Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Monstro


Nem me perguntem o que andei fazendo estes últimos dias enquanto estive fora, a escola andou me tomando grande parte do tempo e eu estou completamente obcecado pela saga extraordinária e secular do Vampiro Lestat, escrito pela brilhante e geniosa Anne Rice, que soube muito bem como colocar tudo o que eu amo só num livro... Minto, num só não, numa série cheia de mistério, paixão, beleza, arte e sangue. Misto perfeito do excêntrico, do macabro, da beleza na morte, da essência do que é a vida, a extravagância, a benção e a maldição de viver para sempre, acho que esse livro tem influenciado muito, nos meus poemas reflexivos e nos meus desenhos principalmente, combinado com o som de The Fame Monster, aí já viu, o que nasce do casamento desses fatores é uma série de obras de artes belas, mas ao mesmo tempo assustadoras, macabras. Adoro isso, leio o livro e sinto que deveria ter nascido naquela época, sinto que deveria ter nascido no final do século XVIII, só pra experimentar aquelas roupas cheias de babados, o prazer de andar de nariz em pé, o prazer de sentir que a vida é só minha e que ninguém vai se importar muito com o que eu faço dela. Gostaria que fosse assim hoje em dia. Se bem que acho que as pessoas só se preocupam tanto com a vida dos outros aqui nesse fim de mundo, acho que o problema da minha vida é Macapá. Não é nem Macapá, são as pessoas idiotas que vivem aqui, parece que ninguém deu educação a ninguém por aqui, nem em Laranjal do Jarí me torram tanto a paciência quanto aqui, e olha que lá é interior...
É fato que uma vez um tiozinho quase caiu da bicicleta certa vez quando eu passeava na rua por lá, mas tudo bem, agent releva, afinal, acontece... rs.
Tanto faz, o que acontece é que eu to morrendo de saudade do aconchego de todas aquelas pessoas ao meu redor, do calor que eu sinto quando eu estou em Laranjal, na casa do meu pai, rodeado pelas meninas, pela tia Ana, pelo Kayan. E também de quando estou na casa da tia Adma, com a Jamile, o tio Gerson, o Tonho, a família que me acolheu e que é meu grande refúgio do mundo até hoje, e eu posso remontar a tempos bem mais distantes, tempos de Jamile, Brenda, Marcus e Raíssa, ou mais longe ainda, tempos de Rainá. Enfim, to sentindo falta de um xamego, rs.
A mamãe vai chegar daqui há pouco, vou pedir um abraço e vai ficar tudo bem.
*3*
Abraço de mãe resolve tudo, que delícia né gente?
Bem, o ocorrido de semana passada agora me parece somente um espectro, um fantasma de uma lembrança que não é minha, algo que eu pesquei de algum filme ou novela e que ficou um bom tempo na minha cabeça, me induzindo a fazer milhares de deduções sobre o que poderia ser feito a respeito, mas afinal eu decidi tocar a minha vida pra frente quando uma pessoa transmitiu a mim a seguinte mensagem:
"ela disse que pra ela tanto faz '-' "
O que significa QUE pra ela nossos momentos juntos não significaram muita coisa, foi um empurrão e tanto pra eu tirar qualquer peso que eu tinha na consciência, e agora é pra mim que tanto faz. Tenho gente mais importante e mais CONSTANTE que me quer muito melhor do que qualquer um que eu encontre dentro de uma sala de aula.
E assim acabou. E estamos todos bem e muito felizes, obrigado!
O dia foi um cocô, mas tudo bem, porque eu encontrei pessoas maravilhosas, tive conversas maravilhosas, dei risadas maravilhosas e mitifiquei a mim mesmo milhares de vezes no pensamento em um surto de Mania. Às vezes acho que ela me passou um pouco da Bipolaridade que ela tinha, o que me faz pensar... Problemas emocionais passam de pessoa pra pessoa? É algo a se pensar, e a se estudar.
Às vezes fico pensando em me vingar, às vezes fico pensando nas coisas que posso ou não fazer, às vezes fico pensando que vou repetir o terceiro ano e isso se torna quase uma certeza e me deixa com certo medo, mas se caso isso acontecer, adeus Brasil e olá Haiti.

Às vezes vejo a minha arte como um grande monstro, um monstro perigosíssimo e sanguinário, confinado na gaiola que essa cidade calorenta é, e sem nenhuma esperança de fuga, me sinto preso, sinto na minha alma uma fera acorrentada, uma fera em quem atiram frutas e pedras o tempo todo. E enquanto o ônibus Buritizal-São Camilo faz a curva numa esquina, saindo da Avenida FAB, imagino esse monstro se soltando da corrente para correr o mundo, se alimentando da alma e da essência do que é belo e do que é magnífico, alimentando-se da música, do conhecimento, da arte e da cultura. Meu monstro interior está faminto por liberdade e por poder. E ao se soltar das correntes, tenho certeza de que irá dominar o mundo. Foi basicamente isso o que eu disse ao Anderson, meu amigo de infância que retornou à escola após alguns anos, enquanto conversávamos sobre um desenho meio macabro que eu havia feito, porém com um ar de divindade, de santidade e de sacramento, mais um dos meus monstros interiores, um deus de mim mesmo. Mais uma das vozes que conversam comigo à noite na escuridão do meu mundo. Falávamos sobre como uma única imagem, uma cena, um filme ou uma música acabam nos deixando amplamente inspirados, serve como uma espécie de droga, alucinógeno, que nos põe pra cima, no pontinho para enxergar todas as possibilidades do futuro, e do quanto tudo pode ser grandioso e magnífico, e aquele desejo faminto pelo poder, por dominar o mundo.
Rimos juntos disso. Como é estranho encontrar alguém que tem a mesma sensação estranha que eu tenho.
Eu poderia comer arte, respirar a arte, viver somente dela. Poderia largar tudo pela arte se meu futuro e meu sucesso fosse certo, e com o meu poder eu esmagaria a cabeça de todas as serpentes que silvam pra mim quando eu atravesso a sala de aula.
Parece tudo tão brilhante e grandioso.
Às vezes eu fecho meus olhos e imagino tantas possibilidades. Acho que isso vai acabar me matando um dia.
Mas e então? Como fica meu monstro? Se eu não sonhar com a arte, ele vai passar fome, e é capaz de, num acesso de raiva, ele dilacerar-me por dentro.
O que fazer a respeito?
Agora eu finalmente entendo, entendo o que Lestat queria dizer com a beleza ser mortal, perigosa, agressiva, agora entendo o significado da expressão Jardim Selvagem...
Como se alguém lesse isso...

ANTONIO FERNANDES

I
WANT
MORE
TO
FEED
MY
POP
HEART
imagens:
1 - Capa (brasileira, editora Rocco) de Vampiro Lestat.
2 - Minha criação favorita de Alexander McQueen.
3 - Lady GaGa e seu estilo excêntrico.
4 - a cantora islandesa Björk encarnando um fauno.
5 - o monstro que vos fala
:)

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