Efemeridades
O tempo para mim sempre tratou-se de algo efêmero, algo passageiro, nunca algo tão ameaçador, mas passageiro, sorrateiro, manso, quase imperceptível. Quando dei por mim, já estava aqui, nos meus últimos dias de colegial, às vesperas de um doloroso adeus aos meus estimados amigos... Em pensar que ontem mesmo eu era apenas mais um garoto gordinho com o cabelo bem cortado, desenhando na aula de matemática.
Ainda faço isso, é lógico, certos costumes não se perdem nunca. E agora deparo-me com as velhas palavras de Chico Buarque: "Não se afobe, não, que nada é pra já". Esta música tem um significado e tanto pra mim, traz lembranças de um passado distante, sentado ao lado do gravadorzinho da minha mãe em tarde de Maio, ouvindo MPB.
E então "Futuros Amantes" tocava, na voz de Marisa Monte, e um filme enorme passava em minha cabeça. Eu realmente imaginava os escafandristas descendo até meu quarto, revirando as minhas coisas, os meus segredos sendo descobertos por civilizações há anos-luz de distância intelectual de nós...
Mas e eu? Onde eu estarei nesse dia? No momento em que os arqueólogos chegarem? Meus átomos ainda estarão por aí? Pela minha casa?
E então eu abri meus olhos, e eu estava no futuro, e o vestibular estava a apenas duas semanas de mim. e o que seria de Antonio agora?
Não há observações nesta redação.
YES!
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