Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

The Big Machine 3 - Apocalipse 3




Estado do Amapá, Base Tecnológica Secreta do Norte, Setembro de 2010.


- Senhor! Senhor! Precisamos de você na sala de controle! Urgentemente!
O Coronel bufou e virou-se para seus três subordinados que o esperavam em continência.
- O que houve agora?! – fez ele, levando a mão à testa. Os soldados descansaram.
- Nossos computadores estão sofrendo tentativas de invasão uma atrás da outra! Não sabemos mais o que fazer! – exclamou um soldado, preocupadíssimo. Aquilo nunca havia acontecido em toda a história da base secreta. O Coronel levou um susto e largou suas malas no chão da pista de pouso. Aquilo era impossível! Correu com seus soldados em direção ao prédio oculto no meio da mata, camuflado pela vegetação propositalmente para que parecesse uma base abandonada. Mal os desavisados sabiam que ali funcionava na verdade um centro de controle tecnológico altamente avançado do exército, que monitorava a entrada e saída de dados pela internet. Aquela era somente uma das quatro bases de supercomputadores existentes no país, que além de vigiar a internet, tinha como principal função controlar o arsenal via-satélite e testar projetos robóticos secretos, armas de última geração. O Brasil era um país de grandes segredos.
- Mas isto é impossível! Impossível! – berrava o Coronel, deixando os controladores do computador mais nervosos ainda. – nossos computadores são invisíveis! Eles têm a sua própria rede de comunicação, estão fora da internet! Como alguém localizou a central da base?! Nossa tecnologia de segurança é muito avançada! É americana!
- Nós não fazemos ideia, Senhor! – fez uma mulher, retirando seus fones enormes da cabeça, era a comandante da sala de controle. – o hacker localizou a central de alguma forma e está tentando invadir o sistema central!
- Isso é incompetência sua! Sua! – berrou o Coronel – se você administrasse essa sala direito nada disso estaria acontecendo! Se eles invadirem a nossa central, estarão em poder de todos os nossos arquivos secretos, nossas experiências e o pior de tudo! Poderão assumir o controle do nosso armamento, dos mísseis, dos tanques, dos caças! E até mesmo de armas muito mais perigosas! Sabe o que “armas muito mais perigosas” quer dizer, Comandante?! Você sabe?!
A mulher retirou seus óculos.


- Mapinguari. – sibilou.


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Neon City, Janeiro de 2067, Apocalipse Hall, reunião de emergência dos Guardiões da ESFERA.


- Acredita mesmo que ele esteve planejando o roubo do cérebro durante todo esse tempo em que ele esteve desaparecido?! – foi a única coisa dita por Tifa naquela noite, ela estava apreensiva demais para tirar seu pirulito azul da boca. Quando estava nervosa, costumava suar muito e ficar vermelha feito um tomate, mas sua avó havia lhe ensinado a controlar isso com a ajuda dos seus tão amados pirulitos.
- É tempo suficiente para armar o plano perfeito e burlar a segurança da galeria, Tifa – disse Maxine, iluminada pela luz azul fantasmagórica do holograma que mostrava a foto atual de Robert, dez anos mais velho, retirada da transmissão ao vivo vista naquela manhã por Fernando. A sala de reuniões nunca esteve tão sombria – vocês acham que ele está tentando reviver de alguma forma a Alberta?
- Seria muita fantasia achar que ele tem a tecnologia suficiente para acordar um cérebro artificial tão complexo quanto aquele... – fez Gabrielle. – mas e se ele tiver?
- Esse é o X da questão... – Miguel resolveu entrar na conversa, ele que estivera escondido nas trevas apenas ouvindo, agora dava palpites naquela situação complicada – a cidade tem mais de um milhão de câmeras espalhadas por aí, e nenhuma delas captou a imagem dele de ontem para hoje, e ele não pode simplesmente ter desaparecido!
- Até as ruínas de Macapá já foram vasculhadas... – disse Tifa, outra vez. – nada foi encontrado...
- A única atividade suspeita que o sistema de segurança captou de ontem para hoje foi uma estranha atividade elétrica do lado de fora da cidade, no deserto, e nada mais do que isso... Apenas o tempo inconstante desse mundo estranho... – Maxine estava cansada e suja, queria muito ir para casa, pegar Kátia nos braços e tomar um bom banho. Da última geração de Apocalípticos, ela e Fernando foram os únicos que tiveram filhos. Tifa e Miguel se casaram recentemente, mas não planejavam crianças tão cedo, e Gabrielle ganhava a vida como apresentadora de televisão e cantora de Jazz. A vida simples que eles levavam escondia a verdadeira função dos cinco amigos de infância: guardar o legado do Apocalipse Club e proteger a ESFERA.
Dos Apocalípticos originais, quase nenhum mais estava vivo, exceto por...
- Ingênuos, muito ingênuos vocês estão... – disse uma voz misteriosa. As pesadas portas da sala secreta foram abertas, arrastadas para o lado de forma espectral, como se por atividade paranormal. Mas não, era pura tecnologia. – Robert levou anos para descobrir uma maneira de reviver a sua senhora, e ora, vejam só, ele encontrou!
O holograma que flutuava no centro da sala escura imediatamente mudou do rosto de Robert para a propaganda animada de uma boneca biônica. DeeDee, a maravilha tecnológica que imita as crianças humanas em todos os aspectos. “COMPRE! ADQUIRA AGORA A SUA AMIGA DE INFÂNCIA! VOCÊ, CRIANÇA SOLITÁRIA QUE PRECISA DE AMIGUINHOS DE VERDADE, EIS AQUI A FIEL DEEDEE! SUA AMIGUINHA PRA TODAS AS HORAS!”.
- Esta boneca, meus jovens – disse a voz, retumbando pelas paredes como um trovão – é o que temos de último no quesito tecnologia... Quem é da minha geração e assistiu Chobits sabe do que eu estou falando! A realidade vista nos animes agora caminha ao nosso lado!
- Eu já assisti Chobits! Vovô assistia comigo de madrugada, quando eu não conseguia dormir! – os olhos de Maxine brilharam feito duas estrelas, marejaram ao lembrar-se do doce velho Umbrella, a pessoa que ela mais amava no mundo todo.
Das sombras uma cadeira de rodas altamente aerodinâmica surgiu planando, carregando uma figura enorme e negra de longas barbas prateadas, usando um quimono branco e macio como as nuvens. Era Pietro Heinrich, o último Apocalíptico original vivo. Já não conseguia falar ou mover-se, sua voz era transmitida com a ajuda dos aparelhos embutidos em seu meio de locomoção que captavam suas ondas cerebrais e transmitiam para a área da casa que ele desejasse, através de alto-falantes.
- Vovô! Você está acordado! – exclamou Gabrielle.
- É claro que estou! Eu estava vendo umas coisas... – gaguejou o velho. Hentai, pensou sua neta, e riu por dentro. – mas o fato é que essa boneca tem o sistema operacional compatível com o cérebro artificial que guardava a memória daquele sapatão miserável! O que Robert fez foi sentar e esperar que os cientistas agissem, a paciência é a chave de todos os mistérios, meus jovens... É só ligar A+B: o cérebro foi roubado justamente quando a boneca foi lançada no mercado. É conectar uns cabos e pronto! Alberta está viva outra vez! Eu realmente suponho que ele tenha usado a tempestade de raios para transferir os dados do cérebro para dentro da boneca... É necessário uma descarga elétrica muito alta para ativá-lo...
- Mas isto é terrível, vovô! Se ela está vivendo através dessa boneca agora, quer dizer que em algum lugar de Neon City ela está tramando a sua vingança! – gemeu Gabrielle. A sala pareceu estremecer de pavor, mas eram apenas seus ocupantes, temendo o pior.
- Não seja tola, Gabrielle! – debochou o velho – ela não tem porque ficar aqui! A segurança da ESFERA é avançada demais para ela! Ela tem outro plano, pode ter certeza!
- E o que espera que façamos?! Não podemos ficar sentados esperando! – Miguel deu levantou-se retesado e deu um murro na parede – não vou viver aquele horror de novo! Quase perdi meu irmão!
- Mas terão de sentar e esperar, seus tolos! – o velho aproximou-se mais do holograma que ainda repetia em um loop constante o marketing da boneca perfeita e seu rosto angelical. Ela lembrava alguém... Mas quem? – não se esqueçam, meus jovens, a paciência é a chave para todos os mistérios!




Fim do Apocalipse Três!

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