Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

The Big Machine 3 - Apocalipse 13


Augusta meteu a mão na maçaneta, Miguel empurrou-a.
- Abre essa porta! Abre! Temos que salvar os outros! A Fábia tá aí do outro lado, a sua avó também! Os meninos... Nós temos...
- Eles estão seguros! A Max e o Fernando vão cuidar deles...
Outra marretada do bastão-clava fez tremer as estruturas do prédio por inteiro, poeira e até mesmo pedaços de reboco desceram aos montes do teto, uma coluna estourou ali próximo e uma parede inteira veio abaixo não muito longe.
- Mas...
- Não! A nossa prioridade é encontrar a Máquina do Tempo, encontrando-a, todos estarão a salvo!
Outra marretada fez a porta vir abaixo.
- VOCÊS NÃO VÃO FUGIR DE MIM, SEUS RATOS! – gargalhou Lana, derrubando metade do galpão. Descargas elétricas causavam pane no sistema elétrico, água jorrava da tubulação quebrada, os Apocalípticos fugiam, atiravam às cegas, procuravam abrigo, choravam.
Desabalada carreira iniciou-se às cegas pelos corredores do prédio, procurando uma porta, uma saída, um esconderijo, uma luz naquela escuridão. A única luz que havia era da qual eles deveriam fugir, correr, pois agora, logo atrás, montada numa motocicleta reluzente vinha uma furiosa Lana Palafita, sacudindo sua clava no alto enquanto mais raios azuis atingiam o caminho por onde passava.
- Rápido pulem aqui! – uma mão branca estendeu-se no escuro em direção ao grupo em correria. Era Haruno, também montada numa estranha moto. Christopher teve a sensação tão estranha quanto aquela situação de já ter visto aquele veículo flutuante em algum lugar. Lembrava muito um tipo de platelminto, sua fronte era a cabeça em forma de seta, e seu corpo aerodinâmico prateado esguio reluzia num azul quase branco, luzes alienígenas escapavam dos dois “olhos” da máquina, os faróis.
- Mas de onde estão saindo todos esses veículos?! – gritou Augusta.
- Não pergunte! Apenas suba! Eu sei onde a Máquina do Tempo está! – subir numa Planária em movimento era um desafio, Miguel seguiu metade do percurso pendurado ao lado feito um chaveiro, já que ele nunca fora muito alto, de modo a deixar o veículo empenado para a esquerda. A clava passava perigosamente perto dele a cada curva, a cada guinada, a cada subida e descida, o prédio vinha desabando logo atrás, formando uma corrente de perseguição perigosa. Os escombros vinham descendo atrás de Lana enquanto ela própria acelerava atrás dos invasores da sua fortaleza, o quartel general para o qual ela foi incumbida, o qual ela prometeu proteger como à própria vida no dia em que foi amarrada pelo capataz de Alberta e hipnotizada pela própria numa das salas escuras daquele prédio, do mesmo jeito que aconteceu aos outros seis generais espalhados por Macapá inteira, tocando o terror e representando a ditadura da forma mais ameaçadora e intimidadora o possível. Com mão de ferro eles representavam Alberta da melhor forma, conquistando e transformado pessoas em meros zumbis serviçais.
- ARGH! – um grito ecoou. Algo acertou Lana em cheio.
- É a Fábia! A Fábia pegou a Lana de jeito! – gargalhava Augusta – Dá-lhe gordinha doida!
- Vai Fábia! Acerta essa vagabunda! – urrava Christopher. – acerta o orangotango de calcinha! Acerta!
Haruno não sabia se guiava a Planária ou gargalhava, por pouco não perdeu a direção e levou todos para a morte, direto na parede. Há menos de dois metros de distância, Lana sufocava entre os seios anormais de Fábia enquanto a própria acertava várias coronhadas na cabeça da vilã que rugia feito um animal revoltado, um verdadeiro babuíno irado se debatendo em cima do que parecia ser uma Planária de cor negra, também flutuante como a prateada montada pelos Apocalípticos em fuga.
- HARUNO! – após o grito de Miguel, todos saltaram da moto flutuante, antes que ele pudesse terminar a frase. O corredor enfim havia acabado, e o que antes era uma moto voadora futurística em forma de platelminto agora era um monte de ferro fumegante e retorcido, estourado no meio do salão que havia atrás do fim do corredor. Havia fumaça branca por toda a parte, poeira, escombros, tijolos e madeira pareciam chover, vários corpos se retorciam e tossiam em meio ao reboco, foi tudo muito rápido, toda aquela densa nuvem de poeira os impediu de ver o momento em que Lana capotou por cima dos escombros da parede e foi ao chão de boca, estourando os dentes da fileira da frente. Seu bastão-clava voou longe, caindo feito um meteoro no meio do salão de conferências da faculdade, abrindo uma cratera enorme e digna da queda de um. A maior descarga elétrica de todas iluminou todo o auditório, indicando a posição da Máquina do Tempo, e ela era exatamente como Christopher imaginava: um DeLorean, como em “De Volta Para o Futuro”, magistral, prateado e tão quadrado quanto o original, aerodinâmico para a época em que foi lançado no mercado. Arrepios e espasmos percorriam seu corpo conforme a densa poeira branca no ar, os restos mortais da parede e do piso, se dissipava. As faíscas azuis resultantes do curto circuito na energia do prédio que o impacto do bastão-clava causara iluminavam o corpo da máquina de modo espectral e de certa forma um tanto caótico, icônico, mágico, de modo a endeusar aquela raridade, tanto automobilística quanto científica. As lâmpadas fluorescentes falhavam, piscando num ritmo frenético, acendiam e apagavam transformando o ambiente destruído numa verdadeira danceteria do Apocalipse, uma batida eletrônica retumbava ao fundo dos tímpanos do jovem Christopher, 17, quase 18, seu sangue fervia. Era a adrenalina do momento.
Correu, correu como nunca havia corrido, tirou forças do além para saltar por sobre as cadeiras de estofado vermelho, rasgadas, retorcidas, destruídas e inutilizadas, amontoadas umas sobre as outras ao redor da cratera formada pelo bastão-clava que fumegava no seu fundo escuro faiscante. O DeLorean parecia chamá-lo, parecia ter vida própria, mesmo estando parado no palco para palestrantes, tinha um tipo de áurea sobrenatural, como se tivesse saído diretamente dos filmes de ficção científica para a pacífica e atrasada Macapá, as cortinas azuis que o emolduravam no seu pequeno descanso o tornavam quase uma divindade, talvez fosse culpa da sua capacidade, de cruzar a linha temporal, a linha do possível, a linha do real, a linha das possibilidades tangíveis e lógicas. Miguel já estava lá perto, abrindo a porta com a mesma arma que deu fim às câmeras de vigilância, testando o painel e fazendo ligação direta.
- Vamos! Entrem, entrem! – gritava, fazendo sinal para aqueles que viajariam entre as dimensões. Augusta tentava acordar uma Fábia desmaiada enquanto Pietro certificava-se se Lana ainda estava viva realmente: parte do teto havia caído em cima dela e apenas uma das suas mãos eram visíveis para fora dos escombros. Aos poucos o restante do grupo foi aparecendo, Maxine e Fernando davam o ombro à Haruno que havia torcido o pé, enquanto Ray Ann apenas observava aquela situação impossível, catatônica.
- Precisamos sair daqui, os gorilas estão vindo... – sibilou Fernando para Maxine. – vamos acabar exatamente como ela – apontou para a mão retorcida de Lana Palafita, entre dois pedaços de concreto. O céu estrelado se estendia sobre a cabeça deles, invadindo através do rombo enorme que a batalha havia causado, resultado do choque da planária negra de Lana com uma das colunas que sustentavam o auditório. Um vento gelado entrava por ali, agora a poeira era praticamente invisível, dissipada por completo. O prédio estava prestes a cair, e o tremor de terra, sinal dos gorilas chegando, só aumentava os riscos de estar ali.
Christopher e Augusta observavam à cena com lágrimas nos olhos. Porque tudo aquilo estava acontecendo? O DeLorean alçou voo, levantando a poeira que já havia baixado, estavam deixando para trás os seus amigos, estavam deixando seus irmãos de coração à mercê do perigo, da morte, deixando-os por suas próprias contas. “Maxine e Fernando vão protegê-los”, disse Miguel antes de fechar a porta “não se preocupem, eles são o nosso futuro, a razão da nossa existência, só estamos vivos agora porque vocês estão à salvo”. Augusta levou as mãos ao rosto para limpar os pingos de cristal líquido e salgado que escorriam dos cantos de seus olhos, molhando suas bochechas fofas e macias, deixando o rosto da bonequinha quente e vermelho, como uma cachoeira de emoções. Miguel beijou suas faces. “vai ficar tudo bem, acreditem em mim... Olha só, já programei tudo, não mexam nesse painel em hipótese alguma! A não ser que queiram ir parar num mundo onde formigas mutantes gigantes vivem, e acabar virando almoço delas!” fez uma careta engraçada, Christopher riu. Miguel pegou a mão do rapaz e beijou-a “confio em você cara, vai lá”. E fechou a porta.
O DeLorean voou para a abertura no teto, atravessando-a. Do alto, os três viajantes dimensionais que em poucos segundos estariam partindo para o desconhecido viram o exército de gorilas-robôs que se formava ao redor do prédio semi-destruído. Augusta tapou os olhos, Christopher virou o rosto. Apenas Pietro aguentou a cena, talvez ele nem sequer estivesse entendendo o que estava acontecendo de verdade, ele era lento às vezes. Será que todos estariam vivos quando eles voltassem?



Fim do Apocalipse Treze!
vou confessar que...
eu tava guardando essa foto
pro último capítulo
não deu >:

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