Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

The Big Machine 3 - Apocalipse 21


- Sofremos algumas baixas no nosso exército, são significativas. Os robôs deles são fortes demais. – disse a Ray Ann ciborgue para Saturno Revenge, enquanto seus dedos magros ligeiros digitavam os comandos numa velocidade incrível. Sua força sobre-humana e a sua velocidade talvez fossem consequência dos neurônios artificiais que foram instalados na coluna vertebral sintética, da cintura pra baixo, ela não era mais a mesma, não precisava nem usar calças se assim preferisse, como no exato momento. Para cobrir aquilo que lhe restava de humana, os seios, ela usava um top tão metálico quanto, que os segurava em formato de taça, tornando-a uma verdadeira garota robô turbinada. Ela não gostava muito daquilo, de toda aquela exibição, se sentia nua mesmo não estando. Ser metade humana e metade cibernética era perturbador, complicado, demorava-se um pouco para acostumar a não sentir o membro reconstituído, mas saber que ele está ali e ter poder sobre todos os movimentos dele. Ray ainda estava se acostumando àquilo, ainda não estava em total sincronia com as pernas novas, se levantar pelas manhãs era um grande martírio, mas com a prática vem o costume e toda essa evolução estava em andamento.
- Diga a eles para que tomem cuidado, eles parecem rústicos, mas são fortes e duros na queda – disse à companheira. – peça para que acertem diretamente na cabeça...
- É muito difícil controlar toda essa frota de robôs à distância? – pronunciou-se Chris pela primeira vez desde que voltara do resgate aos prisioneiros no estádio. Estava na grande sala de controle junto com os outros membros do Apocalipse Club, netos, avós e extradimensionais, em segurança e comunhão afinal. Todos completamente limpos e banhados, bem alimentados e devidamente vestidos nos novos uniformes colados ao corpo como uma segunda pele de borracha, com o símbolo do triângulo de três braços estampado no peito em linhas grossas e negras, sentados à mesa redonda flutuante numa congregação.
- É como jogar um RPG, só que a sua vida depende disso, de modo que fica mais sério! – riu a Fábia mais velha, de cabelos curtíssimos tingidos de roxo, fios tão brilhantes e sedosos, assemelhava-se ao cabelo de uma boneca japonesa das vitrines de Harajuku. Levantou seus óculos especiais pelos quais ela era olhos e ouvidos dos robôs lá fora e virou-se para Chris. Olheiras profundas e escuras deixavam seus olhos puxados sempre tão doces com uma aparência pesada e cansada, aquilo doía nele, na versão mais nova dela, e em sua neta. As três “Fábias” estavam sentadas uma ao lado da outra, eram exatamente idênticas, alguma coisa sempre mudava no rosto, o formato, as orelhas ou os olhos, mais fechados e mais abertos em uma do que na outra, mas a essência da pessoa era a mesma. Três gueixas rechonchudas se esforçando para vencer essa guerra. Duas de cabelo curto e psicodélico, uma de longas madeixas maltratadas e onduladas.
- Poderia dar óculos como estes a cada um de nós, assim poderíamos lutar em conjunto! – sugeriu Chris, todo animado.
- Nem pensar! – esbravejou Saturno. – Colocaria em risco todo um plano de guerra, vocês não estão preparados para operar esse sistema ultra tecnológico, já elas duas, praticamente criaram os controles e códigos de comando...
- Então porque você nos chamou aqui?! – Maxine arredou sua cadeira para trás e levantou-se, estava brava por ficar recebendo ordens daquele homem estranho. Na técnica ele era seu avô, mas não ali e não agora, de modo que portar-se daquele jeito para com ela era inadmissível. Maxine tinha gênio forte e espírito de liderança, não suportava ficar por fora dos pormenores e dos detalhes, e era exatamente isso o que aquele homem, Saturno, estava fazendo com eles, que sofreram durante três meses e lutaram sozinhos sem nenhum armamento digno para agora serem tratados como reles resgatados. Eles eram o Apocalipse Club! Eles tinham de fazer parte da queda do império de Alberta e suas comparsas também!
- Estamos com problemas. – fez ele, sério, olhando por cima dos grandes óculos escuros que o proporcionavam a visão dos robôs no campo de batalha e o controle total sobre eles.
- Mas nós sempre estamos com problemas, somos o Apocalipse Club! – Haruno cruzou os braços.
- Nos encrencamos do nível de coordenadoras megalomaníacas até robôs gigantes assassinos, o que você esperava? – pronunciou-se a Ray da nossa dimensão.
- Sim, mas dessa vez a coisa é séria... – Saturno retirou seus óculos e entregou-os a um robô serviçal que passava por ali. Era a primeira vez que muitos deles viam aquele homem, Christopher Umbrella de outra dimensão, sem os óculos escuros. A semelhança era incrível, exceto pela falta das bochechas rosadas e de todo o tamanho, perto do Christopher original ele parecia esquelético. Abatido, magro e de olhos fundos, era uma visão assustadora de um futuro que poderia ter acontecido se algo não tivesse sido feito pelos apocalípticos há um ano atrás. – de algum modo, a central de The Big Machine teve acesso às nossas informações sigilosas, Carmen sabe que estamos nessa dimensão e está vindo para cá.
O burburinho começou alto, olhos saltados, maxilares arriados, bocas abertas e comentários nervosos passados de orelha a orelha. Parecia uma reunião de fofoqueiros. Christopher sabia o que havia acontecido, ele e Ray Ann sabiam muito bem que havia dois traidores ali entre eles, Pietro e Augusta da outra dimensão eram agentes duplos, serviam à “Carmen” que na verdade era controlada pelo Dr. Maurice, o verdadeiro mentor de The Big Machine. Na certa eles haviam batido a informação para o outro lado assim que souberam do que se tratava aquela visita interdimensional, talvez até tenham sido eles que acionaram as Células para irem verificar a queda do DeLorean no deserto. Tanto que Pietro apareceu logo depois para ajudá-los. Mas nada podia ser revelado naquele momento, nada podia ser dito, ou então todo o curso da história seria alterado e eles estariam perdidos.
Foi de repente, eles foram pegos de surpresa por um apagão repentino da sala de controle da nave. Uma enorme tela holográfica surgiu da escuridão diante deles, brilhando num azul fosco como turquesa, cor de sabonete. Nesta tela falsa colossal surgiu o rosto de Carminha, de um azul-pálido espectral, olhos brancos sem pupila e longos cabelos esvoaçantes que flutuavam ao redor de seu rosto de rata como se ela estivesse embaixo d’água. Tinham vida própria como as serpentes de medusa, ela parecia mais uma leoa fantasma do que um ser humano. Se é que ela ainda era humana. Cabos finos conectados a várias partes do seu cocuruto subiam na tela até perderem-se de vista, provavelmente era por onde ela controlava a torre através de impulsos cerebrais.
- Apocalípticos! – disse a voz eletrônica, fina, com a gravidade do chiado de um esquilo, mas alta e aguda, como se um extraterrestre ali os falasse. – quem vos fala é a soberana Parafuso, cérebro de The Big Machine!
- O que você está fazendo nos nossos sistemas?! – gritou Saturno. – como conseguiu se infiltrar?!
- Acalme-se Christopher Umbrella, desta vez, infelizmente, temos um inimigo em comum! – falou a voz, sem que ela sequer mexesse a boca.
- Quer dizer que você vai ficar do nosso lado?! – exclamaram Ray e Fábia em coro, largando os controles e retirando os óculos especiais do rosto.
- Não vou ficar, já estou! O que acontece nesta dimensão afeta a todas as outras, acredito que pelo menos isso vocês já saibam!
- Claro que sabemos! – exclamou Saturno – só estamos surpresos de você estar nos ajudando, pensei que você nos quisesse mortos!
- E quero! Mas não agora e nem aqui! – riu a voz eletrônica. – esta tal Alberta Veronese quer ser mais poderosa do que eu! E isso é completamente inadmissível! Eu sou a única soberana por aqui, e para poder reinar com todo o meu poder, preciso derrotar meus rivais, e no momento vocês estão em segundo plano, apocalípticos, sintam-se sortudos por isso!
Fez-se silêncio por alguns segundos.
- Já que ninguém tem nenhuma objeção contra a minha pequena ajuda, estarei enviando uma tropa inteira de Kabuto-boots para a dimensão de vocês, acompanhada de três Aranhas-de-Tróia contendo um batalhão inteiro de Células dentro de cada uma delas! Creio que isso é o bastante! Não posso deixar que nada aconteça ao mundo do presente, ou então o meu futuro de imperatriz jamais existirá! – a conexão foi encerrada bruscamente, a tela azul apagou-se e sumiu, deixando um espectro holográfico no ar de lembrança. A sala de controle acendeu-se aos poucos, as lâmpadas no teto que formavam o desenho triangular símbolo do Apocalipse Club piscaram uma a uma até completarem-se acesas. O silêncio era mortal.
- Espera aí... – pronunciou-se o Pietro da nossa dimensão. – os Kabuto-boots não são aqueles besouros gigantes de melissinhas?!
- São sim – respondeu Fábia – por quê?
Ele apontou para frente, para o vidro de proteção frontal da cabine principal, a cabeça da joaninha metálica gigante. Todas as cabeças giraram em direção à paisagem ao mesmo tempo, para depararem-se com um enxame de robôs dourados em forma de besouro que surgia por entre as nuvens, estalando suas engrenagens e batendo suas asas com força em direção à cidade. Mais ao longe vinham três colossos de metal, possuíam bem mais de 15 andares de altura, suas longas pernas davam o impulso que seu estranho corpo precisava para se locomover, equipadas com lasers poderosos e metralhadoras potentes, já vinham executando seu serviço, atirando contra os grandes macacos que tentavam escalar as suas oito patas aracnídeas. Graças à guerra que estava acontecendo na cidade, a tropa de DK’s espalhada pelo estado afora voltou para a base, para a cidade, atraída pelo pedido de reforços daqueles que foram perdidos e destruídos pelas brocas dos dois modelos primários do AR53-N4L, robôs ultra tecnológicos e super-resistentes a altas temperaturas e grandes impactos, projetados exclusivamente para o campo de batalha, eram maiores que tanques de guerra e superavam significativamente em tamanho aos DK’s.
- Nós vamos conseguir, vamos conseguir sim! – Chris fechou o punho e levou ao peito, seus olhos já rasos d’água. Fábia Paola e Ray Ann deram as mãos e se abraçaram. Ivan, o namorado da primeira, envolveu as duas em um único abraço com seus braços longos. Max e Fernando se beijaram, Tifa e Miguel se entreolharam tímidos enquanto Gabrielle apertava a mão do avô com força. De algum modo, no final daquele momento, todos os apocalípticos estavam de mãos dadas, olhando para o horizonte em caos, repleto de cortinas de fumaça, torres de chamas e raios de lasers que atravessavam o céu em intervalos curtos de tempo. Explosões salpicavam aqui e ali. Mas eles estavam juntos, unidos, fortes como nunca, e nada poderia separá-los, nem a vaqueira mais malvada do mundo e muito menos a bruxa mais maligna da face da terra. Eles eram o Apocalipse Club!
Uma risada entrecortou o silêncio como um bacilo malicioso invasor. Os rostos viraram para a porta. Robert, o capataz de Alberta e seu avô, a versão adolescente dele naquela dimensão, estavam parados em frente ao triângulo branco do vão que era a passagem para a sala de controle. Dessa vez as semelhanças eram praticamente nulas. Não havia diferença de avô para neto. Exceto que o neto, mais velho, vindo do futuro, possuía muitas cicatrizes no rosto, mas fora isso, o cabelo cacheado, o rosto magro, o pescoço fino, as sobrancelhas grossas, os olhos maliciosos e o pomo de adão protuberante davam a falsa impressão de que os dois eram gêmeos idênticos. O mais velho usava um longo manto negro, o mais novo, o uniforme colado dos generais em seu corpo musculoso e bem torneado de atleta. Era a dupla perfeita.
- Fiquem unidos enquanto podem, Apocalípticos. Sua hora chegou! – os dois se entreolharam e puxaram suas armas, quatro ao todo, uma em cada mão, e iniciaram uma saraivada de tiros ininterrupta que estourou vidraças, ricocheteando nas paredes e explodindo nas lâmpadas do teto, deixando a sala completamente escura. Exceto pela luz parca que vinha do lado de fora, através dos olhos da joaninha gigante. Todos os apocalípticos haviam desaparecido na escuridão.
- Onde vocês estão, seus vermes?! Saiam! – gritou o Robert mais velho.
- Não tentem nenhuma gracinha, ou então explodimos essa nave com todos esses resgatados inúteis dentro! – continuou o mais novo.
Maxine e Fernando se entreolharam na escuridão. A aventura havia então chegado ao fim? Alberta Veronese realmente sairia dessa ganhando, como sempre acontecia? Não, não dessa vez. Os Apocalípticos encontrariam uma solução, nada estava perdido, não enquanto Maxine Fernandes vivesse.





Continua...




Capa desenhada por mim,

colorida no paint e

editada no photoshop,

que acharam?

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