Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

The Big Machine II - Parte 7!

- Será que eles voltaram sozinhos pra casa? – Tifa ainda olhava desolada para as portas de ferro fechadas do prédio. Os robôs com cabeça de vaca faziam a segurança do lado de fora, com seus rostos serenos e amigáveis.
- Devem ter voltado sim, acho melhor não nos preocuparmos... – Miguel tentava disfarçar, mas estava morrendo de medo de voltar pra casa sozinho e acabar dando de cara com um daqueles ETs que andam por aí.
- Mas o Fernando nunca te faria voltar pra casa sozinho, ele é todo paizão e tal... – Tifa mordeu seu pirulito e guardou o cabinho branco.
- É, eu sei... – Miguel estava quase lagrimando. Era baixinho, todo turrão, metido a machão, fazia tipo de que não tinha medo de nada, que não precisava de ninguém, mas escondia uma criança dentro dele. Era precoce. Jovem e muito precoce. Com 15 anos parecia ter 19, era como a sua avó era. – e o pior é que se eu chegar sozinho em casa sem o Fernando, mamãe vai descer de pau nele quando ele chegar, e eu não quero ferrar pro cara...
- Eu te entendo... Ainda bem que eu sou filha única! – Tifa pegou sua mochila azul celeste, meteu nas costas e saiu andando, assoviando uma melodia.
- Ei! Ei! Pra onde você vai?! – Miguel correu até ela.
- Ora, eu vou pra minha casa! Já são quase 10 da noite, e meu pai me mata se eu chegar um pouco mais tarde que isso – Tifa parou para comprar mais pirulitos numa das lojas de conveniência em forma de ovo que ficam espalhadas pela praça.
- Mas e a Gabrielle? E a Max? Você não está preocupada com elas?! – Miguel gesticulava feito um louco para o prédio gigantesco que projetava sua sombra de neon vermelho e azul sobre a Warhol’s Square. Um grupo de bailarinas motorizadas girava no ar usando mochilas anti-gravitacionais ali perto. Mais ao longe, um desfile de grifes de rua ocorria sobre pernas mecânicas.
- Cara, relaxa, eles voltaram pra casa, querido! A mãe da Max é uma bruxa, ela deve ter corrido pra lá assim que o relógio bateu as oito... Os pais da Gabrielle são bem liberais, mas nem tanto, ela tem horários também... Seu irmão deve ter se encontrando com alguma gata por aí e deve de estar dando uns amassos num desses escurinhos, agora, RELAXA, por favor!
Miguel ficou estático após essa bronca.
- Se ele desaparecer eu vou ser totalmente responsabilizado, Tifa!
- GAROTO – gritou ela – por favor, você está me estressando! Vai ver ele até já está em casa a essa hora!
E assim, a gordinha saiu saltitando pelas ruas coloridas e psicodélicas de Neon City, para pegar o metrô e ir pra casa.
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- Não quero ouvir desculpas, Mariana, quero essa geringonça funcionando ainda hoje!
Na sala de controle do Grande Colisor de Hádrons, Alberta e Mariana tomavam chocolate quente enquanto discutiam o futuro.
- Mas é impossível, Alberta! Os nossos operários já disseram que com a ajuda dos robôs, o serviço acelerado, deixará tudo pronto para o primeiro teste em uma semana! E nós não temos certeza de que isso vai nos levar para outra dimensão!
- Você não entende, Mariana! Ele vai nos levar para outra dimensão SIM! Maurice Lispector trabalhou 10 anos aqui, ele fez as alterações necessárias e me mostrou do que isso era capaz! Você não viu o que eu vi! Você não viu a realidade alternativa de The Big Machine, onde o homem é o imperador supremo sobre as máquinas!
- Você está sendo utópica, Alberta, está ficando velha e voando alto demais! – Mariana cometeu o maior erro de toda a sua vida naquele momento.
- Do que... – Alberta virou-se vagarosamente, sua voz repentinamente rouca e amarga – você me chamou?!
Os olhos de Mariana saltaram das órbitas, seu coração acelerou e ela sorriu, amarela.
- O-oi? – fez-se de desentendida.
- DO QUE VOCÊ ME CHAMOU?! – gritou Alberta, dando um chute numa das cadeiras que ficavam diante da mesa de controle geral. Mariana protegeu o rosto com a prancheta e deu dois passos para trás, em direção à porta. Qualquer movimento em falso e ela correria feito uma louca.
- Eu disse que você está... está ficando...
- VOCÊ ME CHAMOU DE VELHA!
- E-eu?! ALBERTA?! – era hora de fazer-se de vítima. Mariana levou a mão ao peito e escancarou a boca – eu jamais te chamaria de velha, Alberta, eu tenho a mesma idade que você e não me considero velha!
- Eu sei que você me chamou de velha, Mariana! Eu não sou surda! – disse Alberta, aos berros, atirando sua xícara de chocolate quente longe. Ela se espatifou na parede. – Ah, mas eu vou te mostrar quem aqui que é velha!
Ela começou a retirar a lona de segurança do painel de controle.
- Alberta, o que você está fazendo?! – Mariana correu até ela, tentando impedi-la. Foi atirada longe.
- Vou ligar essa porcaria agora mesmo!
- Não! Não faça isso! Tem pessoas trabalhando lá embaixo! Uma pane no circuito elétrico pode matar todo e incendiar tudo isso aqui! Há elementos nucleares nisso, Alberta!
- Cale a boca e me diga onde fica o botão de ligar!
- Não! – Mariana pulou no pescoço da amiga e as duas entraram num embate corporal. Alberta levou suas mãos diretamente nos cabelos da amiga que deu um grito e chutou sua canela. A mulher gritou e deu-lhe um soco, as duas caíram no chão e rolaram de um lado para o outro. Mariana bateu com a cabeça de Alberta no chão três vezes antes de levar uma mordida no braço e guinchar feito um guaxinim. Foi quando o jogo virou e Alberta ergueu-a no ar usando apenas um braço.
- Se esqueceu de que lutei vale-tudo durante quase toda a minha vida?! Não é à toa que uso esse cinturão aqui! – e lançou-a sobre a mesa de controle. O baque do corpo de Mariana desmaiado sobre as três alavancas principais ligaram o monstro, causando uma enorme pane que matou tragicamente 20 funcionários e deixou 80 feridos em menos de um segundo. Quase todos os robôs foram perdidos por causa das grandes descargas elétricas expelidas pelo monstro metálico, foi um verdadeiro inferno catastrófico. Alberta desceu as escadas da sala de controle às gargalhadas – eu sabia! Eu sabia que isso funcionava!
No exato momento em que pôs seus dois pés minúsculos no chão, foi surpreendida por uma forte descarga elétrica que lhe pegou em cheio. Lançando-a contra a parede e torrando-a dos pés à cabeça. O que restou de Alberta Veronese naquela dimensão foi a sua marca registrada, agora derretida: o cinturão dourado.
- Senhora Mariana! Senhora Mariana! Você está bem?! – três oficiais da equipe de resgate ajudaram Mariana a levantar-se, uma hora depois do ocorrido, quando as buscas avançadas encontraram seu corpo caído embaixo da mesa de controle. O colisor de partículas havia se desligado automaticamente alguns minutos atrás por insuficiência de combustíveis, o que foi bandeira branca para que a equipe de resgate entrasse nos túneis em busca dos feridos e dos corpos dos que não resistiram às fortes descargas elétricas e aos resíduos químicos que vazaram da estrutura.
- Alberta! Alberta! – gritava Mariana, ainda grogue, chamuscada dos pés à cabeça, libertando-se dos braços dos bombeiros e em seguida correndo para fora da sala de controle. Deparou-se com o cinturão de ouro derretido no chão exatamente no centro de um círculo de fogo. – Não! Alberta! – algumas descargas fracas elétricas ainda percorriam os túneis pelo chão e pelo teto, escapando das rachaduras na estrutura colossal do grande colisor de partículas. Era altamente desaconselhável ficar passeando por ali. Desfazendo-se em lágrimas, Mariana Hesketh recolheu o artefato do chão. – o que você fez, minha amiga, o que você fez?!
- Temos que sair daqui, senhora! – alertou um dos bombeiros erguendo-a do chão à força – esse lugar corre o risco de explodir, e há um vazamento próximo de gás hélio...
- Mas e a Alberta?! A Alberta foi teletransportada!
- Eu sim em lhe dizer que não, minha senhora, ela foi desintegrada...
Mariana gritou e se contorceu. Os bombeiros precisaram contê-la.
- EU? DESINTEGRADA?! ALBERTA VERONESE NUNCA SE DESINTEGRA!
A irritante voz retumbou vinda de dentro do Colisor de Hádrons. Uma enorme placa de metal deslocou-se e caiu com estardalhaço no chão. A gargalhada ecoava por todo o local. Descargas elétricas ricocheteavam feito serpentes furiosas, queimando e destruindo tudo. E então, em meio à fumaça e ao fogo, a vaqueira surgiu, trajando um novo uniforme e um novo cinturão marcando sua chegada triunfal. Como uma “cowgirl” biônica, metal e couro vermelho cobriam seu corpo de cima à baixo. Na ponta de cada seio do sutiã de ferro, agulhas eletrizadas trocavam pequenas descargas elétricas, o resto do seu busto estava protegido por uma placa de ferro tão grossa que nem a bala mais potente atravessaria, ela sobreviveria a qualquer ataque terrorista, armada e perigosa. Sobre tudo isso, caía-lhe um pequeno colete vermelho de couro e botas de cano alto, estava vestida para matar.
- Prepare-se, Neon City, sua nova rainha está chegando!

Fim da Parte Sete!

PORRA! Lá vai eu escrever uma novela! - -’

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