E um baú repleto de fantasia
Eu tenho uma mente estranha
De noite e de dia
Mas meu coração é vazio
Eu tenho uma casa alaranjada
De janelas gradeadas e azulejos azuis
Nada nesse mundo me seduz
Nenhum ser humano me deduz
Você sabe quem eu sou?
Eu fui terra, eu fui céu
Eu fui água, eu fui fel
Amargo como semente de limão
E os cajus do quintal sequer florescerão
No meu mundo, as cigarras cantam de madrugada
À luz das estrelas, comemorando o luar
Os lobos saem de dia, usando chapéu
Foram passear
E o que há atrás daquela porta
Só a fechadura dirá
Eu tenho uma bagagem estranha
Ela tem o formato de uma palmeira
E está cheia, lotada de besteira
Nunca vi tanta bala
E nem tanto caviar
Caviar é coisa de rico
Cansei de fantasiar
A realidade é outra coisa
Mas prefiro ficar aqui dentro
Do que me vender ao relento
Falando em vender,
Jamais me dei fácil
Que nem certas vadias que conheço.
Pra falar a verdade, a mim mesmo desconheço
Carroça, carrapato, caipora
Alguma coisa nesse mundo me apavora
No Messenger eu nunca estou ausente
Eu só estou descontente
Por isso não venha dizer oi
Eu só respondo depois
Depois que os pássaros pararem de chorar
E os pedaços do meu coração
Eu consegui juntar
Já não tenho mais chão
Flutuando no céu
Sem conseguir atravessar o véu
Alguém furou a teoria
Que sustentava essa patifaria
Que eu chamo de vida
Vida minha,
Vida minha
Eu nunca sou eu mesmo
Estou sempre representando
Como uma espanhola dançando tango
Estou farto de estudar
Vestibular ficou pra lá
Meus amigos, onde estão?
Na padaria, comendo pão?
E o meu amor, que se perdeu
Esfacelou, evaporou
Nunca existiu.
Isso me apavorou.
E eu por acaso sou gente?
E eu por acaso sou humano?
Minha vida é uma grande mentira
Ora, quem diria
Eu finjo que te entendo
Eu finjo que te amo
Eu finjo que te sinto
Eu finjo que existo
Uma cópia barata
De alguém que já existiu
Foi assim
Que minha teoria faliu.
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