acontecido: a bisavó de Antonio havia morrido, e as crianças Wítcharmeds ficam sob a ameaça de uma separação, até que são transportadas em sonho para uma congregação onde todos os Grandes Anciãos contam-lhes a história do Coração da Amizade: a bisavó de Antonio fazia parte agora da corte dos Anciãos, e ele poderia seguir tranquilo sabendo que ela estava bem.
Sempre zeladas pelos espíritos dos seus antepassados, as crianças lutam agora no nosso mundo, e derrotam o malvado Mr. Saurus libertando a Rainha Sol, porém o final do ano chegara, e o Ensino Fundamental I também, era hora de seguir sua vida e esquecer para sempre das aventuras das Wítcharmeds... Ou não!
Em 2004 nos reencontramos no Centro de Ensino Atual e... OPS, as Wítcharmeds se reencontram no Centro de Ensino Atual! Por ironia ou graça do destino, quatro das crianças estão juntas outra vez: Antonio, Beatriz, Naiara e Bianca... Era hora de escolher uma nova guardiã do fogo!
Continua...

sábado, 30 de outubro de 2010

2011 vem aí!

The Fatcat House entra em recesso do Vestibular hoje... As provas começaram nesta manhã de sábado e vão até dia oito, depois do ENEM, quem sabe eu poste algo de novo de vez em quando, no intervalo entre o término das aulas e a prova da UEAP... Provavelmente eu vá ficar para Recuperação em Matemática (estou com a nota bem mais alta em Física), mas nada que me impeça de dar continuidade à série Stella Para Sempre.
Dia 31 é Halloween e eu estou preparando uma postagem bem legal, enquanto isso vou bolando aqui umas ideias!
Mas o motivo para eu ter vindo até aqui esta tarde é este: divulgar as próximas crônicas que farão parte da coletânea de epopeias "The Fatcat House"! O final do ano de 2010 e o primeiro semestre de 2011 prometem com...
Draconius Nefastus 2 - Perigo Submarino! (Subtítulo a ser revisto)
Um navio luxuoso é atingido em cheio por algo enorme enquanto cruza o mar da Antártida e é empurrado em direção a uma enorme geleira, que se trata de nada mais nada menos de uma grande ilha congelada pelas eras, onde antes residia uma tribo esquimó que adorava um ser grotesco e monstruoso habitante das profundezas... Conseguirão Christopher Umbrella e seus amigos apocalípticos saírem daquela ilha com vida sem provocar a ira da Grande Kujira?
The Big Machine 3 - Apocalipse!
Alberta Veronese não morreu!
Sim, isso mesmo o que você leu! O corpo de Alberta Veronese, a Rainha da Carne de Neon City, foi criogenizado, porém sua consciência e toda a sua memória foram aprisionadas num HD de última geração que imita o cérebro humano. Esta placa estava sob a guarda de segurança máxima da ESFERA, mas um desligamento misterioso do sistema não acusa a invasão do prédio... O HD sumiu! Mal sabem os Apocalípticos que todas as suas versões em todas as outras dimensões correm perigo, pois o cérebro de Alberta Veronese viaja até a Macapá original da nossa dimensão, na nossa época, se infiltra nos computadores da base do exército e causa uma verdadeira guerra civil comandada por ninguém mais ninguém menos do que ela própria em sua versão Sapatão Maligna Adolescente e um exército de amigas vingativas facilmente influenciáveis! Agora, o Apocalipse Club da nossa dimensão precisa de ajuda urgente de todos os outros Apocalípticos dos outros mundos para combater o poder de fogo da S.U.J.A., a milícia armada que fechou o estado para criar uma república socialista onde quem manda são os esportistas e os populares CDFs, que resolvem subjugar e escravizar todos os "esquisitões" anti-sociais, geeks e cults do lugar! Até mesmo Carmen Parafuso e o Doutor Lispector entram na batalha para interceder pelos nossos amigos! Aguardem!
Wonderland (Título sujeito a revisão).
Alice é uma estranha garota de cabelos escuros e pele morena, fã de rock pesado e seus afins que é forçada a se mudar para São Paulo e fazer faculdade por lá, mas a Universidade Particular de Copas é um lugar estranho para se fazer um curso de Design... Sua coordenadora, seu diretor, seus funcionários e seus professores levam nome de cartas de baralho e os alunos, por incrível que pareça, levam nome de bichos da floresta! Ainda por cima, o ambiente lúgubre da escola é de causar arrepios em qualquer um, há corredores onde árvores crescem destruindo o piso e o telhado, outros onde o chão é tão polido que não se pode dar um passo mais largo sem escorregar, e isso inclui cemitérios interiores, galerias bizarras de escultura expressionista e um bosque particular... A história toma um rumo assustador quando o inspetor White Rabbit é morto a sangue frio: o Supervisor Pedagógico Valete de Copas torna-se o principal suspeito e Alice, a principal testemunha! Não percam!





quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Cof, cof

4033 visitas não é pouco não tá legal?! Em menos de dois anos, significa muito hein!
GO! GO! THE FATCAT HOUSE!
PS: vai demorar pra sair a continuação de Stella Para Sempre e estão prestes a cortar a internet, então deem as mãos e orem pra Deus para que paguem a conta telefônica e minhas provas acabem bem rapidinho se quiserem descobrir quem matou lucas lustat

Uma Gucci Baleada


“Estamos diante do maior escândalo da história das celebridades” – The New York Times.
“O mundo da moda parou” – The Sun.
“O tão esperado do ressurgimento da diva das passarelas, Stella Vazjekovzka, termina de forma trágica com o assassinato do veterano Lucas Lustat” – O Globo.
- Foram encontrados no aposento exatamente seis objetos confirmadamente não pertencentes à vítima: uma fivela de sapato sob a marca de Coco Chanel, uma pulseira em ouro assinada por Christian Dior, um relógio de pulso Dolce&Gabbana, um vestido Versace, e um par de sapatos sociais Armani. Os dois restantes, uma carteira porta cédulas da Gucci e um aparelho celular touch-screen assinado pela marca Prada também foram recolhidos e caracterizados como as principais pistas para o começo da nossa investigação. A vítima foi executada com dois tiros, um deles acertou a porta cédulas e o outro, a jugular de forma transversal, atravessando a língua e acertando o cérebro em cheio, Lucas Lustat morreu instantaneamente.
Fez-se silêncio. As canetas arranhavam ferozes seus blocos de anotações, mãos e dedos nervosos escreviam firmes e apressados, quase furando as folhas de papel, os flashes vindos das câmeras fotográficas eram separados por longos intervalos de tempo, como se esperando mais um pronunciamento, cautelosos, com medo de atrapalhar a coletiva de imprensa. Os burburinhos aparentavam o barulho de milhares de moscas zumbindo ao mesmo tempo sobre a carniça. Óculos de grau sendo ajeitados por dedos secos para cima de narizes oleosos. E então a gritaria recomeçou. O lounge da delegacia central de polícia de Paris estava lotado naquela manhã
- Detetive Mimieux! Detetive Mimieux! Eu tenho uma pergunta! Detetive Mimieux! – uma repórter baixinha loira e de terno vermelho pulava feito uma saúva nervosa escondida por óculos gigantescos de fundo de garrafa.
- Sim, fique à vontade – fez o Detetive Mimieux, maneando a cabeça com delicadeza.
Ela sorriu nervosa, pigarreou duas vezes e tirou o cabelo da cara. Estava respirando com dificuldade, pois um fotógrafo e um câmera estavam praticamente prensando-a contra a bancada dos chefes de polícia.
- Quem é a principal suspeita do assassinato do veterano das passarelas, Lucas Lustat? – arregalou os olhos com esperança. Ela ouviria o nome que queria ouvir? Teria sua matéria de capa? O Escândalo dos escândalos, com E maiúsculo, é claro, o caso mais intrigante e instigante da história da moda na face da terra.
- Temos nossos palpites, querida, pessoas não autorizadas estavam dentro do prédio no momento do assassinato, foram presas e estão sob custódia policial... Porém, não podemos descartar a hipótese de que Stella Vazjekovzka seja a culpada, tendo em vista que a porta do quarto estava destrancada no momento em da batida ao apartamento, contrariando o único álibi que ela tinha: sua neta que afirmara ter trancado a porta antes de sair.
A gritaria recomeçou ainda mais forte, os flashes agora vieram com mais intensidade, sem intervalos, um atrás do outro, cegando a bancada, transformando tudo em luz, luz branca incandescente e desnorteante, perturbadora como aquele caso pesado e de grande renome mundial que o detetive Mimieux tinha em mãos naquele momento. Era muita responsabilidade acusar a rainha das passarelas. E muita audácia também.
- Mas testemunhas afirmam que ela foi encontrada dormindo! – gritou um homem que estava ao fundo, pulando, tentando sobressair-se da multidão.
- Ela não estava dormindo, parecia estar em uma espécie de transe, surto, estava delirando até mais ou menos às oito da noite do mesmo dia. – ele riu para si mesmo, baixinho, como se sádico, um tanto sarcástico, levantou seu queixo outra vez para os repórteres que esperavam ansiosos pela continuação da réplica. Eles se inclinavam cada vez mais sobre a bancada, quase escalavam-na – os mais veteranos que aqui estão, acredito eu, acompanharam a vida de Stella Vazjekovzka no auge da sua juventude, também no auge da sua carreira, quando sua estrela mais brilhou, por tanto com certeza possuem ao menos uma pequena noção da relação amorosa complicada que os dois viviam e como pararam de se encontrar bruscamente alguns meses após se conhecerem, ou se reencontrarem, como dizem as más línguas. O fato é que ela tinha todos os motivos para matá-lo, para se vingar de uma possível traição sugerida pelas revistas sensacionalistas da época... Não posso ir além do que já disse aqui, sinto muito, tenham uma boa manhã.
Levantou-se da cadeira em meio aos flashes e aos gritos da multidão, pedindo para que ficasse, que explicasse, que lhes contasse, que desse mais detalhes, estavam famintos pelo caso, representantes das revistas mais sérias do mundo estavam ali, assim como também das principais revistas criadoras de caso de toda a Europa e das Américas também, os sensacionalistas, aqueles que aumentavam, que criavam, que repuxavam e distorciam as histórias até elas se tornarem verdadeiros “Godzillas” dos casos de polícia envolvendo celebridades. Mesmo assim, o Detetive Mimieux deu as costas para eles, ainda com o sorriso sarcástico no rosto. Faria de tudo para descobrir a verdade sobre Stella Vazjekovzka.

- Aline, você está sendo injusta com a sua avó, e sendo desrespeitosa para comigo! Cale-se, ou vou ser forçado a levantar a mão para você! Coisa que eu jamais fiz alguma vez! – o tom de voz de Stefan estava ficando cada vez mais alto. A Mansão Vazjekovzka estava em completa penumbra, escuridão total, até as luzes da propriedade foram apagadas para despistar os paparazzi inconvenientes, para enganar os repórteres que se esparramavam aos montes nos pés do portão da chácara, montando guarda, acampamento, como um exército esperando a hora certa de atacar.
O mar francês abaixo do penhasco lá fora estava calmo, sereno, e a lua cheia com a eterna luz azul, nervosa. A propriedade sob o nome de Vazjekovzka era gigantesca para ser uma chácara, era mais uma fazenda, porém raramente era chamada assim. Ao norte da França, próxima a uma cidadezinha calma e serena, era compreendida por campos verdes intermináveis onde os cavalos da família corriam livres e pastavam, um pomar de maçãs e outro de uvas, uma pequena granja onde Stefan criava aves raras, uma pocilga para os porcos e um curral para algumas vacas leiteiras.
- Mas a porta do apartamento estava destrancada! – Aline aumentou uma oitava na voz, mas logo corrigiu o erro e diminui a voz, chegando a ponto de rosnar bem baixinho – Deixei-a trancada e quando a polícia foi fazer a vistoria e a evacuação, estava simplesmente aberta, encostada! Ninguém mais tinha a chave exceto...
- Veronica – Stefan pronunciou o nome com acidez.
Iluminados apenas pela luz do abajur noturno voltaram seus rostos pálidos para uma velha senhora de 87 anos deitada numa luxuosa e suntuosa cama, embrulhada por dezenas de cobertas, com sua cabeça cinzenta perdida entre almofadas, travesseiros e algumas pelúcias. Um gato persa branco de cara cinza dormia sob o peito da figura semi-morta. Era Alejandro, o velho gato tataraneto de Mariella, estava quase para morrer também, como a sua dona, suas noites de sono costumavam durar muito mais que o normal, ambas as animações estavam se suspendendo pouco a pouco. O leve subir e baixar do peito rijo e liso da velha, levantando e baixando o gato, dava a certeza de que ela estava viva.
- Está preparada para o seu depoimento, Aline? – a voz de Stefan cortou a madrugada de novo – porque a polícia está interessadíssima em saber como a fivela do seu sapato foi parar no camarim de Lucas Lustat... Duvido que vocês só tenham discutido! Duvido muito!
- Maldita hora em que entrei naquele quarto... – cruzou os braços e fechou os olhos, franzindo a testa. Era puro estresse.
Mas Stella estava ali, deitada na cama, perdida entre lençóis, realidade e sonho. Suas noites de sono eram assim, perdidas; enquanto ouvia as vozes de filho e neta, a realidade se misturava com o mundo onírico e a deixava desnorteada, entre o sono e o despertar, sempre perdida. A palavra Gucci ecoava dentro de sua cabeça, martelando sem parar, lembranças incontáveis. Lembranças. Lembranças do dia em que Ivan Vazjekovzka e sua mulher sofreram o acidente de carro. O dia em que seu filho morreu. Seu neto era muito jovem ainda, muito pequenino, de modo que passou a tratá-la como “mãe” em menos de três anos.
A perda do filho único daquela mulher fora uma grande tragédia. Mas porque ela estava sonhando com aquilo? Porque ela estava vendo o rosto fino e andrógino de seu único filho enrijecido, duro, petrificado e inexpressivo pela morte outra vez, dentro daquele maldito caixão? Stefan estava no colo da mulher de 54 anos. Ah, como Stefan estava sorridente naquele dia. Dois aninhos ainda, pensou. Nem sabe se está no mundo. Brincava com as flores do véu negro que Armani desenhara exclusivamente para ela, um anjinho, o Cupido em carne e osso. O deus Eros recém-nascido.
E então os olhos. Sempre aqueles olhos, fixamente presos a ela, um olhar profundo e piedoso, ao mesmo tempo em que implorava, necessitava do perdão dela, do abraço dela. Mas não, aquele olhar jamais teria coragem de trazer seu dono até sua amada. Ela estava num momento difícil, jamais a abordaria daquela maneira, jamais se aproveitaria daquela fragilidade. Lucas, sempre Lucas. Nos eventos de moda, nas comitivas de imprensa, nos coquetéis de cortesia, nos lançamentos de livros, de CDs, DVDs, nas grandes estréias de cinema. Lá estava Lucas, sempre tão bonito e charmoso, a admirá-la de longe. Ela fingia que não o via, e ele, tolo, acreditava que estava sendo o mais discreto possível. Acreditava realmente que ela não o percebia, não o via planando feito uma pomba inoportuna por todo o lugar, batendo suas asas. Idiota, pensava Stella. Grande idiota. Nunca, nunca voltarei atrás. Você me feriu, não esperou por mim, você se entregou para o primeiro que lhe sorriu e lhe ofereceu a cama, você nunca valeu nada. Você é volúvel, não serve para mim. Não serve.
E Gucci. Aquela porta cédulas maldita. Stella havia perdido aquilo no teatro. Na verdade, fora roubada. Roubada descaradamente, de cima da pia do luxuoso banheiro do prédio centenário em São Paulo. E o mais engraçado de tudo: fora esvaziada! Seus pertences estavam espalhados pelo mármore; cartões de crédito, dinheiro, documentos, tudo. Aquilo a deixou indignada, mas ela calou-se. Calou-se diante daquilo porque ela sabia quem o fizera, sabia quem o fizera com certeza porque o vira de relance, passeando por lá com cara de paisagem. Lucas pensa que me engana, pensa que é invisível. Eu o reconheceria até em Marte!
Mas não, ela não o denunciaria, não daria queixa à polícia. Não era necessário. Não agora, que ele havia sumido, para ressurgir agora, tanto tempo depois, e morrer desse jeito, com a porta cédulas da Gucci que lhe fora roubada há anos atrás, agora baleada.
- Está pronta, Senhora Stella Vazjekovzka, para dizer a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade? – perguntou o detetive Mimieux.
Ela tirou seu véu preto. Armani de novo. O mesmo vestido, o mesmo véu, o mesmo pássaro preto empalhado no alto da cabeça, exatamente como estava vestida no dia em que Ivan morreu. Os olhos marejados, inchados e pesadamente maquiados.
- Eu sempre digo a verdade, Detetive Mimieux, sempre.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O Último Comentário Avulso...

Modéstia à parte, meu blog está uma coisa divina, venho desenvolvendo um trabalho e tanto aqui nesse um ano e meio não acham? *-*
Foto: a linda Miwako de Paradise Kiss

Se Quiserem Esperar...

Por mais um capítulo de Stella Para Sempre vão ter que esperar mais um pouco U_U
o processo criativo de uma saga de suspense policial põe o cérebro em chamas SABIAM?

Foto: obra "Caveira", do mestre Andy Warhol

Enfim, Chuva!

Parece que São Pedro não esqueceu de Macapá afinal de contas! Talvez vocês não consigam sequer imaginar a emoção de quem fazia a prova de reavaliação de matemática à tardinha quando o professor abriu a porta da sala de aula e o barulho forte e viril da chuva massacrando a cidade milimetricamente invadiu nossos ouvidos! Nos entreolhamos abismados, espantados, surpresos, não sabíamos nem como expressar o que estávamos sentindo naquele momento! Praticamente quatro meses inteiros sem uma chuva que se preze (garoa com mormaço não conta), foram quebrados por um temporal repentino que fechou o sol ardente sobre os prédios e nos abençoou com o vento frio e a água gelada, lavando ruas, calçadas, matagais, avenidas, carros, árvores, cercas, muros, semáforos, casas e prédios. Foi emoção sem tamanho! Fabíola até se arriscou a pegar um pouco de chuva; quando Rayanne e eu descemos ela estava lá em baixo, toda molhada, com seus seios enormes, pulando pra lá e pra cá.

Fabíola é uma menina que não cresceu, e que ainda não tem noção do tamanho da mulher que é, levando sempre na brincadeira quando dizemos que tudo nela é "ão"... Sem comentários não é mesmo? Só conhecendo de perto pra saber quem a Fabíola é. Um amor de pessoa, um tanto explosiva, criativa, imprevisível, mas amável, revoltada e ao mesmo tempo tão calma, rechonchuda e sorridente. Esta é Fabíola.

Pensei então "o clima está perfeito para uma crônica no blog!", mas foram tantas as coisas que invadiram minha mente naqueles 30 minutos em que saí da escola até chegar em casa, que foi difícil organizar as ideias de forma coerente para criar algo assim, espetacular para um dia ameno e delicado como este, que quebrou toda a brutalidade e ferocidade desta cidade. É por isso que eu gosto da chuva, ela acalma as pessoas, deixas o ânimos mais leves, mais passíveis, ela traz consigo milhares de coisas, desde memórias até sorrisos, e sustos também: um rato enorme cruzou o nosso caminho quando chegávamos à esquina da Funasa. Fomos para a Parada de Ônibus de mãos dadas, Fabíola e eu. Como um casal de irmãos. Somos parecidos fisicamente, realmente, a diferença é que ela é menorzinha (claro, quem não é menorzinho perto de mim?).

Temos em comum a parte do "ão", tudo em nós dois é "ão". Pena que a Fabíola não pegou a parte do "tamanhão", em altura quero dizer, mas quanto ao resto, somos iguais. Exceto pelos seios! Não tenho seios fartos não! AOISHDAIOHSDIOHASD. Não resisti em usar a risadinha do msn...


A chuva me trouxe muitas lembranças, e também caiu feito um manto sobre a minha realidade: faltam duas semanas para o Apocalipse Final. Duas semanas que vão definir o meu futuro. Minhas últimas provas, minhas últimas aulas, meus momentos finais com os melhores amigos que já fiz em toda a minha vida. E então meu coração apertou e tudo veio a tona assim, num piscar de olhos marejados: VESTIBULAR, essa palavra que nunca foi capaz de me assustar, até porque sempre fui maior do que ela tanto em tamanho quanto em personalidade e confiança, passou a me assustar no momento em que o ônibus dobrou a esquina da Starbyte. A estrelinha do Outdoor continuava rindo, mas eu estava assustado, assustadíssimo. Repentinamente, tudo jorrou sobre mim. Assim como a chuva que caiu sobre a cidade naquela tarde e deixou tudo tão ameno e frio.

Meu Deus, tarde demais pra pensar agora. Meu mundo está prestes a acabar...

Algumas gotas de chuva entraram pela janela do ônibus sobre a minha cabeça e caíram no meu casaco lilás, deixando alguns pontos arroxeados como ilhas disformes num mar estranho sobre a minha mochila. O vento úmido açoitou meu cabelo. Pessoas estranhas subiram. E eu ainda perdido dentro de mim. Perdido em rios poderosos que corriam por entre mim...

Tarde demais para acordar Antonio Fernandes, Louie já havia deixado ir longe demais. Longe demais. Estou realmente preparado para o que está vindo? Estou realmente pronto para o que vai me acontecer? Pronto para esse futuro incerto?

E sabe do que mais? No momento em que outro ônibus, que não o Buritizal - São Camilo, deixou seu terminal no sul do estado do Amapá e cruzou noite afora estrada adentro, iluminado pela luz do luar e comtemplado pelas árvores disformes da floresta, no exato momento em que aquele estranho rapaz olhou para o céu e depois para o chão, e percebeu que parte do cerrado estava em chamas, num belo e trágico Apocalipse frequente na região, ele percebeu. Percebeu que estava voltando para o seu lar apenas por um motivo: para enfrentar sua última batalha como adolescente, seu mundo estava acabando, e aquele fogo no solo ressecado era o último dos sinais: a etapa final começara...

Antonio Fernandes morrerá para que Louie Mimieux assuma definitivamente?

I was so close to the edge I was falling down
You come and turn it around
And let me see again, let me see you again
Caught in the eye of the storm I was sure I'd drown
But you made me reach deep down
Assured of the strength I'd found, the strength I'd found yeah

Mighty rivers run right through me
I fall in if I dive in too deep
In the shadows swim with daydreams
As far away as they can take me, oh

There was the time I would go with the rolling tide
I wanted an easy ride
I thought it was all a game
The thunder struck and it changed
And then I was scared, I was scared I was terrified
But you made me reach inside
As certain that I'd survive, I'd survive

But all night i'm lying awake
It feels like my body's afraid to say
Too much to put into words
A dam about to burst, ohh-oh

Mighty rivers run right through me
I fall in if I dive in too deep
In the shadows swim with daydreams
As far away as they can take me, oh

Only you understand me
Want the truth not the fantasy
I'm as true as I can be
Hear me now

Mighty rivers run right through me
I fall in if I dive in too deep
In the shadows swim with daydreams
As far away as they can take me, oh
As far away as they can take me, oh

Mighty rivers run right through me
I fall in if I dive in too deep
In the shadows swim with daydreams
As far away as they can take me, oh

domingo, 24 de outubro de 2010

E a Semana de Halloween?


Será Especial! Aguardem por 31 de Outubro!

Um beijo grande e cheio de doces e travessuras para Afonsa, Karina, Kerbina e Cordélia, minhas bruxinhas favoritas, minhas filhas, frutos do meu árduo trabalho madrugadas afora, parte de mim!

E Sobre o Endereço Eletrônico?















Comitiva de Imprensa Nº 1.
Macapá, Janeiro de 2011.

- Senhor Antonio Fernandes! Senhor Antonio Fernandes! Como se sente após sua estreia bem sucedida no mundo artístico-literário? - fez o repórter.

- ANTONIO QUEM? - espantou-se a figura estranha sentada atrás da bancada.






Dame de Lotus


Certa sexta-feira dessas em minha vida, resolvi aceitar um convite para ir ao cinema, coisa que eu raramente faço em geral por falta de dinheiro. Costumo gastar meus vinte reais semanais com ônibus e almoço, já que passo o dia todo na escola, de modo que raramente tenho uns trocados sobrando sequer pra comprar um pirulito, tenho que juntar até o troco do ônibus, nunca se sabe o que será da minha carteira na semana que se segue, se estará cheia ou vazia... Mas aconteceu de eu estar com 20 reais sobrando, acredite se quiser. E eu aceitei o pedido. Fomos então eu, duas amigas e um amigo (seus nomes serão preservados por motivos ocultos). Minhas duas amigas são um pouco diferentes, tanto em personalidade quanto em atitude, começando pelo fato de elas serem um casal.

Tanto uma quanto a outra são muito especiais para mim, e eu costumo defender elas de tudo e de todos, não importa o que aconteça, sendo que uma eu posso lhes dizer, conheço não é de hoje.

Acontece que meu amigo comprou um milk shake colossal de ovomaltine, e eu não resisti e tomei um pouquinho... e mais um pouquinho depois... e mais um pouquinho... e depois a minha amiga de longa data também tomou mais um pouquinho, e mais um pouquinho, até que sobrou para o dito cujo três dedos de sua bebida.

Acredito que já se pode imaginar a reação dele.

Eu tive de subir as escadas em alta velocidade (e gargalhando), para a sala de cinema antes que ele me alcançasse e me matasse. Em conclusão, ele ficou furioso e foi sentar-se bem longe de nós, que o bajulamos um tempo até que ele aceitou que comprássemos um outro para reaver seus direitos. Fizemos a coleta e tiramos na sorte. Minha amiga então acabou tendo de se sacrificar um pouco mais, levantou-se e foi comprar o tal do milk shake.

Ficamos então eu e sua namorada numa ponta da fileira e meu amigo indignado na outra, mascando sua pipoca em alto e bom som, fazendo cara feia e resmungando enquanto nós ríamos horrores daquela situação.

O riso foi cessando aos poucos e eu me voltei para a tela gigante ainda escura. Ela virou-se para mim como sempre costumava fazer e pôs-se a me admirar, era um estranho costume que ela tinha, às vezes eu punha-me a encará-la também, mas aquilo de nada adiantava, terminávamos rindo um pro outro e virando o rostos. Outras vezes eu permitia que ela me admirasse até que cansasse e voltasse a beijar sua amada. Em geral ela não voltava a fazer o mesmo depois de não retribuído o olhar. Sempre perguntei a ela porque me olhava com aquela cara, e ela respondia "que cara?" e iniciava uma série de risos agudos como se sugados para dentro do pulmão, eu costumo dizer a ela que ri feito o Mutley do desenho do Dick Vigarista, e isso sempre a deixa muito irritada. Mas desta vez não, desta vez ela estava séria, um tanto etérea, esbanjando felicidade e tranquilidade, com uma áurea amena. Foi então que eu resolvi perguntar pela última vez.

"Porque me olhas com essa cara?"

"Que cara?" e voltou a rir.

"Essa de cara estranha, séria, como se me analisasse" ela entendeu que era sério. Finalmente.

"Ora, eu to te admirando!" respondeu.

"ME admirando?" me surpreendi.

"Sim, te admirando".

Fez-se silêncio. O indignado continuava a revirar o saco de pipocas furioso, levando punhados delas à boca e mascando com força.

"Mas porque?".

"Porque você é diferente".

Eu ri.

"É, eu sei, eu sou esquisito mesmo, depois tu se acostuma".

"Não, não esquisito... mas bonito." ela falava sério enquanto eu ria. Os papéis se inverteram?

"HA-HA, eu bonito? Só se for em outro mundo."

"Não se subestime" disse ela "Tu tens uma beleza diferente entendeu? Não parece uma beleza brasileira, não uma beleza amapaense... É uma beleza diferente, eu não sei te explicar"

"Como assim diferente? Se parece com o que?"

Ela virou-se para mim na cadeira e inclinou a cabeça para o lado.

"Uma beleza oriental talvez... Eu não sei explicar, não sei mesmo, mas não é uma beleza comum."

Sua namorada voltou. Não tinha trazido o milk shake do indignado porque a moça da entrada não permitiu que ela saísse, mas havia trazido um refrigerante e mais algumas coisas. Fizemos as pazes, assistimos o filme e quando saímos, já próximo da meia noite, o shopping estava completamente deserto e parcialmente apagado. Eu e meu amigo fizemos questão de correr por entre os brinquedos do parquinho mecânico Amazon Fantasy, na penumbra da escuridão, iluminado apenas por luzes de geladeiras de refrigerante, daquelas em que colocamos a moeda e escolhemos o sabor. Foi bem divertido, de braços pra cima, pulando entre as alegorias com caras de bichinhos, entre os brinquedos gigantes.

Mais tarde, em casa, lembrei-me da conversa que tive com ela, e então eis que pensei.


"Sou uma iguaria rara e cara, um prato para os gostos mais estranhos e refinados, de aparência chamativa e um tantinho repulsiva, porém provocante. Minha cobertura é doce, meu recheio é amargo, corajoso daquele que me provar."


E me senti a última bolacha do pacote.

Poucos seres humanos na face da terra terão coragem de chegar tão perto e falar a verdade assim como minha amiga fez. Em geral as pessoas temem a mim, minha aparência as assusta, as deixa confusas. "Aparência chamativa, um tanto repulsiva, porém provocante". Essa frase me define completamente, parando para analisar, de todas as maneiras.

Em geral as pessoas me olham com espanto, algumas com indignação, outras apenas com pura e simples curiosidade, algumas possuem olhares reprovadores, outras maliciosos, e até mesmo julgadores, debochantes. Sair às ruas para mim é um evento. Eu me sinto uma obra de arte ambulante, pronta para causar todo o tipo de sentimentos àquele que para para admirar. Não estou mentindo ou me exacerbando quando digo que causo furor quando saio de casa. É só me acompanhar num dia normal, de rotina, para ver a reação dos seres humanos na rua. No entanto, eles são tão diferentes entre si e estranhos quanto eu entre eles. Vai entender, não é mesmo?

No mais, eu utilizo os versos de Emilie Simon em sua deliciosa música, Dame de Lotus, para finalizar meu pensamento, já que a letra dela expressa meu sentimento interior da melhor forma.



Je suis enterrée vivante
Contente de moi
Au-dessus des eaux stagnantes
Contemple
Contemple-moi là

Dame de lotus

Je suis enterrée vivante


Contente de moi
Entre deux roseaux tu penches
Etanche
Regarde-moi là

Qu'importent les dames de lotus
J'effeuille les dames de lotus
Ni moins ni plus qu'une dame de lotus

Je suis enterrée vivante
Contente de moi
Au-dessus des eaux stagnantes
Contemple
Contemple-moi là


Dame de lotus sous les roseaux
Dame de lotus penche sur l'eau
Ni moins ni plus qu'une dame de lotus



Louie Mimieux

sábado, 23 de outubro de 2010

Querem Uma Dica?

Em Stella Para Sempre, tentem imaginar Stella como uma Meryl Streep BEEM mais velha e Aline como Mayana Moura, só pra ficar mais fácil de lidar com essas duas personagens intrigantes!

Sangue na Louis Vuitton


- Lucas – sussurrou Stella por entre seus lábios, repentinamente secos, formando um verdadeiro buraco escuro de espanto e nervosismo.
- Stella – sua voz rouca era embalada pelo ópio macio e vicioso de uma espécie de nostalgia melódica que soava como música para os ouvidos da velha senhora que lhe estendeu sua mão.
Por um minuto, iluminados pelo lustre dourado e cheio de cristais em forma de gota, entre os móveis elegantes do hall do hotel, em meio à veludo vermelho, arabescos e sofisticação, um conto de fadas se realizou de forma metafórica ali mesmo, em meio a homens carregando cenários e mulheres arrastando araras cheias de roupas, fotógrafos e iluminadores cuidando da ambientação e diretores de fotografia gritando ordens por entre os holofotes, como nos bastidores de um cinema. A princesa havia encontrado seu príncipe, e a sua espera de longos anos havia terminado ali naquele hall, em meio ao caos.
Ele levantou Stella com muito cuidado, os dois estavam muito próximos então, olhares invasivos para dentro, para as cachoeiras dos olhos que levavam para o âmago da alma. Respirações e batimentos cardíacos sincronizados, braços e pernas bambas, e as mãos, as duas mãos idosas, masculino e feminino unidos. Ainda surpresa, tentou esboçar um sorriso. Um misto memórias e lembranças, momentos e recordações, brotavam em erupção de dentro do mais profundo de Stella para fora, se espalhando pelo chão. Ela era um verdadeiro vulcão de sentimentos naquele instante. Eles formavam uma pasta disforme que aos poucos se espalhava pelo carpete abaixo dos seus pés.
- Você continua a mesma, é uma aparição onde quer que esteja, é deslumbrante! – ele ria. Ela continuava muda, séria, tentando esboçar sorriso ou cólera. Não sabia como reagir. Sabia que o encontraria, mas não sabia como reagir, não tinha ensaiado sua reação, aquilo não era o cinema, era a vida real, aquele momento não seria registrado em fotografia. Não ficaria congelado para ser revivido. Ela tinha que dizer alguma coisa.
- Vovó quem é esse homem? – Aline surgiu, como se das sombras, surpreendendo aos dois. Stella quase caiu de volta à poltrona, tirada à força de seu sonho enquanto acordada, trazida de volta a realidade pela voz aguda da neta, que tinha um toque de dúvida e reprovação como tempero salpicado por cima. Era o tom de voz que um filho usaria com a mãe ao descobri-la em intimidade com algum outro homem que não era o pai. Era o tom dos ciúmes.
- Oh, meu Deus... Querida, este é Lucas... Seu tio Lucas, de quem tanto ouviu falar, mas nunca viu de perto... – ela sequer tirou os olhos do velho.
Aline olhou de um para o outro com sua fina testa franzida em desconfiança. O velho sorria para ela de um modo encantador, mas isto não foi o suficiente para quebrar seu escudo.
- Vamos vovó – tomou a mão dela das mãos do homem de forma brusca e repentina – o camarim já está pronto para recebê-la – fez um gesto com a cabeça para o velho e saiu levando a avó a tiracolo.
- Está é Lucas, querida – continuou repetindo Stella, com o olhar vazio e a boca ainda entreaberta – este é Lucas. – o som dela se perdendo a cada vez que o repetia. Como se desperta pela segunda vez, procurou por algo a tiracolo – espere um instante! Minha bolsa! Minha bolsa ficou na poltrona!
- Depois eu peço a Veronica que a traga até o camarim – Aline tinha a voz dura e inflexível, parecia um robô falando. Ou um soldado.
- Mas é uma Louis Vuitton! Eu...
Tarde demais, já haviam entrado no elevador.
Enquanto subiam, o papel se invertia: Stella agora era a neta e Aline mais parecia a avó. Com a expressão marmórea e dura por trás dos óculos escuros redondos gigantescos que escondiam seu rosto, Aline permanecia parada feito uma estátua com as mãos cruzadas sobre a saia enquanto Stella, a rainha da noite tinha o rosto espremido contra o vidro, com todas as palavras prontas, saída direto do forno de seu cérebro para serem despejadas sobre Lucas em alta temperatura. Porém agora os dois estavam distantes, separados por metros de altitude, comunicando-se pelo olhar. Stella com os olhos esbugalhados e cintilantes. Lucas com um sorriso encantador, o seu sorriso encantador por trás dos óculos meia-lua que agora usava. Parecia um príncipe. Ele era o seu príncipe.
- PORQUE ALINE, POR QUÊ? – berrava Stella. – PORQUE EU MESMA ME PRIVEI DE SER FELIZ? PORQUE EU TIVE DE DISPENSÁ-LO QUANDO EU MAIS PRECISAVA DELE? PORQUE FUI TÃO ORGULHOSA E PURITANA? E DAÍ SE ELE ANDOU SE ESFREGANDO COM O VIADO DO BLACK CHERRY?! ELE AINDA ERA O MEU LUCAS E PERTENCIA SÓ A MIM!
- Acalme-se vovó, por favor, o hotel inteiro deve estar ouvindo você a esta altura. – Aline havia retirado seus óculos escuros, revelando uma maquiagem preta pesada por detrás deles. Parecia mais séria e mais adulta do que nunca.
- EU SOU A MAIOR PUTA DA HISTÓRIA DAS CELEBRIDADES, MEU PASSADO É PODRE COMO UM RATO MORTO, E EU TIVE A HIPOCRISIA AUDACIOSA DE MANDAR PASTAR O AMOR DA MINHA VIDA PORQUE ELE TEVE UM ROMANCE HOMOSSEXUAL?! EU FUI UMA GRANDE IDIOTA!
- Pare de gritar vovó! Pare de gritar! – rosnou Aline por entre seus dentes de tubarão, afiados e pontiagudos, tão brancos quanto pérolas – o hotel está cheio de assistentes de fotografia e jornalistas autorizados! Eles vão ouvir tudo o que você está dizendo!
- QUE OUÇAM! QUE OUÇAM! – retirou o casaco e lançou-o com violência por sobre a neta, quase a atingindo. Retirou seus sapatos e atirou contra a parede do quarto com muita força, derrubando um quadro, puxou a barra do vestido e amarrou na altura dos joelhos, caminhando a passos firmes e decididos em direção à porta. Aline meteu-se em sua frente, impedindo a passagem.
- Aonde você vai?!
- Vou buscar a minha bolsa!
- Não, nada disso! Fique aqui! Eu mando Veronica buscar! – fez Aline, empurrando sua avó para trás com delicadeza, tentando afastá-la da porta.
- Mas EU quero ir lá! A bolsa é minha! – rugiu a velha.
- Você não quer a bolsa! Você quer falar com o Lucas! Eu sei que quer! Você não vai falar com ele! Você o odiava até alguns dias atrás! – ela trancou a porta e escorou-se nela.
- Porque ele havia se entregado sem pensar duas vezes para aquele maldito Black Cherry! – rosnou a velha avançando para cima da neta tentando alcançar as chaves nas suas costas.
- Então! Ora vejam só! Ele lhe traiu, ele não esperou por você! Ele não lhe ama de verdade!
- É, mas EU o amo e não tenho tempo a perder! Não importa o que ele tenha feito! – fez Stella, iniciando um choro doloroso e soluçado, agudo e intenso, poderoso, como se toda a sua tristeza estivesse escorrendo para fora com toda a força. Caiu sentada no chão, feito uma velha de asilo, desamparada, sozinha, sem família. Aline imediatamente a abraçou, mas foi empurrada para trás – saia de perto de mim! Sua ingrata! Você não sabe o que esse homem representa para mim! Eu passei anos e anos tentando digeri-lo, ruminando a existência dele, o que ele tinha representado para mim e o que ele fizera, como ele havia me traído! Mas só agora, vendo-o de perto percebi que estou velha! Praticamente morta! Meu brilho todo está se apagando, eu preciso de muita maquiagem para sair em público, antes eu não precisava nem de lápis de olho, meus cílios sempre foram grossos! Não posso mais me privar de ser feliz, não posso! Eu me recuso!
Ela se debateu feito uma criança no chão, privada de seu brinquedo.
- Vovó! A sua coluna! A sua coluna! Pare com isso! – Aline tentava segurar os pés da velha. Levantou-se. – fique aqui! Você não está em condições de ver ninguém, sequer de sair daqui! Vou buscar seu remédio para o coração. – puxou o celular e discou – Veronica, me encontre no elevador com a bolsa em mãos. – e desligou. Saiu do quarto às pressas e trancou a porta atrás de si, deixando sua velha e frágil avó, ferida emocionalmente, jogada no chão, afogando-se nas próprias lágrimas enquanto chamava por Lucas e chutava a porta. Não, ela não ligava para as dores agudas da sua hérnia, sua coluna gritando, seu coração oscilando, ela poderia morrer ali naquele chão, jogada e sem amparo. Mas naquele momento ela teve forças para levantar-se e deitar-se. Seu amor por Lucas a manteria viva até Aline voltar com os remédios.
Ela não soube exatamente o tempo em que passou jogada na cama, em um estado profundo de letargia, entre a realidade e o sonho, as dores agudas dando pontadas ferinas de cima abaixo por toda a extensão da sua coluna, fazendo-a tremer, estremecer de dentro pra fora. Enquanto as agulhadas a faziam gemer, enquanto seu coração descompassava e depois entrava em ritmo de novo, a visão de seu Lucas, eternamente jovem em sua memória lhe voltava, o passado e o presente se misturavam, ela o via como há anos atrás, deitado nu sobre a cama.
Mas não era a cama do hotel vagabundo onde eles passaram sua primeira noite, não, era a cama do hotel de luxo onde ela se encontrava agora, em um dos majestosos quartos assinados por Christian Lacroix, no Petit Moulin. Hotel onde a Vogue Paris estava organizando o seu ensaio fotográfico, talvez o mais comentado da história da revista. As curvas delicadas do corpo jovem de Lucas se misturavam às curvas desenhadas nos papéis de parede antigos, aos brocados, a textura da pele deliciosa e jovial se misturava ao toque do couro e do veludo ali utilizado, com um dedo lúgubre do barroco. Visões de um Lucas novo e um Lucas velho, lado a lado no hall, de braços dados, esperando por duas Stellas, uma nova e uma velha, que vinham feito rainha e princesa para o encontro. Uma dança. E depois a cama, e então vozes.
Ela abriu os olhos devagarzinho, ainda entre o sonho e a realidade. Viu uma Veronica chorosa e nervosa, viu uma Aline desesperada cheia de lágrimas nos olhos, viu homens de capa preta com lanternas em punho, viu cães invadindo seu camarim, mas não podia se mexer, não queria se mexer mesmo que pudesse, não queria acordar.
“Encontramos uma bolsa Louis Vuitton ensangüentada no local, chefe” gritou um aparelho na cintura de um dos homens. “Policiais”, pensou Stella. “Sangue na Louis Vuitton”, pensou ela de novo. “Não toquem em nada! Os detetives já estão subindo!” respondeu o homem, após tirar o aparelho da cintura e apertar no botão que fez a luz vermelha de transmissão acender.
- Não toquem nela! Ela precisa tomar os remédios! Ela estava passando mal há meia hora atrás! – berrava Aline, se debatendo feito um animal no braço de um policial gigantesco.
Um homem abaixou-se ao lado da cama, abriu um dos olhos da velha com o auxilio de uma luva e iluminou a pupila com uma pequena lanterna de pulso. Ela retraiu-se, e tudo voltou com um choque agudo para o mundo real. O baque. Stella levantou-se sobressaltada.
- O QUE É ISSO? O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – a dor na hérnia voltou mais forte. Ela gritou.
- Senhora Stella Vazjekovzka, sou o Detetive Mimieux, da Polícia Francesa – apertou sua mão – estamos esvaziando o prédio e precisamos que venha conosco.
- Por quê? O que aconteceu?! O que está acontecendo?! – ela ainda gritava nervosa, atordoada pela surpresa, pelas dores.
- Houve um assassinato, Senhora. Infelizmente devo informar que Lucas Lustat está morto, e precisamos do seu depoimento, assim como o da sua neta e o da sua empregada.
Os olhos da velha percorreram o quarto em um milésimo de segundo, dando de encontro com o rosto de porcelana de Gabriela estático do outro lado da porta aberta onde outros policiais esperavam.
- Mas o que você está fazendo aqui?! O que vocês estão fazendo no meu quarto?! – ela ainda não estava entendendo, era uma informação difícil de ser processada – não toquem no meu casaco! Não toquem! Tirem as mãos das minhas coisas! Tirem as mãos de mim! – ela estava sendo carregada para fora de seus aposentos, não sentia mais as pernas, mal se sentia viva. A inconsciência veio muito rápido, as coisas foram sumindo na velocidade da luz até que Lucas ressurgiu, e o baile do passado e do presente recomeçou, outra vez.