Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O crepúsculo se aproxima...


Havia uma casa amarela
Sim havia
E havia um homem dentro dela
Sim havia

The Big Machine 3 - Penúltimo Apocalipse


A porta triangular foi arrebentada por uma explosão que lançou lascas do material sintético do qual ela era feita em todas as direções. Os Apocalípticos que estavam escondidos embaixo da mesa redonda e atrás das grossas colunas gregas que sustentavam o teto côncavo onde o símbolo do Apocalipse Club – agora estourado pelas balas – antes iluminava tiveram de se abaixar para se proteger. Um grupo de pessoas estranhas uniformizadas entrou aos berros.
- Parados! Os dois! – ordenou uma voz grossa muito conhecida.
- PAPAI! – exclamou Chris, saindo de seu esconderijo para dar de encontro com todos os casais, pais dos Apocalípticos, vestidos no uniforme branco colado, portando armas imponentes e poderosas que nem mesmo eles próprios sabiam operar. Era uma cena hilária, mas eles estavam salvando a pátria afinal! Bill Ray e Anne Rose, pais de Ray Ann, Fábio e Fabiana, pais de Fábia Paola. Pietro e Veronica, pais de Pietro, Augusto e Esther, pais de Augusta, e por fim Christopher e Kate Fernandes. Os pais de Chris. Todos os cinco casais armados e poderosos, um tanto confusos e completamente perdidos, mas prontos para atirar a qualquer movimento suspeito dos Roberts na mira.
- Desistam, palhaços, vocês estão cercados! – Saturno saiu de trás de uma das colunas com seu laser em punho, os outros apocalípticos escondidos também fizeram o mesmo, saltando imediatamente de debaixo da mesa e de trás das outras colunas gregas. Eram 25 armas nas mãos de 25 atiradores, uma maior que a outra, apontadas diretamente para a cabeça dos dois espertinhos que ousaram adentrar no covil o Apocalipse Club em plena reunião!
- Esses dois filhos da mãe nos enganaram! – exclamou a estressada e esquizofrênica mãe de Augusta.
- Se passaram por prisioneiros para entrar na nave! – continuou a mãe de Chris. – e nos prenderam no salão das refeições!
- Como vocês conseguiram sair de lá?! – exclamou Chris.
- Usamos uma das mesas para arrebentar a porta. – abraçou o filho com força. – você está bem?
Os outros pais fizeram o mesmo, procuraram seus filhos e os abraçaram, questionando, se envolvendo na história, ouvindo os relatos da história sem pé nem cabeça sendo esclarecida a eles. Viagens no tempo, robôs de outra dimensão, vaqueiras malvadas e bonecas vivas, cérebros artificiais e realidades alternativas. O Apocalipse Club havia ganhado mais dez membros honorários, era tanta gente que mal cabia naquela sala! E isso porque da outra dimensão somente vieram a Fábia de Chanel roxo, a Ray ciborgue e o Christopher magro e velho! Se todos os apocalípticos estivessem ali reunidos seria completamente insuportável ficar naquela sala!
- Então era isso o que vocês estiveram escondendo de nós esse tempo todo, enquanto estivemos na Fortaleza! – exclamou o pai de Chris.
- Sim, não queríamos envolver vocês nessa história, mas parece que encontraram a sala das armas! – riu Pietro, olhando para o pai portando uma estranha bazuca de cano longo cheia de botões azuis. Fora com isso que ele explodira a porta da sala de controle. As mulheres do grupo estavam todas ao redor dos dois Roberts, amarrando-os e os esbofeteando vez ou outra por colocarem a vida de seus filhos em risco.
- Esses cinco, papai – fez Fábia, segurando a mão de seu genitor e apontando para o grupo de Maxine e Fernando, que sorriram e estenderam a mão para o homem, um a um, cumprimentando-o cordialmente, ele que era meio turrão e todo conservador. – eles vieram do futuro! Aquela ali é minha neta! Olha que linda papai!
Tifa deu uma risadinha tímida e escondeu o rosto atrás das suas mãos gorduchas. Todos os trejeitos da avó.
- Ah, vovó, deixa de ser boba! – riu de novo.
- Não seja boba você! – as duas se abraçaram.
- Mas ela não é velha demais pra ser sua neta? – perguntou o pai. Os três riram juntos.
Enquanto isso, Pietro apresentava Gabrielle para sua mãe, que já fez cara feia.
- Porque esse cabelo esticado, menina?! – exclamou a mulher. – cadê o amor à raça? Tem isso no futuro não?!
Gabrielle riu sem graça. As apresentações continuaram por um bom tempo, Haruno estava meio perdida no meio daquilo tudo, foi procurar sua família no refeitório para ficar perto dela, sua mãe não havia tomado partido na invasão à sala de controle, talvez por medo ou por ainda fazer pouca ideia do que estava acontecendo ali naquele mundo. Ela passava grande parte do tempo, desde o período em que eles eram refugiados na Fortaleza, olhando para o vazio e proferindo passagens da Bíblia, não conversava mais como antes, não era a mesma desde que vira tudo em chamas.
Lá fora o caos se instaurava de uma maneira nunca antes vista. No centro da cidade não havia um único prédio sequer de pé, tudo era poeira, metal, pedras e fogo. Grandes bolas flamejantes caíam do céu feito chuva, salpicando a paisagem como tempero diabólico incrementando aquela massa de desgraça que ia de norte a sul como uma praga, varrendo a cidade do mapa numa velocidade incrível, feito um vulcão violento em erupção. Grandes estruturas metálicas móveis cruzavam a paisagem aqui e ali, soltando rojões enormes, raios vermelhos e azuis, tiros violetas e flashes brancos de luz que iluminavam o horizonte como relâmpago. A Avenida FAB era o ponto onde a batalha estava mais crítica, a linha divisória dos campos inimigos. Onde antes, há décadas atrás, os aviões da força aérea brasileira pousavam, agora quem descia eram os robôs dourados da frota de Carmen Parafuso, vinda direta de outra dimensão para enfrentar os subordinados de Alberta Veronese, armados até os dentes.
Eles vinham em multidões, marchando por entre os macacos de metal que surgiam dos cantos remotos do estado, vindos de todas as direções, estes que já eram poucos graças ao poder de fogo das naves e dos robôs da outra dimensão. Não obstante deixavam de ser poderosos, eram máquinas de matar, enquanto dois ou três modelos bípedes do AR53-N4L, ou “Arsenal” como foi apelidado, destruíam um único DK com seus mísseis e seus lasers, um único DK com seus braços de ferro estraçalhava quatro de uma só vez e ainda os incinerava numa pilha de destroços. O modelo 02 do Arsenal, ou “tanque de guerra” com as brocas no lugar das mãos, se movia sobre esteiras e era muito mais resistente. Sofria pouco com os murros dos punhos de titânio dos macacos gigantes, e perfurava o grosso casco prateado dos DK’s com muita facilidade com a ajuda das brocas de diamante. Muitos DK’s haviam caído por terra e jaziam espalhados pelos escombros do que antes fora o centro da cidade, mas muitos Arsenais também se faziam presentes em meio à camada de sucata pisoteada por aqueles que vinham em socorro à frota Apocalíptica, todos controlados por computador, para poupar vidas humanas. Viam-se poucos oficiais nas armaduras de resgate por ali.
Aqueles humanos hipnotizados que tinham a sorte de ter sua situação revertida eram rapidamente socorridos por naves insetos que os abduziam. Elas sobrevoavam o local aos montes, era notável que faziam parte da frota de Saturno Revenge por sua cor prateada. Os robôs besouros que estalavam de Carmen Parafuso tinham a cor dourada e uma enorme verruga verde-esmeralda nas costas, sua única função era esmagar e esmagar. Porém eram frágeis e se desmantelavam muito fácil. Pobres daqueles humanos hipnotizados que não olhavam na direção dos flashes brancos que revertem o encanto de Alberta, padeciam na guerra e seus corpos logo eram consumidos por chamas e destruição.
Esta era apenas uma parte do cenário em que a cidade se encontrava naquele momento. Mais caos se instaurava na zona norte por causa dos DK’s que vinham do interior pelas estradas. Com certeza mais deles haviam sido construídos durante esses três meses de ditadura, porque de longe eram os oitocentos iniciais que foram previstos. Ao fundo, no horizonte negro do anoitecer, com as estrelas ao fundo amaldiçoando, vinha ele, o grande Mapinguari. Monstro de metal, pesadelo das florestas, 15 andares de altura, poder de fogo e resistência infinitos, controlado pelas três generais malignas sedentas de poder e vingança contra aqueles que se denominaram os Apocalípticos, logo atrás do seu exército poderoso de gorilas gigantes metálicos.
- A última frota vem aí, Senhor... – revelou Ray Ann, com o olhar preocupado, admirando a imagem caótica que se formava no novo holograma surgido em frente ao grupo. – e elas estão vindo também...
Saturno subiu na mesa.
- Senhores! É chegada a hora da nossa batalha final! – disse, levantando os braços diante da figura imponente do Mapinguari, que ia clareando aos poucos conforme se aproximava. – Apocalípticos! UNI-VOS!
Todos juntos, pais, filhos e netos ergueram os punhos ao ar e bradaram um urro de leão em uníssono.
- Espera, espera um pouco aí! – Christopher subiu na mesa também, para encarar sua versão mais velha e mais abatida cara a cara. – como vamos derrotar isso?!
Apontou para a tela. Saturno gargalhou.
- Essa coisa é uma máquina mortífera! Um exterminador da vida! Foi criado para destruir, esmagar e queimar com a potência de mil vulcões e furacões! Equivale a vários desastres naturais juntos, e você ri na minha cara?!
Saturno gargalhou de novo.
- Christopher. – fez Saturno, abaixando o queixo para encarar sua versão mais nova nos olhos. E como era estranho proferir seu próprio nome, era como referir-se a si mesmo diante de um espelho que mostrava o passado. – conheça a nossa maior arma! – apontou para a tela, que mudou de panorama repentinamente. O que era quadrado tornou-se triângulo, e de suas três faces brotaram traços, linhas, era o símbolo arcaico dos Apocalípticos, o triângulo de três pernas. Aquele que havia surgido nos sonhos da pequena Kátia antes de tudo aquilo começar! Aquele que estampava os uniformes dos Apocalípticos em homenagem ao sonho da pequena garota, e que por coincidência também era o símbolo dos Apocalípticos da outra dimensão, com quem eles sequer tiveram um único contato antes de tudo aquilo acontecer. Subconsciente coletivo? Universo holográfico? Christopher não sabia, mas aquilo lhe causava arrepios e o preenchia como fogo alçando-o e o elevando, aumentando sua coragem e sua determinação em nível de herói grego. O mesmo sentimento preencheu todos os que ali presenciavam o surgimento dele sobre as suas cabeças.
Em seu centro a imagem escura surgiu, uma sombra. Um vulto negro de chifres.
- Conheça o AR53-N4L/666, o ARSENAL DIABOLO MODE!



Conseguirão os Apocalípticos derrotar o esmagador Mapinguari e dar um fim ao reinado de terror da megera Alberta Veronese?

Confira no Sábado, dia 5 de Março, o desfecho da emocionante trilogia The Big Machine com...

O Último Apocalipse

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Em breve...

Um dia
Eu encontrei
Vagando por esta terra
Uma enorme borboleta amarela
De todas ela era a mais bela
A mais bela de todas
Era ela.

The Big Machine 3 - Apocalipse 21


- Sofremos algumas baixas no nosso exército, são significativas. Os robôs deles são fortes demais. – disse a Ray Ann ciborgue para Saturno Revenge, enquanto seus dedos magros ligeiros digitavam os comandos numa velocidade incrível. Sua força sobre-humana e a sua velocidade talvez fossem consequência dos neurônios artificiais que foram instalados na coluna vertebral sintética, da cintura pra baixo, ela não era mais a mesma, não precisava nem usar calças se assim preferisse, como no exato momento. Para cobrir aquilo que lhe restava de humana, os seios, ela usava um top tão metálico quanto, que os segurava em formato de taça, tornando-a uma verdadeira garota robô turbinada. Ela não gostava muito daquilo, de toda aquela exibição, se sentia nua mesmo não estando. Ser metade humana e metade cibernética era perturbador, complicado, demorava-se um pouco para acostumar a não sentir o membro reconstituído, mas saber que ele está ali e ter poder sobre todos os movimentos dele. Ray ainda estava se acostumando àquilo, ainda não estava em total sincronia com as pernas novas, se levantar pelas manhãs era um grande martírio, mas com a prática vem o costume e toda essa evolução estava em andamento.
- Diga a eles para que tomem cuidado, eles parecem rústicos, mas são fortes e duros na queda – disse à companheira. – peça para que acertem diretamente na cabeça...
- É muito difícil controlar toda essa frota de robôs à distância? – pronunciou-se Chris pela primeira vez desde que voltara do resgate aos prisioneiros no estádio. Estava na grande sala de controle junto com os outros membros do Apocalipse Club, netos, avós e extradimensionais, em segurança e comunhão afinal. Todos completamente limpos e banhados, bem alimentados e devidamente vestidos nos novos uniformes colados ao corpo como uma segunda pele de borracha, com o símbolo do triângulo de três braços estampado no peito em linhas grossas e negras, sentados à mesa redonda flutuante numa congregação.
- É como jogar um RPG, só que a sua vida depende disso, de modo que fica mais sério! – riu a Fábia mais velha, de cabelos curtíssimos tingidos de roxo, fios tão brilhantes e sedosos, assemelhava-se ao cabelo de uma boneca japonesa das vitrines de Harajuku. Levantou seus óculos especiais pelos quais ela era olhos e ouvidos dos robôs lá fora e virou-se para Chris. Olheiras profundas e escuras deixavam seus olhos puxados sempre tão doces com uma aparência pesada e cansada, aquilo doía nele, na versão mais nova dela, e em sua neta. As três “Fábias” estavam sentadas uma ao lado da outra, eram exatamente idênticas, alguma coisa sempre mudava no rosto, o formato, as orelhas ou os olhos, mais fechados e mais abertos em uma do que na outra, mas a essência da pessoa era a mesma. Três gueixas rechonchudas se esforçando para vencer essa guerra. Duas de cabelo curto e psicodélico, uma de longas madeixas maltratadas e onduladas.
- Poderia dar óculos como estes a cada um de nós, assim poderíamos lutar em conjunto! – sugeriu Chris, todo animado.
- Nem pensar! – esbravejou Saturno. – Colocaria em risco todo um plano de guerra, vocês não estão preparados para operar esse sistema ultra tecnológico, já elas duas, praticamente criaram os controles e códigos de comando...
- Então porque você nos chamou aqui?! – Maxine arredou sua cadeira para trás e levantou-se, estava brava por ficar recebendo ordens daquele homem estranho. Na técnica ele era seu avô, mas não ali e não agora, de modo que portar-se daquele jeito para com ela era inadmissível. Maxine tinha gênio forte e espírito de liderança, não suportava ficar por fora dos pormenores e dos detalhes, e era exatamente isso o que aquele homem, Saturno, estava fazendo com eles, que sofreram durante três meses e lutaram sozinhos sem nenhum armamento digno para agora serem tratados como reles resgatados. Eles eram o Apocalipse Club! Eles tinham de fazer parte da queda do império de Alberta e suas comparsas também!
- Estamos com problemas. – fez ele, sério, olhando por cima dos grandes óculos escuros que o proporcionavam a visão dos robôs no campo de batalha e o controle total sobre eles.
- Mas nós sempre estamos com problemas, somos o Apocalipse Club! – Haruno cruzou os braços.
- Nos encrencamos do nível de coordenadoras megalomaníacas até robôs gigantes assassinos, o que você esperava? – pronunciou-se a Ray da nossa dimensão.
- Sim, mas dessa vez a coisa é séria... – Saturno retirou seus óculos e entregou-os a um robô serviçal que passava por ali. Era a primeira vez que muitos deles viam aquele homem, Christopher Umbrella de outra dimensão, sem os óculos escuros. A semelhança era incrível, exceto pela falta das bochechas rosadas e de todo o tamanho, perto do Christopher original ele parecia esquelético. Abatido, magro e de olhos fundos, era uma visão assustadora de um futuro que poderia ter acontecido se algo não tivesse sido feito pelos apocalípticos há um ano atrás. – de algum modo, a central de The Big Machine teve acesso às nossas informações sigilosas, Carmen sabe que estamos nessa dimensão e está vindo para cá.
O burburinho começou alto, olhos saltados, maxilares arriados, bocas abertas e comentários nervosos passados de orelha a orelha. Parecia uma reunião de fofoqueiros. Christopher sabia o que havia acontecido, ele e Ray Ann sabiam muito bem que havia dois traidores ali entre eles, Pietro e Augusta da outra dimensão eram agentes duplos, serviam à “Carmen” que na verdade era controlada pelo Dr. Maurice, o verdadeiro mentor de The Big Machine. Na certa eles haviam batido a informação para o outro lado assim que souberam do que se tratava aquela visita interdimensional, talvez até tenham sido eles que acionaram as Células para irem verificar a queda do DeLorean no deserto. Tanto que Pietro apareceu logo depois para ajudá-los. Mas nada podia ser revelado naquele momento, nada podia ser dito, ou então todo o curso da história seria alterado e eles estariam perdidos.
Foi de repente, eles foram pegos de surpresa por um apagão repentino da sala de controle da nave. Uma enorme tela holográfica surgiu da escuridão diante deles, brilhando num azul fosco como turquesa, cor de sabonete. Nesta tela falsa colossal surgiu o rosto de Carminha, de um azul-pálido espectral, olhos brancos sem pupila e longos cabelos esvoaçantes que flutuavam ao redor de seu rosto de rata como se ela estivesse embaixo d’água. Tinham vida própria como as serpentes de medusa, ela parecia mais uma leoa fantasma do que um ser humano. Se é que ela ainda era humana. Cabos finos conectados a várias partes do seu cocuruto subiam na tela até perderem-se de vista, provavelmente era por onde ela controlava a torre através de impulsos cerebrais.
- Apocalípticos! – disse a voz eletrônica, fina, com a gravidade do chiado de um esquilo, mas alta e aguda, como se um extraterrestre ali os falasse. – quem vos fala é a soberana Parafuso, cérebro de The Big Machine!
- O que você está fazendo nos nossos sistemas?! – gritou Saturno. – como conseguiu se infiltrar?!
- Acalme-se Christopher Umbrella, desta vez, infelizmente, temos um inimigo em comum! – falou a voz, sem que ela sequer mexesse a boca.
- Quer dizer que você vai ficar do nosso lado?! – exclamaram Ray e Fábia em coro, largando os controles e retirando os óculos especiais do rosto.
- Não vou ficar, já estou! O que acontece nesta dimensão afeta a todas as outras, acredito que pelo menos isso vocês já saibam!
- Claro que sabemos! – exclamou Saturno – só estamos surpresos de você estar nos ajudando, pensei que você nos quisesse mortos!
- E quero! Mas não agora e nem aqui! – riu a voz eletrônica. – esta tal Alberta Veronese quer ser mais poderosa do que eu! E isso é completamente inadmissível! Eu sou a única soberana por aqui, e para poder reinar com todo o meu poder, preciso derrotar meus rivais, e no momento vocês estão em segundo plano, apocalípticos, sintam-se sortudos por isso!
Fez-se silêncio por alguns segundos.
- Já que ninguém tem nenhuma objeção contra a minha pequena ajuda, estarei enviando uma tropa inteira de Kabuto-boots para a dimensão de vocês, acompanhada de três Aranhas-de-Tróia contendo um batalhão inteiro de Células dentro de cada uma delas! Creio que isso é o bastante! Não posso deixar que nada aconteça ao mundo do presente, ou então o meu futuro de imperatriz jamais existirá! – a conexão foi encerrada bruscamente, a tela azul apagou-se e sumiu, deixando um espectro holográfico no ar de lembrança. A sala de controle acendeu-se aos poucos, as lâmpadas no teto que formavam o desenho triangular símbolo do Apocalipse Club piscaram uma a uma até completarem-se acesas. O silêncio era mortal.
- Espera aí... – pronunciou-se o Pietro da nossa dimensão. – os Kabuto-boots não são aqueles besouros gigantes de melissinhas?!
- São sim – respondeu Fábia – por quê?
Ele apontou para frente, para o vidro de proteção frontal da cabine principal, a cabeça da joaninha metálica gigante. Todas as cabeças giraram em direção à paisagem ao mesmo tempo, para depararem-se com um enxame de robôs dourados em forma de besouro que surgia por entre as nuvens, estalando suas engrenagens e batendo suas asas com força em direção à cidade. Mais ao longe vinham três colossos de metal, possuíam bem mais de 15 andares de altura, suas longas pernas davam o impulso que seu estranho corpo precisava para se locomover, equipadas com lasers poderosos e metralhadoras potentes, já vinham executando seu serviço, atirando contra os grandes macacos que tentavam escalar as suas oito patas aracnídeas. Graças à guerra que estava acontecendo na cidade, a tropa de DK’s espalhada pelo estado afora voltou para a base, para a cidade, atraída pelo pedido de reforços daqueles que foram perdidos e destruídos pelas brocas dos dois modelos primários do AR53-N4L, robôs ultra tecnológicos e super-resistentes a altas temperaturas e grandes impactos, projetados exclusivamente para o campo de batalha, eram maiores que tanques de guerra e superavam significativamente em tamanho aos DK’s.
- Nós vamos conseguir, vamos conseguir sim! – Chris fechou o punho e levou ao peito, seus olhos já rasos d’água. Fábia Paola e Ray Ann deram as mãos e se abraçaram. Ivan, o namorado da primeira, envolveu as duas em um único abraço com seus braços longos. Max e Fernando se beijaram, Tifa e Miguel se entreolharam tímidos enquanto Gabrielle apertava a mão do avô com força. De algum modo, no final daquele momento, todos os apocalípticos estavam de mãos dadas, olhando para o horizonte em caos, repleto de cortinas de fumaça, torres de chamas e raios de lasers que atravessavam o céu em intervalos curtos de tempo. Explosões salpicavam aqui e ali. Mas eles estavam juntos, unidos, fortes como nunca, e nada poderia separá-los, nem a vaqueira mais malvada do mundo e muito menos a bruxa mais maligna da face da terra. Eles eram o Apocalipse Club!
Uma risada entrecortou o silêncio como um bacilo malicioso invasor. Os rostos viraram para a porta. Robert, o capataz de Alberta e seu avô, a versão adolescente dele naquela dimensão, estavam parados em frente ao triângulo branco do vão que era a passagem para a sala de controle. Dessa vez as semelhanças eram praticamente nulas. Não havia diferença de avô para neto. Exceto que o neto, mais velho, vindo do futuro, possuía muitas cicatrizes no rosto, mas fora isso, o cabelo cacheado, o rosto magro, o pescoço fino, as sobrancelhas grossas, os olhos maliciosos e o pomo de adão protuberante davam a falsa impressão de que os dois eram gêmeos idênticos. O mais velho usava um longo manto negro, o mais novo, o uniforme colado dos generais em seu corpo musculoso e bem torneado de atleta. Era a dupla perfeita.
- Fiquem unidos enquanto podem, Apocalípticos. Sua hora chegou! – os dois se entreolharam e puxaram suas armas, quatro ao todo, uma em cada mão, e iniciaram uma saraivada de tiros ininterrupta que estourou vidraças, ricocheteando nas paredes e explodindo nas lâmpadas do teto, deixando a sala completamente escura. Exceto pela luz parca que vinha do lado de fora, através dos olhos da joaninha gigante. Todos os apocalípticos haviam desaparecido na escuridão.
- Onde vocês estão, seus vermes?! Saiam! – gritou o Robert mais velho.
- Não tentem nenhuma gracinha, ou então explodimos essa nave com todos esses resgatados inúteis dentro! – continuou o mais novo.
Maxine e Fernando se entreolharam na escuridão. A aventura havia então chegado ao fim? Alberta Veronese realmente sairia dessa ganhando, como sempre acontecia? Não, não dessa vez. Os Apocalípticos encontrariam uma solução, nada estava perdido, não enquanto Maxine Fernandes vivesse.





Continua...




Capa desenhada por mim,

colorida no paint e

editada no photoshop,

que acharam?

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Em breve...

The Big Machine 3 - Apocalipse 20



Havia um mundo oculto no escuro aonde retângulos, quadrados, círculos e triângulos exibiam imagens de cada ponto conquistado daquelas terras verdes de gente simples e trabalhadora. Eles iam e vinham, subiam e desciam num balé constante, mudando de forma e piscando quase em sincronia, iluminando o círculo que faziam ao redor da garotinha encolhida no centro, abraçada aos joelhos, pensativa enquanto os quadros emoldurados nos hologramas geométricos mudavam no escuro ao seu redor e se moviam com a simples ordem da sua vontade muda, transmitida pelos cabos conectados diretamente ao seu cérebro, ao início da coluna vertebral, partindo de seu corpinho minúsculo e se entrelaçando até o teto como trepadeiras sintéticas de uma mata de metal e cobre.
- O que houve, Velminha? Você está bem? – perguntou a boneca perfeita, vinda diretamente do futuro para os braços de sua dona no presente.
- Eu não estou satisfeita Betty, eu estou triste. – revelou, limpando uma lágrima no canto do olho.
- Mas porque, meu bem? O que não lhe agrada?
- Olhe para isso! – apontou para as telas holográficas que flutuavam ao seu redor, zumbindo como vespas estranhas. – olhe para as pessoas sofrendo, olhe para o que elas estão se transformando! E as crianças perdidas nas ruas! Porque isso está acontecendo?
- Porque é necessário... – começou a boneca, mas logo foi interrompida por sua dona insatisfeita.
- Pare! Pare com isso! – disse, aumentando o tom de voz para o brinquedo possuído. – é só o que me diz, que é necessário! Mas nunca me diz por quê! Isso machuca! Eu não queria isso! Não queria! Essas pessoas não tem nada a ver com o que houve dentro da sala de aula, o que está acontecendo é completamente idiota e sem sentido!
A boneca permaneceu em silêncio, fitando-a. Seu rosto artificial iluminado pelas luzes dos hologramas. Era um pequeno demônio perfeito.
- Garota idiota – sibilou a boneca.
- O que disse?! – Velma espantou-se, sua amiguinha nunca havia lhe tratado assim antes.
- Eu disse, GAROTA IDIOTA! – esbravejou a boneca, praticamente berrando. – você é uma burra, BURRA! Pensei que fosse ambiciosa o bastante e que entenderia com o tempo! Mas você é uma leiga, uma limitada cerebral, uma imbecil que não enxerga o poder que tem em mãos!
Velma começou a chorar baixinho, abaixou o rosto entre as pernas e fechou-se num pequeno casulo feito apenas de si, o único lugar onde se sentia segura agora.
- Pare de chorar! Deixe de ser criança! Cresça! – gritava a boneca, descrevendo círculos ao redor do casulo de Velma enquanto gesticulava furiosa – essas pessoas são todas estranhas! Desconhecidas! Não valem nada, você não deve nada a elas! Deixe que elas a sirvam!
- EU NÃO QUERO! – urrou Velma, esbofeteando a boneca, lançando-a longe. – EU NÃO QUERIA ISSO! TÁ TUDO ERRADO! EU NÃO QUERIA QUE OS MENINOS MORRESSEM, EU AINDA GOSTAVA DELES! EU SÓ ESTAVA MAGOADA! MAS VOCÊ OS MATOU! VOCÊ ME FEZ FAZER COISAS RUINS! PENSEI QUE VOCÊ FOSSE MINHA AMIGA!
A boneca gargalhou.
- Você fez porque quis! Porque foi tola o bastante para acreditar em mim! – riu, levantando-se. – achava mesmo que eu era sua amiga?! Achava mesmo que eu estava tentando lhe ajudar?! Eu só te usei, sua boba, você não passou de uma peça para minha ascensão! Não procurei por Alberta porque ela suspeitaria de cara de uma boneca falante, não é tão idiota a ponto de acreditar numa baboseira infantil! Mas você era perfeita, era emocionalmente instável e ingênua o bastante para os meus planos! Através de você, cheguei até Alberta, minha versão mais nova, aonde eu queria chegar, e agora você é totalmente descartável, sua tola! TOLA!
Com um golpe, a boneca arrancou os cabos que ligavam Velma ao software do sistema do robô gigante. A menina gritou de dor, aquilo estava ligado ao seu sistema nervoso central. Por muito tempo, a garota havia sido o coração daquele monstro de metal. Agora era a vez de alguém muito mais capacitado assumir a frente daquilo.
- Me chamou? – uma versão mais nova de Alberta surgiu das sombras.
- Sim. – fez a boneca, estendendo os cabos com sua mãozinha em direção ao vulto de preto. – é a sua vez agora, jovem Alberta. Guie-nos até a cidade e acabe de uma vez com aquele Apocalipse Club!
Velma retorceu-se no chão, magoada, agredida, ferida, muito mais do que estivera quando tudo aquilo começara. Seus ex-amigos estavam vivos ainda! Ela ouvira muito bem o que a boneca dissera. O Apocalipse Club ainda estava atuando na cidade!
- Pode deixar comigo. – riu a jovem, pegando o fardo em suas mãos. Tinha um sorriso de satisfação no rosto. O rumo para a batalha final havia sido tomado, a última decisão crucial havia sido tomada. O Mapinguari finalmente enfrentaria algo tão poderoso quanto ele. Mal Alberta sabia o que a esperava na cidade...

- Então, achavam que iam escapar de mim, é? – riu Alberto, cruzando os braços. – coitados, tão jovens e tão loucos...
As armas estalaram.
- Suas últimas palavras?
Maxine sorriu, tomando a frente da multidão de prisioneiros recém-libertos das suas jaulas claustrofóbicas.
- Vai se ferrar. – fez.
Alberto continuou parado, sério, encarando-a no fundo dos olhos, frio como uma máquina.
- Atirem – ordenou.
Foi tudo rápido demais. Quando os vultos prateados caíram do céu no meio do povo, a gritaria foi geral. Primeiro pensava-se que fossem os robôs-macacos assassinos executando a ordem de liquidá-los, mas após o susto momentâneo e uma olhada mais detalhada no corpo daquelas máquinas, percebeu-se que elas não eram tão grandes quanto os verdadeiros tanques de guerra blindados que eram os DK’s, estes aqui eram robôs estranhos, nunca antes vistos por aquelas bandas, algo totalmente novo aos olhos da população, algo estranho até para os apocalípticos que não tinham uma carta na manga sequer e estavam prontos para encarar a morte com honra e dignidade. Aquelas máquinas possuíam pernas compridas e prateadas, cintilantes, com músculos artificiais expostos em azul celeste, imitando a anatomia humana. Os mesmos detalhes se repetiam nos braços, nos peitorais e nas coxas das máquinas, imitando bíceps e tríceps. Suas cabeças eram no mínimo alegóricas, pontiagudas, lembravam uma berinjela como o crânio do Alien. Do final da testa de metal até o topo, seus cérebros eletrônicos expostos brilhavam em um azul de doer na vista, e suas faces lembravam máscaras de gás, com tubos saindo da boca até o pescoço, onde sumiam, soltavam fumaça feito búfalos.
Imediatamente após a queda repentina de três daquelas criaturas alienígenas metálicas, um campo de força reluzente surgiu ao redor do grupo de fugitivos, fazendo as balas provenientes de metralhadoras e rifles potentes ricochetearem e voltarem diretamente para a sua origem, atingindo braços, cabeças, peitos e estômagos em cheio, derrubando grande parte do batalhão de atiradores em posto. Mais robôs como aqueles desceram do céu nublado da cidade, imobilizando os soldados-zumbis de Alberta Veronese. O primeiro a ser preso foi Alberto, pego em cheio por um raio paralisante empacotador que o transformou num enorme embrulho de presente, deixando apenas sua cabeça de fora com um laço vermelho de brinde no alto do cocuruto. As crianças vibraram, gritando, pulando, aplaudindo numa felicidade que há tempos não se via.
Ao longo das avenidas, sobre os prédios e becos, ao lado dos muros e das sucatas dos automóveis que antes percorriam a velha Macapá, nas lajes e nos pátios das casas e das escolas, em campos abertos e quartos fechados, no céu e até mesmo debaixo da terra, eles surgiam um a um, antecedidos por descargas elétricas poderosas e avassaladoras. Feixes luminosos frenéticos e esferas de energia que deixavam verdadeiras crateras pra trás anunciavam as chegadas dos estranhos à nossa dimensão. Máquinas de todos os tamanhos, pequenas e grandes, robustas ou esguias, grosseiras ou aerodinâmicas, tanques de guerra que lembravam toupeiras, helicópteros que pareciam insetos, robôs de dois metros de altura com cabeça de berinjela e uma frota interminável de máquinas sobre esteiras. Robôs de aparência extra-terrena derrubavam os gorilas de metal com um só golpe, limpando a cidade com seus punhos de ferro e seus tiros de laser, seus lança-chamas e seus mísseis. Feixes de luz lançados de seus olhos quebravam o transe dos zumbis serventes da S.U.J.A., gente como a gente que repentinamente se via perdido em meio à uma guerra de robôs. Eram 500, 600, 900 talvez, estavam em toda a parte, com seus faróis iluminando cada canto da cidade escura e morta, fogos de artificio e holofotes estouravam nas nuvens. Era chegada a hora!
- Estão todos bem?! – perguntou uma voz conhecida, de dentro do robô mais próximo de Maxine. Ela sabia quem era, e seu coração pipocou acelerado dentro do peito ao ouvi-lo.
- VOVÔ! VOVÔ! VOCÊ ESTÁ AÍ DENTRO! – gritava ela, com lágrimas nos olhos, pulando logo atrás da máquina pneumática.
- Isso é uma armadura, Maxine! Vocês estão bem?!
- Isso quer dizer que os outros dois são Pietro e Augusta! – exclamou ela, voltando seus olhos para os outros dois imponentes androides de quase três metros de altura. – estamos todos bem, estamos sim!
- Ótimo! – disse a voz de Chris, anasalada e metálica vinda de dentro de sua armadura. – vocês serão levados em segurança dentro da nave-joaninha!
- Que nav...
Maxine olhou para cima e encarou a barriga listrada de um robô-inseto voador, um helicóptero de braços e pernas que batia asas e possuía antenas, olhos grandes e pintinhas pretas em seu casco vermelho. Era fofo e ao mesmo tempo ameaçador.
- Oh! Oh! Oh, meu Deus! – gritou ela, gargalhando de braços para o alto. A barriga do inseto gigante abriu-se, luzes azuis antecederam a levitação de quase 150 pessoas, uma abdução ao ar livre. Após sugar para dentro de si todos os fugitivos, a nave-joaninha voou para longe, sumindo nos céus nublados da cidade repentinamente iluminada pelas luzes da invasão de outra dimensão. A cidade havia sido tomada afinal, grande parte dela estava livre das correntes da ditadura agora, mas Macapá era grande, não tão grande, mas grande o bastante para dar certo trabalho às tropas apocalípticas de robôs ultra-tecnológicos que vinham aos montes, suplantando o número de DK’s e quebrando o encanto maldito da hipnose de batalhões inteiros. Prisioneiros foram libertos, das suas jaulas físicas e mentais. Era hora de um novo amanhecer, o sol finalmente voltou a brilhar naquele lugar. A guerra enfim começara.




Fim do Apocalipse Vinte!













E a porradaria começou!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

The Big Machine 3 - Apocalipse (The Original Soundtrack)


A grande epopéia dos Apocalípticos chega ao fim em seu terceiro episódio, de todos, o mais longo (contando com mais de vinte capítulos), fechou com chave de ouro as aventuras apocalípticas de Christopher Umbrella e seus amigos, atravessando a linha temporal, cruzando dimensões e burlando todas as leis da lógica e da física! Sua primeira parte lançada em 2009 narrava a primeira aventura do Apocalipse Club, contando como Carmen Parafuso, a protestante fanática que servia de chacota para seus amigos, subiu ao poder no futuro pós-2012, se tornando imperatriz mundial controladora de um exército de robôs chamados Células, que eram idênticos a ela fisicamente, mas por dentro não passavam de máquinas e o que foi feito para que tal catástrofe não acontecesse. Este The Big Machine foi embalado pela voz aguda e angelical de Émilie Simon em seu álbum homônimo (e a inspiração para a história), The Big Machine, tendo como tema principal a música “Rainbow”!

A segunda parte dessa aventura Apocalíptica lançada em 2010 se dá muitos anos no futuro, após um caos climático que transformou grande parte do mundo num grande deserto. Em contrapartida, a ciência evoluiu tanto que foi capaz de unir o cérebro humano ao cérebro da máquina, criando o que viria a ser chamada de ESFERA, a mente mais inteligente da face da terra, o cérebro do mundo, que planejou e arquitetou a cidade perfeita para que a raça humana pudesse se reerguer após o apocalipse climático. Esta cidade chamada Neon City abriga os netos de Christopher Umbrella e seus amigos, que protagonizam a história desta vez numa luta contra o relógio para salvar o mundo da ambição de uma vaqueira e manipuladora genética lésbica que pretende tomar o controle da humanidade! Pela primeira vez, a trilha sonora foi variada, contou com vários outros artistas de música eletrônica e indie pop dançante, entre eles La Roux, Little Boots e Goldfrapp. Sua música tema era “Fascination” de La Roux.

E então a aventura chega ao fim com o lançamento de The Big Machine 3 – Apocalipse em 1º de Janeiro de 2011! Ambientada em três dimensões diferentes (a nossa, original, a dimensão de The Big Machine 1 e a dimensão de The Big Machine 2, ou melhor, dizendo, o futuro), tratando-se de um misto das duas primeiras partes, contou com personagens tanto de TBM1 quanto de TBM2, é puro caos como o próprio subtítulo sugere.

Alberta Veronese, a velha vaqueira sapatão retorna no corpo de uma boneca eletrônica pronta para executar a sua vingança! O seu plano? Cortar o mal pela raiz! Os netos de seus arquiinimigos, os Apocalípticos, estragaram seus planos no futuro, o segredo era voltar no tempo e matar os seus avós, no passado, e iniciar o seu reinado de terror a partir do ano de 2010! Mas ela não contara com a astúcia de Maxine Fernandes, que reunindo o Apocalipse Club mais uma vez em prol da justiça, voltara no tempo e salvara a vida dos cinco Apocalípticos originais. Porém, para vencer Alberta e dar fim ao estado de sítio em que se encontrava Macapá, era preciso atravessar para outra dimensão e pedir ajuda ao Apocalipse Club de lá, que no momento lutava contra a terrível Carmen Parafuso e seu exército de Células! Tendo como música tema “Strict Machine” da banda de eletroclash Goldfrapp, The Big Machine 3 – Apocalipse encerra mais um ciclo deste blog!

Segue abaixo a trilha sonora original da série, que está um pouco menos dançante e mais profunda, refletindo os momentos difíceis pelos quais os jovens integrantes do Apocalipse Club passaram, contendo desde Björk até Madonna, suas primeiras três músicas são uma contagem regressiva dos temas dos três episódios da série. A faixa de número seis é um interlúdio entre a parte dançante da trilha sonora e a parte musical mais profunda, que é quebrada por “4 Minutes” de Madonna em companhia de Justin Timberlake e finalizada por Utopia do Goldfrapp. A trilha conta com dois bônus e uma faixa oculta, sendo eles dois remixes da música tema da história e “The Ballad Of The Big Machine”, um presente extra deste escritor a vocês, queridos leitores. Espero que gostem!



01. Strict Machine – Goldfrapp
02. Fascination – La Roux
03. Rainbow – Émilie Simon
04. Keeps Getting Better – Christina Aguilera
05. Massive Attack – Nicki Minaj feat. Sean Garrett
06. A Call To Arms – Beirut
07. Keep The Streets Empty For Me – Fever Ray
08. Jòga – Björk
09. Indestructible – Robyn
10. No Brakes – Little Boots
11. 4 Minutes – Madonna
12. Utopia – Goldfrapp
13. [BONUS TRACK] – Strict Machine (Ewan Pearson Instrumental Remix) – Goldfrapp
14. [BONUS TRACK] – Strict Machine (We Are Glitter Mix) – Goldfrapp
15. [HIDDEN TRACK] – The Ballad Of The Big Machine – Émilie Simon





terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Letra & Música ₰

Faz um tempo que eu venho citando a Robyn por aqui, e até cheguei a fazer uma matéria super especial sobre o mais recente trabalho dela, "Body Talk", do qual eu retirei esta linda música - parte da trilha sonora de The Big Machine 3, tema dos Apocalípticos - que me inspirou bastante na hora de escrever esta conturbada segunda fase do episódio 3 da saga. Ela fala sobre um amor que irá lutar contra tudo e contra todos para manter-se vivo, vai lutar contra o tempo para se manter vivo, mesmo que isso machuque, e basicamente é sobre isso que The Big Machine 3 fala, lutar para manter vivo algo que nós amamos, lutar para manter o Apocalipse Club unido contra as barangas do mal. No exato momento, estou escrevendo o último capítulo da saga, que será um super capítulo na verdade, uma luta que entrará para a história! Com vocês, Indestructible!



Indestructible

I'm going backwards through time at the speed of light
I'm yours, you're mine
Two satellites
Not alone
No, we're not alone

A freeze-frame of your eye in the strobelight
Sweat dripping down from your brow
Hold tight
Don't let go
Don't you let me go

And I never was smart with love
I let the bad ones in and the good ones go
But I'm gonna love you like I've never been hurt before
I'm gonna love you like I'm indestructible
Your love is, oh, too magnetic
And it's taking over
This is hardcore
And I'm indestructible

Hands up in the air like we don't care
We're shooting deep into space
And the lasers split the dark
Cut right through the dark

It's just us we ignore the crowd dancing
Fall to the floor
Beats in my heart
Put your hands on my heart

And I never was smart with love
I let the bad ones in and the good ones go
But I'm gonna love you like I've never been hurt before
I'm gonna love you like I'm indestructible
Your love is, oh, too magnetic
And it's taking over
This is hardcore
Ooh and I'm gonna love you like
Like I've never been hurt before
I'm gonna love you like I'm indestructible
Your love is, oh, too magnetic
And it's taking over
This is hardcore
And I'm indestructible

And I never was smart with love
I let the bad ones in and the good ones go
But I'm gonna love you like I've never been hurt before
I'm gonna love you like I'm indestructible
Your love is, oh, too magnetic
And it's taking over
This is hardcore
Ooh and I'm gonna love you like
Like I've never been hurt before
I'm gonna love you like I'm indestructible
Your love is, oh, too magnetic
And it's taking over
This is hardcore
And I'm indestructible

Indestrutível

Eu estou indo para trás ao longo do tempo à velocidade da luz
Eu sou seu, você é meu
Dois satélites
Não estamos sozinho
Não, não estamos sozinhos

Um congelamento de imagem no seu olho na lâmpada
O suor escorrendo de sua testa
Segure firme
Não se deixe ir
Não me deixe ir

E eu nunca fui inteligente com amor
Eu deixei os maus ficarem e os bons irem
Mas eu vou te amar como se eu nunca tivesse sido machucado antes
Eu vou te amar como eu fosse indestrutível
Seu amor é ultra magnético e de novo está tomando conta
Isso é da pesada
E eu sou indestrutível

Mãos ao ar, como se não nos importássemos
Nós estamos disparados nas profundezas do espaço
E os lasers despedaçam o escuro
Cortam bem através da escuridão

Somos somente nós dançando e ignorando a multidão
Até quatro no chão
Bate no meu coração
Ponha as mãos no meu coração

E eu nunca fui inteligente com amor
Eu deixei os maus ficarem e os bons irem
Mas eu vou te amar como se eu nunca tivesse sido machucado antes
Eu vou te amar como eu fosse indestrutível
Seu amor é ultra magnético e de novo está tomando conta
Isso é da pesada
Oh, e eu vou te amar como... como se eu fosse indestrutível
Eu vou te amar como se eu fosse indestrutível
O seu amor é o último e de novo, está tomando conta
Isso é da pesada
E eu sou indestrutível

E eu nunca fui inteligente com amor
Eu deixei os maus ficarem e os bons irem
Mas eu vou te amar como se eu nunca tivesse sido machucado antes
Eu vou te amar como eu fosse indestrutível
Seu amor é ultra magnético e de novo está tomando conta
Isso é da pesada
Oh, e eu vou te amar como... como se eu fosse indestrutível
Eu vou te amar como se eu fosse indestrutível
O seu amor é o último e de novo, está tomando conta
Isso é da pesada
E eu sou indestrutível

Letra & Música ₰

Não sei se já postei essa música aqui antes, se postei, me perdoem, se não, ótimo, porque Prescilla tem um significado enorme pra mim. Fala sobre uma pessoa que viveu na estrada por muito tempo, e que de repente se viu perdida, tentando se encontrar, e é assim que eu me sinto na maior parte do tempo. Canção número sete do meu álbum favorito de Bat For Lashes, Fur and Gold, com vocês, Prescilla.



Prescilla

There's a girl that wants to stop
Been thinking about having a couple of kids
Comb a brush around their heads in the morning
To be needed, simply and with meaning
Her name is Carrie
Been on the road for so long
She wants to live in a place that has a number and a name
Find lovers and uncut before the courage is all gone

She really loves him, Prescilla
She really loves him, Prescilla
She really loves him, I tell you
She really loves him, Prescilla
She really loves him, Prescilla
She really loves him, I tell you

To live life outside of the world
To break the cross that bears her name
She's not your queen anymore, queen of the highway
Needs something better than running away

She really loves him, Prescilla
She really loves him, Prescilla
She really loves him, I tell you
She really loves him, Prescilla
She really loves him, Prescilla
She really loves him, I tell you

Gone away!
Queen of the Highway
Gone away!
Highway
Queen of the Highway
Gone away!

Prescilla
Há uma garota que quer começar
Tem pensando em ter alguns filhos
Pentear seus cabelos de manhã
Ser útil, simples e útil
O nome dela é Carrie
Estando na estrada por tanto tempo
Ela quer viver num lugar que tenha um número no nome
Ela quer achar seus amantes inteiros antes que a coragem se esvaia

Ela realmente o ama, Prescilla
Ela realmente o ama, Prescilla
Ela realmente o ama, Eu te disse
Ela realmente o ama, Prescilla
Ela realmente o ama, Prescilla
Ela realmente o ama, Eu te disse

Viver uma vida do lado de fora do mundo
Quebrar a cruz que leva seu nome
Ela não é mais uma rainha, rainha das estradas
Precisa de algo melhor do que ensino a distância

Ela realmente o ama, Prescilla
Ela realmente o ama, Prescilla
Ela realmente o ama, Eu te disse
Ela realmente o ama, Prescilla
Ela realmente o ama, Prescilla
Ela realmente o ama, Eu te disse

Vá adiante
Rainha da Estrada
Vá adiante
Estrada
Rainha da Estrada
Vá adiante

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

As Boas Novas!


Querem uma boa notícia?

Pois então lá vai!

Tenho planos para pelo menos mais três histórias antes de fechar o projeto The Fatcat House, e Draconius Nefastus 2 está entre elas, as duas outras são segredos guardados à sete chaves! Elas serão publicadas até o final de julho, quando o blog fechará por tempo indeterminado.

Mas não se acanhe, ó faminto por sonhos, essa fábrica continuará com as portas abertas para quem quiser fazer uma visitinha ou deixar um comentário, mas estará fora de atividade enquanto eu trabalho em "As Dellabóboras Vol. 4 - O Livro da Bruxa", o que levará no mínimo um ano para ser redigido, tendo em vista que livros são muito mais difíceis de tecer do que crônicas e séries simples.

Estarei me comunicando com o leitor do blog exclusivamente via comentários nas postagens durante esse tempo, então aproveite estes últimos meses de novidades!


XXXO


Louie Mimieux

Por algum motivo...


A VIVO diminuiu os meus k-bytes por segundo de 14 pra 7, ou seja, estou sem assistir às minhas queridas séries "The Vampire Diaries" e "Glee" faz uma semana, e vocês não conseguem imaginar a minha agonia em ver todos aqueles links de novos episódios e não poder baixá-los. É tão triste... A velocidade normal da Vivo é de 14 kpbs em horários livres, geralmente pela manhã bem cedo ou de madrugada, isto é, somente quando o limite do seu plano é excedido (por exemplo, meu plano suporta um único mísero gigabyte, se isto for excedido, a velocidade cai automaticamente para 14kbps), fora isto, a velocidade pode chegar a assustadores 200kbps, o que é um milagre acolhido com lágrimas nos olhos por nós internautas viciados em download moradores do triste estado do Amapá.

O que é mais triste ainda é o preço exorbitante que os provedores de acesso a internet cobram pela banda larga por aqui, um amigo meu paga 125 R$ por 300kbps ILIMITADOS, porque é cliente ANTIGO, agora imaginem quanto um cliente novo deve pagar pelo serviço inicial?! 300 reais?!

E não sou só eu que estou reclamando da velocidade da Vivo ultimamente, a maioria dos meus conhecidos sempre reclamou que o serviço é pura ilusão, nos primeiros dias a internet é um sonho, algo que é ótimo no início e vai piorando, piorando, piorando até se tornar insuportavelmente lenta, até mesmo nos horários livres (o que é o meu caso).

Tudo bem que é um serviço de internet móvel feito exclusivamente para acesso rápido, downloads devem ser feitos em conexões fixas, porém nem mesmo o acesso em si, o carregamento das páginas da web, é rápido. Vivo recebendo avisos como "erro na página" ou "página indisponível", ou então a demora de 500 anos no mínimo para carregar!

Talvez seja culpa do meu pacote, do meu plano, que só suporta 1GB, de modo que a central dá prioridade para aqueles que optaram pelo plano maior e mais caro, deixando nós pobres na miséria da velocidade de uma conexão discada via linha telefônica. E isso porque eu ainda nem falei da estabilidade! O MSN não entra antes das 9 da noite, e se entra, suas mensagens não vão e as dos seus amigos não vem, é comum também a queda da conexão com o Windows Live frequentemente. Sinceramente, a internet discada daqui de casa era lenta, mas pelo menos era estável, fazem exatos dois meses que não vejo o medidor subir para 200, o máximo que chegou desde o começo de fevereiro foi 30kbps, o que me parece agora uma dádiva dos céus perto do que eu tenho de aturar.

Por isso, pais e mães deste Amapá, entendam que seus filhos não passam a madrugada toda online porque querem, mas porque é o único horário propício para o uso sem contratempos e stress.

Perante tais circunstâncias eles bem poderiam mudar o slogan de "Vivo, Conexão como nenhuma outra" para "Vivo, porcaria como nenhuma outra", fica a dica.
xxxo
L.M.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Hey, Pessoal!

Maleficent: Seus pobres, simplórios tolos!
Olá, gentalha. Estou aqui fantasiado de Maleficent (The Sleeping Beauty) para mostrar o meu lado maligno e ousado! Afinal de contas, quem sabe xingando vocês, alguém não resolve comentar respondendo os xingamentos?
Haha, brincadeirinha, estou aqui para pedir desculpas pela minha falta de responsabilidade esse final de semana.
Meu blog anda tão FLOPADO que me esqueci totalmente de publicar os Apocalipses de sábado e domingo, então postei um atrás do outro agorinha, de madrugada. Se algum pobre simplório tolo estiver acompanhando a série, eu ORDENO QUE DEIXE UM COMENTÁRIO, ou então lhe rogarei uma praga, e em seu décimo sexto aniversário, espetarás o dedo na agulha de uma roca! E DORMIRÁS PARA SEMPRE! (risada maligna).
Espero que tenham entendido o recado.
Beijos MALEFICENTES.
XXXO
Louie Mimieux

The Big Machine 3 - Apocalipse 19


Andar pela cidade de dia era totalmente diferente de caminhar nas trevas da madrugada, ao que eles estavam habituados. De dia tudo parecia ainda mais perturbador, mais caótico, desesperador, o aperto no peito ficava mais forte a cada passo em frente. Esta perturbação vinha principalmente do fato de encontrarem ruas tão conhecidas do cotidiano, agora completamente devastadas e irreconhecíveis. Veículos capotados, árvores derrubadas, postes tombados, cinzas de lojas e moradias, papel e roupas espalhados pelas calçadas e pelo asfalto numa sopa de lama temperada pela água e pela terra enlameada resultante das chuvas torrenciais. Pontos conhecidos da cidade em ruínas, semáforos apagados e silêncio, um silêncio absoluto um tanto claustrofóbico. Era como estar preso num pesadelo apocalíptico de quatro paredes sem fim. Até o ar estava parado, o vento não batia entre as fendas dos muros derrubados, não entrava pelas vidraças quebradas. Era tudo gelado, parado, estático, como uma fotografia maldita de destruição e caos.
- Fazia tempo que nós não saíamos de dia... – Ray suspirou e catou uma fotografia qualquer do chão. Uma família feliz sorria na foto chamuscada na moldura artificial. – a situação parece pior à luz do dia...
Alexis ia à frente, caminhando com as mãos sobre o rosto, limpando a torrente de lágrimas em sua careta retorcida de dor, seus olhos fundos e vermelhos nunca estiveram tão tristes. Onde estaria a sua família? Seus pais? As pessoas que ela amava? Onde estariam os seus entes queridos no meio daquela catástrofe toda? O que teria acontecido a eles?
- Alexis... – Maxine pôs a mão sobre o ombro da moça atordoada. Ela sequer reagiu. – você tem que tentar se acalmar, eles precisam ver que você continua sendo uma general, se demonstrar alguma emoção, nosso plano pode ir por água a baixo... Seja forte agora! – Max segurou a mão da jovenzinha com força e transmitiu positividade com apenas um único olhar, seus lábios repuxados para dentro da boca numa máscara de seriedade e confiança. Aquilo parecia um tanto maternal e reconfortou bastante o coração da garota, tão jovem e tão perdida no meio daquilo tudo, não fazia muito tempo que havia recobrado a consciência e saído do transe que a havia transformado numa das generais malignas que serviam à Alberta e sua trupe. Alexis engoliu o choro e fechou os olhos com força, deixando uma derradeira lágrima escorrer por sua face corada, descendo rumo ao desconhecido até perder-se pouco abaixo do queixo, pingando no chão molhado da rua devastada.
- Estamos perto – alertou Haruno, quebrando o silêncio do momento enquanto subia numa caçamba de areia tombada sobre a calçada para ter ampla visão do que estava à frente. As ruas estavam irreconhecíveis, de modo que era impossível se localizar guiando-se pelas construções ou pelas placas, as quais não mais existiam. Muitos prédios e casas foram derrubados e o concreto restante deles se espalhava nas avenidas aos montes, esmagando a lataria de carros ou motos, formando pirâmides casuais dos restos mortais da antes pacata, serena e poeirenta Macapá. Agora úmida, gelada e morta.
- Estou achando estranho, estranho demais... – os olhos semicerrados de Ray Ann vasculhavam o ambiente ao redor com destreza. – onde estão os soldados? Os robôs?
- Estão todos concentrados nas periferias, onde residem os últimos grupos de refugiados. – soluçou Alexis, respirando fundo em seguida, procurando dentro de si a máscara perdida de general, o disfarce que era a sua salvação e a salvação de todos os que haviam sido capturados na pilhagem da Fortaleza. Sua família poderia estar entre eles, esse era o seu incentivo, o alimento da sua esperança. Eram tempos escuros e nublados para aquele povo.
Não demorou muito para que os muros perfeitamente brancos do Estádio Glicério Marques surgissem em meio aos escombros fumarentos da cidade, talvez a única coisa de pé e em perfeito estado em quadras de distância.
- É o seguinte, meninas. – sibilou Maxine para suas outras três companheiras, escondidas atrás de uma barricada de veículos amontoados uns sobre os outros. – Vamos nos algemar e Alexis nos guiará para dentro do terreno do estádio. Quero todas as cabeças baixas e quero muita tristeza nesses olhares... Quanto à você, engula o choro ao máximo que puder, vamos precisar da sua cara de má!
Alexis fechou os olhos por alguns segundos e ao abri-los outra vez, havia uma máscara de frieza e maldade sobre seu rosto. Ela passou tanto tempo calada encarando as três que por um momento Maxine realmente pensou que ela havia voltado a ser a general que haviam encontrado no final da madrugada, dentro do prédio da FAMA há algumas horas atrás. A fadiga era tanta que os sentidos já as estavam enganando, precisavam descansar urgentemente. Algemadas umas nas outras formando uma corrente, foram arrastadas com violência teatral aos portões vermelhos fortemente vigiados por dois dos gorilas-robôs. Parados pareciam mais duas estátuas de metal, enganariam a qualquer um, passando por simples enfeites extravagantes e caros para recepcionar os visitantes com as suas caras feias de macaco. Iguaizinhos à Lana Palafita e a sua cara de ribeirinha. Ray sentiu uma vontade irresistível de rir, mas se conteve com todas as forças e jogou seus cabelos sobre o rosto de tal forma que chegou a lembrar a própria Samara de “O Chamado”, uma verdadeira assombração.
- Três novas prisioneiras. – fez Alexis, sem gaguejar. Só ao aproximar-se percebeu que havia dois soldados-zumbis ladeando os robôs, eram tão pequenos perto daquelas máquinas mortíferas que passavam completamente despercebidos de longe, foi quase um susto vê-los saindo do além para barrar a sua entrada. Por um instante ela achou que a farsa havia sido descoberta e quase perdeu o disfarce.
Dois lasers vermelhos saídos das viseiras dos robôs escanearam o rosto de Alexis, um na vertical e outro na horizontal, tornando-se verdes logo em seguida. Os dois soldados caminharam então até o portão e abriram passagem para o comboio de quatro mulheres que adentraram no recinto de imediato. O cenário atrás dos muros era desesperador. As estranhas gaiolas usadas para a captura de fugitivos eram amontoadas em setores, formando corredores de grades com paredes altas e escuras que pareciam querer alcançar o céu nublado do que restou da cidade. Lembravam galerias portuárias de contêineres de metal, com carregamento humano dando lugar aos objetos de importação e exportação. As pessoas ali dentro já estavam cansadas de gritar por socorro, elas sabiam que ninguém poderia ajudá-los, nem ouvi-los, o socorro jamais viria. A única saída era se conformar e entregar-se ao destino de soldado-zumbi escravo na construção da grande torre de controle daquela estranha organização cujo objetivo para eles ainda era desconhecido. Grande parte dos contêineres estava vazia agora que restavam poucos resistentes à ditadura.
- Eles têm de estar aqui, em algum lugar, é pra cá que os capturados neste setor vêm! – Alexis praticamente corria por entre as galerias, procurando por rostos conhecidos e arrastando as três falsas prisioneiras à força no seu encalço, pouco se importando com as câmeras que a acompanhavam.
- Vai com calma, Alexis! Não corra! Não podemos levantar suspeitas! – sibilava Maxine, dando puxões na corrente da algema que a ligava à sua falsa capturadora.
- Assim você vai nos entregar de bandeja pra eles! – exclamava Haruno, em seu posto de última algemada na corrente das falsas prisioneiras. Ray Ann vinha no meio, confusa, com os olhos perdidos por entre as gaiolas. Também procurava por seus familiares, pelo seu amor.
A corrida desembestada das quatro infiltradas foi abruptamente interrompida por dois vultos de preto, um mais alto e moreno, de cabelos crespos e grandes olhos castanhos, outro mais baixo, esguio, magrelo, de rosto fino, olhar severo e cabelos cacheados.
- Florêncio e Rosálio – sussurrou Ray Ann entredentes para trás, para Haruno.
- Nº 9, aonde pensa que vai com esses prisioneiros? – disse a voz grossa de Rosálio, a General de nº 6 na hierarquia dos setores nos quais a cidade foi separada. Alexis foi pega de saia justa com a boca na botija, estava completamente sem reação, parada e estática, tremia dos pés à cabeça, seus olhos esbugalhados como o de um coelho prestes a morrer na boca de uma raposa faminta. Florêncio e Rosálio se entreolharam, sorriram com malícia e voltaram-se para as quatro. – onde você as capturou Nº 9?
Alexis continuou calada. Rosálio deu dois passos em direção à ela, e isso congelou suas entranhas de medo. Ser um general significava deixar os sentimentos humanos de lado para tornar-se uma máquina orgânica a serviço exclusivo da S.U.J.A., o olhar maligno e a pupila sempre dilatada indicava a hipnose, entre outros detalhes como movimentos robóticos precisos, agilidade acima da média, inteligência e lógica aumentadas e incapacidade total de sentir compaixão. A hipnose bloqueava as áreas do cérebro que envolviam grande parte das emoções humanas deixando livre o caminho para que o organismo e os impulsos nos neurônios trabalhassem exclusivamente em áreas como a do raciocínio e desempenho físico, levando o indivíduo ao seu limite. Aquela coisa não-humana era o que estava deixando Alexis tão nervosa, era como estar cara a cara com alguém possuído pelo demônio.
- Você soube, Nº9, do incidente no quartel general? – perguntou Rosálio, executando uma vistoria nas três prisioneiras recém-capturadas, erguendo os rostos e analisando-os bem. Reconheceu Haruno, a antiga ocupante da sua posição na hierarquia dos generais de imediato, e em seguida reconheceu Ray Ann, que deveria estar morta juntamente com seus amigos na destruição do prédio da escola.
- N... não... – gaguejou a garota. Uma lágrima já escorria pelo canto do olho. Ela estava completamente entregue.
- Não é o que as câmeras mostram, e nem o que está registrado na memória dos vigilantes do setor. – ela se referia aos macacos-robôs residentes. Fez um sinal com o dedo para Florêncio, ou nº 7, que com passos largos, aproximou-se das quatro e pegou Alexis pelo braço.
- Obrigada, nº 9, você foi muito generosa trazendo essas três até nós; e muito sensata em se entregar também. – deu um tapinha nas costas da garota decepcionada. – agora, nº 7, leve-as, elas estarão na próxima sessão de conversão.
Maxine não pensou duas vezes, derrubou Rosálio no chão com uma rasteira inesperada, puxou a arma da cintura da garota e apontou para a cabeça dela. Florêncio puxou seu laser do cinto instantaneamente e começou a atirar, as garotas se jogaram no chão, ainda presas às algemas pulso a pulso. Maxine separou os elos com tiros certeiros e gritou para que elas corressem, mas não, elas decidiram ficar e lutar. Usando um dos contêineres como barricada para o combate, levaram vantagem por estarem em maior número e com maior quantidade de munição, logo os dois generais precisariam se esconder para não levar chumbo e poderem chamar o reforços. E era essa a hora certa em que elas correriam dali o mais rápido que pudessem.
- Rápido, pra dentro! Pros fundos da galeria! – ordenou Maxine, apontando para o labirinto de jaulas de metal.
- Vpcê está louca?! Temos que sair daqui! – exclamou Ray tomado a outra direção, Haruno pegou-a pelo braço antes que ela pudesse fazer alguma besteira.
- Não! Temos que ir pro fundo, nos esconder! A esta altura os portões estão todos em alerta, não sairemos daqui nem em mil anos! Vamos! Pra dentro!
Arrastada contra a sua vontade, Ray Ann foi puxada para o interior do labirinto numa busca desesperada por uma gaiola aberta onde poderia esconder-se. Não demorou muito para que encontrassem o que procuravam, para rastejar para as sombras, longe dos olhos dos soldados armados com metralhadoras e rifles que agora percorriam os corredores de gaiolas vasculhando cada centímetro em busca das invasoras.
- Estamos ferradas, ferradas! – resmungava Haruno, agachada, procurando nas sombras uma saída, uma solução.
- Espera, espera! – Maxine levantou-se e pediu silêncio. – estão ouvindo?!
- O que houve? – Harunou também se levantou e foi até onde a companheira estava.
- Eu estou ouvindo – fez Ray ainda agachada. – é uma música... tem crianças cantando!
- Crianças?! Mas eles não trazem crianças pra cá, elas ficam nas ruas... – exclamou Haruno, forçando o seu ouvido ao máximo.

Meu trenzinho
Meu trenzinho
É marrom
É marrom
Vira pra direita
Vira pra esquerda
Faz fom-fom
Faz fom-fom

- Parece que tem uma classe de jardim de infância aqui em algum lugar e... – Ray foi interrompida pela mão de Haruno que foi direto sobre a sua boca. Ambas abaixaram juntas no escuro do contêiner gradeado outra vez. Uma tropa inteira de soldados passou por eles, eram uns 10 ou 20 em marcha, armas em mãos, indo na direção da música. No comando deles havia um rosto conhecido, era Alberto, irmão gêmeo de Alberta, provavelmente era ele quem estava no controle do posto avançado de conversão, seu uniforme era diferente dos outros, possuía listras brancas nas laterais. De óculos escuros enormes e um colete camuflado nas cores da selva, ele passou carregando um rifle no ombro, queixo em pé, olhando fixo para frente, inexpressivo. Seu corte de cabelo e suas roupas faziam-no parecer uma versão menor, branquela e raquítica de Arnold Schwazenegger em “O Exterminador do Futuro”.
A tropa parou mais adiante, as quatro levantaram-se para observar sorrateiras ao que estava acontecendo, na pontinha dos pés.
- Calem a boca, vocês! Isso aqui não é parque de diversão! – ouviu-se a voz de Alberto aos berros não muito longe dali. Algo chocou-se contra as grades de uma das gaiolas três vezes, arrancando gritos do que parecia ser uma turma de terceiro período em cárcere privado. As criancinhas soltaram berros apavorados de doer os ouvidos e começaram a chorar. Provavelmente Alberto teria batido contra as grades usando o rifle em suas mãos.
- Ora, seu desalmado! São apenas crianças! Deixe-as se divertirem antes de virarem robôs serventes como você! – retrucou uma voz espevitada e atrevida, aguda como a de uma cantora pop. Maxine teve vontade de gritar o nome da amiga. Aquela era Tifa! Tifa estava com as crianças em uma gaiola ali perto!
- É a Tifa! É a Tifa! Ela está viva! Viva! – Max abraçou Ray com força e começou a dar pulinhos de alegria enquanto batia palminhas. Sua melhor amiga não havia morrido!
- Ei, se controla! – Haruno deu um cutucão na companheira. – Se eles nos descobrem estamos fritas! Já viu o tamanho daqueles rifles?!
Alexis, que permanecera calada até então, pronunciou-se finalmente.
- Deve haver um jeito de soltá-los! – disse baixinho. – essas gaiolas não são indestrutíveis.
- Mas elas possuem uma senha, nós tivemos sorte que esta estava aberta... – Haruno apontou para o pequeno painel oval equipado no fecho da porta do contêiner.
A tropa de vistoria afastou-se num marchar contínuo até que o som do pisoteio dos soldados extinguiu-se do alcance da audição, era o momento de ir até a gaiola.
Foi uma festa esse reencontro! As esperanças foram renovadas! Ali dentro havia Tifa, alguns adultos e todas as crianças do acampamento. Do outro lado, outro contêiner com mais pessoas dentro, todos os capturados da pilhagem à fortaleza somavam uma quantidade de cinco ou seis gaiolas daquelas lotadas. Parentes, amigos, conhecidos, todos ali, reunidos e lutando pela sobrevivência, acreditando que o socorro chegaria, e suas preces foram ouvidas afinal. Maxine estourou cada um dos fechos com um tiro certeiro do seu laser, danificando os aparelhos que exigiam senhas para destrancarem as jaulas.
- Como vamos sair daqui?! – perguntou Tifa, olhando de uma ponta a outra no corredor de contêineres, cautelosa.
- Não sei, mas nós vamos...
- Ora, vejam só – riu uma voz que vinha de cima. Era a voz de Alberto, Ray Ann a reconheceria em qualquer lugar, anasalada e debochada, com uma dicção rápida demais. – pensavam que iam escapar assim, na cara dura? Não na minha jurisdição, crianças, não mesmo!
Acompanhado da sua tropa fortemente armada, tinha sob mira cada uma daquelas cabeças. Havia homens armados agachados em cima de todos os contêineres empilhados daquele corredor do labirinto interno do estádio Glicério Marques, como abutres à espreita da carniça, vultos negros os observavam frios e prontos para atirar. Só estavam esperando a ordem...






Fim do Apocalipse Dezenove!

The Big Machine 3 - Apocalipse 18


- Não percam tempo! Atirem! Atirem logo de uma vez!
Desta vez os Apocalípticos não esperaram que o inimigo desse um próximo passo. Aparentemente desacompanhado e desarmado, Edvaldo era um alvo fácil para a saraivada de tiros que veio logo em seguida.
- Parem! Parem! – gritou Maxine em meio ao som cortante das balas e dos lasers. – ele sumiu!
O grupo juntou-se num círculo, de costas um pro outro em posição de defesa. Testas franzidas coroando olhos espertos e nervosos vasculhavam o ambiente molhado ao redor. Aos poucos a chuva parava, mas o sol da manhã não dava sinal de vida ainda. O céu era cinzento e pesado, carregado de nuvens grossas e gordas cada vez mais próximas do chão, pareciam disputar espaço, mal educadas, esfregando-se umas nas outras com grosseria. Ou talvez esta fosse uma má interpretação da aparência mal-humorada que aquele céu tremeluzente passava aos espectadores, talvez as nuvens estivessem unidas com o único propósito de se opor ao sol e não permitir que um raio sequer passe por entre elas, exatamente como os Apocalípticos se encontravam naquele momento, unidos, praticamente colados uns nos outros, esfregando-se a cada passada e a cada movimento de braços e pernas, formando um único ser repleto de cabeças pensantes em alerta com o objetivo de não permitir a entrada de nenhum organismo estranho. Nenhum organismo maligno. Como uma célula, um anticorpo preparado para agressões externas.
- Achavam que ia ser fácil, é? – disse a voz de Edvaldo, debochada, vindo de algum lugar ali próximo. – os dias do Apocalipse Club ridículo de vocês estão contados, idiotas. Alberta já está a caminho a essa altura e sabe que vocês estão vivos graças aos seus amiguinhos que vieram do futuro.
O vulto rodeava o grupo numa velocidade absurda, mantendo-os cada vez mais colados uns aos outros, os coagindo como um lobo coage a um rebanho de vacas prontas para o abate. Um descuido, uma piscadela de olho, e repentinamente Maxine viu-se parada do outro lado da praça de armas, nos braços de Evaldo, colada ao corpo dele com força, sendo mantida cativa por uma chave de pescoço enquanto a arma estava apontada para a sua cabeça. Gritou.
- MAX! – rugiu Fernando.
- Não tentem nenhuma gracinha, ou o miolo dela vai pelos ares! – riu Edvaldo em alto e bom som, sua voz ecoando pelas paredes chamuscadas da Fortaleza pilhada. Aproximou sua boca do ouvido da mulher e com sussurrou baixinho para que somente ela o ouvisse. – larga a arma, gatinha. – Max abriu as mãos e levantou-as, rendida. – isso, boa menina. Agora, nada de gracinhas, ou então você tá morta, tá me ouvindo? – o hálito quente do rapaz lhe arrepiou toda, dos pés à cabeça. Ela assentiu, nervosa. – sim, sim, isso mesmo, boa garota.
- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM ELA?! – Fernando entregou Gabrielle com cuidado para os braços de Miguel e fez menção de ir até o outro lado do campo. Haruno e Ray Ann o detiveram. – SOLTA ELA!
- Fica aqui, Fernando! Fica aqui! Ele não tá brincando! Ele tá hipnotizado! – sibilou Ray para o neto, suas unhas compridas beliscando a pele do homem por baixo do uniforme branco borrachudo. – ele não vai hesitar em matar ela!
- Isso mesmo, cara! Pode ficar aí paradinho! – gritou Edvaldo, debochado, para o outro lado do campo. Estava em vantagem, pelo menos por enquanto.
As mãos grossas do rapaz desceram pela barriga da mulher com suavidade e firmeza, rumando cada vez mais para baixo, atingindo níveis cada vez mais inferiores, o uniforme escuro roçando no uniforme negro com leveza e suavidade, até atingir os limites de onde um homem desconhecido pode tocar uma mulher.
- ORA, SEU... – com um movimento rápido e repentino, Maxine pegou Edvaldo de surpresa, saindo do seu estado de redenção total à ele virando-se para atingi-lo em cheio com uma joelhada certeira na virilha, uma cotovelada na nuca e envolve-lo com uma chave de pescoço. O feitiço virou contra o seu feiticeiro. A galera do outro lado da praça de armas vibrou e aplaudiu o feito com entusiasmo – e agora, hein?! “machão”?! Quem é a gatinha aqui?!
- Eu não sei você, mas eu é que não sou! – riu o rapaz, engasgado pelo braço forte de Maxine que apertava seu pescoço com firmeza, deixando-o parcialmente sem ar. Estava a ponto de perder a consciência e desmaiar quando seu braço conseguiu alcançar o botão do cinto que fez cada músculo do seu corpo dobrar de tamanho até que Maxine não pudesse mais contê-lo naquela simples chave de pescoço. Logo seus braços eram muito pequenos e finos demais para estreitar o jovem esguio que dobrara de tamanho e instantaneamente havia se tornado um verdadeiro mastodonte feito de pura massa muscular.
- Gostaram do meu uniforme, moçada?! – debochou Edvaldo, alisando seu tórax repentinamente definido com toda a sensualidade, passando seus dedos grossos pelos bíceps e tríceps artificiais que o envolviam como uma carapaça muscular. Ele agora era um monstro de três metros de altura. – foi especialmente desenvolvido para mim! Olha só que legal! Ele tem a força de cinquenta homens concentrada, um impacto de um soco dessa belezura aqui é o suficiente para deixar uma pedra em pedaços! – enquanto fazia seu discurso, distraía-se com seus recém-adquiridos músculos, alisando-os com orgulho e certo desejo até, esquecendo-se de que estava sendo observado, olhou pelo canto dos olhos para o grupo de Apocalípticos em alerta, com as armas em punho. Voltou-se para eles confiante e postou-se em posição de ataque, um pé na frente e ou outro atrás, com os punhos fechados próximos do rosto. Seus músculos dobraram de tamanho mais uma vez, o uniforme estava sendo estimulado à potência máxima, prestes a estourar. As veias artificiais onde corria o material geneticamente modificado capaz de aumentar a força do usuário do uniforme em até 50 vezes saltavam para fora da pele de borracha, latejando à olho nu, subindo e descendo como vermes rastejando por baixo da borracha.
- CORRAM! CORRAM! – gritou Max antes de ser atirada longe por um singelo pontapé do monstro de borracha. Cada passada de Edvaldo abria um sulco na praça de armas, cada soco dado no chão onde antes alguém perseguido estivera abria valas e rachaduras, forçando a estrutura da fortaleza. Balas não surtiam efeito, lasers não adiantavam nada. Ele era indestrutível e rápido, o que era pior. Haruno quase virou pasta humana por causa de um vacilo: O lugar onde antes ela estivera agora abrigava uma cratera.
- Como vamos derrotá-lo?! – gemeu Fábia, em dupla com Ray, escondida atrás de uma das construções enquanto o monstro musculoso destruía tudo com seus punhos de ferro.
- Temos que acertar o cinturão que ele está usando! – exclamou Ray, achando o X da questão. – é claro! É isso que controla a potência dos músculos falsos! Com o cinturão destruído, os músculos vão murchar! Lembra que ele apertou um botão lá em baixo antes de dobrar de tamanho?!
- Lembro sim! Nossa! Isso é muito lógico! – Fábia levantou-se. – eu vou lá avisar o pessoal!
- Vá com cuidado! Eu vou distraí-lo! – as duas se abraçaram e se dividiram, uma para a esquerda e a outra para a direita.
- EI! EI! OLHA PRA MIM, SEU MONTE DE ESTRUME SEM CÉREBRO! - Ray cruzou o campo totalmente desprotegida, balançando os braços para o alto às gargalhadas. Edvaldo grunhiu feito um neandertal e correu em seu encalço. Enquanto isso, Fábia cruzava o fundo da cena sorrateira.
- O que essas malucas estão fazendo?! Elas vão morrer! – gemeu Max. Havia fraturado a clavícula e uma costela. Seu marido a consolava enquanto os dois se escondiam atrás de um canhão de guerra de séculos atrás.
Desobedecendo ao combinado, Fábia correu até o meio de campo, iria acertar o cinto de Edvaldo ela mesma.
- NÃO! NÃO! VOLTA FÁBIA, VOLTA! – Ray parou no meio do caminho, preocupada com a amiga. Edvaldo freou à força e voltou-se para trás, para encarar Fábia dentro dos olhos e chutá-la como se fosse uma bola para cima de um dos telhados. Ray urrou feito uma leoa e lançou-se sobre o pescoço da personificação maligna do Hulk, procurando sufoca-lo à pulso. Por sorte, os braços de Edvaldo estavam muito grossos para que ele pudesse alcançar sua nuca, de modo que Ray Ann ficou fora de perigo enquanto a criatura ultra-musculosa se debatia embaixo dela. Haruno surgiu de trás de uma das construções correndo em direção à cena de vida ou morte, com a arma em punho.
- ACERTA! ACERTA O CINTO! O CINTO! – gritava Ray, do alto de seu monstro de estimação, como uma vaqueira tentando domar um touro bravo, ela segurava firme e resistia aos repuxões e solavancos da fera musculosa abaixo de seu corpo. Parecia uma macaquinha tentando abater um leão no braço.
O tiro laser foi certeiro, o cinto arrebentou e de imediato, os músculos secaram como um balão furado pelo alfinete de uma costureira.
- Você está bem, menina?! – Alexis escalou a construção para encontrar uma Fábia sentadinha, ofegante.
- Estou sim, obrigada!
- Mas você voou! Foi atirada a metros de distância!
Fábia gargalhou aquela sua velha e costumeira gargalhada gostosa e rasgada, em alto e bom som, levando as mãos aos seios e erguendo-os com orgulho.
- Meus amiguinhos amorteceram a queda, Alexis! – gargalhou outra vez. – relaxa, menina! Enquanto eu tiver B1 e B2 do meu lado, não vou morrer tão cedo!
Alexis riu aliviada e deu de ombros enquanto Fábia imitava Christina Aguilera em Candyman, mostrando o bícep. Amortecedores embutidos não eram pra qualquer um! Essa é a Fábia Seios Fartos que nós conhecemos!
A esta altura, Edvaldo já estava nu e amarrado a uma cadeira, foi deixado para trás no meio da praça de armas enquanto os Apocalípticos partiam para executar o seu plano que salvaria (ou não) a pátria. Era hora de agir.





Fim do Apocalipse Dezoito!