Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

domingo, 23 de janeiro de 2011

The Big Machine 3 - Apocalipse 6


Base Tecnológica Secreta, alguns minutos antes da mobilização do exército na capital.

- Eles já estão a caminho do prédio, Senhor! – fez um dos soldados, batendo continência para seu Coronel.
- Ótimo. – fez o Coronel, sério. Estava muito preocupado com aquele desligamento do sistema. – quando os computadores reiniciam outra vez?
- Em uma hora, senhor. – respondeu a comandante.
- Ótimo. – repetiu. Aparentemente estava tudo ótimo naquela sala, com o desligamento do sistema, tudo estava seguro. Ou não.
- Mas o que... – a comandante foi pega de surpresa por um ligamento repentino de toda a central, o prédio inteiro estava funcionando novamente, e não haviam passado sequer dez minutos! – o que está acontecendo?! Alguém ligou a chave central no porão?!
- Não! É claro que não! Só eu tenho a chave do porão, e estou aquI! – urrou o Coronel, seus olhos nervosos iam de uma tela a outra dentro daquela sala. Todos os computadores estavam reiniciando automaticamente. – o que é isso?! O que está acontecendo?!
- ELES ASSUMIRAM O CONTROLE, SENHOR! – gritou um dos oficiais, numa máquina mais distante. – ELES LIGARAM O SISTEMA À DISTÂNCIA!
- MAS COMO ISSO É POSSÍVEL?! NÃO HÁ TECNOLOGIA O SUFICIENTE PARA FAZER ISSO E...
Repentinamente, o prédio vibrou de cima a baixo.
- Tarde demais Senhor, eles ativaram o Projeto Mapinguari! – gritou a comandante, tentando anular o comando invasor em vão. Todos os códigos que ela conhecia não foram suficientes, manualmente era impossível fazer algo. Os alarmes soavam alto, as sirenes urravam a canção do caos, toda a iluminação do prédio foi cortada, a única iluminação existente agora era a frenética e nervosa luz vermelha que girava sem parar, revelando rostos nervosos, suados, desesperados, em todos os cantos. Era impossível parar aquilo, o fim estava chegando.
Do lado de fora, a selva estava em alarde, os animais corriam em debandada, araras, papagaios, periquitos e garças em revoada, fugindo da área ao redor da pista de pouso. Os animais de chão, as pobres capivaras, as pacas e as cutias formavam grandes manadas em fuga, mata adentro. Árvores gigantes se inclinavam para os lados, formando corredores, vãos gigantescos para a passagem do gigante de metal e sua tropa, o misterioso Projeto Mapinguari que o governo escondia a sete chaves, em sua Caixa de Pandora particular, a floresta Amazônica, secreta e inexorável. Longe dos olhares curiosos das grandes populações e da grande imprensa. O chão abriu-se numa cratera gigantesca, engolindo toda a terra e a mata ao redor, abrindo caminho para a montanha artificial que se erguia, os metais mais poderosos do mundo reunidos numa única arma, poderosíssima e indestrutível. Quarenta anos de trabalho em tecnologias americanas e japonesas, rios de dinheiro transferidos dos cofres públicos para a ambição dos poderosos que ansiavam por algo de novo, de extraordinário, de inovador, listas inteiras de projetos de fachada para escondê-lo. E agora o mundo voltaria os olhos para o primeiro robô gigante do mundo: O Grande Mapinguari.
Uma homenagem à apavorante lenda do homem-macaco daquelas florestas, fruto do folclore indígena, agora realmente existia na pele da arma mais poderosa da face da terra, equipada com lasers, canhões, lança mísseis e lança-chamas, entre outros artifícios como gases tóxicos e canhões supersônicos. Aquela montanha móvel de morte e destruição estava a caminho da capital para iniciar a devastação de tudo o que ali vivia. Alberta Veronese estava prestes a conseguir o que queria. Com Macapá destruída e os futuros fundadores de Neon City mortos, o futuro jamais existiria e ela poderia iniciar o seu império de terror a partir do nada! Era absolutamente formidável!
O gigante acordou, e atrás dele, versões menores feitas a sua própria imagem na forma de gorilas de três metros de altura, uma frota inteira com oitocentos monstros de metal, prontos para destruir. O fim do mundo estava próximo.

- Eles estão acordando, Max! Estão acordando! – sussurrou uma voz ao pé do ouvido de Chris, ele retorceu-se de dor, estava cheio de hematomas pelo corpo. Não tinha certeza exatamente de onde estava naquele momento, mas sabia que era úmido e gelado o bastante para lhe causar arrepios. Seus dedos das mãos e dos pés estavam gelados.
- Cuide para que eles não se movam, Gabrielle! Se houver algum osso quebrado, a situação pode agravar! – exclamou uma voz, mais ao longe, ecoando pelas paredes do que parecia ser uma caverna. Pelo movimento que os sons faziam, o teto tinha de ser côncavo e ter certa altura.
- Não se preocupe, só me dê mais um pouco de Gelol, acho que seu avô está sentindo dores... – fez Gabrielle. Agora Chris tomou alguma noção do que se tratava aquele lugar. Deveria ser algum abrigo anti-bomba secreto ou um esconderijo para refugiados da guerra. Espera um instante... Guerra? Na pacata Macapá onde nada acontece a não ser governadores corruptos esvaziarem os cofres públicos debaixo das fuças da população?! Não, só podia ser alguma piada! Ele tinha de estar sonhando! Tentou rir, mas sentiu fortes dores nas costas e gemeu baixinho. Guerra em Macapá era uma piada muito boa. – fique quietinho, tio Chris, o senhor vai ficar bem já, já! Esta fórmula do Gelol veio do futuro, é instantânea! Gruda até o osso mais esfacelado que tiver aí dentro! – algo gelado tocou a pele do jovem, sobre os hematomas nos braços e nas pernas. Era gostoso e as dores estavam passando muito rápido, de modo que aquilo o entreteve de tal forma que ele não pensou muito em se perguntar o porquê de aquela estranha o chamar de “tio Chris”. Ele não conhecia nenhuma Gabrielle. Não que se lembrasse. E nem tão adulta assim... Porque ela o chama de tio então?!
- Espera um instante! – ele sentou-se de sobressalto, constatando o lugar em que estava. Parecia algum tipo de cave. Musgo e algumas gramíneas cresciam das frestas nas paredes. – Onde nós estamos?! Quem são vocês?! – Ray Ann estava acordada, encostada num canto, entretida numa conversa com dois homens estranhos. Um deles era mais encorpado, tinha certa massa muscular e usava barba, lembrava muito o próprio namorado da Ray, a diferença era a altura, com certeza. O outro era mais baixo, seu rosto era mais fino e delicado como o de Ray, quem olhasse com mais atenção juraria que os três eram irmãos. Os outros integrantes do Apocalipse Club, vitimados pela explosão da quadra continuavam desacordados, enfaixados e sendo tratados por uma mulher rechonchuda de cabelos azuis vestida de enfermeira. Aquilo era estranho demais.
- Vovô! Por favor! Não faça movimentos bruscos! Alguma coisa pode estar quebrada aí por dentro e Gabrielle está tentando curar! – uma misteriosa mulher ruiva trajando um tipo de macacão espacial colado ao corpo surgiu das sombras, iluminada por alguns raios de sol derradeiros que entravam pelas frestas na grade da única entrada de ar daquela cave, com exceção da pesada porta de ferro do outro lado, fechada.
- Vovô?! Você está louca?! – exclamou Chris, atônito – eu lá tenho cara de velho?! – levantou-se sobressaltado e espiou pela grande no alto. Para sua surpresa, aquela passagem era rente ao chão, de modo que eles estavam escondidos abaixo do nível do solo. Onde estariam?
- Estamos escondidos embaixo da Fortaleza de São José de Macapá, vovô – fez uma Maxine cansada tomando o rapaz pelo braço, para longe das grades. Aparentemente tudo lá fora, no verdejante e extenso Parque do Forte, permanecia calmo e sereno até o momento em que um tanque de guerra cruzou a frente do Banco do Brasil, passando sobre o asfalto de uma rua antes frequentemente movimentada pela frota interminável de veículos, agora deserta. Tudo estava deserto. Não havia pessoas nas ruas e nem casais caminhando nas calçadas do parque, e o horário era o costumeiro em que estas cenas se repetiam, por volta das cinco da tarde. – agora saia da entrada de ar, precisamos respirar.
- Mas quem são vocês?! O que está acontecendo?! – ele atravessou a cave aos gritos, acordando Pietro e Augusta. Forçou a porta de ferro à toa e voltou-se para aquela ruiva estranha que insistia em chamá-lo de avô. – me explique alguma coisa! Não fique calada me olhando com essa cara!
Os dois Apocalípticos que haviam acabado de despertar, ainda grogues, repetiam as mesmas perguntas do nervoso Christopher Umbrella. Maxine pôs as duas mãos sobre os ombros tensos daquele que um dia será seu avô e o encarou fundo nos olhos. A semelhança entre os dois era grande. Até a altura era a mesma! Uma mulher daquele tamanho assusta e tanto nos tempos de hoje, ainda mais vestida como a vocalista do Scissor Sisters.
- Tudo bem, foi você quem pediu! – ela fechou os olhos e bufou.
- Não Max, não faça isso! – exclamou Gabrielle ao longe, passando o gel de cura instantânea no ombro de Pietro, aquele que virá em breve a ser seu avô.
- Vovô... Ou Christopher, tanto faz... – começou, abrindo os olhos. – me chamo Maxine Fernandes, sou sua neta, e estes... – ela indicou o grupo que cuidava dos feridos no escuro da cave – e estes são Gabrielle... – a mulher negra que se maquiava feito a própria Lady Púrpura levantou a mão. – Tifa... – a gordinha enfermeira gritou um “sou eu! Sou eu!”, e por um instante Chris achou que fosse Fábia quem estivesse falando, mas esta estava dormindo. A voz angelical e sincera era mesma – Fernando e Miguel! – os dois homens que ladeavam Ray Ann levantaram o polegar para Chris, que ainda tentava assimilar tudo o que estava acontecendo ao seu redor com seu cérebro confuso. – nós somos o Apocalipse Club de 2067, somos seus netos e viemos do futuro para salvá-los do exército da S.U.J.A. e seus generais cruéis Alberta, Velma e Úrsula, a tríplice mortífera!
Fez-se silêncio na cave e tudo tremeu de repente. Alguma bomba havia sido estourada na superfície, no centro da cidade, logo ali próximo.
- O QUE?! – gritou Chris fazendo uma careta hilária. A confusão só estava começando.





Fim do Apocalipse Seis!

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