Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Vestido Versace, Mulher Versátil


- O que exatamente você estava fazendo no prédio do hotel naquela manhã? – o detetive tomou o último gole do seu café calmamente, enquanto a sedutora Gabriela cruzava e descruzava as pernas várias vezes. Não que estivesse provocando, longe disso, ela estava nervosa e desconfortável naquela cadeira dura de ferro. Ela que era tão elegante parecia uma joia perdida no esgoto, dentro daquela sala.
- Eu não sei do que você está falando, detetive, estive a manhã inteira em casa! Saí somente pela parte da tarde, para fazer um Cooper à beira mar, eu estava de folga e...
- Os empregados da mansão disseram que você saiu alguns minutos após a limusine deixar o pátio, acho melhor você falar a verdade. – sentou-se.
Ela permaneceu calada durante um tempo, sua testa estava cheia de ravinas de preocupação, piscava mais que o normal. Decidiu retirar as luvas, pois estava suando horrores debaixo delas, descruzou as pernas pela quinta vez.
- Tudo bem, olha, pra ser sincera, eu realmente saí de casa naquela manhã, eu saí sim, mas foi por um bom motivo... – ela respirou fundo. – Stella havia se esquecido do seu segundo vestido, a muda de roupa que Aline havia separado para ela, e eu como boa nora resolvi entregá-lo no hotel, foi isso! Nada demais! – cruzou os braços, estava mais tranquila agora. Aquela desculpa era realmente convincente, se não fossem os outros detalhes sórdidos.
- Mas, me diga, Gabriela, que motivos você teria para entrar sorrateiramente pelas escadas de emergência, como mostram as câmeras de segurança?
Gabriela finalmente descobrira o motivo daquele televisor mequetrefe e encardido que a encarava ameaçador com a sua tela escura, séria e julgadora. Ela tinha muitos motivos para entrar em desespero agora. Se eles filmaram a sua entrada no prédio, haviam filmado tudo. O detetive Mimieux puxou um pequeno controle do bolso e apertou alguns botões para dar play no vídeo. As imagens eram claras, claríssimas, nítidas como a água: Gabriela surge caminhando feito um gato, desconfiada, olha para todos os lados, checa a porta sem fazer muito barulho e verifica se está aberta ou fechada. Sobe em seguida. O vídeo permanece numa porta vermelha entreaberta que, após uma rápida acelerada pelo controle remoto, mostra uma Gabriela descabelada e visivelmente nervosa, capotando porta afora e caindo e joelhos, levantando-se logo em seguida e correndo desesperada.
Após alguns minutos seu marido sai pela mesma porta e vomita numa lixeira logo ao lado.
- Porque a fuga, Gabriela? E o que se fez do vestido que você estava carregando? – o detetive se fez de desentendido, debochando da cara de tacho de uma Gabriela pega no pulo do gato – ah! Esqueci! Você não poderia sair andando com um vestido ensangüentado na rua! Você o usou para limpar o sangue do homem que você matou! É muito claro não é?
- Ora, não seja idiota! – grunhiu a mulher – pra que eu iria matar aquele velho?! O que eu ia ganhar com isso?!
- Não sei, me diga você! – ele pôs os braços atrás da cabeça. Ela levantou-se.
- Me desculpe, mas não tenho de aturar esse tipo de acusação! É uma ofensa grave a minha integridade moral! – fez, estufando o peito e erguendo o queixo enquanto jogava os cabelos para trás dos ombros.
- Sente-se, ou vamos declarar prisão provisória assim como fizemos com o seu marido! Você não quer nos dar problemas, quer? – o detetive riu, simpático.
Gabriela bateu o pé três vezes fazendo careta e largou-se na cadeira, derrotada.
- Ai que ódio! Que ódio!
- Porque a fuga? Me explique!
- Eu fugi do tiroteio, tudo bem?! FUGI! Eu pensei que estava acontecendo algum tipo de assalto no hotel e saí correndo! Era isso o que você queria que eu dissesse?! – ela ergueu os braços, se rendendo, depois esmurrou a mesa, fazendo o detetive bufar outra vez – AH, NÃO! ESPERE! Você quer que eu diga que matei um velho que sequer conheço direito!
- E como você explica o vestido encontrado na cena do crime?! E o seu relógio que foi encontrado próximo à porta?! Você esteve naquele quarto, Gabriela! Eu sei que esteve e você está escondendo o jogo! Vamos! Confesse que você o matou!
- EU ENTREGUEI O VESTIDO PARA VERONICA! – gritou a mulher, desesperada, gelada, derramando rios de lágrimas.
- Não, não entregou! O depoimento de seu marido não fala de nenhum vestido nas mãos da empregada, que, aliás, desceu o elevador pouco antes de você subir! Vocês sequer se viram naquele dia, você sequer procurou o quarto de Stella Vazjekovzka! – o detetive assumiu um ar violento, dominador, era a adrenalina subindo ao cérebro, a adrenalina por estar próximo de resolver este grande mistério que o estava deixando maluco. Já eram praticamente sete da noite, e a família Vazjekovzka inteira na companhia de alguns empregados e metade do hotel estavam ocupando a delegacia de cabo à rabo. Era hora de dar fim àquilo de uma vez por todas!
- TUDO BEM, TUDO BEM, EU CONFESSO! EU CONFESSO!
Neste instante, trombetas soaram nos céus e os anjos cantaram em aleluia! Tudo isso no âmago do estômago daquele detetive fatigado de cortar as cabeças das Hidras daquele assassinato! Enfim ele conseguira uma confissão! Enfim alguém se entregou! O caso estava encerrado! Ele poderia voltar para casa, tomar aquele banho delicioso e voltar a assistir a última temporada lançada de Cold Case! Seus ombros relaxaram, ele juntou as palmas das mãos em clamor e ergueu-as para a lâmpada fluorescente de brilho branco espectral. O martírio havia chegado ao fim.
- EU ENTREI NAQUELE QUARTO SIM! EU ENTREI! TUDO BEM?! EU OUVI OS TIROS E ENTREI NO QUARTO! E AQUELE VELHO ESTAVA SE DEBATENDO NO CHÃO, EU ENTREI EM DESESPERO, VOU NESSA HORA QUE O RELÓGIO CAIU! ELE ESTAVA FROUXO, TUDO BEM?! MAS EU NÃO IRIA ME ABAIXAR PARA PEGÁ-LO ENQUANTO AQUELE HOMEM MORRIA NA MINHA FRENTE! EU TENTEI USAR O VESTIDO PARA ESTANCAR O SANGUE, MAS ELE JÁ ESTAVA PARANDO DE SE MEXER E ENTÃO EU CORRI, CORRI PARA LONGE DAQUILO TUDO!
A porta da sala do interrogatório abriu-se de supetão, espantando a mulher alterada que gritava feito uma condenada a sua confissão. O detetive já havia desistido de chegar ao final daquele caso, cada vez mais ele se complicava.
- Encontraram a arma do crime, senhor. – fez Abner, ajeitando o cinto.
- Não me diga! Mas isso é incrível! – e saiu da sala, direto para a galeria dos esgotos de Paris. Esgotos antigos, seculares, cheios de história e fezes de todas as eras. O lugar era lúgubre, fedido era apelido, escuridão era só um brinde à parte, os ratos pareciam fazer festa ali, felizes a cantar suas canções chiadas, as baratas pareciam tão inteligentes a ponto de fazerem verdadeiras aldeias nas paredes e conviverem em sociedade. Tudo isso logo abaixo de um dos hotéis mais luxuosos da capital. Paris, Paris, toda a sua podridão escondida no subsolo, que cidade maravilhosa. Mimieux adorava aquilo tudo.
- Nem tocamos nela, acabamos de encontrá-la – fez um dos oficiais, apontando a lanterna para um ponto distante no rio de imundície. Ali estava um revólver comum, sujo, não era possível identificar o calibre exato, mas lá estava ele, engatado num dos braços de um cabide de metal perdido nas galerias subterrâneas, jogado esgoto abaixo por algum pobre inquilino de um bairro de classe baixa.
- Pegue-o e leve para o exame... Vamos ver se as balas encontradas na vítima condizem com o calibre da arma... – e saiu caminhando, para fora daquele fedor agressivo, esmagando algumas baratas e chutando alguns ratos. Não resistiu, levou um lenço ao nariz, mas isso não adiantou muito. Seu corpo estava ali, caminhando para fora da porcaria, mas sua mente estava na bela Gabriela, que mulher versátil ela era... Prestativa, era tão boazinha com a sua sogra a ponto de sair do conforto da sua mansão para levar pessoalmente o vestido que a pobre velha havia esquecido! Tão prestativa a ponto de prestar os primeiros socorros para um corpo que se debatia ali próximo! Um corpo desconhecido e cheio de sangue!
Não, havia algo de podre naquela história, e não era aquele esgoto. Se bem que, as galerias subterrâneas de Paris também eram bem putrefatas, mas a podridão estava escancarada na história contada por Gabriela. Ela estava mentindo, era óbvio. Todos sabem o quanto ela odeia a sogra, pra que levaria o vestido pessoalmente para a velha?! E com aquele jeitinho cheio de “não-me-toques”, ela jamais poria a mão em sangue sem fazer um verdadeiro escândalo. Mulheres como ela gritariam horrores ao se depararem com um corpo se debatendo, agonizando. Ou talvez ele estivesse sendo um grande preconceituoso... Quem sabe...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A Cereja do Bolo!



Aos macapaenses que não foram ao Teatro das Bacabeiras na noite do dia 28 de Novembro, aqui vão meus sinceros pêsames para quem perdeu a verdadeira explosão artística de leveza, agilidade, elasticidade, sensualidade e criatividade na coreografia, Pas De Deux clássicos se misturaram à dança contemporânea sem quebrar o ritmo doce, suave e delicioso do espetáculo em homenagem ao amor dirigido pela incrível Rose Borges à frente de seu exército de jovens cisnes delicados e muito bem treinados a favor da expressão artística corporal.

Foi uma noite de sonhos, onde adentramos em um mundo onde não se fala, onde um gesto diz tudo por si só, onde o amor é vivido e comemorado intensamente através de saltos, giros e gestos hipnotizantes que nos prenderam do começo ao fim ao palco. Agradeço ao Studio Rose pelo espetáculo que nos proporcionaram, foi de grande importância para minha criatividade, pois despertou minha sensibilidade e me deixou inspirado para trabalhar cada vez mais em prol da arte, estou até pensando em escrever uma história para ser encenada no ballet!

O corpo de bailarinos e bailarinas está de parabéns, nota dez para toda a equipe.

Mas a plateia tirou nota zero no seu boletim em comportamento. Macapá é lamentável quando se fala em respeito e educação. Nunca vi tanta gente passeando na frente dos espectadores, sentando e levantando da poltrona o tempo inteiro, batendo palmas na hora errada e gritando o nome das bailarinas como se as mesmas fossem parar a sua belíssima apresentação para dar um "oi"! Uma única palavra resume tudo isso: LASTIMÁVEL.
O espetáculo está a nível de São Paulo, com toda a certeza. Mas a plateia, continua a nível de um show de tecnomelody da periferia.

Mais uma vez, meus Parabéns ao Studio Rose pelo espetáculo profissional, digno, artístico e sincero, espero que continuem fazendo esse trabalho perfeito e encantando a todos, vocês são a cereja do bolo da arte desta cidade! A última esperança de admiradores como eu e muitos outros, estou louco para ver o que estão preparando para o ano que vem, e se me permitem, humildemente, gostaria de dar algumas sugestões para as histórias dos espetáculos, já que é nisso que eu sou realmente bom. Parabéns!

Madame Sauro


Esta aqui é Madame Sauro! Ela surgiu um ano após Neko-Kun (de 2007), assim, de repente na minha cabeça. A ideia era fazer uma crítica àquelas velhas taradas que vivem correndo atrás de meninos novos, eu já fui vítima de várias delas. Velhas me assustam. Mas Madame Sauro é gente fina, vive na Pangeia em paz com seus amigos répteis... Ou não!

Em Breve!

O Especial de Natal The Fatcat House!

Raquel é uma mulher gorda e mal amada, que vive rodeada de amigos, mas nunca consegue ser verdadeira com nenhum deles, suas amizades, desde a infância sempre foram à base da chantagem emocional e da inveja. Nunca tendo o que queria e completamente inconformada, fazia de tudo para desencorajar os outros a alcançarem seus sonhos. Rancorosa e maldosa, não consegue perdoar ninguém e sequer ver o lado bom das pessoas... Mas na noite de Natal, os três Espíritos do Natal Passado, Presente e Futuro fazem uma visitinha particular a nossa amiga, e esperem só pra ver o que vai acontecer a ela neste Especial de Natal tocante! Aguardem!

Relógio Dolce&Gabbana


- Você está blefando! Eu sei que está! Está com medo de ir preso! De ir parar no presídio! Quer sair como testemunha e não como vítima! Eu conheço seu tipo, Stefan, o milionário mimado! Conheço muito bem!
- Tudo bem! Tudo bem! Eu posso não ter visto quem o matou! Eu posso realmente estar blefando cara! – iniciou um choro copioso e triste, como uma criança que perdera os pais, estava entrando em desespero – mas você tem que me dar um voto de confiança! Tem que me dar um voto de confiança! Por favor! Tem que acreditar em mim! Eu não matei ninguém, eu juro!
- Como posso acreditar nisso se tenho provas de que você o matou?
- Vem cá, chega mais, chega mais – sibilou ele. O detetive aproximou-se, agachou-se do lado de seu suspeito mais problemático até o presente momento e olhou-o nos olhos. – eu vi como você se sentou em mim naquela hora, eu senti como você me tocou... Eu sei o que você está querendo, tudo bem? Olha, eu te dou o que você quer e você limpa a minha barra, tudo bem? Saímos ganhando os dois, que tal?! – riu baixinho, as lágrimas escorrendo por todos os orifícios. Ele não estava nada sexy, como era nos filmes. Mimieux gargalhou alto e levantou-se, levantando a cadeira também, caminhou para perto do vidro escuro e apoiou-se lá, voltando-se para o suspeito em seguida.
- Vai aceitar a minha proposta?! – Stefan parecia radiante.
O detetive fechou os olhos e sorriu, deu três passos até a porta, colocou a cabeça pra fora e comunicou-se com os dois enormes guardas que estavam parados do lado de fora. Os dois entraram um a um, ergueram a cadeira e iniciaram uma marcha em direção à porta.
- EI! EI! EI! O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO?! SOLTEM-ME! ME LARGUEM AGORA! AGORA! PRA ONDE ESTÃO ME LEVANDO?! – gritava, se debatendo violentamente.
- Prisão provisória, babaca! – riu o detetive. – agora considere-se o nosso principal suspeito! E se não for preso pelo assassinato de Lucas Lustat, vai preso por desacato a autoridade! Onde já se viu?! Tentar me subornar com sexo! Que pessoa baixa e imunda que você é!
- NÃO, NÃO! TUDO BEM! EU CONTO! EU CONTO TUDO!
Os grandalhões interromperam a escolta da berlinda.
- Deixem-no. – fez, mandando baixá-lo. – espero que conte a verdade agora, se não, é daqui direto pra cela.
- Tudo bem, tudo bem – ele respirou fundo.

- Ei, Veronica, Veronica! – um jovem Apolo cruzava os corredores do hotel em toda a sua graça e sensualidade, correndo, saltando em direção ao vulto apagado, de preto, carregando uma bolsa maior que seu próprio corpo. – onde é o camarim da mamãe?
Veronica não falou, apenas apontou a direção. Stefan riu.
- Qual o número do quarto, sua boba?!
- 119 – grunhiu a búlgara anã.
- Dê-me a bolsa, eu entrego a ela, com certeza vai gostar da surpresa!
Veronica permaneceu séria, dura. Entrou no elevador e sumiu engolida pelas portas douradas logo em seguida. Stefan deu de ombros e virou-se para seguir seu caminho, porém, dois fortes estalos que ecoaram em alto e bom som como trovões furiosos cortaram os corredores do hotel, fazendo-lhe soltar um grito de pavor, lançando-se ao chão. Ele sabia o que aquilo era. Sabia o que era aquele som. Aquele som terrível. Tiros. Dois tiros e um grito de mulher, cortando seus tímpanos com violência.
Assim que lhe pareceu seguro, levantou-se e correu em direção de onde vieram os sons pavorosos, deparando-se após curta corrida com a porta da saída de emergência no final do corredor, escancarada. Olhou ao redor, procurou qualquer sinal de arrombamento em uma das portas dos apartamentos próximos, seu coração acelerado, sua cabeça latejando graças aos sons ensurdecedores dos tiros. Foi quando ele se deparou com um feixe de luz cortando o corredor escuro, uma fresta quase imperceptível de uma porta próxima, mais alguns passos e ele estaria lá.
Mais alguns passos nervosos e suados, ele estaria lá. Ele estava tremendo. Aquilo era realmente seguro? Estaria ele correndo perigo de vida? E se o assassino ainda estivesse com a arma em mãos? E se ele fosse morto no momento em que visse o rosto do matador, em que abrisse a porta? Ele tinha de arriscar, tinha de ver se tudo não passara de imaginação. Aquilo não poderia ser real, era impossível, era assustador. Ele recuou um passo atrás após ouvir algo se debater do outro lado da porta. Havia alguém agonizando. Uma voz grossa, gorgolejando, aquilo deixou seu coração minúsculo de medo.
Num impulso de adrenalina, seu pé encontrou a porta que escancarou-se, iluminando todo o corredor escuro. E então lá estava, um rio de sangue levando diretamente para um corpo, um corpo masculino, com o rosto coberto por um pano branco – já rubro pelo sangue – seus pés e suas mãos ainda se mexiam.
Stefan não aguentou nem mais um segundo naquela cena, ele não podia suportar tamanho horror, tamanha morbidez. A bolsa foi ao chão, e sua pulseira fora junto também, mas naquele momento ele não se importava com nada, não havia hotel, não havia quarto, corredor, portas, não, só havia ele e o corpo que agonizava, ele e aquela boca que abria e fechava, fazendo mexer de leve o pano que a cobria, como um pequeno animal tentando escapar da armadilha. Era nojento, ele iria vomitar.
E assim ele desceu as escadas de emergência, correndo como nunca havia corrido na vida, vomitando no primeiro lixeiro que lhe surgiu pela frente. Jamais iria revelar a alguém o que vira, o que presenciara, não, ele não passaria por suspeito! Não poderia! Que carreira brilhante ele tinha! Um escândalo como aquele acabaria com tudo! Pegou o primeiro táxi para fora da cidade, para casa, para um lugar onde ele pudesse se esconder de tudo e de todos, e esquecer o que havia visto.

- O pano que você viu cobrindo o rosto do cadáver era um vestido branco, Versace... Suspeitamos que o assassino usasse para tentar enxugar o sangue... Mas o que nos deixa intrigados é o fato de o vestido pertencer à sua mãe! Como ele foi parar lá?! Temos tantas pontas soltas! – se fosse dada certa atenção àquela cena, qualquer um poderia jurar que a cabeça do detetive estava soltando fumaça de tão duro que ela estava trabalhando para resolver aquele mistério, uma verdadeira Hidra de milhares de cabeças: quando uma era cortada, várias outras nasciam e ficavam ali, rosnando e mordendo. Era um pesadelo. Um pesadelo assinado com as marcas mais famosas do mundo da moda... Seria difícil para o detetive entrar numa loja cara dali por diante, era traumatizante!
- Mamãe não faria isso... Ela amava Lucas, amava muito, só não sabia conviver com esse amor porque o orgulho dela é muito grande, gigantesco, o ego dela sempre fala mais alto...
- Quem você acha que faria uma coisa dessas?
- Não faço ideia...
- E ainda temos o relógio de pulso, o maldito Dolce&Gabbana da história! Não fazemos ideia de quem está por trás deste relógio, quem é seu verdadeiro dono... É uma pedra no nosso caminho...
- Eu posso... ver o relógio?
O detetive fez que sim, fechou os olhos e levantou o braço, fazendo um sinal para os oficiais que assistiam à entrevista por detrás do vidro escuro. No mesmo instante, a porta abriu-se, e um dos grandalhões que tentaram carregar Stefan para a cela entrou com um pacote plástico transparente em mãos, contendo um relógio de pulseira amarela, analógico, com o visor grande e chamativo, cheio de pequenas pedrinhas de brilhante ao seu redor. Puro luxo.
- Não, não! Impossível! Impossível! Não! – ele virou o rosto, não queria olhar, ele jamais aceitaria aquilo. Era loucura demais
- O que houve, Stefan?! O que houve?! Fale! – o coração do detetive voltou a acelerar.
- Este relógio... Foi um presente...
- O que?!
- Foi um presente que dei a minha mulher no natal do ano passado!
- SUA MULHER? VOCÊ QUER DIZER... – Mimieux estava bestificado.
- Sim, Gabriela, ela é a dona desse relógio! – Stefan abaixou a cabeça e voltou a chorar, dessa vez mais baixo, mais doloroso do que antes.
O detetive voltou-se para o grande gorila vestido de policial, suspirou e disse:
- Eis mais um mistério... Corta-se uma das cabeças da Hidra, e outras duas crescem no lugar...
- Oi?! – grunhiu o homem.
- Ora, esqueça Abner, você não faz ideia do que seja mitologia grega, faz?
Abner abaixou a cabeça, triste.
- Tudo bem, não fique assim. – deu dois tapinhas em seu ombro – Pausa para um café!

domingo, 28 de novembro de 2010

Uma Incógnita de Dior


- Estamos com Stella Vazjekovzka na sala do seu lado direito e a neta dela, Aline em seu lado esquerdo...
- E porque eu preciso saber disso?! – grunhiu Veronica, com um sotaque búlgaro pesado.
- Para que saiba que não adianta mentir, elas duas já contaram a história inteira, e sabemos que você estava com a bolsa pouco antes dela ser encontrada suja de sangue, no apartamento de Lucas Lustat. – o detetive Mimieux acendeu um charuto, cruzou os braços e encostou-se no vidro escuro outra vez.
No mesmo instante, Veronica começou a chorar e a tremer, a gritar feito uma condenada.
- O que ela está falando? – perguntou o chefe de polícia do outro lado do vidro.
- Eu não faço ideia! Não falo búlgaro! – respondeu um dos oficiais.
- Acalme-se Senhorita Petrova, acalme-se, por favor! – o detetive aproximou-se da mesa e empurrou-lhe o copo d’água que lhe era destinado. Ela esvaziou-o com voracidade como se tivesse caminhado um deserto inteiro, sozinha e sem uma gota do líquido tão precioso.
- Eu não estive naquele quarto! Não estive! Eu juro que não estive! A bolsa não estava comigo! – fez a mulher, ainda tremendo, seus olhos profundos e vermelhos.
- Mas você foi a última pessoa vista em posse da bolsa, Veronica!
- NÃO!
Esmurrou a mesa. O detetive Mimieux relaxou os ombros e jogou-os para trás, bufando e revirando os olhos. Muitos atos estavam se repetindo naquela manhã, estava virando costume vangloriar-se da sua riqueza ou esmurrar a mesa.
- Eu não estava com a bolsa! Eu não estava! Eu entreguei a bolsa para ele! Para ele!
- Ele quem?! – o detetive estava começando a se irritar profundamente com aquela búlgara nervosa. Ela era escandalosa demais, não parava de gritar. Era óbvio o seu nervosismo com relação ao caso, ela estava praticamente gritando “CULPADA!” para si própria.
- Para o Senhor Stefan! Foi para ele que eu entreguei a bolsa! – e voltou a chorar como uma criança. Chorava dolosamente, deixando o detetive cada vez mais aflito; a sala estaria inundada em poucos segundos se ela continuasse chorando nesse mesmo ritmo com a mesma intensidade.
- Espera um instante... Stefan Vazjekovzka estava no prédio?! Stefan estava no hotel?!
Veronica, tremendo, com as duas mãos na boca, fez que sim, meneando a cabeça para cima e para baixo com dificuldade. Ele virou-se para o vidro escuro com o olhar sério, como quem diz “você sabe o que fazer”.
- Traga-o para nós agora! – ordenou o chefe de polícia. No mesmo instante, todos os oficiais se mobilizaram. Stefan estaria dando seu depoimento em poucas horas, assim que o posto de polícia do aeroporto internacional de Paris localizasse sua posição com a ajuda das câmeras de segurança. Ele tentou correr, ele tentou esconder-se no banheiro feminino, chegou até a fingir que estavam lhe confundindo quando foi abordado na fila do despacho da bagagem.
“Estou indo para Miami, seu guarda! Ver a família! Já me disseram que eu era muito parecido com o Stefan, mas me chamo Michael e preciso mesmo fazer o despacho dessas malas!”
Os guardas se entreolharam.
“Nos acompanhe por favor.”
E correu, correu feito um condenado, deixou cair a peruca e os óculos escuros, tirou a jaqueta e os sapatos para ser mais rápido, mas ele estava cercado, por todos os lados, suando feito um porco. Nervoso como jamais estivera. Stefan Vazjekovzka, o neto criado como filho pela rainha das passarelas Stella agora era algemado, e todos ali presentes foram testemunhas da decadência de uma grande estrela. O terceiro homem mais bonito do mundo, flagrado fugindo da polícia, se escondendo num banheiro feminino e mergulhando numa fonte cheia de peixes, no meio de um aeroporto lotado de franceses, ingleses, americanos, espanhóis e turistas em geral. E os paparazzi, os fotógrafos? Voaram feito abutres famintos para cima da confusão. Para cima da carne putrefata. Aquilo era alimento de primeira para as revistas sensacionalistas carniceiras. Stefan havia assinado a sentença de morte da sua carreira naquele momento.
Na manhã seguinte, estaria em todas as revistas, ou até mesmo em edições extraordinárias impressas de última hora para serem distribuídas com urgência pela parte da tarde nas bancas de todo o país, quiçá do mundo todo: “Prenda-me se for capaz: Stefan Vazjekovzka flagrado numa fuga alucinante pelo aeroporto internacional de Paris! Confira com exclusividade aqui!”. E os noticiários já estavam exibindo as imagens amadoras filmadas por câmeras de celulares por turistas em menos de uma hora!
“Autógrafo aqui! Autógrafo!” gritava um brasileiro, tentando furar o bloqueio policial. Stefan deu um tapa na caderneta que voou longe, para dentro da fonte, e toda a tinta azul se desfez como a sua carreira e a sua reputação. Ele era aquele caderno, se desfazendo na água, para sempre.
- Agora a incógnita está resolvida! – riu o detetive Mimieux jogando o bracelete dourado assinado pela marca Dior sobre a mesa do interrogatório. – nós não fazíamos ideia de como esta pulseira fora parar na cena do crime, sendo que nenhuma das suspeitas interrogadas até agora estavam em posse do objeto naquela manhã... Mas graças à sua mamãe, sabemos que ela lhe fora presenteada há alguns anos e que nunca saíra de seu pulso... Até o exato momento do assassinato...
- ME SOLTE AGORA! EU EXIJO MEUS ADVOGADOS! SÓ ABRO A BOCA NA PRESENÇA DELES! – chutou a mesa uma dúzia de vezes, virando-a para cima do detetive ao mesmo tempo em que caía para trás com a cadeira, onde estava algemado.
O detetive empurrou a mesa de pernas para o ar com delicadeza para o lado, aproximou-se do indivíduo em questão que se debatia feito um peixe fora d’água, preso a uma cadeira de ferro caída de costas no chão. Agachou-se com calma e levantou-o num piscar de olhos usando um só braço. Abriu então suas pernas, sensual, e sentou-se no colo de seu interrogado, pegou o queixo de um acuado Stefan entre as mãos e aproximou seu rosto até os dois narizes suados e nervosos se encontrassem. Ambos tremiam. De raiva. De nervoso. De aflição.
- Mas o que ele está fazendo?! – mugiu o chefe de polícia.
- Você tentou fugir para outro país, é nosso principal suspeito e podemos decretar prisão provisória se você continuar bancando a criança mimada, e nem o advogado mais eficiente da França vai poder te tirar do xadrez, está me ouvindo?! – sibilou. Stefan fez que sim com a cabeça. Num pulo, ele levantou-se do colo do suspeito e com um leve impulso de seu pé, devolveu a cadeira ao chão. Stefan urrou de ódio.
- EU VOU TE PROCESSAR! VOU TE PROCESSAR! SEU DETETIVEZINHO DE MERDA! VOCÊ ESTÁ MORTO! MORTO! ACABADO!
- Acabada está a sua carreira, depois do escarcéu que todas as revistas e jornais do mundo inteiro fizerem!
- E ainda zomba de mim! Você está perdido!
- Calado, e agora me diga exatamente o que estava fazendo no prédio do hotel poucos minutos antes da morte de Lucas Lustat!
- Eu fui ver minha mãe, seu imbecil! Idiota! Babaca! Estúpido! Minha mãe estava dando o último voo da sua carreira brilhante, eu tinha que dar pelo menos os parabéns pra ela! Ou será que você é tão burro que não ligou A+B?! AGORA ME LEVANTE DO CHÃO IMUNDO DESSA SUA DELEGACIA DE ARAQUE!
- Mas segundo a própria, você tinha uma reunião importante com a equipe de produção do último “The Big Machine”, filme esse em que você terá o papel principal...
- EU DESMARQUEI A REUNIÃO, TUDO BEM?! NOSSA! VOCÊ É UM ÓTIMO DETETIVE! – e gargalhou alto, irônico. – SÓ PORQUE O FILHO DE UMA MODELO VELHA ESTEVE NO PRÉDIO ANTES DO AMANTE IDOSO DELA SER MORTO, ELE JÁ É CULPADO! SERÁ QUE NÃO PASSA PELA SUA CABEÇA EM NENHUM MINUTO QUE EU SÓ FUI LÁ DAR OS PARABÉNS?! – e começou a chorar, alto, quase um uivo.
O detetive Mimieux ficou sério e abalado. Estava ele sendo um babaca pela segunda vez naquela mesma manhã? Impossível. Ele não podia errar duas vezes. Errou, foi injusto com Stella, mas com Stefan ele não poderia ser injusto, nunca! O cara fora pego usando um disfarce, tentando fugir do país! Era praticamente culpado!
- Então porque você fugiu?! – gritou Mimieux, já confuso e aturdido com tudo aquilo – porque sua pulseira foi encontrada engatada na alça de uma bolsa ensanguentada?! POR QUÊ?!
- PORQUE EU SEI QUEM O MATOU! PORQUE EU VI! EU VI! EU VI TUDO!
Se o detetive Mimieux queria perder o chão e enlouquecer, essa era hora certa.

Maravilha Elétrica!


Agora vamos falar um pouco sobre Música! Deixe-me apresentar-lhes minha banda favorita, o GOLDFRAPP!
Goldfrapp é um banda inglesa formada em 1999 em Londres por Alison Goldfrapp (vocais, sintetizador) e Will Gregory (sintetizador), juntos, esses dois criaram o que existe de melhor em quesito de música eletrônica/eletroclash/experimental da nossa época, tendo um repertório e uma sonoridade ambíguas e ecléticas, com um estilo mutante e variável entre seus álbuns, porém nunca deixando de explorar as batidas hipnóticas dos sintetizadores. Podemos considerar o Goldfrapp uma banda Bipolar!
No geral, cada música é uma viagem interna para mundos distantes onde sons impossíveis e explosões elétricas dançam em harmonia formando melodias geniais e incomparáveis. Minhas recomendações para pessoas que, assim como eu, adoram uma batida diferente e explosões eletrônicas capazes de deixar uma pessoa louca, são os álbuns Black Cherry (2003), Supernature (2005) e Head First (2010).
O primeiro, Black Cherry, explora elementos do synthpop ao máximo, temperado com pitadas do Glam Rock e do bom e velho Cabaré! Minhas favoritas do álbum são Train, Strict Machine, Twist e a delirante Slippage, que é uma mistura de sons pesados e agudos na voz doce, porém cheia de atitude da nossa querida Alison Goldfrapp. Ela alcança umas notas impossíveis nos vocais, adoro a voz dela.
O segundo, Supernature explora a dance e a disco music ao extremo, o estilo eletro-burlesco vem pesado nesse álbum, nas primeiras faixas. Minhas favoritas são Ooh La La, Ride A White Horse, Satin Chic, U Never Know e Lat It Take You. Este álbum, assim como o Black Cherry, também possui o pólo mais calmo da banda, com faixas leves e de ritmo constante alternando com verdadeiros apocalipses em um coral de sons mágicos e eletrizantes. Pura magia.
O terceiro, Head First é totalmente inspirado na música da década de 80 e 90, suas batidas são completamente nostálgicas! As faixas recomendadas são Rocket, Alive, Dreaming e Shiny and Warm, super divertida. É completamente ESPACIAL este último álbum.
Para quem curte um som mais calmo e experimental estão Felt Mountain e o premiado Seventh Three, ambos são misturas perfeitas de folktronica, som ambiente, natureza e paganismo. Ainda não tive a oportunidade de ouvir o Felt Mountain. mas do Seventh Three recomendo Happiness, A&E e a melhor de todas, Eat Yourself, melancólica, atraente, relaxante e nostálgica.
Espero que tenha despertado a curiosidade de vocês! Goldfrapp é realmente uma banda ÓTIMA!

Está Chegando o NATAL!

Época de paz e amor no coração das pessoas de bem, ai que emoção! A cidade toda iluminada! As casas todas enfeitadas! Luzes, guirlandas e Papai Noel *-* O que eu mais gosto no Natal é a decoração, em segundo lugar vem a comida e por último os presentes... Depois que nós crescemos os presentes acabam nem importando tanto assim, perto de ver todo mundo reunido fazendo as pazes! Natal é uma época que toca profundamente no meu coração, traz um aconchego interno pra alma... Não sei, deve ser coisa de vida passada mesmo... Vou preparar um post especial de Natal bem lindo para por aqui, e também vou fazer um post só sobre o significado dos símbolos natalinos como a Árvore, a Guirlanda, o boneco de neve e essas coisas, e ainda vou buscar a verdadeira origem desta data! Aguardem!

As Aventuras de Neko-Kun 2

Eis aqui a última tirinha existente na face da terra das Aventuras de Neko-Kun. As peripécias desse gatinho fora do livro infantil Kawaii L.A.M.B. - O Mal Veio do Espaço não durou muito (outro dia eu entro em mais detalhes a respeito desse livro, o meu primeiro oficial), desmotivação, sabe como é... Quem sabe outro dia eu volte a desenhar mais tirinhas...
Esse assunto é meio cafona, mas é verdade pessoal, vamo preservar porque tão querendo roubar!
U_Ú


sábado, 27 de novembro de 2010

Em breve...


Em Janeiro de 2011! Aguardem!

As Aventuras de Neko-Kun


Vasculhando meus classificadores antigos, dei de cara com um achado! Em Março de 2008, eu comecei a desenhar tirinhas pra um jornal daqui da cidade, mas não deu muito certo porque não deram a devida atenção e o dono do jornal sumiu com o primeiro original... E então de repente eu reecontrei o Neko-Kun perdido no meio do meu material antigo! Quem é Neko-Kun? Simples, era o meu alter-ego aos catorze anos, um gatinho com um sino na ponta do rabinho de barbante que vivia aventuras muito fofas ao lado de seus amiguinhos num planeta imaginário perdido pela via-láctea... É, eu não tinha malícia nenhuma naqueles tempos, vivia num mundo de sonhos! Vamos conferir um pouco do que já foi o Antonio há dois anos atrás? Estreando uma tag, seja bem vindo ao blog, Neko-Kun!

(clique para ampliar)

Are You Prepared?

Em Janeiro! Aguardem!

Por trás de um Chanel


- Então, quer dizer que foi você quem passou aquelas mensagens do telefone da sua avó...
- Eu não vou repetir isso de novo, eu tenho cara, mas não sou nenhuma moleca. Eu peguei o telefone à força da mão da Veronica, eu precisava fazer isso.
- Sabe que estará muito encrencada se não disser o que foi fazer naquele apartamento, e porque a fivela do seu sapato foi encontrada embaixo da cama, não sabe?
- É claro que eu sei, mas eu não me importo – ela deu de ombros e cruzou as pernas, mostrando boa parte das suas coxas grossas e lisas, macias como a pele de um bebê. – sei que não vou presa, sou menor de idade ainda... Serviço comunitário é o máximo que você e sua turma poderão me infligir, e além do mais, eu sou rica! – deu uma risadinha graciosa e inclinou seu queixo para baixo. Jovial, sedutora e provocante. O detetive Mimieux já havia ouvido isso antes, no mesmo dia.
- Você é incrivelmente parecida com a sua avó, tanto em aparência quanto em personalidade... Já lhe falaram isso antes?
- Eu ouço isso desde que tinha quatro anos, quando tingi meu cabelo acidentalmente mexendo nas coisas da vovó... Fiquei com os braços e o rosto amarelados durante uma semana, foi ótimo! – gargalhou.
- Conte-me exatamente o porquê de se passar por sua avó para invadir o apartamento de Lucas... Mostre-me o que está escondido por trás desse seu Chanel...
Aline deu uma risadinha e ajeitou o cabelo curto, na altura do queixo. Ela amava aquele penteado, brilhava feito uma ônix em noite de lua cheia.
- Eu precisava ter uma conversinha com ele...
---
- Pode entrar... – fez o velho. Sequer olhou para a porta, continuou a revirar a mesma gaveta, procurando sabe-se lá o que. Ouviu os passos com atenção, eram delicados, mas firmes, porém incapazes de estalar a madeira embaixo do carpete. – Ah! Encontrei! – retirou da gaveta um estojo, abriu-o e retirou seus óculos de leitura, só para checar se estavam em bom estado, não iria usá-los de imediato, precisava dar atenção à visita antes, a visita que ele nem sequer sabia quem era. Não sabia de quem se tratava, mas sabia que havia alguém parado logo ali atrás, ao pé da cama. Não continuaria a ler seu livro tão cedo.
Havia acabado de entrar no apartamento e passar as mensagens para sua amada, deixara o telefone de lado e partira em busca dos óculos de leitura, aquele livro estava durando mais do que o esperado.
- Oh! Aline, meu bem, que surpresa! Quase você mata esse velho de susto! – ele riu, suas sobrancelhas grossas e brancas como nuvens cobriram seus grandes olhos claros. Era um vovô meigo e adorável, cheirava a violetas e parecia exigir um abraço. Mas nem esta aparência meiga e dócil fez Aline recuar de seu objetivo. – estou esperando a sua avó, viu ela por aí?
- Não era a vovó. Era eu nas mensagens.
Ele riu. Confuso.
- Como assim, meu anjo?
- Eu precisava falar com você. – a expressão facial da garota era dura em seu rosto de porcelana, de olhar frio e penetrante.
- Então fale de uma vez! Você está me assustando! Aconteceu alguma coisa com a sua avó? – ele levantou-se com dificuldade da beira da cama e caminhou até a garota, para abraçá-la, só por cortesia, mas a garota recuou um passo.
- Não se aproxime.
- O que...
- O que você acha que está fazendo?! Hein?! Você pensa que abraços, cortesias e cavalheirismo vão apagar o que você fez para a vovó no passado?!
As nuvens brancas se uniram entre os olhos e a testa do velho, como se uma tempestade estivesse por vir. Aline poderia jurar que elas ficaram acinzentadas, mas talvez fosse o efeito da iluminação do quarto.
- Você não sabe do que está falando, Aline, não se meta nos assuntos dos adultos! O que Stella lhe contou só diz respeito a mim e a ela resolvermos, e estamos dispostos a deixar o passado para trás de uma vez por todas! – disse o velho, sua voz engrossando como uma trovoada.
- Ela está velha e fraca, está quase morrendo! Porque não a deixa em paz e vai viver o que resta da sua vida longe dela?! – o tom de voz da garota estava subindo cada vez mais, feito a lava quente de um vulcão – você a persegue desde que eu me entendo por gente, e eu não entendo porque ela nunca o denunciou, nunca o entregou para a polícia! Você é psicótico, obcecado, inconveniente! Sabe Deus o que você não faria com ela fosse ela a estar agora, aqui, neste quarto com você!
- Ora, Aline, não diga asneira! Você está sendo grossa e estúpida! O que você diz não tem sentido algum! Se ela não me entregou para a polícia é porque seu amor por mim é verdadeiro e significa que ela não me esqueceu! – Eles estavam muito próximos agora.
- Ela não te entregou pra polícia por pena! Porque você é um pobre coitado! Isso sim! Ela é rica e tem a mim e não precisa de mais ninguém! Eu cuido dela! Ela não precisa de você!
O velho gargalhou.
- Você está com ciúmes da sua avó, Aline?! – ele riu e colocou suas mãos sobre os ombros da garota, que se sacudiu com violência.
- Me larga! Não toca em mim! – foi neste momento que a fivela dourada, já frouxa, se soltou do sapato e deslizou para debaixo da cama. A garota sequer sentiu. – já estamos cansados, todos nós, de vê-la sofrer, gritar e quebrar copos na parede com a mínima pronúncia do seu nome! Ela acabou de passar mal lá no apartamento só pelo simples fato de ter lhe visto esta manhã! Ela tem problema de coração sabia?!
- Oh meu Deus, isso só pode ser mentira! Ela parecia tão calma e serena, feliz em me ver ainda há pouco! – ele levou a mão à boca e desviou os olhos para o lado.
- Agora você sabe da verdade! Trate de ficar longe dela! – os olhos felinos de Aline dançaram furiosos pelos cômodos do quarto em busca da bolsa Louis Vuitton da avó, até encontrá-la sobre uma poltrona, largada. Pegou-a com violência e enfiou-a debaixo do braço, saindo em seguida, a passos firmes e estalados. Agora eles atingiam a madeira embaixo do carpete com facilidade...
---
- Depois eu encontrei a Veronica, tirei os remédios de dentro da bolsa e fui para o quarto, mas ao chegar, encontrei a vovó dormindo, então eu desci e...
- Espera um instante, espera! – sobressaltou-se o detetive, assustando a jovem Aline que quase caiu da cadeira de susto.
- Ai! Seu ignorante! Não sabe que é falta de educação interromper uma dama no seu discurso?! – ela levou a mão ao peito, irônica.
- Você disse que devolveu a bolsa para Veronica?!
- Sim, devolvi! – Aline franziu a sobrancelha e entortou a boca.
- Então porque meus homens encontraram a bolsa suja de sangue no chão do quarto?!
Os olhos de Aline saltaram das órbitas. Ela pulou da cadeira num único movimento.
- Oh, meu Deus! Veronica é a assassina!

Segredos de Prada


- Então você realmente esteve dormindo durante todo esse tempo, durante o decorrer do crime até a batida policial no seu camarim?
- Logicamente, pensei que isso estivesse óbvio detetive Mimieux, vocês me encontraram semi-morta, minha hérnia de disco quase me levou pro outro lado dessa vez – ela tentou cruzar as pernas para parecer mais irônica, porém sua coluna chiou alto, fazendo-a estremecer dos pés à cabeça. Ela gemeu baixinho. Havia se esquecido que estava na cadeira de rodas e que não tinha mais 20 anos. – mas dizem por aí que vaso ruim não quebra, então...
- Como você explica todos aqueles pertences que remetem a você, no apartamento de Lucas Lustat, espalhados por lá?
Ela gargalhou. Uma gargalhada seca e áspera como uma esponja de aço. Se esponjas de aço pudessem gargalhar, esta seria a gargalhada de uma.
- Ora, está mais do que na cara que há alguém por trás desse crime tentando me incriminar, e você, detetive Mimieux, está fazendo papel de idiota, pensei que fosse mais inteligente!
- A Senhora sabe que pode ir presa por desacato a autoridade, não sabe?
- Ora, lógico que sei! – ela respirou fundo, com seu sorriso sádico antes sedutor, agora enrugado e amassado pela idade, ela mais parecia uma múmia sem as ataduras na ausência da maquiagem pesada costumeira. Nem os cílios postiços, nem a sombra de glitter preto ou o blush cor-de-rosa ajudaram a esconder as marcas de uma vida inteira. – mas me diga detetive, quem vai jogar uma velha de quase oitenta anos no presídio feminino?! Olhe para mim, eu estou na cadeira de rodas! Sou uma inválida! Se eu realmente matei Lucas, seu esforço em me incriminar será todo em vão! Jamais vão me colocar junto da ralé, porque acima de tudo... – ela debruçou-se sobre a mesa, de olhos semicerrados, sibilando feito uma draga maquiada – eu sou rica! EU SOU RICA! – gritou, levantando os braços para o alto. A fera estava abrindo as asas para voar.
O detetive cruzou os braços e escorou-se na vidraça escura. Do outro lado, a polícia francesa inteira assistia ao interrogatório mais esperado do ano.
- Você sabe que agindo assim, está dando cada vez mais motivos para acharmos que você é a culpada.
Ela esmurrou a mesa. A unha do mindinho quebrou.
- Não seja imbecil! – gritou – Você está sendo estúpido, estúpido, estúpido! Está sendo um idiota! Babaca! BA-BA-CA! Sabe soletrar? Seu detetivezinho de merda! Só eu sei o inferno que passei naquela noite! Só eu sei as dores terríveis que senti por todo o meu corpo! Deus sabe como me contorci naquela cama até desmaiar! Você sabe o que é hérnia?! Você sabe o que é ter uma hérnia tão avançada que você não pode sequer abaixar para pegar um sabonete?! Não brinque comigo! Não brinque comigo! Não mesmo! – esmurrou a mesa de novo. As lágrimas já começavam a brotar. Por trás do sadismo, da grosseria, da agressividade e da arrogância, a dor da acusação injusta gritava. Stella tentara se controlar ao máximo. As dores estavam misturadas agora, ela não fazia ideia do que era a coluna e do que era o seu ego, os dois eram um só agora.
O detetive permanecia impassível, sério, até um pouco sereno, absolutamente controlado.
- Você sabe que não pode se estressar tanto assim, Senhora Vazjekovzka, sua saúde é frágil demais, é melhor controlar os ânimos.
- Se eu morrer aqui nesta sala escura, úmida e suja, será tudo culpa sua! É você quem está fazendo isso comigo! Você! – disse, apontando seu dedo indicador longo e ossudo para o homem, feito uma bruxa lançando uma maldição. – durma com a minha morte nas costas! Seu filho da mãe!
- A porta do apartamento aberta pode ser explicada facilmente pela entrada e saída constante de sua empregada e de sua neta, isso é algo que será interrogado mais tarde às duas... Mas como você explica isso? – jogou sobre a mesa um objeto retangular, preto, de aparência antiga e pesada, brilhava feito o casco de um besouro à luz daquela única lâmpada fluorescente pendurada no teto. Stella pegou-o com dificuldade e viu do que se tratava: um aparelho celular, semelhante a um IPhone, tendo a palavra “PRADA” em letras pequenas e douradas coroando o alto do visor, logo acima do alto falante. – dê uma olhada na caixa de entrada, nas mensagens.
Stella pôs seus óculos de grau no rosto. Seus dedos eram velhos e ossudos, mas eram rápidos quando se tratava de aparelhos celulares. Em seus tempos áureos, ela deveria ter uns cinco ou seis, um para cada rede social da qual ela fazia parte, um para cada alta roda da sociedade que havia lhe acolhido e acolhido a sua fama e fortuna também. Após alguns segundos, sua expressão facial fechada foi abrindo em uma máscara de surpresa, espanto, assombro, como se algo que há muito lhe havia fugido da memória houvesse voltado de repente. Seus olhos eram duas luas enormes agora, acentuadas pelas lentes grossas, estavam cheias.
- Eu não passei nenhuma destas mensagens! Eu não estava com meu celular naquela manhã! Ele estava nas mãos de Veronica! Eu o confiei a ela!
- A questão é por que...
- Isso mesmo! Por quê?! Veronica não faria algo desse tipo! Ela é uma pobre garota ingênua, ela é uma tola, uma tapada, às vezes eu tenho de dar uns gritos com ela porque ela é uma anta em todos os aspectos... Ela não teria a malícia necessária para se passar por mim! Não teria mesmo!
No viso do celular, as cinco últimas mensagens recebidas estavam empilhadas na caixa de entrada, acusando uma conversa que nunca acontecera, quarenta minutos antes do assassinato.
- Não, a pergunta que eu ia fazer se referia a outro ponto de vista... Se você não tinha contato algum com Lucas Lustat há anos como seus amigos e familiares afirmam, o que seu número estava fazendo no celular dele? A impressão que essa conversa nos dá é de que vocês andavam trocando mensagens há algum tempo, não é mesmo? – o detetive sentou-se para encarar uma Stella pega no pulo do gato. A expressão de culpada estampada no rosto da velha o divertia muito. Ele estava prestes a pegá-la de uma vez por todas.
- Tudo bem, tudo bem – ela baixou a guarda – vocês iriam descobrir isso mais cedo ou mais tarde – foi sua vez de cruzar os braços e recostar-se nas costas da cadeira de rodas – há um ano e meio, Lucas descobriu o número da casa onde nós vivemos, Veronica o atendeu mais de uma vez...
- Quantas exatamente? – Mimieux estava desconfiado.
- Umas três ou quatro vezes... Ele telefonava perguntando por mim, e eu pedi a ela que mantivesse estes telefonemas em segredo, pedi a ela que lhe desse o número do meu celular para que ele ligasse diretamente para mim. Eu tinha muitas coisas para dizer a ele, mas acontece que ele nunca telefonou, e nunca passou nenhuma mensagem... Até agora, pelo visto!
- Você acredita então que...
- Após me ver pessoalmente depois de tantos anos, ele finalmente havia criado coragem para mandar um sinal... – as lágrimas voltaram a escorrer pelos sulcos ancestrais de seu rosto enrugado, a maquiagem estava escorrendo novamente – e justamente quando eu havia criado coragem para perdoá-lo também... – ela abaixou a cabeça e puxou um lenço do bolso, escondeu o rosto atrás dele. Stella Vazjekovzka não chorava nunca, não na frente de estranhos, principalmente de inimigos, ela não daria o prazer da sua fraqueza àquele detetive audacioso de araque. Mas estava dando. – ele morre! Assim! De uma hora pra outra! Porque eu o mataria, detetive? Eu o amava com todas as minhas forças! Mas fui a grande idiota orgulhosa da história, e agora é tarde demais...
De repente, aquele homem acusador, impassível e inflexível pareceu tão injusto, tão tolo, tão infantil. De repente, aquela velha amarga e sádica pareceu tão frágil, tão agredida, tão invadida, injustiçada. Você está sendo um canalha, detetive, está coagindo a pessoa errada, Stella definitivamente não é a culpada, pensou consigo mesmo.
- Alguém se passou por você naquela manhã, Stella – fez ele, dando a volta na mesa para pousar suas mãos sobre os ombros frágeis da velha senhora – alguém usou seu telefone para trocar mensagens com Lucas Lustat e marcar um encontro... E eu lhe prometo que vamos achar o culpado...
“Você está linda hoje, uma rainha nunca perde a majestade” – de: Lucas Lustat.
“Toda rainha precisa de um rei... demorei um pouco para perceber isso...” – de: Stella.
“Estou no meu apartamento agora. Sua bolsa está aqui comigo” – de: Lucas Lustat.
“Não saia daí, precisamos conversar. Qual o número do seu quarto?” – de: Stella.
“107” – de: Lucas Lustat.
“Estou chegando” – de: Stella.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

This Is How It Goes



Dessa vez acredito que peguei todos de surpresa!
Olá blogosfera, olá leitores imaginários de The Fatcat House! Seu escritor favorito (ou não) está de volta (e de cara nova!) após um mês inativo, mês esse em que aconteceu TANTA coisa que seria impossível resumir tudo em uma única postagem! É claro, eu não me lembro nem de metade do que aconteceu, tá tudo registrado nas páginas do meu diário, de modo que eu não tenho que ficar me preocupando revirando a minha mente em busca de acontecimentos que passaram desapercebidos...
Provas escolares, vestibulares, intrigas, reconciliações, brigas, beijos, abraços e Apocalipse Club, tudo isso junto nas últimas emoções da minha vida de adolescente, que mágico foi este último mês! Um mês "OUT" da internet serviu pra muita coisa, inclusive pra amadurecer muitas ideias e terminar de escrever Stella Para Sempre! Estou com todos os capítulos prontinhos aqui, só pra publicar, mas não pensem que eu vou soltar um atrás do outro assim, de mão beijada não! Vou colocar um capítulo por dia! Até porque já tenho escrito metade da continuação mais esperada da década neste blog: The Big Machine 3 está em andamento, minha gente!
Ai, não vou cansar de suspirar e de dizer pra mim mesmo "QUE ANO!". Nessa hora tudo passa pela nossa cabeça feito um filme... Dia desses eu estava à mil por hora, pegando ônibus pra ir e voltar, me virando em mil pra terminar trabalhos e fazer provas, lutando contra vadias sapatas revoltadas e ainda tendo tempo pra fazer o que eu mais gosto de fazer: sonhar. E agora olhem só pra mim, livre como um pássaro, com todo o tempo do mundo pra fazer o que preciso e aproveitando ao máximo esse tempo livre. Minha maior preocupação no momento é com o exército! Não, eu não vou me alistar, sou vou me apresentar e pedir a minha despensa! Tá maluco, lugares como esse não foram feitos para pessoas como eu, nem precisa dizer nada, não é mesmo? E o pior de tudo é que eu não posso me matricular enquanto não tiver estes documentos em mão... E ainda falta o título de eleitor! Ê complicação...
Mas em comparação ao resto do ano isso não é nada demais, perto de tudo o que já me aconteceu... Eita! Só de lembrar me dá um friozinho na barriga!
Do começo do ano pra cá me tomaram uma prova porque me pegaram colando na cara de pau, me chamaram de dissimulado porque eu bocejei atrás de uma apostila, dei meu primeiro beijo (e fiz outras coisas também, SEM COMENTÁRIOS), enfrentei um exército de sapatões revoltados, uma gorda neurastênica me ameaçou por MSN, passei de vítima a infligidor de bullying, fui acusado de mediar um casal de lésbicas que eram minhas amigas e de brinde ganhei uma ameaça de EXPULSÃO e pior, de PRISÃO! Sim por que "a polícia vai ser acionada! E o teu nome vai no meio se isso continuar! Aquela menina é de menor sabia?! Então acho melhor tu ir cuidar da tua vida e deixar essas duas de lado!". Da noite pro dia passei de "Antonio, o Escritor" para "Antonio, o Aliciador"! Foi completamente dantesco!
Mas tudo o que aconteceu é compensado por essa sensação incrível que é a liberdade.
É um momento na vida em que se olha para trás e diz a si mesmo "PUTZ, olha só tudo o que eu passei pra chegar aqui!", e depois você olha pra frente e vê um horizonte inteiro de possibilidades te esperando, um futuro que pode ser seu, um destino que está nas suas mãos. É incrível, você se sente enorme, um gigante, realizado, pronto pra enfrentar qualquer batalha, qualquer monstro, qualquer gorda do mal que aparecer! (risos múltiplos). Uma liberdade nunca antes sentida, livre para fazer e decidir o que achar melhor, o mundo é todo seu!
É como ter aberto as asas pela primeira vez. Simples assim. Como ter arrebentado todas as correntes que rodeiam o seu corpo, e todo o tempo e o espaço não importam mais porque você está vivendo o que acha que tem de viver, o que for bom pra você. É tomar as rédeas da sua vida. É um dos raros momentos da vida em que você se sente vivo de verdade, olhar ao redor e depois olhar pra si mesmo e ver o quanto você mudou. É olhar para o passado e ver tudo o que te aconteceu, rir, chorar com essas sensações. Se preparar para o futuro, para as próximas batalhas. Respirar. Não há mais correntes prendendo as suas asas e nem grampos controlando a sua respiração. Seus pulmões estão livres agora, senhor Mimieux.
E nossa, como eu vou sentir falta de voltar pra casa todo dia, às sete da noite, no ônibus cheio de gente, ver os carros, as pessoas, as árvores, as casas passarem voando pela janela, junto com as luzes e com os letreiros da cidade. Sentir o vento gelado soprado pela boca da noite direto no seu rosto, subindo a rua, a caminho do lar, admirando os últimos resquícios do pôr-do-sol no horizonte distante. Cantar canções enquanto caminho, me equilibrando no meio fio, brincando de ser criança outra vez, no meio de toda aquela correria do dia-a-dia. É disso que eu iria sentir mais falta se Deus não tivesse colocado pessoas tão especiais no meu caminho, gente como Beatriz, Rayanne, Fabíola, Pedro e muitos outros, gente que abrilhantou os meus dias e iluminou as minhas noites escuras, que me fez rir nas horas tristes e e gargalhar nas horas de prazer, de diversão, viver esse sonho adolescente. Disso eu vou sentir falta, muita falta, acima de tudo... Vou sentir tanta falta dessa gente, do meu Apocalipse Club...
E como é estranho voltar para escola depois de tudo, entrar por aqueles corredores e sentir o ar da sala de aula de novo, se tocar de que aquilo não te pertence mais e olhar para si mesmo e dizer "o que eu to fazendo aqui ainda?". Usar aquele uniforme laranja.
Meus amigos, eu sou um nada sem vocês, eu preciso de vocês pra existir, vocês são tudo o que eu tenho, sem vocês eu estou praticamente sem o meu hemisfério Norte emocional... Palavras não são o bastante para descrever o amor que eu sinto por vocês, o que eu cultivei aqui dentro e deixei crescer. Ninguém vai cortar esta árvore que nós regamos, pessoal, ninguém, nem o tempo vai apagar o que nós vivemos juntos. Seremos sempre o Apocalipse Club! APOCALIPSE FOREVER! Eu grito para o alto, às vezes, quando estou sozinho, pensando como passou rápido.
De repente a risada da Bia parece tão distante, os abraços da Fabíola tão saudosos, os conselhos da Rayanne tão bem vindos, a gargalhada do Pedro tão mais sonora do que antes... Eles ecoam o tempo todo na minha cabeça. Ainda mantenho contato com todos, é lógico, acabamos os estudos semana passada, mas se sentir assim desde já é muito natural... Tão natural quanto respirar... Mas como vou respirar sem vocês?
Eu vou aprender, é necessário. Mas nunca esquecerei, isto sempre estará vivo na minha memória. Sempre... O Antonio está mais vivo que nunca agora, ele aprendeu a conviver em paz com o Louie e não deixar que ele tome as rédeas da situação, é o melhor a fazer para se evitar confusão...
E assim a vida passa, os tempos mudam e novas eras começam!
The Fatcat House entra numa nova era, de cara nova, o blog está pronto pra um 2011 bem agitado e cheio de novidades, espero que tenham curtido o clima "glam" que dei ao blog com o novo banner e o novo background... Acreditem, foi MUITO difícil escolher, todos os banners que eu fiz ficaram lindos, um luxo, e o blogger tem uma variedade enorme de planos de fundo, eu fiquei louco! Mas acabou que ficou bem a minha cara mesmo...
Amanhã, sem falta, vocês começam a acompanhar a continuação de Stella Para Sempre, e em 1º de Janeiro de 2011, The Big Machine 3 estará no ar! Preparem-se!
Boa Noite (ou bom dia) a todos os leitores fiéis que acreditam neste projeto!

Louie Mimieux//Antonio Fernandes