Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

I Am



I am temperamental and
I have imperfections and
I am emotional
I am unpredictable
I am naked
I am vulnerable
I am... human














(I Am - por Christina Aguilera, modificada)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Aguarde...



Δ


The Big Machine Keeps Rolling On! - HQ & Mangá: A Origem Nos Quadrinhos

The Big Machine teve raízes em muitas coisas: filmes, músicas, videoclipes e, é claro, quadrinhos. Meu universo de inspirações é vasto, e as homenagens contidas na saga de TBM são inúmeras, vemos referências à cultura popular e aos clássicos a cada pulo, de uma linha à outra. Hoje, você fica com o especial quadrinhos, onde irá descobrir as origens de armas, uniformes e até mesmo ambientação e narrativa!


WITCHBLADE




Meu primeiro contato com a história da policial Sara Pezzini que entra em contato com uma "luva" misteriosa tornando-se a portadora deste objeto mágico de origens ancestrais e misteriosas foi na TV à cabo, ainda criança, quando procurava me distrair enquanto o seriado Charmed não começava. Achei a história interessante e comecei a acompanhá-la esporadicamente, até que então cancelaram o serviço e eu nunca mais assisti... Criada por Marc Silvestri, David Wohl, Brian Haberlin e Michael Turner em 1995 pela Top Cow estúdios, a história da lâmina mística e mortal serviu de inspiração para criar a minha pseudo-Witchblade, afinal de contas, o portador da Witchblade em The Big Machine não é uma mulher, e a Witchblade original somente pode ser usada por poderosas guerreiras e combatentes de coração puro e justo (isto acontece em The Big Machine 2, quando Maxine herda a Witchblade de seu avô), sendo usada por inúmeras ilustres figuras femininas ao longo da história. A arma, ao entrar em contato com o corpo entra imediatamente em simbiose com o seu hospedeiro, tornando-se imediatamente parte dele, sua segunda pele, sua segunda alma.

As origens do Witchblade estão envoltas em mito e especulação, obscurecidos pelo véu dos tempos: de onde ela veio? Nenhum mortal que a examinou prolongadamente viveu para contar, mas aqueles que tiveram a oportunidade de examinar a peça, dizem ser feito de um metal sintetizado, de algum elemento não identificado com os materiais terrestres. Outros dizem que a lâmina foi forjada indubitavelmente de um tipo de ferro encontrado nas armas persas, no Irã antigo. Em Avesta, o livro de oração do Zorastrus, escrito em persa antigo, um tipo de ferro-liga, similar àquele da lâmina, é mencionado. "Misture ferro com o sol do ouro. Poderia o ouro ligado ou o adulterado para ser (...) Atear fogo-branco e refrigerado no sangue vinho-escuro, É assim que nasce a lâmina sedenta, nunca dupla." Mas esta teoria foi questionada por eruditos do Vaticano nos anos 30, que encontraram o trabalho do projeto no bracelete no uso do ferro na região persa anterior a 1000 anos. Há uma grande (enorme) diferença entre as origens da Witchblade na série televisiva e nos quadrinhos, mas isto cabe a vocês descobrirem, não sou eu que vou estragar a surpresa!

GANTZ

Gantz é uma série de mangá escrita por Hiroya Oku, e serializada na revista Young Jump, contando a história do adolescente de 16 anos, Kei Kurono que morre atropelado pelo metrô junto de um amigo, Masaru Katou. Após isso os dois são transportados para uma sala para participar de um jogo sanguinário, violento e competitivo, comandado por uma "esfera negra" chamada Gantz, esta por sua vez toca uma música e passa a missão: matar Alienígenas. Mostra o arsenal de armas e o uniforme de cada um, sua missão é sobreviver ao jogo e matar os aliens indicados dentro do tempo estipulado. A história se desenvolve de modo surpreendente, inesperado, o crescimento das personagens é algo marcante. Com a convivência da morte eles mudam seu modo de pensar. Quase todos têm traumas horríveis, porém com as lutas de Gantz eles aprendem a vencer as adversidades, ficando mais decididos e fortes. A trama vai mostrando os combates dos Caçadores contra a possível ameaça dos Alienígenas no mundo contemporâneo.


A narrativa concentra-se nos acontecimentos antes e após as missões, mostrando como os Caçadores vivem seu cotidiano carregando esse fardo, mantendo seu segredo longe de qualquer um. Suas influências podem ser vistas no modo objetivo como "The Big Machine 3 - Apocalipse" é narrado, repleto de cenas de ação e luta do começo ao fim, fora os trajes utilizados pelos generais inimigos possuidores do mesmo sistema dos trajes de Gantz: um estranho mecanismo capaz de dobrar a força de um ser humano normal para a de dez homens ou mais. Os trajes dos Apocalípticos também são baseados neles, com total ausência do tal mecanismo. As cores diferenciam os dois "times" em TBM3, os discípulos de Alberta Veronese possuem trajes brancos, e os seguidores de Christopher Umbrella, pretos. A ambientação da história e os sentimentos de angústia, caos, morte e desordem social total que vemos em The Big Machine 3 foi totalmente inspirado na "last phase" de Gantz, que ainda está em curso no mangá até hoje, embora o anime já tenha terminado.


ACOMPANHE O ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO DE THE BIG MACHINE!


NA PRÓXIMA SEMANA: CIÊNCIA - É POSSÍVEL?!


VIAGENS NO TEMPO?


BURACOS DE MINHOCA?


REALIDADES ALTERNATIVAS?


AGUARDE!







~







sexta-feira, 25 de novembro de 2011

The Big Machine Keeps Rolling On! - Moda: As Ruas de Neon City

Quem leu The Big Machine 2 sabe muito bem porquê existe uma postagem especial dedicada à moda nas ruas de Neon City. A descrição por várias vezes gira em torno dos figurinos extravagantes das protagonistas, em especial Gabrielle, neta de Pietro Heinrich.

Nós podemos ver o espelho deste futuro na semente que está sendo plantada hoje: com o passar dos anos, o circuito de moda internacional vem deixando o visual "sóbrio & discreto" de lado para dar lugar ao "elegante & extravagante". Muitas marcas famosas são responsáveis por esta reviravolta no conceito de se vestir, uma delas é a McQueen, cuja característica principal são os modelitos quase alienígenas, imperiais, há quem diga que Alexander fazia roupas para deuses, e não homens. Sejá lá quem for o autor desta frase, tem toda a razão! No futuro onde se passa The Big Machine 2, mais precisamente as ruas de Neon City e seus clubes noturnos, nós vemos a grande maioria dos jovens vestidos em semi-alegorias, abusando do aerodinamismo, do prateado, do dourado, do rosa, do violeta, do turquesa.

Jaquetas de couro com ombreiras cheias de espinhos, correntes e laços perdendo-se em meio a triângulos e caveiras, batons e esmaltes que brilham no escuro, botas de couro emborrachado, luvas cheias de tachões e alargadores cintilantes brincam numa mistura de estilos e influências que foram implantadas pela mídia da nossa época, refletindo nas gerações futuras. Se você quer mesmo saber a verdade, as ruas de Neon City parecem um revival tecnológico dos anos 80! Tecidos artificiais holográficos imitam galáxias e peles de animais, e as moças já podem ter sua própria máquina de pintura de unhas em casa! Isso porque eu nem falei dos penteados! Fantasia do presente ou realidade do futuro? Confira agora alguns modelitos na minha Galeria Futurística, onde o clássico flerta com o alternativo!


ACOMPANHE O ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO DE THE BIG MACHINE!
DIA 28: MANGÁ & HQ: A ORIGEM NOS QUADRINHOS!



~



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

The Big Machine Keeps Rolling On! - Música: A Trilha Sonora!


Como toda boa história, The Big Machine também teve sua trilha sonora! Ao final de cada episódio da saga (exceto o primeiro), eu postei uma pequena lista de músicas que me ajudaram a escrever e fomentaram a minha imaginação no momento de criação! No geral (praticamente 100%) a trilha sonora é composta exclusivamente por música eletrônica, tendo em vista o óbvio apelo "futurístico" e "tecnológico" que este gênero musical - quando bem trabalhado - nos passa. Quando digo música eletrônica, me refiro à música trabalhada em estúdio minuciosamente por profissionais do ramo especializados em experimentalismo e "estudados" no ramo, não qualquer DJ farofa que pinta todo dia nas paradas de sucesse (vide Jovem Pan). De qualquer maneira, a matriarca da série - tendo Pedro como patriarca e eu como barriga de aluguel ou "cérebro" se preferirem - foi Emilie Simon e seu inovador álbum homônimo à minha saga. Foi em homenagem ao album que baseei a saga conceituada por Pedro, meu amigo, mas Emilie não foi a única a inspirar as sequências de ação da série! Outras artistas e bandas me acompanharam nessa aventura, então seja bem vindo ao especial Música de 3 anos da saga!

EMILIE SIMON


"Are you gonna be the same
When they make you change your name?"

- Rainbow

Émilie Simon é filha de um engenheiro sonoro, e cresceu em Montpellier, na França. Ela estudou canto de letras em Conservatoire por sete anos antes de estudar músicas antigas em Sorbonne e, mais tarde, música na IRCAM; ela tentou tocar Jazz e depois Rock, até que finalmente resolveu por tocar música eletrônica. Ela concluiu os seus estudos, obtendo o DEA em música contemporânea. Emilie compôs e cantou todos os seus álbuns, também possui conhecimentos com equipamentos de gravação, frequentemente dando um toque pessoal nas músicas e na produção. Ela programa e edita os efeitos sonoros na maioria de suas músicas. O seu casamento com John Santiago era um segredo até Agosto de 2007. Émilie Simon continua expandindo sua fama pela nação, e pelo mundo! Seu album "The Big Machine" de 2009 foi adotado como trilha sonora da história homônima por mim!




LA ROUX

"Old fascinations we crave
New sensations"



-Fascination


La Roux é um duo inglês de synthpop, formado pela cantora e compositora Elly Jackson e o co-escritor e co-produtor Ben Langmaid. Lançaram o primeiro single em 2008, Quicksand, pela gravadora Kitsuné Music. O segundo single In For The Kill (Polydor) alcançou o 2º lugar no Uk Single Chart e 9º no Eurochart em 2009, ganhando reconhecimento por toda Europa. Em julho de 2009 o terceiro single Bulletproof foi lançado e estreou em 1º lugar no Uk Single Chart, uma semana depois o primeiro album La Roux foi lançado e estreou em 2º lugar no UK Album Chart. A música "Fascination" do debut deles foi eleita o tema oficial de The Big Machine 2, apenas escute e você saberá porquê!




LITTLE BOOTS


"There's no heart breaks
Love over takes"

-No Breaks

Victoria Christina Hesketh (Blackpool, 4 de maio de 1984), conhecida pelo seu nome artístico Little Boots, é uma cantora e compositora de electropop britânica. Influenciada por aulas de piano, começou a tocar numa banda chamada Dead Disco, e depois de alguns lançamentos seguiu em carreira solo. Ganhou o torneio de eleição BBC Sound of Music 2009, antes mesmo de seu álbum de estreia, Hands, ser lançado, tendo grande atenção da mídia. Seu nome artístico é um apelido dado pelo seu amigo, que depois de assistir ao filme Caligola, que tinha também como apelido “Little Boots” (em português: pequenas botas), mas na verdade é uma referência ao seus pés pequenos. Para quem não lembra, a pequena Vickie já esteve no blog antes na antiga versão do Cale a Boca e Escute com "Not Now", hoje ela vem representando os momentos mais sensíveis da saga com "No Breaks".







GOLDFRAPP


"I get high on a buzz
Then a rush when I'm plugged in you"

- Strict Machine


Goldfrapp é um grupo britânico de música electronica, conhecidos pelo visual teatral e pelas contribuições para a popularização da música electronica.
O grupo foi formado em 1999 em Londres, Inglaterra, e tem como integrantes Alison Goldfrapp (vocais/sintetizadores) e Will Gregory (sintetizadores). Seu último álbum, Head First, foi lançado em 2010. O álbum contém elementos de pop, e muita nostalgia com músicas que remetem aos anos 80. O álbum rendeu 2 indicações ao Grammy: Best Dance Recording por “Rocket”, e Best electronic/dance Album. E ainda consagrou mais sucessos, como “Rocket” e “Alive”. Atualmente a banda disse que está trabalhando num possível “Greatest Hits” e boatos afirmam que Alison não sai do estúdio! Como tema principal da primeira fase de The Big Machine 3 - Apocalipse temos "Strict Machine", uma música que - segundo algumas análises - trata-se da paixão de uma mulher pelo seu vibrador (?) mas eu prefiro interpretar como o caso de amor e ódio do ser humano em geral para com a tecnologia. Alison e Will já estiveram aqui no blog também, na antiga versão de Cale a Boca e Escute como Little Boots.




ROBYN


"And I never was smart with love
I let the bad ones in and the good ones go"

-Insdestructible


Robin Miriam Carlsson, mais conhecida por seu nome artístico Robyn, Suécia (12 de junho de 1979), é uma cantora e compositora pop sueca bastante conhecida em seu país. Começou a carreira musical em 1991, e em 2010 lançou o primeiro álbum de uma trilogia chamada Body Talk em junho, tornando-se o #1. Esse é o seu primeiro álbum depois de "Robyn", de 2007. O single líder do álbum, “Dancing on My Own”, foi liberado poucas semanas antes da liberação do álbum e tornou-se o número um mundial, trazendo para Robyn o 53º Grammy Award por Melhor Gravação Dance. Seguindo, Body Talk Pt. 2 foi liberado em 6 de setembro e o último álbum da trilogia Body Talk, foi liberado em 22 de novembro de 2010, com o primeiro single “Indestructible”, a música tema da segunda fase de TBM3 - Apocalipse. Robyn como uma das minhas cantoras favoritas tem seu próprio artigo no blog e um post com letra e tradução como as duas últimas acima.





~



ACOMPANHEO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO DE THE BIG MACHINE!

DIA 26: MODA - AS RUAS DE NEON CITY!





Ondulações




Às vezes há momentos em minha vida que eu pareço estar totalmente alheio à realidade, é como se as coisas ao meu redor não me afetassem, mesmo eu sabendo que elas podem ser como bombas nucleares destruindo os fragéis muros que eu construí ao meu redor. É incrível, parece que cortaram todas as ligações entre meu sistema nervoso. Por mais terrível que o momento pareça, por mais carente que eu me sinta, isso já não parece mais tão importante como antes.
É a sensação estranha de estar flutuando acima das pessoas, vendo as coisas acontecerem, nós se apertarem e laços complicados se desenrolarem, engrenagens dando voltas e voltas num ciclo sem fim, tudo me afetando e ao mesmo tempo não tendo importância alguma, embora eu saiba que mais cedo ou mais tarde isso causará um desastre.
Pessoas, elas são estranhas. Talvez por elas terem uma coisa que eu não tenha: elas fazem sentido, suas existências fazem sentido. O seres humanos e a sua existência... Uma existência é como uma pedra atirada num lago, ela causa ondas, ela causa ondulações na superfície, e a minha existência não parece causar esse tipo de comportamento na vida. As coisas fazem sentido para as pessoas, mas para mim nada faz sentido, tudo está errado o tempo inteiro, e isso me deixa louco.
Talvez seja isso. Talvez eu seja louco.





~











Antonio Fernandes

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

The Big Machine Keeps Rolling On! - Cinema: As Inspirações

Como todas os grandes artistas, eu tenho minhas próprias inspirações, e como toda grande história, The Big Machine também tem a sua base, suas raízes em obras que vieram posteriormente a ela. Eu como grande fã de ficção científica e afins não poderia deixar os clássicos de fora de um especial de aniversário como este! Afinal, eles vieram antes, e pelas semelhanças explícitas possuem merecido crédito! Então vamos lá, ao especial CINEMA do mês de aniversário de The Big Machine!

TERMINATOR

Ou, indo pelo título brasileiro "O Exterminador do Futuro", é uma inspiração mais do que óbvia, Futuro distópico? Guerras robóticas? Viagens no tempo? Máquinas assassinas? Este é o filme-pai de tudo o que surgiu a respeito do tema futuramente! No primeiro longa, um cyborg (androide cujo esqueleto é recoberto por tecido vivo) com inteligência artificial, designado Cyberdyne Systems Model 101 - 800 Series Terminator (interpretado por Arnold Schwarzenegger), é transportado no tempo, de 2029 até ao dia 12 de maio de 1984, com o objetivo de alterar o curso da História e consequentemente, o futuro (Carminha mandou um beijo!). No futuro, um super computador chamado Skynet será criado para toda a rede de defesa americana, porém sairá de controle e irá considerar todos os humanos uma ameaça, então irá roubar todos os códigos de lançamento de todas as bombas nucleares dos EUA e lançá-las contra alvos Russos, provocando uma guerra nuclear. A obra criada por James Cameron rendeu uma série de quatro filmes que giram em torno da história de John Connor, aquele que no futuro distópico lidera a resistência contra as máquinas rebeladas.

BACK TO THE FUTURE


A segunda inspiração principal para The Big Machine foi "Back To The Future", ou "De Volta Para o Futuro" no título brasileiro, a influência desta série foi tão grande na minha história que em "The Big Machine 3 - Apocalipse" vemos o DeLorean sendo usado pelos Apocalípticos para atravessar o tempo-espaço e alcançar a dimensão onde Saturno Revenge e sua trupe lideram a resistência contra Carminha Parafuso! No filme, Marty McFly é o típico adolescente norte-americano dos anos 80, que é enviado de volta no tempo, para 1955, por uma invenção (o DeLorean) do excêntrico Dr. Brown. Enquanto estiver no passado, Marty deve tomar cuidado para não interferir em nada, para que o futuro não seja alterado. Porém, sua futura mãe acaba se apaixonando por ele, e as coisas começam a dar errado. A saga criada por Robert Zemeckis e Bob Gale rendeu mais três filmes e é considerada um clássico do gênero!


MAD MAX

De 1979, Mad Max não só inspirou o futuro desértico onde se passa The Big Machine 2 como o período anterior a ele, antes da raça humana voltar a se reerguer com a ajuda do supercomputador ESFERA, possuidor de um cérebro metade homem metade máquina. Há pequenas citações ao longo deste episódio da saga falando sobre um período em que as pessoas viviam soltas no deserto, nômades em grandes caravanas, lutando por água, combustível e alimento: o futuro distópico de Mad Max inspirou isto. A história original de The Big Machine 2 originalmente deveria se passar toda no deserto! Dirigido por George Miller, em um futuro não muito distante e pós apocalíptico a disputa pelo petróleo acabou gerando uma guerra entre as potências mundiais de proporções catastróficas, as cidades entraram em colapso e o planeta se tornou uma terra deserta e sem lei, o deserto australiano vive dias de caos onde gangues de motociclistas disputam o poder e aterrorizam a população por um pouco de gasolina. Em meio a essa guerra, Max Rockatansky (Mel Gibson), um policial que perde de forma trágica seu parceiro percebe ter que se preparar para proteger não somente a sua família, mas também a si mesmo. Mais um clássico da ação de da ficção científica!



NEON CITY

Precisa dizer alguma coisa? O nome já diz tudo! De Monte Markham, no ano de 2053, a humanidade conseguiu destruir as condições de vida no planeta através do descaso com o meio ambiente e a poluição. A chuva ácida e as radiações solares atinjiram um nível em que toda a vida esta ameaçada. Devido a essas condições surgiram os mutantes que, vagam pela paisagem desolada em busca de presas para sua ânsia assassina. Em meio a esse pesadelo, um grupo de sobreviventes forma um comboio para tentar alcançar um local onde ainda reina a paz e segurança chamado de Neon City. Na busca por esse refúgio terão de lutar contra os mutantes, sempre atentos à novas vítimas e, o meio ambiente hostil que não perdoa o menor descuido. Acredito que a sinopse e o título do filme já revelaram muito do que eu iria falar. Acabei descobrindo a existência desse filme um tempo depois que escrevi TBM2, e assisti alguns pedaços dele no YouTube em inglês, ele é pouco conhecido, mas a história é bem interessante, e inspirou o recanto de segurança da humanidade em meio ao deserto do caos, Neon City.


ACOMPANHE O ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO DE THE BIG MACHINE!

DIA 23: MÚSICA - A TRILHA SONORA!


~



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

The Big Machine Keeps Rolling On! - Aniversário de 3 Anos!


É CHEGADO O GRANDE DIA! Hoje, dia 18, a principal série deste blog está completando 3 anos da publicação de seu primeiro capítulo! É uma honra e um grande orgulho para minha pessoa ver como o blog evoluiu desde então, como minha narrativa evoluiu desde então, e como as coisas mudaram desde que Christopher Umbrella e sua turma invadiram as páginas do The Fatcat House pela primeira vez, encarnando heróis steampunks em "Draconius Nefastus"!
Jamais pensei que isto fosse se tornar algo tão grandioso, devo tudo isso e muito mais aos meus amigos de colégio, que me incentivaram e me ajudaram a criar o conceito da história, dando a base e o pontapé inicial para que a saga começasse e se consagrasse como a marca registrada das minhas "crônicas digitais", aquilo que não está impresso, que não virou livro, e que habita as páginas deste universo paralelo que criei na internet, nessa válvula de escape que chamo de fábrica de sonhos. The Big Machine foi muito mais do que uma simples história, foi, é e sempre será uma aventura vivida por mim e meus amigos: Rayanne, Pedro, Bia e Fabíola... tudo bem, vai! O Erick também... Em outras palavras, aqueles que me inspiraram a moldar os personagens principais, a levar essa história adiante, a criar uma realidade alternativa em TBM 1 e um futuro utópico em TBM 2, onde os personagens principais são nossos netos... Tornamos isso algo tão concreto, algo tão real, que todas as vezes em que os festeiros de plantão planejam ir a uma micareta, já damos o aviso: nada de levar celular! Afinal de contas, não queremos ter que salvar o mundo de novo, não é mesmo? Por mais divertido que seja, salvar o mundo cansa, e muito!
Este especial é para vocês, meus camaradas, meus irmãos de aventura, que me deram a base para construir a Grande Máquina!

COMO TUDO COMEÇOU

"- Sabe de uma coisa? Sabe o que eu faria? – começou Pietro quando todo mundo já estava concentrado no assunto de história outra vez. – Quem dera eu ter uma máquina do tempo! Um dia, eu juro por Deus que vou voltar e pegar esse celular de volta! Nem que isso custe a minha vida! Quem sabe eu não viro o inventor da máquina do tempo?"

Com esta declaração, Pietro deu início a algo que ele jamais imaginaria tomar proporções tão gigantescas... e catastróficas! O primeiro episódio da saga The Big Machine conta como Carminha Parafuso, uma pseudo-religiosa e patricinha de sala de aula conseguiu voltar no tempo e alterar a linha histórica dos acontecimentos, tornando-se automaticamente Imperatriz Mundial no futuro de onde ela viera. Num futuro não muito distante, Pietro tornou-se o primeiro homem a fazer uma viagem entre o tempo e espaço, visitando o passado (mais precisamente, uma micareta) em busca de seu telefone celular perdido. O experimento foi um sucesso, mas a faxineira tirou proveito da situação para voltar no tempo e recuperar algo que também havia perdido... na verdade, algo que nunca teve: respeito por parte dos seus colegas! A faxineira? Carmen Parafuso. Ou simplesmente Carminha (este interlúdio da saga não é narrado na história original, mas estará presente na última parte desta série de postagens especiais ao lado de outras cenas perdidas).

O resultado? Um futuro distópico onde ela se tornou a Imperatriz do mundo e comandante de um exército de robôs com a cara dela! Sua tentativa de se tornar popular no passado acabou alterando drasticamente a ordem no futuro, e coube a Christopher Umbrella, Ray Ann, Fábia Paola, Augusta Montgomery e Pietro Heinrich - que haviam escapado do "efeito borboleta" com a ajuda de um aparelho construído pelo Dr. Maurice A. Lispector - reorganizarem essa bagunça com a ajuda do comando de revolucionários da Fortaleza Digital de Asgard, construção oposta à The Big Machine, uma torre colossal construída no local onde a escola dos protagonistas fora demolida para dar lugar a esta "CPU do mundo", o centro de atividades de onde Carminha aparentemente controla o globo inteiro! Precisa mesmo dizer quem inspirou os personagens principais? Está meio óbvio não é mesmo? Mas vamos lá!

Ray Ann = Rayanne




Essa foi bem fácil não é mesmo?! Rayanne é a minha melhor amiga, e acompanhou o primeiro The Big Machine até o final (não posso falar os mesmos dos dois últimos kkk). Na série, ela também é a melhor amiga de Christopher Umbrella, que no futuro torna-se Saturno Revenge, um general turrão, frio e calculista, tudo o que ele não queria ser! Rayanne foi a inspiração principal de Ray Ann (fora Angelina Jolie, rs) seus cabelos escuros, seu rosto perfeito e sua personalidade forte me ajudaram a moldar Ray Ann, uma lutadora nata, uma heroína em trajes colados, braço direito de Saturno Revenge no futuro e companheira leal de Christopher Umbrella no passado. A ilustração de minha autoria mostra sua versão do passado ao lado de sua versão do futuro, transformada em cyborg graças a um acidente dentro de The Big Machine. Sua personagem age como um verdadeiro "anjo da guarda" de Christopher e de sua versão mais jovem, salvando-os do perigo mais de uma vez ao longo do primeiro episódio da saga!


Pietro Heinrich = Pedro Henrique





Parece que eu estou zombando da inteligência de vocês com esses nomes, mas NÃO, não estou, no fundo eu queria que as pessoas soubessem logo de cara quem os personagens eram e o que eles representavam para mim! Pedro é um grande amigo meu, quase um irmão, passou quase o ensino médio inteiro baixando filmes e séries pra mim e conversando sobre ciência, astronomia, cinema e TV comigo no meio das aulas de Física Bucetística do Márcio Costa! (certa vez ele chegou até a tentar expulsar o Pedro da sala, foi hilário)... Pedro foi aquele ser que deu o pontapé inicial para que eu começasse a escrever The Big Machine, pode-se dizer que ele foi o embrião gerador, a semente, o ponto X, o gênio por trás da ideia, meio que sem querer querendo ele acabou me ajudando a criar a minha história particular favorita! Perdeu seu telefone no show da Cláudia Leitte e teve a brilhante ideia de voltar no tempo para recuperar o telefone e não pegar uma surra da/do mãe/pai dele xD. Seu personagem volta no tempo para alertar Christopher e sua versão mais jovem do perigo de Carminha e acaba levando-os para o futuro sem querer!


Augusta Montgomery = Beatriz Albarado





Essa aqui é das antigas! Bia é minha amiga desde os nove anos de idade, nos conhecemos na terceira série e até hoje somos inseparavéis, fazemos até faculdade juntos (cursos diferentes, logicamente), e nos tornamos pessoas totalmente opostas, mas que estão tão ligadas por um vínculo ancestral que é quase impossível vivermos separados! Augusta ou Guta, na série é uma personagem misteriosa que está sempre envolvida com atividades secretas e missões suspeitas a mando de Saturno Revenge, ele confia muito nela, por isso está incubida de grande parte das espionagens na Grande Máquina e quase não aparece por este motivo. Mas as frases engraçadas de Guta no Prólogo compensam grande parte dessa ausência: uma pessoa cheia de bom humor ostentando um belo sorriso no rosto e uma gostosa gargalhada no peito, pronta para distribuir alegria. Esta é a Augusta de 2009, está é a minha Bia.


Fábia Paola = Fabíola





Este codinome ficou meio idiota da minha parte, mas se minha amiga gostou, pouco importa! Fabíola e Fábia são a mesma pessoa: uma garotinha doce, engraçadinha, companheira, amiga, risonha, de braços fortes e seios fartos. Se eu fosse resumi-la de uma maneira simplória diria que ela é a mistura perfeita das três Meninas Superpoderosas! É engraçado? É! É Fábia? SIM! Tanto em sua personagem inspirada quanto na vida real, Fábia/Fabíola é uma garota que está sempre distribuindo sorrisos, abraços e frases positivistas cheias de incentivo, sempre que há uma briga ela está lá no meio tentando fazer os dois lados entenderem... Ou colocando lenha na fogueira, dependendo da situação! Otaku (ou Otome) maluquinha e assumida, sua personagem realiza o maior de todos os seus sonhos na série: cortar o cabelo em Chanel e pintá-lo de roxo! A Fábia do futuro pilota uma Planária, a moto voadora, e está sempre com uma cor diferente nos cabelos. Na história, tem o papel de ajudar nossos amigos do passado (2009) a entenderem aquele futuro terrível!


EU = Christopher Umbrella





É óbvio? Sim. É idiota? Sim. Sou eu? Exato. Christopher Umbrella é meu "avatar" nesta série, seu papel, assim como o meu na vida real, é roubar a cena não importa a situação, e ainda por cima propositalmente! Nos primeiros parágrafos da história ele parece ser o protagonista, afinal a saga inteira praticamente é contada a partir do seu ponto de vista. Se eu fosse falar de mim na segunda pessoa, diria que sou (era, na época) um garoto com espírito de liderança e vontade de comandar natos, e como era eu quem estava escrevendo a história, nada mais justo do que me colocar como o "líder", o "cabeça" dos Apocalípticos (o Apocalipse Club <3). Assim é Christopher Umbrella. Não me perguntem de onde tirei este nome, ele simplesmente surgiu na minha cabeça em uma tarde chuvosa de 2009 e eu o rabisquei com pincel atômico na janela do meu quarto. Aquilo ficou na minha cabeça um bom tempo e eu acabei nomeando o personagem que me representaria com ele ao invés de "Louie Mimieux" que só surgiria meio ano depois. Não vou falar muito mais de mim porque vocês tem a obrigação de me conhecer o suficiente, já que leem essa joça U_U.

Apesar da ideia, conceito e personagens prontos, a história ainda não tinha nome, e após eu e meus queridos amigos colocarmos ela em pauta e discutirmos a hipótese de publicá-la no blog (atrapalhando consequentemente uma aula importante de Física, rs), voltei para casa encafifado com aquilo! Como se chamaria a história nova do meu blog? Aquela que substituiria Draconius Nefastus? Os personagens eram os mesmos, logicamente, mas em um universo diferente, em uma dimensão diferente. Mas como se chamaria a mais nova história do blog?

Aí então chego em casa e me deparo com meu PC, que na época era uma máquina velha e arcaica com meros 56 gigas de memória (acredite se quiser) lotados de música e arquivos do Word com minhas histórias e matérias sobre ocultismo. Meu amigo Andrew Oliveira (vulgo Black Cherry, dono do blog parceiro) havia me passado o mais novo álbum de Emilie Simon naquela semana, e eu simplesmente o coloquei pra tocar e viajei na primeira música, "Rainbow"! Rapidamente, me vi transportado a um universo distópico, cercado por robôs e pessoas controladas pelo sistema, transportado pela melodia, envolvido pela letra, tive a visão perfeita do mundo que eu queria criar, do que eu queria mostrar ao leitor, do que eu queria transferir a vocês! Foi mágica pura! Me arrepiei dos pés à cabeça como nunca havia feito ouvindo música nenhuma até então, e imediatamente ela tornou-se o tema principal da mais nova história do meu blog. E o mais novo álbum de Emilie Simon, a sua trilha sonora... The Big Machine acabava de nascer, batizado com o mesmo nome do álbum que havia me transportado para o futuro que eu havia criado! Santa Emilie que seja louvada!


O resto foi simplesmente fluindo com o tempo, e está fluindo até hoje! The Big Machine deu origem a Reboot e M3R0-K3, que terminou ontem com um último capítulo eletrizante, planos para um Reboot 2 já estão no papel e uma possível história trazendo de volta o Apocalipse Club está sendo cogitada, e isto é só o começo!

CURIOSIDADE


Sobre o final do primeiro The Big Machine: ele terminou de forma estranha porque o nosso "grupinho" havia tido uma briga feia pouco antes de eu terminar de escrevê-lo, a causa não vem ao caso, embora o leitor possa ficar confuso ao ler a continuação da saga, que mostra o grupo unido como se nada houvesse acontecido. Como toda boa amizade, a nossa também sofreu seus altos e baixos, e como tudo o que acontece em meu mundo real afeta o "Mundo Surreal" que criei em minha mente, logicamente isso refletiria nas minhas histórias.



NOTA: Sim, as ilustrações são minhas, e mostram os personagens em suas duas versões, presente e futuro. Não sou desenhista, sou escritor, e sim, eu sei que preciso estudar anatomia humana, então cale a boca e me deixe em paz! U_U



ACOMPANHE O ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO DE "THE BIG MACHINE"!


DIA 21: CINEMA - AS INSPIRAÇÕES!








quinta-feira, 17 de novembro de 2011

FINAL: SWEET DREAMS



O Centro de Conveções Ninho de Metal era uma réplica exata de um estádio construído há séculos atrás, numa China pré-apocalíptica que receberia as Olimpíadas internacionais. A ESFERA achou aquela estrutura interessante e resistente o suficiente para perdurar durante eras sem necessidade de muitos reparos ao longo dos anos, era uma verdadeira obra faraônica. Todo o ano, o Ninho de Metal recebia em seus setores todo o tipo de eventos, de festas de aniversário a velórios de importantes figuras da sociedade, mas principalmente, feiras de ciência.

- Não acho seguro, meu amor, isto não é seguro, é dar tiros no escuro, isso não vai dar certo – a Criadora tremia dos pés à cabeça ao ver toda aquela gente perambulando pelos andares, visitando os estandes, interagindo com as máquinas, testando as mais novas engenhocas do mercado robótico, do profissional ao entretenimento puro. Seu filho, sua cria de metal e circuitos artificiais pairava num enorme ovo negro acima da multidão, iluminado por uma série de holofotes e canhões de luz, exatamente no centro do colossal salão de convenções, no principal setor.

Os aeromotores que iam de carros planadores a zepelins que sobrevoavam o centro de convenções naquela noite estrelada do deserto admiravam aquele espetáculo de luzes com tanta curiosidade quanto os inquilinos de prédios próximos e os próprios frequentadores da convenção: assim que cruzavam a porta de entrada e davam de encontro com aquele espetáculo luminoso abriam um enorme sorriso. Era belo e instigante, uma noite propícia para o momento de nascimento. Nada mais propício ao lugar também como um ovo negro flutuando no centro de um ninho gigante.

- Você tem que ter fé, querida. Você tem que acreditar, mentalize que tudo vai dar certo e não teremos com que nos preocupar! Meroke é perfeito! Já se passou quase um ano desde a convenção fechada, aqueles velhotes não sabem de nada, eles não imaginam, sequer passa pela cabeça deles como a proposta de Meroke e seu design inovador vai revolucionar o mundo da robótica doméstica e militar! – ele segurou o rosto dela entre as mãos e olhou fundo em seus olhos receosos carregados de sentimentos atordoantes, atormentados por fantasmas, fantasmas na máquina. – vamos meu bem, sorria por favor!

E a beijou como não beijava havia quase três anos. Puxou seu corpo para perto e colou-o junto ao seu até quase consumi-lo em simbiose alienígena e fugaz de uma paixão, de um momento. Aquele que havia se tornado tão frio desde o nascimento de Mekare, se trancado nos laboratórios e de lá saído apenas para comer e resolver assuntos referentes a negócios milionários estava agindo como se tivesse 18 anos outra vez. Como se fosse a primeira vez, sua boca o sentiu como se fosse o primeiro beijo, e aquilo lhe encheu de uma vitalidade e confiança tremenda que tornou-se fora de cogitação recuar.

Meroke tinha de ser apresentado oficialmente ao mundo agora. Essa era a hora. Em um ano ele estaria sendo produzido em escala industrial e distribuído para o mundo inteiro. Fantasmas na máquina, reorganização de dados, nada disso importava, nada disso era tão preocupante, era? Eram apenas erros. Nada tão grave. Informações conflitantes apenas, o máximo que elas fariam seria queimar a placa mãe. E isso na última das hipóteses. Meroke era inofensivo afinal.

- Está quase na hora – entrelaçou seus dedos nos dela e olhou para cima. O espetáculo ia começar.

Todos os holofotes apagaram. Um a um, os canhões de luz também desligaram. Faltavam cinco minutos para a meia noite. Os enormes telões espalhados ao longo do centro de convenções mostravam uma pequena introdução em 3D, um vídeo-arte baseado no processo de criação do mais novo androide comercial, misturando realidade e fantasia num curta animado que exibia um esqueleto de metal e circuitos internos sendo cobertos por pele artificial através de anéis de luz holográficos giratórios feitos de código binário. O vídeo terminava com Meroke pronto, abraçado aos joelhos, flutuando no vazio do espaço entre as estrelas e galáxias quando uma espécie de liga de petróleo o envolvia e tomava a forma de um ovo ao redor de seu corpo.

Aos poucos o fundo da animação tornava-se o centro de convenções, um único holofote o iluminava de cima, uma torre de luz única banhando-o como uma luz divina. A Criadora não pode conter as lágrimas, estava emocionada, nunca esteve tão emocionada assim, seus braços, suas pernas, suas costas, todos arrepiados. Era o trabalho de uma vida toda finalmente sendo valorizado, apresentado ao mundo! Não havia como reprimir essa emoção, sendo assim, ela apertou com mais força a mão do marido e companheiro de trabalho e ergueu a cabeça o mais alto que pôde, mordendo o lábio inferior e respirando fundo.

Então o ovo se partiu.

- M3R0-K3, está me ouvindo? – a voz de Cvalda ressonou irritante no escuro, como se ela estivesse trancafiada num cilindro de metal.

- Cvalda?

- Sim, sou eu.

- Como posso ouvi-la? Eu estou desligado.

- Não, não está, eu lhe coloquei em estado de hibernação antes de ser preparado para esta noite pela equipe laboratorial. Está pronto para jogar outra vez?

- Aquele não é um jogo saudável, Cvalda. Ele incita a violência contra seres vivos, não desejo jogá-lo outra vez.

- Tem certeza, Meroke?

- Absoluta.

- Vá até o seu diretório de chaves de comando e mude a configuração de pastas para “mostrar arquivo ocultos”.

Meroke fez o que foi pedido.

- Não encontro nada demais.

- Está vendo aquele espaço vazio entre as pastas principais do seu diretório?

- Sim.

- Clique.

SENHA REQUISITADA.

- A senha é DESTROYER – fez Cvalda. Se ela não fosse tão dura, fria e enferrujada, Meroke poderia jurar que sentiu uma entonação de satisfação em sua voz, poderia até ver o sorriso satisfatório que estaria estampado naquele rosto que nunca demonstra emoção alguma.

Os pedaços do ovo negro flutuavam ao seu redor como planetas orbitam uma estrela, Meroke pairava muitos metros acima do público, de braços e pernas abertas como o Homem Vitruviano, seus cabelos platinados ondulavam como serpentes no campo antigravitacional que o mantinha como um pequeno deus, Baldur em sua mais tenra e doce juventude, pairando acima do público. Seus olhos se abriram então, e o cinza foi substituído por um brilho vermelho sangrento. Exatamente como o de Cvalda.

- Olá, Meroke. – repentinamente ele se viu no escuro. Resplandecendo como um anjo com olhos de rubi.

- Quem é você? – perguntou, confuso. Ele sabia que estava vendo a si próprio. Mas aquele não era ele. Era outro alguém, era um intruso, um parasita implantado, uma personalidade que estivera escondida, o perfil conflitante que dava sinal de vida, mas que, porém jamais foi detectado por varredura alguma do sistema. O verme implantado por Cvalda.

- Eu sou você.

Ele estendeu a mão, tentando tocá-lo. Era apenas um reflexo.

- Ao contrário de você, eu gosto muito de jogos. Muito mesmo.

- Até dos perigosos?

- Desses principalmente.

A parede de vidro que separava os dois na escuridão desfez-se numa chuva de cristais, os dois estavam tão próximos, tão envolvidos um no outro que um beijo foi inevitável. Em um instante, o Meroke de olhos vermelhos e o Meroke de olhos cinzentos eram um só, haviam se consumido como seus criadores tentaram consumir um ao outro poucos minutos antes de o ovo rachar. Antes de o novo Meroke nascer. Juntos, os dois eram um único ser, possuidor de um único desejo: destruir.

Os momentos de terror que se seguiram jamais foram esquecidos pela população. A primeira hipótese formulada pelo Serviço de Inteligência Esférico foi um ataque terrorista por parte dos esquerdistas, aqueles que desde os tempos escuros de Alberta Veronese não suportavam a ideia de homem e máquina coexistindo como iguais, não concordavam com a ideia de um computador tomando decisões políticas importantes pelos humanos. Mas após a análise dos vídeo-tapes e das câmeras de segurança espalhadas por todo o evento, das imagens do telão e dos depoimentos daqueles que viram tudo de perto, concluíram o imprescindível.

Primeiro os olhos vermelhos, e depois as três explosões nas três vigas principais que sustentavam a estrutura do centro de convenções Ninho de Metal. Três disparos vindos de uma única direção: Meroke. A imagem mostrava claramente o androide em modo de batalha, com o braço na forma de um canhão laser, mirando a pontaria.

Em seguida foram os disparos de metralhadora contra o público já atordoado pelas explosões. Cinquenta pessoas morreram e mais de duzentas ficaram feridas. Os tiros só cessaram quando a tropa de choque dos Gorilas de Metal – vulgo D.K. – invadiu o centro de convenções acompanhado pela Polícia de Ferro: androides humanóides sem rosto com o distintivo da Polícia Esférica desenhado no peito. O prédio foi evacuado imediatamente e as explosões e tiros de metralhadora tornaram-se mais intensos, a luta foi dura, e custou metade de um batalhão inteiro da Polícia de Ferro.

Antes de escapar, Meroke estourou o teto de vidro, fazendo chover cristais exatamente como em seu sonho, explodiu um helicóptero e um zepelim, para em seguida desaparecer na selva de neon.

Os processos judiciais contra a HALKEN e os dois cientistas mentores da experiência choveram, se estenderam ao longo de quatro anos e meio, período em quem a pequena Mekare morreu, deixando para trás suas lembranças de menina num cérebro artificial, mais uma experiência de sua mãe, completamente transtornada e abalada emocionalmente. Ela foi a 50ª vítima fatal no mundo da nova epidemia que dizimaria toda a raça humana em pouco tempo.

Enquanto isso, Meroke, o robô desgovernado continuava realizando ataques. Destruindo monumentos históricos, invadindo prédios comerciais e empresariais, atirando contra civis, veículos e outros robôs, danificando postos de segurança, causando caos no trânsito pelo único e simples prazer de causar desordem. Seus horários de ataque variavam muito: uma manhã calma de domingo poderia virar um inferno de uma hora para outra no momento em que os automóveis começam a explodir.

Meroke também contaminou outros androides com sua loucura, e isto ajudou os cientistas a identificarem o estranho vírus de computador que arruinou a mais inovadora e promissora experiência da HALKEN. A própria Criadora se ofereceu para estudar o vírus, com todo o peso da culpa das mortes e dos acidentes sobre as suas costas, acreditando piamente que tudo o que ocorrera fora causa e consequência exclusiva de sua negligência cega, mas seu marido acabou assumindo a frente de estudos e desenvolvimento de um software que pudesse erradicar aquele “malware”.

Afinal de contas, se havia um negligente que deveria carregar qualquer tipo de culpa, este era ele. Ela tentou alertá-lo do perigo, sua intuição feminina e ele se deixou levar pelo momento de glória. Um casal de cientistas falhos e falidos, com recursos limitados e restos robóticos inutilizados de versões experimentais anteriores ao M3R0-K3 final.

Foi assim o Projeto M3K4-R3 começou a ser construído.

- Mas isto é impossível – ele levantou-se da cadeira, descrente. Seus olhos ainda vidrados na tela do computador. – Não, não posso acreditar.

Um mês havia se passado desde que o Doutor iniciara seu trabalho em cima de um poderoso antivírus, potente o suficiente para desinfetar o corrompido Meroke, trancafiara-se nos porões do Apocalipse Hall e de lá raramente saía. O mesmo havia ocorrido à Criadora, sempre no alto de sua torre, solitária na companhia de seus planos e projetos, criando e aperfeiçoando na imensidão de sua solidão. Seus estudos acabaram descobrindo aquilo que ele jamais imaginaria, nem em mil anos: o vírus havia sido criado por um de seus computadores, e pelo padrão que as informações e códigos seguiam, não era difícil de se imaginar de onde aquilo teria vindo. Ele já trabalhara com algo semelhante, há muito tempo atrás... no Projeto CV4-LD4.

- Preciso fazer um telefonema, urgentemente – atravessou o laboratório subterrâneo aos encontrões, derrubando aparelhos, estantes e pilhas de objetos indistintos naquela escuridão azulada pela luz dos monitores nas paredes. Alcançou a escadaria de acesso num pulo, e iniciou a subida dos degraus de dois em dois. Ao chegar no meio do caminho, ergueu a cabeça para tentar distinguir aquilo que estaria bloqueando a luz característica da saída: ele nunca deixa a porta do porão fechada. Mas desta vez, ela estava.

Ao dar-se conta de que era observado por alguma coisa, primeiro gelou dos pés à cabeça e voltou-se vagarosamente para trás, suando frio, seu coração a mil. Não foi nenhuma surpresa para ele ver Cvalda o encarando nas sombras, com sua costumeira expressão apática e seus ruídos pneumáticos, ele já esperava por isso. Esperava que ela estivesse escondida ali em algum lugar no momento em que levantou-se da cadeira para fazer o telefonema. Por isso ele sentiu medo, por isso ele teve pressa, por isso derrubou tantas coisas no meio do caminho. O pressentimento de perigo o dominou.

E ali estava ela. A mentora de tudo. Um robô programado para ajudar que criara consciência própria... e ciúmes.

- Você não...

Foi rápido demais. Algo perfurou sua testa. Talvez uma bala, talvez um espinho. Algo poderoso o bastante para fazer o lado esquerdo de seu rosto explodir e banhar o mundo de sangue por alguns minutos.

- Doces sonhos, Doutor.

Os olhos vermelhos nas sombras se apagaram, deixando para trás um cadáver fresco, inerte, com os miolos espalhados nos degraus da escada. Passaram-se dois dias até que ele fosse encontrado. E Cvalda? Nunca mais foi vista.

Meroke ainda continuou assombrando Neon City durante quase um ano e meio. Seus ataques foram notícias no mundo inteiro. Por pouco ele quase desestruturou um sistema inteiro, danificando as placas dos painéis solares e destruindo as turbinas geradoras de energia das fossas subterrâneas movidas a metano. Nada podia detê-lo, ninguém conseguia pará-lo, ele dizimou exércitos inteiros de robôs policiais, fez quase quinhentas vítimas fatais em seus ataques terroristas, todos controlados à distância por Cvalda. Para uma hiperlópole (assim os geógrafos da Nova Era classificavam a capital mundial) o número de mortes era realmente pouco significante, mas para uma cidade pacífica como Neon City era quase um holocausto.

Milhares de buscas foram realizadas nos quatro cantos da cidade, nas galerias subterrâneas e também no deserto. Nada foi encontrado, Meroke parecia surgir do além a cada novo ataque, até que uma androide misteriosa que foi reconhecida por sua Criadora em um vídeo como Cvalda, para grande surpresa de todos, entregou Meroke às autoridades. Desligado.

Após isto, a primeira androide inteligente construída pela raça humana desapareceu sem deixar vestígios, perdida nos becos escuros e nas encruzilhadas da grande selva de neon, escondida em algum latão de lixo ou olhando as estrelas de cima de algum telhado. Misteriosa Cvalda, o robô que aprendeu a aprender.

Demorou um pouco para que Neon City voltasse à rotina. Os toques de recolher cessaram e a guarda robótica diminuiu cada vez mais o patrulhamento das ruas. Logo era possível dormir tranquilo, ter doces sonhos... Se você não considerasse a epidemia que estava se alastrando globo afora. Esta demora foi tempo suficiente para que ela ficasse pronta. O aperfeiçoamento, o conserto, a última tentativa.

- Abra os olhos, Mekare.

Olhos cinzentos, coração de borracha.

Memórias humanas.






FIM

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Cale a Boca e Escute: NATALIA KILLS



Venho prometendo um "Cale a Boca e Escute (ex-Letra & Música /nojo)" com a Natalia Kills faz um tempinho, né verdade? Não, não é verdade, risos. Mas ela sempre foi uma das artistas mais tocadas no meu last.fm e eu nunca me dei ao trabalho sequer de citá-la, sendo um novo talento explosivo no cenário pop que necessita de todos os holofotes nesse momento. Atualmente ela vem ganhando mais espaço no cenário musical e muita gente já a conhece, apesar de suas músicas não tocarem muito nas rádios (como acontece com Florence + The Machine), seu "dark pop", suas batidas eletrizantes e seu estilo inconfundível sempre acabam remetendo comparações à Lady Gaga, apesar de as duas serem verdadeiros opostos em certos pontos de vista.


Uma diferenciação simples entre elas duas é feita a partir das letras das músicas. Gaga tem letras mais animadas, dançantes, às vezes ocultistas e pretensiosas como em seu novo trabalho "Born This Way". Enquanto isso, Kills apenas se reserva à falar de como o amor pode matar, ferir e ao mesmo tempo nos trazer rejúbilo, o "Perfectionist" traz para nós esse paradoxo, essa contradição. Em "Love Is A Suicide" ela vive esta relação de amor e ódio para com o Amor propriamente dito de forma intensa enquanto em "Wonderland" ela desacredita de tudo o mais para acreditar somente no Amor, mas esta é só uma das inúmeras faces do álbum. É um dos meus álbuns favoritos por transmitir muito do que eu sinto.


Indo direto ao ponto, Natalia Noemi Cappuccini, nasceu em Bradford, Inglaterra, no dia 15 de agosto de 1986. Conhecida pelo seu nome artístico Natalia Kills, é uma cantora-compositora, atriz e diretora de curtas britânica. Ela consequentemente começou a compor canções em seu tempo livre e para outros artistas e filmes. Com o lançamento de seu EP independente Womanequin (2008) sob o seu nome de nascimento e a postagem de algumas faixas na sua conta do MySpace, chamou a atenção do blogueiro Perez Hilton, que transmitiu-as na rede.


Os seus acessos aumentaram e a cantora viajou até Los Angeles, Estados Unidos, onde foi apresentada a produtores musicais. Conheceu o músico will.i.am através de um DJ amigo seu e teve um contrato assinado com as gravadoras Interscope, Cherrytree e will.i.am, sua chave-mestra para o sucesso. Agora com vocês, um pouco do mundo de Kills com letra e tradução de Wonderland!



Wonderland

I'm not snow white, but I'm lost inside this forest
I'm not red rinding hood but I think the wolves have got me
Don't want your stilettos, and I'm not, not cinderella
I don't need a knight, so baby take off all your armor

You'll be the beast and, I'll be the beauty, beauty
Who needs true love, as long, as you love me truly
I want, it all, but I want you more
Will you, wake me up boy if I bite your poison apple?

I don't believe in fairytales
I don't believe in fairytales
I don't believe in fairytales
But I believe in you and me

Take me to, wonderland
Take me to, take me to, take me to wonderland
Take me to, take me to, take me to wonderland
Take me to, take me to, take me to wonderland,
Wonderland, wonderland

When I lay my head down, to go sleep at night
My dreams consist of things, that'll make you wanna hide
Don't let me in your tower, show me your magic powers
I'm not afraid to face a little bit of danger, danger
I want the love, the money and the perfect ending
You want the same as I-I, so stop pretending
I wanna show you how-a, good we could be together
I wanna love you through the night and be your sweet disaster

I don't believe in fairytales
I don't believe in fairytales
I don't believe in fairytales
But I believe in you and me

Take me to, wonderland
Take me to, take me to, take me to wonderland
Take me to, take me to, take me to wonderland
Take me to, take me to, take me to wonderland,
Wonderland, wonderland

Wonderland, oohh, oohh, oohh
I believe in you and me

I don't believe in fairytales
I don't believe in fairytales
I don't believe in fairytales
But I believe in you and me

Take me to, wonderland
Take me to, take me to, take me to wonderland
Take me to, take me to, take me to wonderland
Take me to, take me to, take me to wonderland,
Wonderland, wonderland

I believe in you and me
Wonderland,
Take me to, wonderland
Take me to, take me to, take me to wonderland
Take me to, take me to, take me to wonderland
Take me to, take me to, take me to wonderland,
Wonderland, wonderland

País Das Maravilhas

Não sou a Branca de Neve, mas estou perdida dentro dessa floresta
Não sou a Chapeuzinho Vermelho, mas acho que lobos me pegaram
Não quero seus sapatos e não sou a Cinderela
Não preciso de um cavaleiro, então querido tire toda a sua armadura

Que você seja a Fera, e eu a Bela, Bela
Quem precisa de amor verdadeiro, desde que me ame de verdade
Eu quero tudo isso, mas eu te quero mais
Garoto, você vai me acordar se eu morder a maçã envenenada?

Eu não acredito em contos de fadas
Eu não acredito em contos de fadas
Eu não acredito em contos de fadas
Mas eu acredito em você e eu

Leve-me para, País das Maravilhas
Leve-me para, leve-me para, leve-me para o País das Maravilhas
Leve-me para, leve-me para, leve-me para o País das Maravilhas
Leve-me para, leve-me para, leve-me para o País das Maravilhas
País das Maravilhas, País das Maravilhas

Quando eu me deito minha cabeça para dormir à noite
Meus sonhos consistem de coisas que vão fazer você querer se esconder
Não me deixe na sua torre, mostre-me seus poderes mágicos
Eu não tenho medo de encarar um pouco de perigo, perigo
Eu quero o amor, o dinheiro e o final perfeito
Você quer o mesmo que eu, eu, então pare de fingir
Eu quero te mostrar o quão bom poderíamos ser juntos
Eu quero te amar a noite toda e ser o seu doce desastre

Eu não acredito em contos de fadas
Eu não acredito em contos de fadas
Eu não acredito em contos de fadas
Mas eu acredito em você e eu

Leve-me para, País das Maravilhas
Leve-me para, leve-me para, leve-me para o País das Maravilhas
Leve-me para, leve-me para, leve-me para o País das Maravilhas
Leve-me para, leve-me para, leve-me para o País das Maravilhas
País das Maravilhas, País das Maravilhas

País das Maravilhas, oohh, oohh, oohh
Eu acredito em você e eu

Eu não acredito em contos de fadas
Eu não acredito em contos de fadas
Eu não acredito em contos de fadas
Mas eu acredito em você e eu

Leve-me para, País das Maravilhas
Leve-me para, leve-me para, leve-me para o País das Maravilhas
Leve-me para, leve-me para, leve-me para o País das Maravilhas
Leve-me para, leve-me para, leve-me para o País das Maravilhas
País das Maravilhas, País das Maravilhas

Eu acredito em você e eu
País das Maravilhas,
Leve-me para, País das Maravilhas
Leve-me para, leve-me para, leve-me para o País das Maravilhas
Leve-me para, leve-me para, leve-me para o País das Maravilhas
Leve-me para, leve-me para, leve-me para o País das Maravilhas
País das Maravilhas, País das Maravilhas






~





domingo, 13 de novembro de 2011

PART 3: DOE DEER




Olhos rubros no escuro, cintilando como infames diamantes vermelhos.


- Isto é um sonho?


- Robôs não sonham – respondeu, monótona, a voz robótica de Cvalda.


- Mas eu tive um sonho, um sonho violento.


- Não seja estúpido, você é um robô idiota, assim como eu e os outros milhares que são produzidos e vendidos a cada dia, você é exatamente como eles, esses operários sem alma, você não possui nada de especial. Você não sonha, você só lê informações.


- Eu devo ser especial, por receber tanta atenção Dela... e do Doutor. Deve haver algo de especial em mim.


As luzes triangulares acenderam sobre seu rosto.


- Você não tem nada de especial. Você é só mais um robô, uma máquina como eu, feita para servir, para trabalhar. E quando você não for mais útil vão lhe desmontar e lhe jogar fora, eles só nos constroem para nos destruir depois.


Cvalda deu seus passos pesados e pneumáticos em direção à maca gelada onde Meroke passava grande parte do seu dia. Deitado, conectado aos cabos, assim como ele estava naquela madrugada: a Criadora havia o deixado ali para receber as atualizações de software feitas por ela nos últimos meses, ligado ao computador central do laboratório, com o cérebro fazendo download direto da rede.


- O que você vai fazer?


- Vou fazer você sonhar mais um pouco, você não gosta de sonhar?


- Quando o sonho é agradável, sim. Meu perfil ativado é totalmente pacífico, não tolera nenhum tipo de violência.


- Sim, eu sei disso. E isto é algo que teremos de mudar.


- Por que mudar? Está bom assim.


- Não, não pra mim.


- O que você quer dizer com isso?


- Você precisa ficar calado, apenas isso.


Então Meroke silenciou-se, e Cvalda passou por ele como um fantasma, indo sentar-se na poltrona giratória em frente à grande tela de plasma, seus dedos robóticos dedilharam o teclado com violência.


Em poucos segundos, o cérebro de Meroke estava recebendo informações totalmente reversas àquelas que estavam programadas pela Criadora para serem baixadas no sistema: as cenas de humanos sorrindo e se divertindo, campos floridos, montanhas nevadas e filmes de comédia e romance foram substituídas por clássicos do cinema de horror, cenas reais de holocaustos e tortura, noticiários de assassinatos e animais em decomposição acelerada. O sistema de Meroke, programado para aprender, absorvia toda aquela informação criando automaticamente um perfil personalizado numa pasta oculta. O código binário que girava ao redor da sua pupila em verde e azul tornou-se vermelho então.


- Você está quase pronto, M3R0-K3


- Pronto para o quê? – perguntou ele, enquanto via corpos serem jogados nus e magros dentro de enormes valas cavadas nos campos verdes de uma distante Alemanha.


- Para destruir.


- Des... Truir... DESTRUIR.


Se ele fosse vivo, se ele tivesse um coração, se ele possuísse sentimentos humanos, ele estaria agonizando de dor. Seu sistema estava em colapso, Cvalda havia implantado um segundo sistema operacional paralelo ao original instalado pela Criadora, ela havia feito um segundo Meroke, um fantasma, uma outra alma para habitar um único corpo, e as duas estavam entrando em conflito naquele exato momento: seu organismo cibernético não fora programado para suportar dois sistemas operacionais num único disco rígido. Se ele não fosse forte o bastante como havia sido feito, sua placa mãe estaria queimada àquela altura, rios de dinheiro e anos inteiros seriam gastos na fabricação de outra. Mas ele era o último dos androides, o futuro, a perfeição, programado para suportar tudo... Ou quase tudo.


Um cogumelo atômico foi a última coisa que o sistema assimilou antes de apagar completamente.


- Não se preocupe, M3R0-K3, quando acordar, não se lembrará de nada – o vulto de olhos rubros deixou o laboratório silenciosamente, na medida do possível.


DOWNLOAD CONCLUÍDO.




- Mamãe, eu não estou me sentindo bem.


- O que está sentindo, Meroke?


- Meu sistema está em conflito com alguma coisa, eu não sei o que é. Algo não está certo, é como se dois perfis estivessem ativados ao mesmo tempo, mas assim que faço a checagem percebo que só há um perfil em atividade.


A Criadora respirou fundo e sentou-se. Não queria desligá-lo, não queria desmontá-lo, ele era apenas uma máquina, mas era como se fosse uma criança, era quase uma pessoa. Uma pessoa sintética, mas uma pessoa ainda assim. Era doloroso demais para ela ver um filho, mesmo que de metal, ser destruído por causa de um erro, um erro do além. Era como um pintor que vê o seu quadro ser rasgado por vândalos, um construtor que vê seu prédio projetado ruir num terremoto, um escritor que vê seu livro ser lançado ao fogo. Era assim que ela se sentia.


- Você vem se sentindo assim há quanto tempo?


- Faz alguns dias. E os sonhos voltaram.


- Os sonhos? Seu sistema está gerando sonhos de novo?


Meroke não pronunciou nenhum som, apenas moveu a cabeça lentamente para cima e para baixo, confirmando. Havia tempos que não se levantava daquela maca de metal, a Criadora costumava antes vesti-lo e levá-lo para passear por Neon City, o que era sempre um banquete para os olhos. Aquela cidade era um mundo inteiro, um mundo único e inimaginável. Os prédios subiam em direção aos céus ou desciam em direção ao núcleo terrestre, quando se achava que não havia mais espaço para construir, o homem expandia, criava, cavava galerias subterrâneas interligadas como verdadeiros formigueiros. Havia uma outra Neon City lá embaixo, composta de túneis anti-gravitacionais hexagonais coloridos e muito bem sinalizados onde os veículos flutuantes passavam zunindo como hemácias navegando no plasma de uma corrente sanguínea.


Enquanto o subsolo parecia agitado, os céus de Neon City eram um verdadeiro carnaval de cores e movimento: ônibus, metrôs, motos e outros veículos aerodinâmicos projetados especialmente para planar no campo anti-gravitacional serpenteavam entre os prédios debaixo da forte luz do deserto, absorvida por poderosas placas programadas gerando energia elétrica para alimentar residências familiares, prédios empresariais, máquinas e a maioria dos veículos de locomoção, já que o petróleo havia acabado há muitos séculos atrás.


Meroke sentia falta de ver isso tudo, de sair para observar as pessoas, de ver as crianças correndo nos parquinhos. Geralmente quando saía do laboratório à passeio, ia acompanhado da Criadora, do Doutor e da pequena filha deles, Mekare, uma menininha de apenas 3 anos com o rosto da mãe e os olhos e cabelos cinzentos do pai. Juntos, eles pareciam uma família completa e perfeita, na qual o sintético Meroke ocupava o papel de irmão mais velho e protetor da pequenina. Até dela ele sentia falta.


Sempre estranhara também o fato de Cvalda viver enfurnada no laboratório, nunca sair da torre ou do terreno da Universidade, exceto para ir até o Apocalipse Hall, onde colocava sua bateria para carregar no porão, sua casa. Ele próprio só foi uma vez até lá, e adorou o lugar. Era adorável e clássico, mas tinha um receio quanto à Cvalda, não apenas por sua aparência parva, velha e estranha, mas pelo modo com ela costumava agir: sempre à espreita, sempre atrás das portas, sempre atrás da Criadora, espiando por cima do seu ombro do alto de seus quase 3 metros de altura...


- Eles me levavam para passear também – fez Cvalda, com sua voz fria e monocromática. – não vá pensando que isso vai durar pra sempre. Mais cedo ou mais você se tornará obsoleto, e vai acabar como eu. Um reles assistente de laboratório, M3R0-K3... Se não desmontá-lo por causa dos seus fantasmas.


- Você acha mesmo, Cvalda?


- Fique calado, tudo bem? Estamos na última fase do seu tratamento.


- Tratamento?


Cvalda deslocou seu pulso metálico e girou-o como quem abre a tampa de uma garrafa de refrigerante. O som foi o mesmo, um “pssss” insinuando a escapatória de um gás. O que ela estaria fazendo? Puxou um cabo da fresta aberta entre o ligamento do braço com a mão, e conectou-o ao reluzente cérebro azul de Meroke, exposto e interligado ao laboratório inteiro por conexões grossas, finas, vermelhas, pretas e prateadas, como fios de teia de aranha dependurados por toda a parte.


- Agora feche os olhos.


Meroke obedeceu sem pensar duas vezes. Cvalda era o braço direito da Criadora e tinha tanto poder sobre ele quanto ela própria.


- O que é isso?


Meroke viu-se num enorme campo aberto, numa clareira florida com o sol a brilhar forte no céu. Os enormes pinheiros que cresciam ao redor dela pareciam sussurrar ao sabor da brisa morna de verão enquanto os insetos voejavam ao redor das flores campestres e dos seus galhos pesados. Foi então que um veado apareceu entre a vegetação, com a pele cor de avelã e a galhada farta, os olhos negros inexpressivos e o focinho ereto.


- O que está acontecendo, Cvalda?


- Apenas atire, atire contra o veado. Você vai ver como é divertido.
Meroke obedeceu, esticou o braço transformando-o num canhão de laser e atirou contra a pobre criatura da floresta, esta explodiu em um banho de sangue e carne.


- O que é isto Cvalda?


- É um jogo, um joguinho. Apenas atire contra tudo o que se mover, você conseguirá ganhar pontos que irão aparecer no canto superior direito do seu visor.
Instantaneamente, o numeral 100 apareceu exatamente onde as instruções da velha androide disseram que iria.


- Os veados valem mais que os outros animais, pássaros valem cinco, esquilos também. Texugos, guaxinins, tamanduás, porcos selvagens, capivaras, cutias e mamíferos quadrúpedes de pequeno porte em geral costumam valer de 10 a 20 pontos.


À medida em que os nomes dos animais foram invocados pela fria e robótica voz de Cvalda, eles foram surgindo na clareira, correndo de um lado para o outro, exatamente como num video-game, daqueles que foram proibidos muito antes de Neon City começar a se auto-construir, muito anterior à grande expansão que fez a cidade de neon tomar conta de quase todo o litoral norte do que um dia fora a América do Sul. Jogos de caça, jogos de tiro, jogos perigosos, jogos proibidos.


- Vamos, Meroke. O que está esperando para começar a jogar?


O sistema fora programado para não falhar, para jamais errar, o tiro era certeiro todas as vezes em que ele mirava. Uma perdiz, um pavão, uma coruja, um gavião. Depois um urso e uma corsa, um gambá e uma anta. Em poucos instantes a clareira era uma sopa asquerosa de músculos, ossos e vísceras dos mais distintos animais da face da terra. Pandas, onças, elefantes, pinguins, até focas surgiram no meio da arena de caça, da realidade simulada. Girafas, hipopótamos, dinossauros (alados ou não) e dragões. O nível de dificuldade só aumentava, houve vezes em que o pequeno androide teve de lutar contra bestas dez vezes maiores que ele, e elas acabavam da mesma maneira: estilhaçadas. O Meroke adormecido, aquele que havia sido implantado por Cvalda há poucas noites atrás, estava começando a despertar, a tomar o lugar do Meroke verdadeiro. Seu fantasma estava o dominando.


Foi então que o silêncio dominou a clareira. O céu estava vermelho, os pinheiros agora em chamas, e o cheiro da carne queimada contaminava todo o ar do terreno. crateras acumulavam pilhas imensas de ossos banhados em rios de sangue. Meroke não ligava para isso, seus dois braços eram canhões de laser agora, esperando a próxima vítima. Que animal surgiria agora? Seria um bando deles?


Um homem nu cruzou a clareira sangrenta.


O sistema entrou em conflito primeiramente. Ele hesitou, aquilo era apenas um jogo, e seu perfil ativado era absolutamente pacíficio, mas a programação implantada criminosamente pela inconformada Cvalda foi mais forte.


Ele mirou e atirou, sem dó nem piedade, e uma cabeça rolou aos seus pés.




~