Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

sábado, 18 de junho de 2011

Draconius Nefastus 2 - Octopus (Parte 4)


(...) Sem termos outra opção, decidimos circundar a ilha, procurar por alguma coisa, algum sinal de vida inteligente, alguma saída. Não era uma ilha muito grande, e por incrível que pareça tinha uma circunferência perfeita. Os marujos estavam certos: havia realmente espaço entre as placas de gelo e as paredes de pedra, formavam canais estreitos e profundos. Não podíamos chegar muito perto da água, aquelas coisas sentiam a nossa vibração, a nossa presença. Caminhar em direção à areia da praia era despertar a atenção delas, mesmo no escuro elas sentiam tudo. Atirar uma pedra na água parecia fazer a superfície fervilhar! Era aterrorizante e ao mesmo tempo interessantíssimo.

Elas talvez sentissem a nossa presença por tudo ali ao redor estar muito morto e sem vida, um movimento qualquer causava esse furor enorme nelas. A saída era caminhar o mais longe o possível da água, sequer pisar na areia, com cuidado e passos calculados, íamos sobre as pedras e sobre os esqueletos de corais que existiram há milhares de anos atrás. O vento nunca soprava. Demos a volta na ilha em um único dia. Ainda tínhamos como conferir as horas porque cada um de nós possuía pelo menos um único relógio, pequeno ou grande, de bolso ou de pulso. Ray Ann tinha um no pescoço.

Estávamos sem esperanças quando, no começo do segundo dia, ao levantar “acampamento”, descobrimos uma enorme falha entre as montanhas, uma ravina profunda entre os paredões de pedra que separavam a praia do interior da ilha. A surpresa foi grande quando, após algumas horas, alcançamos o outro lado: havíamos encontrado um vale congelado repleto de torres de pedra, que mais adiante se revelaram para nós como antigas construções, abandonadas há milhares de anos atrás por um povo que ali vivia.

“Incrível” exclamou Ray Ann, passeando os dedos pelos inscritos de um totem de pedra. Mais adiante distinguimos telhados, janelas, portas e veículos, trenós rústicos congelados no tempo. Praças abertas, feirinhas abandonadas, jardins, piscinas de águas congeladas, estávamos diante de uma pequena Atenas esquecida no meio do oceano antártico. Quanto mais adentrávamos no vilarejo ao pé da montanha, mais nos surpreendíamos com o que encontrávamos. A arte contida ali nos deixava de queixo caído, boquiabertos! A perfeição com que aquele povo havia esculpido as representações humanas, as suas estátuas de feras e homens, aquilo era um banquete para os olhos. Tudo parecia tão vivo!

“Essa arquitetura sem dúvida é grega, esses inscritos são gregos!” exclamou Don Hills, fazendo uso de seu monóculo e seus apetrechos de bolso para interpretar o que encontrávamos pelo caminho “o que uma ilha grega está fazendo perdida no meio do gelo do polo sul?!” ele se questionava.

“Boa pergunta!” respondi enquanto passeava meus dedos pelas nervuras e ranhuras entre as pedras.

Encontramos casas trancadas ainda, arrebentamos portas e fechaduras para encontrar verdadeiros palácios mobiliados, mofados, móveis cobertos por finas placas de gelo, infiltração nos tetos que pingavam e escorriam sem parar. Encontramos o lugar mais seco e mais seguro para passar a noite, no segundo andar de algum tipo de mansão, exatamente aos fundos de um largo onde – pasmem – haviam PALMEIRAS congeladas. As folhas ainda preservavam o verde, coberto por finas camadas de gelo seco.

Acendemos o fogo, abrimos as latas de suprimentos recuperados e assim passamos mais uma madrugada. Na manhã seguinte, descobriríamos mais sobre aquele estranho mundo congelado que havíamos encontrado







Fim da Parte Quatro!




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