Aqui estou eu, em casa de novo... Refletindo sobre várias coisas ao mesmo tempo e derramando derradeiras lágrimas vez ou outra... Nada comparado com o que eu chorei lá em cima, no quarto do papai, sozinho, olhando a órbita presenteada a mim pela família Casseb girar fazendo "tic-tac" como um relógio que contava as horas para o momento em que eu diria adeus para aquela vida que não era minha. O que aconteceu foi que me acostumaram muito mau. Todo dia, quando voltava da aula, Yara subia ao apartamento do papai para me acordar com um beijo e um abraço, Mimi colocava o Kayan do meu lado enquanto Camila e Lore ficavam na frente do computador olhando seus recados no orkut enquanto riam alto.
Agora não tem mais isso. Não tem mais ida à casa da Thayanna para buscar e deixar o modem, nada de tardes inteiras reunidos no quarto das meninas jogando conversa fora e gargalhando, nada mais de passeios ao terreno do Seu A.C. Diniz para tomar banho na água cristalina do riachinho que passa ali aos fundos, minhas músicas favoritas agora só vão tocar no computador, nada mais de tricô com a tia Ana, tão boa de prosa, nada mais das risadinhas agradáveis de Kayan que me faziam ganhar o meu dia, nada mais das tolices de Mimi que me faziam rir tanto e depois abraçá-la. Não vou mais subir a escada mabembe de madeira improvisada que leva ao pátio do segundo andar, onde fica o simples e aconchegante apartamento do meu pai. Nada de documentários do National Geographic, e nem passeios pela estrada que liga Laranjal a Vitória no meio da noite, passeios que me deixavam livre de preocupação e livravam minha alma de qualquer peso.
Aqui estou eu de volta ao meu lar. Nossa, e como cresceu mato por causa das chuvas aqui na vizinhança! O terreno baldio aqui ao lado virou a mata Atlântica, que, coitada, já nem é muita coisa nos dias de hoje. Nosso quintal então, precisa urgente de uma capinada. Tanto que a cadela nem sabe mais onde fica o banheirinho ao ar livre dela! Hum, mas isto se resolve com o tempo... As lembranças da festa ainda giram na minha cabeça como se eu estivesse sob o efeito de um forte alucinógeno que me faz ver lasers verdes e flashes brancos girando sem parar. Cada mínimo detalhe corre minha mente rapidamente e cheio de força exatamente como o riacho do terreno que frequentamos durante dois dias inteiros, e os pêlos dos meus braços se arrepiam ao ouvir Bad Romance. E eu me angustio por não poder ter agradecido decentemente a todos os que participaram daquilo.
Eu não merecia tudo aquilo, é mais por isso mesmo que eu choro, eu não merecia aquilo. Eu não sou uma boa pessoa, não mereço tanto assim. Não mereço o amor louco que meu pai sente por mim, o amor incondicional dele me faz sentir tão culpado, eu fico com um peso enorme ao ouvir as meninas, minhas irmãs do coração, dizerem o quanto ele é louco por mim e pela minha irmã, e como ele moveria oceanos e cordilheiras para nos ver felizes. A prova disso tudo foi essa festa. A festa mais incrível em que eu já estive, preparada com o carinho e o esforço de todos aqueles que eu tanto tanto amo. Eu não mereço isso. Minha mãe foi doente daqui de Macapá só pra me ver! Meu pai é completamente pirado! Eu nunca vou ter como agradecer àquelas pessoas por tudo o que fizeram por mim. Eu só posso sentar e chorar e pedir a Deus que ilumine a cada uma delas e faça delas as pessoas mais felizes e mais amadas do mundo, pois foi assim que todas elas me fizeram sentir naquele dia. Não consigo mais escrever nada, sinto muito, até mais.
Antonio Fernandes
O Ser Humano Mais Amado do Mundo.
;~
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