Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Mamãe


Então, dia 18 de Janeiro completei 18 anos com um café da manhã delicioso levado na cama pelas meninas e um churrasco pela parte da tarde preparado com todo carinho pela tia Ana. Foi um dia bem comum aliás, e como não poderia fugir à regra de todos os anos, fui abençoado com a chuva da tarde que sempre cai no mesmo horário em que eu nasci, às 2:40! Contando assim ninguém acredita, mas todo ano chove no meu aniversário, repetindo o feito do dia 18 de Janeiro de 1993 (mamãe conta que caiu um aguaceiro danado naquele dia).

Agora, oficialmente, tenho 18 anos e sou legalmente responsável pelos meus atos, então ninguém mais pode me impedir de fazer a tatuagem e nem colocar o piercing. O lado ruim disso é que agora eu posso ser preso ou processado por qualquer coisa que eu faça, infelizmente. Mas é a vida né, fazer o quê!

Pra falar a verdade, ainda estou relutante em aceitar essa maioridade, sinceramente, ainda não estou preparado pra assumir tanta responsabilidade assim. Acho que tudo passou tão rápido pra mim, a sensação que eu tenho agora é de não ter aproveitado boa parte da minha infância e da adolescência, é aquele momento da vida em que nós paramos pra pensar e, poxa, eu era feliz e nem sabia! Conversei bastante com a mamãe na terça e contei pra ela tudo o que sentia a respeito de fazer 18 anos, e a conclusão a que eu cheguei é que, realmente, vai demorar um pouco pra eu me acostumar a essa ideia. Ela própria me disse que não acredita e também não aceita que tem um filho de 18 anos! Mãe é mãe né, eu vou ser sempre o bebê dela. Mas a verdade é que eu não sou mais um bebê, apesar de eu relutar com essa realidade com todas as minhas forças. Eu me sinto desprendido, solto, como uma folha seca ao vento agora. Até as saudades que eu sentia de casa, dos braços da minha mãe, quando eu viajava e passava tanto tempo fora, não é tão forte quanto a que eu sentia antes.

Uma vez perguntei à mamãe como ela conseguia suportar a ideia de que a vovó estava velha e que poderia morrer um dia, perguntei a ela como ela podia suportar a ideia de viver sem a mãe dela, suportar que um dia vovó teria de partir e ela ficaria ali, sozinha. Porque para mim isso é mais do que um martírio, eu simplesmente não consigo me imaginar sem a minha mãe por perto, segurando a minha mão o tempo todo, não consigo (por isso que eu digo e torno a dizer: não estou pronto pra crescer, não mesmo), pra mim seria a morte de um pedaço de mim, seria o fim, a pior coisa que poderia me acontecer.

Mamãe apenas suspirou e passou a mão nos meus cabelos.

Ela disse que um dia todos nós crescemos. Mas isso não quer dizer que deixemos de gostar das nossas mães ou que a esquecemos, não, muito pelo contrário, elas sempre estarão ali perto, no coração, na memória. A figura materna é muito forte e deixa a alma marcada pra eternidade, mas com o tempo você tem de lidar com os seus próprios problemas, e certas coisas você vai ter de resolver sozinho, e quando você perceber, não vai mais precisar da mão da sua mãe a todo momento, já vai estar acostumado a resolver tudo sozinho. É claro, vão haver situações em que só um abraço de mãe é a solução, como um coração partido por exemplo, mas na maioria das vezes você terá de fazer tudo sozinho. E quando perceber que for capaz de bater as suas próprias asas, vai se acostumar à ideia de tocar a sua própria vida. É a ordem natural das coisas.

E quando chegar a hora da mãe partir, a dor vai ser grande, mas não insuperável, porque agora você já tem uma vida, problemas pra resolver e coisas pra se preocupar como filhos ou negócios. Mas a figura materna, essa jamais será apagada, estará pra sempre na memória.

Pensar assim ainda é um pouco doloroso pra mim, mas com o passar do tempo vou acabar aceitando, como aceitei que nunca serei famoso nem em um milhão de anos. Mas vai acontecer, vai chegar o momento da aceitação.

Depois de tudo o que eu vivi, em síntese, cheguei à conclusão de que a vida é isso mesmo, aceitar, se conformar, porque tudo passa um dia. Pode parecer triste no momento, mas depois de um tempo a dor passa e tudo fica bem. Bom, pelo menos parcialmente bem.

Dia 19 de Janeiro, fui pego de surpresa por uma infecção intestinal fortíssima da qual ainda estou me recuperando, passei o dia inteiro de cama (por isso não postei nada ontem), me retorcendo de dor feito uma toalha viva, vomitei aos borbotões (eca, nojento, não precisava entrar em detalhes!) e passei parte da tarde jogado no chão do banheiro. Acredite se quiser, eu não vomitava desde que tinha oito anos de idade! Foi quando tive a última infecção intestinal forte...

Hoje já consegui comer alguma coisa, tomar um suco, uma sopa, comer umas uvas... Mas ontem, por um instante, pensei que fosse MORRER! Nunca senti tanta dor na minha vida. Fui na farmácia com a tia Ana e voltei com uma penca de remédio pra tomar, quase que me receitaram a farmácia inteira! As horas de dor e agonia que passei são indescrítiveis, acredito que isso pagou todos os meus pecados, viu...

Mas, agora só estou um pouco fraco, com um pouco de dor de cabeça e náuseas, mas o remédio controla um pouco os sintomas. Por ironia do destino, mamãe nem sabe de nada ainda! Olha só, será que eu estou me virando bem sem ela? Não, porque se dependesse de mim mesmo, morreria deitado naquela cama, não tinha forças nem pra respirar direito, se não fosse o pessoal trazer remédio, comida, água, eu já tinha falecido há umas sete horas atrás!

Tudo bem, chega de drama. Agora é respirar fundo e começar a ajeitar as coisas, domingo estou voltando para casa, resolver alguns problemas de documentação e essas coisas. Será que eu passei na UNIFAP? Dia 22 sai o resultado, e aí eu vou ter de escolher entre as acomodações do CEAP ou aquele campus mal-iluminado e abandonado da UNIFAP... É, mas em compensação eu não tenho de pagar nada lá! Mas enfim, isso é assunto pra outro tópico!


xxxo


Louie Mimieux

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