Descer ali no meio daquele calor e daquela poeira foi um desafio. Um desafio enorme para alguém que havia acabado de almoçar, tomado banho e passado perfume, deitado-se numa cama confortável no ventinho gelado do ar-condicionado, curtindo os momentos de paz escrevendo uma postagem para o blog. Tirei forças de algum lugar do âmago do meu ser, para adentrar naquele cenário de videoclipe de rapper. Homens. Homens para todos os lados. Sujos e suados. Gente que não voltou pra casa, que estava lá, esperando desde as quatro da manhã.
- Qualquer coisa me passa um Me Liga - disse a mamãe.
- Eu não tenho mais telefone da vivo, mãe, ele quebrou. - fiz.
- Então...
- Tudo bem, eu dou um jeito, ligo lá pra casa, sei lá - beijei ela no rosto e lentamente desci do carro, fechei a porta preguiçosamente e virei-me debaixo do sol quente para os rostos que me encaravam.
- Tudo bem, eu dou um jeito, ligo lá pra casa, sei lá - beijei ela no rosto e lentamente desci do carro, fechei a porta preguiçosamente e virei-me debaixo do sol quente para os rostos que me encaravam.
"Psiu", "Ei", "Fiufiu", foram as onomatopeias que eu mais ouvi, o dia inteiro, de todos os lados. Todos os olhares eram para mim, nunca me senti tão exposto em toda a minha vida... Bem, na verdade, já me senti pior, mas a situação no momento só me parecia mais desagradável porque eu estava com muito sono, dor de cabeça, o calor era de 40º celsius e eu estava completamente perdido no meio de um bando de homens (ênfase no homens, odeio homens) desconhecidos. E suados.
Eu demorei para entender como as coisas funcionavam por ali pela parte da tarde, para quem já havia entregue seus documentos no balcão. Primeiramente eu fiquei parado ao lado da porta de entrada enquanto era devorado pelos olhos de um bando de mal encarados, isso levou um tempo. Havia um grupo de garotos liderados por um rapaz usando a camiseta do flamengo que estavam pouco à minha frente na enorme fila dobra-quarteirão pela parte da manhã, eles marcavam presença ali pela parte da tarde também e pareciam ter estabelecido um tipo de relação sociável e amigável com aquela tia estressada que havia gritado com todo mundo - menos comigo - de modo que, ao contrário daqueles mais rebeldes e mal encarados, eles podiam perambular pela sala de espera interna reservada apenas àqueles que foram chamados pela ordem na listagem dos documentos registrados sem problema algum.
Aqueles que não haviam sido chamados para a sala de espera eram obrigados a aguardar do lado de fora, numa espécie de pátio, algo semelhante a um curral, uma área concretada e coberta, com alguns bancos e cadeiras espalhados por ela nos quais aqueles que tinham muita sorte, se sentavam.
Passei a entender como as coisas funcionavam quando o grupo de garotos liderado pelo rapaz da camiseta do flamengo passou correndo por mim exclamando "vamo, vamo! já vai, já vai!". E foi um verdadeiro estouro da boiada. Esse era o Alerta. Todos os outros rapazes espalhados nas redondezas do prédio da Junta Militar correram para o curral (aquilo que eu chamei no Chase Suite I de "A Área", não sei porque, mas aquilo ali tem cara de que era pra ser uma garagem, possui a abertura perfeita pra entrada de um carro e portões baixos que ficaram o dia inteiro abertos, naturalmente), e o galopar da multidão de rapazes fez levantar toda a poeira do chão. Quem visse a cena ao longe poderia jurar de pés juntos que aquilo se tratava de uma manada de búfalos ou cavalos fora de contexto!
Eu fiquei completamente sem reação e saí do meio para não ser pisoteado, segui o rabo da multidão e dei de encontro com uma espécie da almôndega humana concentrada ao redor de um único ponto. Quando o vento bateu contra aquele monte de corpos suados amontoados, recebi no meio da cara o odor forte do suor masculino, entrou como agulhas perfurando meu olfato, cutucou meu cérebro com força. Comecei a sentir tonturas a partir daí.
Eles estavam reunidos ao redor de um foco como espermatozoides tentando perfurar um óvulo, esperavam por algo, ansiavam por algo perdido no meio deles, levantavam os braços para o alto, gritavam e xingavam, recebiam de volta as respostas ásperas e armadas de uma voz feminina irritadiça. Era a tia. A tia baixinha, mas invocada, com cara de poucos amigos e que gritava com todo mundo (você também ficaria assim se tivesse de dedicar seu dia inteiro a um bando de marmanjos abusados!), ela tinha uma lista em mãos, e chamava pelos nomes de quem estava na ordem.
Quando ela chegava, os que estavam sentados nos bancos ficavam de pé, com os ombros e as cabeças acima da multidão, foi assim que eu avistei o Anderson. Na verdade, foi assim que ele me avistou, se ele não tivesse levantado a mão e chamado a minha atenção, eu nunca teria reparado nele, mesmo de pé naquele banco. Ele estava na companhia do Luan, outro garoto que também havia estudado no Atual, mas que não era do terceiro ano como nós, ano passado. Talvez vocês se lembrem das citações que fiz a respeito do Anderson nas postagens anteriores, principalmente aquelas que dizem respeito à criação dos primeiros momentos da Mitologia Canavar, ele teve alguma participação nela, pra falar a verdade.
A manada dispersou após os próximos candidatos à saída do purgatório serem chamados, percebendo que seus nomes não sairiam na listagem tão cedo. Foi o momento em que aproveitei para sair do sol e me meter em algum lugar onde não houvesse tanta gente assim, fui para um canto distante daquela simulação de pátio de presídio e me escorei no muro, fiquei ali por um tempo até ver o Anderson chamar a minha atenção outra vez, agora me chamando até ele. Sorte! Alguém para conversar e me fazer companhia! Alguém em quem eu confio e que conheço a bastante tempo!
Eu atravessei o que restara da multidão para chegar até ele, e recebi mais onomatopeias abusivas "que gatinha eim" exclamou um esquisitão encostado na parede, eu franzi o cenho para ele e levantei a sobrancelha direita, num misto de dúvida e desprezo ao mesmo tempo, caminhei até o Anderson e de frente para ele fiquei durante pelo menos umas duas chamadas de nomes selecionados até que o cara que estava sentado do lado dele resolveu se levantar e eu pude descansar minhas pernas que estavam latejando: a manhã inteira de pé pegando vento, sol e fumaça ouvindo funk e fofoca não é pra qualquer um!
O Anderson foi uma boa companhia, não saiu de perto de mim um minuto (na verdade, EU não saí de perto dele), de modo que não houve espaço para aquela gente esquisita tentar se aproximar e tirar mais gracinhas. Juntos conversamos de tudo um pouco, o que se fez das nossas vidas após o fim do Ensino Médio, como estamos lidando com isso, se estamos gostando dos nossos cursos, enfim, trivialidades da vida alhei e críticas ao sistema à parte, falamos do meu assunto favorito: misticismo, gnostismo e alienígenas. Nos prendemos as teorias sobre Deus durante quase uma hora inteira, e na terceira vez em que nós nos pusemos de pé no banco para ter um panorama mais amplo da chamada, pisoteei um garoto que estava sentado do meu lado, perguntei a ele se eu havia machucado e se ele estava bem, e ele disse que tudo bem, mas tenho certeza de que lá no fundo ele estava me xingando de tudo o que ele podia me xingar.
- Isso aqui é o purgatório, depois dessa, qualquer um sai daqui santificado, beatificado e com os pecados todos pagos - comentei aleatoriamente. O garoto que eu havia pisoteado concordou, e o amigo que estava sentado ao lado dele riu. Foi assim que comecei a socializar. E me senti muito à vontade para puxar conversa com aqueles dois, que pareciam ter o mesmo o porte e classe deste que vos fala (nem sou metido, né não?), estavam bem arrumadinhos e de cabelos penteados, conversavam baixo e estavam encolhidos naquele banco tentando não se aproximar muito daquele bando de neandertais.
Passei a tarde toda sentada naquele banco, levantado só para ficar de pé nele, ansiando pela hora de chamarem meu nome, conversando trivialidades e pertinências com meus novos amigos e curtindo aquele momento terrível. A pior parte era quando a manada de búfalos se reunia para a chamada daqueles que estavam na ordem da listagem: o odor de suor, saliva e chulé subia a níveis insuportáveis, axilas que estavam sem um banho higiênico desde as sete da manhã chegavam a um ponto de asfixia do meu ser. E quando a manada debandava, um ou dois aproveitavam para acender um cigarro e deixar o ambiente mais abafado ainda! Sorte que ventilava, mas tudo o que é bom tem seu lado ruim: o vento trazia o odor fétido de um banheiro podre fedendo a urina pura acumulada, e eu me abanava com mais força ainda! Não havia uma única nuvem no céu, o cenário era desolador e desesperador. Por volta das quatro da tarde, chamaram um dos meus novos amigos, e só ali descobri que seu nome era Iago, aquele que mais falava dos dois. Quando ele disse "Sou eu! Aqui!", com aquela voz típica de moços bem criados e delicados como eu, foi motivo de uma salma de onomatopeias rudes e grosseiras como "hmmmms" e "uis" e "ains". Aquelas coisas.
A sensação que eu tinha ali dentro era da união dos malacos do Muca, com os marginais do Perpétuo Socorro, os bandidos do Marabaixo II e os manos do Cuba de Asfalto. Enfim, a Convenção Universal dos Brutamontes Sujos e Sem Educação (nada contra quem mora nesses bairros, conheço gente de bem que vive em pelo menos dois dos citados). Eu me sentia em algum tipo de presídio onde, numa estranha realidade distópica eu havia cometido algum tipo de crime hediondo que resultou em prisão perpétua no meio daquela cambada de homens das cavernas. O modo como aquela gente era tratada ali naquele curral me fez lembrar das aulas de histórias a respeito do transporte dos negros através do Altlântico para serem comercializados nas Américas, UMA COISA TERRÍVEL E DESUMANA! Fomos tratados com animais, pra falar a verdade, e quando o Sargento veio de lá de dentro pra avisar que haviam muitos registros para serem catalogados e que aquilo só teria fim lá pra meia noite, a vontade que me deu foi de chorar, eu e o Anderson saímos de lá arrasados (sim, porque o meu amigo restante que se apresentou como Junior, desistiu assim que o Sargento disse que aqueles que assim preferissem, poderiam ir embora e voltar apenas na segunda feira, porém com a certeza de que os problemas não seriam resolvidos tão cedo: eles teriam de se apresentar no 34º BIS só em 2012!).
Eu quase chorei. Fui lá fora, tomei uma coca, peguei um vento e olhei para o horizonte, já pensava em desistir e prolongar mais essa tortura. Se eu viesse na segunda feira, teria de esperar um ano para me apresentar e acabar de uma vez com tudo isso. Se eu ficasse até meia noite ali, perderia o que me restava do dia (da noite, na verdade, já era próximo de seis horas) e detonaria com o meu psicológico e as minhas pernas! Aqueles que estavam sendo chamados naquele momento ainda eram os que entregaram os documentos no balcão às sete da manhã, e eu só havia entregado os meus às dez horas! Em resumo: eu estava perdido. É, eu ia desistir. Voltar na segunda feira. Desistir. Desistir. Desistir.
Eu estava me despedindo do Anderson quando a cambada de marmanjos com cara de marinheiros desabalou em carreira para o curral, era mais uma chamada de nomes. Todos entraram, menos eu. Fiquei lá fora olhando aquela massa de gente exclamando enquanto a funcionária torturada gritava por silêncio. Levantei meus olhos pro céu e pedi a Deus que aquela tortura acabasse, que eu pudesse ir para casa tomar um banho, chamei por Jesus do fundo do meu coração, como eu só chamava em dias de prova final ou recuperação, juntei as minhas mãos e as ergui para o céu dizendo "é a minha última tentativa Senhor! Me ajuda! Não me deixa passar por isso! Eu te peço!". E me entreguei à multidão.
Ela chamou o primeiro nome. Algum "da Silva". Ele gritou "até que enfim!" e pulou de cima do muro.
O segundo nome, bem, se realmente creem em milagres, acreditem se quiserem, o segundo nome... FOI O MEU!
Dei dois pulinhos e disse baixinho, com medo de virar chacota como aconteceu com Iago "Aqui! Aqui! SOU EU!". Os que estavam na minha frente viraram pra trás e gritaram "tá aqui! tá aqui", mas a mulher continuou chamando, achando que era mais uma gracinha do grupo.
- Antonio Pantoja Fernandes Junior? Cadê o Antonio? Quem é Antonio?! - eu tive de gritar.
E foi aquela coisa, vocês já podem imaginar.
Começou como um deboche em massa, e terminou com vários uivos, clamores e uma salva de palmas, eu nem entendi! Cruzei a multidão dando cotoveladas e pedindo licença de cabeça baixa. Dois me arremendaram e 3 pediram meu telefone ou meu MSN, saí do meio daquela manada vermelho feito um tomate, e lá dentro, na sala de espera, sentado no banco, enfrentei mais um deboche quando chamaram meu nome para a entrevista pela segunda vez, a checagem para averiguar a presenção de todos "Aqui! Sou eu!" eu disse. "Aqui! Aqui! Aqui!" alguém me arremendou.
Começou como um deboche em massa, e terminou com vários uivos, clamores e uma salva de palmas, eu nem entendi! Cruzei a multidão dando cotoveladas e pedindo licença de cabeça baixa. Dois me arremendaram e 3 pediram meu telefone ou meu MSN, saí do meio daquela manada vermelho feito um tomate, e lá dentro, na sala de espera, sentado no banco, enfrentei mais um deboche quando chamaram meu nome para a entrevista pela segunda vez, a checagem para averiguar a presenção de todos "Aqui! Sou eu!" eu disse. "Aqui! Aqui! Aqui!" alguém me arremendou.
- AH, VOCÊS GOSTAM DE ARREMENDAR OS OUTROS É?! QUERO VER VOCÊS FAZEREM ESSAS GRACINHAS NA CARA DO GENERAL! VÃO ARREMENDAR O SARGENTO QUE TÁ ALI DENTRO, VÃO! - gritou a tia. E eu estendi um sorriso de orelha a orelha! Por algum motivo ela havia me defendido daqueles idiotas, aquela que gritava com todo mundo e distribuía patadas nos marmanjos havia saído em minha defesa! Mas que lisonja eu senti naquela hora! Entrei na sala e percebi a situação: o interior de uma repartição pública qualquer, com funcinários sentados em cabines de frente para os seus computadores onde faziam registros e cadastros, era como abrir uma conta no banco ou tirar o título de eleitor: você dá seus dados, responde umas perguntinhas e sai de lá feliz e serelepe dando um grande NÃO à alienação do exército.
Ou, como diria nossa querida Björk:
"DECLARE IDEPENDENCE! DON'T LET THEM DO THAT TO YOU!" e foi isso que eu fiz. Eu disse um não bem grande quando a moça me perguntou se eu queria servir o exército.
- Tu moras na Caramuru né? - ela perguntou.
- Sim, moro - disse.
- És filho de uma professora? - tornou a perguntar, com os olhos na tela do computador. A aura dela me lembrava a aura familiar e materna que a tia Gláucia me passava. Me senti muito à vontade.
- Sim, sou sim! - respondi, feliz, vendo que ela estava sendo simpática e amigável.
- Eu sou nora da professora Cila! - se apresentou.
- Eu sou meio que... bem, ela é minha tia-avó! - de certo modo, sim, porque papai foi criado por ela.
- Olha só! E eu ainda pedi pra menina ver se tinha algum conhecido nosso lá fora, pra ver se agilizava mais esse negócio... - disse ela, ainda com os olhos no computador. - e teu pai, como é que tá?
Ela recolheu meus dados e informações, conversamos um pouco sobre as trivialidades da vida e então ela me passou para uma fila, onde eu receberia o carimbo e a data. A data da apresentação e juramento à bandeira. No final daquela fila, sentada em uma mesa, a mesma senhora que havia enxotado o excesso de marmanjos da porta dos fundos e sido gentil comigo me sugerindo ir para casa tomar um banho e almoçar enquanto acendia um cigarro estava fazendo seu serviço: carimbar. Ela me sorriu, simpática.
- Aceitou minha sugestão, foi? - ela perguntou.
- Sim, sim! Eu fui em casa. - sorri, aliviado por estar sendo tão bem tratado. A moça que havia me defendido lá fora entrou bufando e com um meio sorriso e sacudir de cabeça em desabafo, me cumprimentou, como quem diz "Esses moleques...". Eu sorri para ela e me sentei na cadeira de frente para a mesa da senhora.
- Esse dia acabou com a minha coluna! - exclamei, tentando me esticar.
- E agora tu imaginas a gente, que tá aqui desde seis da manhã! - riu ela. Tinha as mãos pequenas e delicadas apesar dos trejeitos. Havia uma garota muita entediada sentada ao lado dela.
- Mas não é?
Ela me carimbou e mandou que eu aguardasse do lado de fora da porta, onde a moça me devolveria o certificado de alistamento e a minha certidão de nascimento carimbado e marcado com a data em que eu deveria me apresentar.
- Antonio, quem é?
Me aproximei.
- Aqui, você escolhe uma data para se apresentar, entre agosto e setembro, entendeu? - fez ela, me mostrando onde havia sido marcado o dia da Independência. A minha independência.
- Entendi.
Saí de lá sob os olhares de todos.
Encontrei o Anderson lá fora e me despedi dele, expliquei que não era nada demais lá dentro, e desejei sorte para que ele fosse chamado logo, logo. Fui embora seguido por onomatopeias mais uma vez, sob a luz do crepúsculo, entrei no ônibus. Sujo, fedido, descabelado, mas de alma lavada. Havia pagado todos os meus pecados de 2010. "Depois dessa, nem preciso ir pro Círio, já to até quitado com a Virgem Maria" eu havia brincado com o Iago, mais cedo, à tarde.
Cheguei em casa e contei minha incrível desventura para mamãe e Iêda, e elas não sabiam se riam ou se choravam! Não aguentei. Tomei um banho, nem comi, enrolei uma toalha na cabeça, vesti uma cueca e uma blusa e me joguei debaixo das cobertas, de cabelo molhado mesmo, eu que detesto dormir de cabelo molhado. Mas o cansaço era tanto que eu não me importei com mais nada, só com o fato de que eu estava deitado entre as minhas cobertas, limpinho e cheiroso, a salvo de toda aquela gente asquerosa, daquele lugar sujo e fedido.
E eu refleti tudo o que me aconteceu naquele dia. Tudo.
No começo do dia, eu havia chiado de inveja após, grogue, ver o casamento real na televisão, me lamentando por contos de fadas serem reais... para pessoas ricas e bonitas. Cheguei até mesmo a dizer aqui, na Chase Suite anterior, que pessoas como eu não têm finais felizes.
Bom, tudo o que eu disse nesse dia inteiro não passou de merda quando tudo isso acabou, não significou nada quando eu finalmente percebi a verdade, e confesso que senti vergonha de ser tão ingrato.
Eu vivo sim, um conto de fadas diferente à cada dia. Porque contos de fadas são assim, o herói sofre a história inteira, para se dar bem no final e ainda tirar uma lição de moral. Essa é a base dos meus dias, essa é a base da minha vida. Nenhuma felicidade vem sem algum sofrimento ou alguma dor, muitas coisas são sacrificadas para que haja um sorriso e um suspiro de alívio.
E eu realmente me dei bem no final: todas as funcionárias foram amáveis e compreensivas comigo, chamei por Jesus e ele operou um milagre naquele momento. Foi algo inacreditável. Assim que eu desci meus olhos do céu, meu nome foi chamado! O nome de Deus é uma coisa poderosíssima <3 JESUS EU TE AMO S2
E tirei também uma lição de moral! Aprendi que não se pode deixar para depois o que se pode fazer hoje! Nunca mais deixo nenhum tipo de alistamento para última hora!
"E assim, o andróide Louie Mimieux, que decidiu ter vontade própria e não servir ao exército de robôs guerreiros de Metropolis escapou do Galpão de Armas, por onde todos os andróides devem passar antes de receberem a dispensa final... Por enquanto ele está à salvo do terrível governo autoritário de Metropolis... Mas só por enquanto..."
Continua em Setembro! Mas por enquanto...
FIM