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sábado, 29 de janeiro de 2011

The Big Machine 3 - Apocalipse 9 - O Começo do Fim



"Nos primeiros dias de sítio, o batalhão do exército residente foi completamente liquidado pelo robô-macaco gigante e seu exército de gorilas de titânio controlados via Wi-Fi por Alberta Veronese.

Os dias seguintes foram torturantes, angustiantes e desesperadores, os gritos vinham de todas as partes. Pessoas de carne e osso como nós estavam sendo tratadas como animais. Eram forçadas a tirarem suas roupas e em seguida eram escoltadas pelos robôs-macacos em grandes rebanhos de gente para dentro dos Estádios do Zerão e Glicério Marques, feito um novo holocausto, os berros de agonia eram acentuados por aproximadamente 15 minutos atrás dos muros altos. Aos poucos eles se calavam, dando origem ao som do pisoteio dos “zumbis”, como os chamamos, em marcha para servir à Alberta.
Capturamos uma das vítimas dos Estádios da Morte, e Gabrielle constatou a lavagem cerebral sofrida pela cobaia. Isso mesmo, lavagem cerebral em massa estava sendo realizada nos principais estádios desportivos da cidade, dando origem ao exército de zumbis hipnotizados, sem sentimento algum, com apenas um único propósito: servir à S.U.J.A.
Pessoas de todo o estado eram trazidas em grandes gaiolas prateadas, como um tráfico de animais às avessas, era mórbido ver os comboios passarem pelas ruas assim que o dia raiava.
Em uma semana de sítio, o Estado estava completamente conquistado, sendo protegido em suas principais fronteiras por homens fortemente armados e robôs poderosíssimos. Pelo fato de o Estado ser isolado do resto do país, sem ligação alguma por terra, foi muito fácil conquistá-lo destruindo o aeroporto e as pistas de pouso território afora e impedindo a população acuada dos interiores de fugir por meios fluviais. Todas as embarcações existentes foram destruídas, até mesmo aquelas que já estavam a meio caminho do Pará ou das Guianas. As pessoas do outro lado das margens dos rios, em Monte Dourado, Caiena e São Jorge, observavam àquelas cenas com assombro e espanto. Os gorilas robóticos eram ágeis e muito fortes, armas convencionais como tanques de guerra ou bazucas não tinham efeito algum sobre eles.
Em duas semanas de sítio, o Exército Brasileiro, a Marinha e a Aeronáutica tentaram reconquistar o Estado, sem sucesso. Os robôs pareciam prever cada movimento das estratégias federais de invadir o território. Maxine suspeita de que Alberta já esteja infiltrada nos computadores das bases do exército nos estados mais próximos, ou talvez esteja monitorando o espaço aéreo e fluvial através dos radares potentes provenientes dos robôs-macacos.
Com um mês, a situação já estava mais tranquila, a cidade nunca estivera tão calada. Em meio às ruínas de Macapá, a paz reina suprema de uma forma nunca antes vista, porém o cheiro de cinzas, sangue e poeira ainda é forte. Passamos então a estratégia de Fernando: recolhemos alimentos e armamento deixados para trás pela guerrilha civil, invadimos as lojas do centro comercial e furtamos grande parte do estoque de roupas, tudo à noite, é claro.
Neste meio-tempo, já possuíamos um bom número de refugiados escondidos conosco no interior da Fortaleza de São José de Macapá, entre eles amigos, parentes, conhecidos. Nossas famílias estavam todas sãs e salvas, hospedadas nas casas-mata, antes destinadas ao alojamento dos soldados portugueses que protegiam a fronteira das invasões francesas e holandesas bravamente. Vivíamos em estado de alerta, sussurrando uns para os outros no escuro. A situação era angustiante, mas deparar-se no meio de uma guerra, sem regras ou limites, nos trazia uma estranha sensação de liberdade, era pura adrenalina. Casas e lojas livres para serem vasculhadas, prédios inteiros evacuados, hotéis com a comida requintada ainda quente e muito bem conservada, supermercados e comércios inteiros para serem explorados.
A água que saía das torneiras era imunda, mas era a única que tínhamos. A festa era grande quando conseguíamos galões de água mineral. Duravam poucas horas. Com dois meses de buscas organizadas e algumas baixas no nosso grupo de resistência à ditadura, ainda não havíamos encontrado sequer uma pista que levasse ao covil, ao cérebro comandante daquele pesadelo coletivo, à central da S.U.J.A.
Muito me preocupava a minha avó, que entrava em depressão aos poucos, e a minha mãe e a minha irmã, que choravam todas as noites. Papai estava desaparecido até então, mas eu sabia que ele estava vivo. No final daquele mês, grandes acontecimentos nos deixaram em estado de comoção geral: Papai fora encontrado, sem a memória, mas vivo, e minha amiga, irmã, amor, Haruno, foi encontrada também. Melhor dizendo, ela veio até nós através de boatos que corriam pelos grupos de nômades e refugiados sobre o grupo liderado por pessoas que vieram do futuro, que vivia no interior da Fortaleza.
Ela nos trouxe duas grandes notícias, uma boa e outra nem tanto:
A boa era que ela sabia onde ficava o covil de Alberta Veronese e seus pupilos. A outra era que o Presidente estava negociando com os EUA uma invasão ao território do Estado pelo poderoso exército americano, porém a troca era injusta e imperialista: eles limpariam o Estado do Amapá, porém se estabeleceriam na região por tempo indeterminado. Mais uma desculpa dos americanos para roubarem a Amazônia. Tinham em mente fazer o mesmo que fizeram com o Oriente Médio, com certeza. Chegar com a proposta de fazer a paz e se estabelecer para sugar todo o petróleo feito vampiro de combustível fóssil.
Restava então à Haruno nos guiar até a central da S.U.J.A. para que possamos encontrar a Máquina do Tempo, atravessar para a outra dimensão e pedir ajuda às nossas versões alternativas... Mas a questão era a seguinte: a Máquina do Tempo realmente existe? Saberemos..."


Christopher Umbrella
Dezembro de 2010

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