Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

domingo, 23 de janeiro de 2011

The Big Machine 3 - Apocalipse 7


- Espera um instante... – Chris levou a mão à boca e franziu as sobrancelhas, olhou de um rosto para o outro e percebeu que ali, no canto mais distante da cave, estava Ezequiel, o irmão de Fábia, sentado e olhando para o vazio, parecia mais uma estátua. - Nós percebemos que havia alguma coisa errada quando as ruínas de Macapá sumiram, e consequentemente o Apocalipse Hall...
- A nossa mansão?! – gaguejou Pietro ainda tonto – ela existe mesmo? O Nosso projeto saiu do papel no futuro?
- Saiu sim, mas isso não vem ao acaso! – Maxine abanou a ramificação da conversa com um movimento rápido da mão, como se o assunto fosse algo material. – E então na manhã seguinte nos acordamos num mundo onde metade da população é escravizada por três generais ditadores que...
- Espera aí, deixa eu adivinhar! – Pietro levantou a mão para falar – esses três ditadores são Alberta, Velma e Úrsula, estou certo?
Maxine calou-se, tensa.
- Eu sabia! – riu ele. Pietro não sabia o porquê, mas aquela história de voltar no tempo e alterar o passado lhe era familiar. Todos ali estavam sofrendo um Dejà Vu estranho naquele momento, era como se eles já houvessem vivido aquilo, ou pelo menos escutado a mesma história em outros tempos, tempos estes imemoráveis, pois o esforço era grande para relembrar, mas nada vinha à cabeça. Talvez o nervosismo os impedisse raciocinar direito ou aquela loucura toda acontecendo na pacata Macapá estivesse mexendo com os pobres adolescentes.
- Eu sei por que isso parece familiar a vocês... – começou uma Maxine muito nervosa, outra vez. – já aconteceu antes... Eu sei que isso parece meio sem pé nem cabeça, mas é a verdade... O ano de 2009 sofreu uma alteração certa vez também, gerando uma realidade alternativa onde a amiga de vocês, a Carmen Parafuso, é a imperatriz mundial...
- O QUE? A CARMINHA?! – gritaram todos em coro. Pietro largou sua gargalhada magistral, sacudindo as paredes da cave. Os adultos permaneceram sérios e impassíveis.
- Sim, a Carminha... Este mundo onde a Carminha é a imperatriz trata-se de uma ramificação do mundo de vocês, assim como o futuro alternativo onde o “trio parada dura” é quem comanda! Vocês estão me entendendo?!
- Ai, minha cabeça – chiou Ray Ann. Aquilo era demais para ela. – isso só tá ficando cada vez mais complicado...
- Parece familiar a vocês, principalmente ao Pietro, a Chris e à Ray porque vocês foram levados para essa realidade alternativa e ajudaram a destronar a Carmen... – ela atravessou a cave, indo para a luz da entrada de ar. – Consequentemente descobriram que na verdade era o Doutor Maurice Lispector o verdadeiro ditador por trás da imagem dela. Mas a memória de vocês foi apagada, por isso que não lembram da situação em detalhes, mas seus cérebros registraram e sabem que algo igual foi vivido! – Maxine parecia até sorrir para tentar acalmar o grupo de jovens e ajudá-los a entender o que estava acontecendo, não estava funcionando muito. As reclamações vieram logo em uma avalanche de exclamações, gritos e questionamentos sobre aquilo. Sem outra saída, ela teve de fazer um desenho no chão, usando o lodo como quadro branco onde seu dedo era o pincel. O grupo inteiro se amontoou ao redor da mulher que rabiscava feroz na pedra, menos Fábia, que continuava dormindo feito uma pedra. Já era hora de verificar o pulso dessa criança...
- Tudo bem, pessoal, imaginem que essa linha é o tempo. – começou ela.
- Isso está torto. – retrucou Ezequiel, sério.
- Não precisa ser perfeito, tudo bem?! – bufou uma Maxine irritada. Aquele garoto não falava nada, e só abrira a boca até agora para criticar, só podia ser brincadeira mesmo. – nessa extremidade está o presente, o mundo de vocês, entendem?
- Esse ovo é o nosso mundo? – perguntou Ezequiel, ainda sério. Ele não parecia estar brincando, tanto que estranhou os olhares tortos de seus amigos e dos adultos do futuro.
- Sim, essa bola é o mundo de vocês... – Max já estava perdendo a paciência. – essa outra bola é o futuro, o nosso mundo! – num ponto próximo a extremidade que representava o futuro ela puxou dois traços, um para cima e outro para baixo, formando um tridente.
- Ei, olha! É o garfinho do diabo! – riu Ray Ann, apontando para o desenho.
- Tudo bem, vovó, tudo bem! – Miguel deu três tapinhas amigáveis nas costas da garota. Ela olhou para ele desconfiada.
- Coitada... Já era caduca desde essa idade... – riu Fernando, bagunçando os cabelos escuros da avó com sua mão enorme.
Ray deu um tapa na mão com sua mãozinha minúscula na mão de seu neto impossível, uns 20 anos mais velho que ela.
- Olha, não brinca comigo não moleque, se não você já nasce de castigo! – e fez um bico furioso que arrancou risadas altas dos seus futuros netos. – vou me certificar de que os dois já nasçam de castigo! Pode deixar!

- Escutem! Escutem! – a esta altura, Maxine já havia desenhado um quadrado e um triângulo nas extremidades dos traços recentemente criados no lodo da pedra. – este quadrado é a realidade alternativa onde a Carminha é imperatriz, ela não é mais possível neste mundo porque a versão mais velha do vô Chris destruiu a Máquina do Tempo do Doutor Lispector e mudou a história, mas ela ainda é possível em outro mundo, por isso ainda existe em algum lugar do universo... – ela apontou para o triângulo agora. – esta aqui é a realidade alternativa onde Alberta, Velma e Úrsula comandam, criada recentemente com a intervenção de Robert, o capataz de Alberta, na linha temporal. Temos de destruir essa possibilidade urgentemente antes que seja tarde demais e nós, seus netos, desapareçamos... – ela começou a tremer. Gabrielle esfregou as costas da amiga delicadamente. Aquilo ajudava muito. – só ficamos vivos porque viemos para o passado e salvamos vocês da destruição da quadra... – as lágrimas não foram mais poupadas. Kátia ficara sozinha naquele mundo cruel, nos cuidados de seu irmão mais velho, a preocupação de mãe era inevitável.
- Quer dizer que... – começou Pietro, sério.
- Era pra nós termos morrido na quadra? – a voz de Fábia ecoou repentinamente pela cave, pegando todos de sobressalto. Tifa abraçou sua avó com força, e ela retribuiu o abraço, mesmo sem saber o porquê. Era algo que ela tinha de fazer por instinto.
- Sim – soluçou Maxine, enxugando as lágrimas. – era questão de tempo até que nós desaparecêssemos, mas não entendo porque não desaparecemos de primeira, pela madrugada como milhares de pessoas! Não há registros do nosso nascimento no futuro, nem meu, nem dos meus amigos e nem dos meus irmãos, mas continuamos existindo! Por quê?!
- Essa é a pergunta de um milhão de dólares – refletiu Chris, observando o modo como os raios de sol se extinguiam aos poucos pelas frestas da grade. Estava anoitecendo. Era hora de fazer alguma coisa, urgentemente.


Fim do Apocalipse Sete!

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