Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

THE BIG MACHINE - PARTE 13!



- Porque eles não ficaram?! Você foi um louco de trazê-los até aqui! – exclamou Suzannah.
- E deixá-los perder a ação? Mas nem pensar!
Suzannah ficou completamente chocada com aquela declaração. Christopher Umbrella havia pirado, de vez! Ele foi o primeiro a afastar as tiras de borracha que formavam a cortina da entrada incinerador, saída para eles, e eis o que ele revelou para o grupo que vinha logo atrás: Um universo colossal de engrenagens, molas, martelos, mecanismos, cabos de aço, vapor e calor. Aquela pequena esteira que se pronunciava como uma frágil passarela para o centro do abismo era um graveto comparado à dimensão daquelas coisas. Era ferro puro, trabalhando incansavelmente sem parar, gerando a sua própria energia e mantendo viva a máquina, mantendo sob animação constante todos os robôs do mundo a serviço dela. O barulho era infernal, todos colocaram os protetores de ouvido poderosos que também serviam de comunicador para que eles ouvissem uns aos outros.
- Não se preocupem, garotos – disse o Christopher do futuro à Ray Ann e Chris – esses propulsores a jato funcionam estimulados por ondas cerebrais. O que vocês ordenarem, eles farão, direita, esquerda, para cima, para baixo, tudo depende de vocês. – em seguida, a manopla mística Witchblade entrou em ação, envolvendo seu corpo com a liga em simbiose até a formação de uma armadura segura. Agora ele se dirigia ao resto do grupo – The Big Machine é um grande monstro de metal, que vive, respira e se alimenta da energia gerada por ele próprio. Neste momento, pode-se dizer que estamos entrando em sua artéria principal, o fosso central – ele voltou-se para as grandes engrenagens que giravam e dançavam sem parar, num balé metálico impressionante. – ao redor desse fosso, temos salas e mais salas, corredores intermináveis que simplesmente vão a lugar nenhum. Perder-se neles é a morte, pois as dimensões deste lugar vão além do imaginado por um ser humano comum. Este fosso colossal não equivale a nem metade do prédio, sendo que ele ocupa exatamente 14 quarteirões da cidade...
Chris e Ray tiveram dificuldades no começo para manusear o propulsor a jato, mas logo depois era como respirar, guiá-lo era como andar, andar sobre o ar. Foi preciso tomar cuidado para não ser engolido pelas engrenagens ou enroscado pelas molas. Era preciso muito treinamento para fazer o que os outros estavam fazendo, saltando de engrenagem em engrenagem, apoiando-se em dentes de correias para subir, escalando e subindo como em escadas rolantes. Às vezes um ou dois caiam, e era preciso que alguém os resgatasse, pois era realmente muito difícil acompanhar o ritmo frenético dos mecanismos rotatórios. Quanto à Chris e Ray, estavam apenas tomando cuidado para não perder o controle das máquinas presas às suas costas. Chris tremia dos pés à cabeça, suas mãos estavam suadas, e um incômodo frio na barriga dos pés o fazia sentir completamente vulnerável perante as altitudes a que subia naquele momento.
Aquilo era um universo, um universo particular que alimentava o monstro e o mantinha vivo, onde as estrelas e os planetas eram feitos de metal em movimento constante. Era como estar dentro de um relógio, ou uma grande caixinha de música. Era necessário concentração e muita cabeça para não ficar tonto. Algumas engrenagens iam mais rápido, outras iam mais devagar, e era exatamente onde o grupo se sentava para descansar.
- Isso lembra um passeio de carrossel – riu Ray Ann oferecendo o cantil para Chris. Eles estavam ali a horas, era provável que a hora beirasse as duas da tarde, e segundo Saturno Revenge, eles não estavam nem próximos do topo, do cérebro do monstro.
- Você tem certeza de que aqui não podemos ser detectados? – perguntou Suzannah, ela ainda estava temerosa, seus olhos e ouvidos estavam muito atentos. – esse lugar não tem um tipo de antivírus ou algo parecido?
- Sim, tem, mas tínhamos de arriscar, aqui é tudo ou nada, e por enquanto está dando certo...
- Você é louco?! – esbravejou ela. Os outros voltaram-se assustados para o surto repentino da mulher. Ela disfarçou, a conversa era a portas fechadas. – trouxe todos nós para a morte contando com a sorte?! – sibilou – não há dúvidas para mim agora!!! Você é completamente maluco!!!
- Tinhamos de tentar...
- Senhor! Um vulto entre as engrenagens mais altas a oeste! – exclamou um dos soldados de apoio usando o binóculo. Todos colocaram-se em estado de alerta. Chris e Ray entreolharam-se assustados e deram as mãos. Nada podia acontecer a eles, não agora. Seria o fim! O soldado tornou a colocar o binóculo nos olhos – não há dúvidas. Há realmente alguém passeando pelas engrenagens, lá em cima... – ele apontou. Todos pegaram do bolso seus binóculos pessoais. Era impossível! Mais alguém teve a ideia de invadir The Big Machine e sabotá-la por dentro? Ou aquilo seria uma reação do sistema a invasão deles?
- Senhor! Mais vultos! Vindo do leste agora! – o soldado deu o alarde – Cefalópodes! Cefalópodes! Robôs Cefalópodes!
Foi instantâneo, todas as mãos metidas em luvas de borracha voaram para os bolsos, armas subiram, de todos os tipos, puxadas de suportes de trás das costas e de bolsos secretos atados no tornozelo. Canos longos, engates, munição futurista, munição de décadas atrás, armas carregadas com plasma, armas elétricas, pretas, brancas, cinzas, com luzes azuis e vermelhas nas laterais. Chris e Ray Ann procuraram suas armas, mas não tinham nenhuma, é claro, nada no arsenal, e se sentiram tão impotentes quanto ratinhos num terrário de serpente. O medo injetou seu suco no coração dos dois com a seringa mais pontuda que ele tinha. A morte estava próxima. Ela já corria no sangue agora.
- Estão cada vez mais próximos senhor! – gritou outro soldado – vão chegar a qualquer minuto! – Ray Ann e Christopher levantavam seus olhos para o ar, para as nuvens giratórias dentadas e enferrujadas. Realmente, havia um enxame de algo vindo na direção deles, lá do alto, como abelhas furiosas, desviando das engrenagens e das molas em alta velocidade, mas ainda estavam muito distantes para serem distinguidos.
- VAMOS DESCER! – Suzannah meteu a mão no colarinho de Christopher – AGORA!
- Mas nem pensar! – ele afastou-a – vamos subir e enfrentar esses cefalópodes! Eu faço isso há um mês e já estou ficando craque!
- O que é aquilo?! – Ray Ann gritou, apontando para cima. Algo como uma estrela cadente vinha exatamente na direção deles, rapidamente, já estava a meio caminho de distância dos céfalopodes e havia partido deles.
- Corram! CORRAM! – gritou Christopher. Ray pegou Chris pelo braço de supetão, e acionou o seu propulsor a jato, e então algo explodiu às costas dos dois. Era a engrenagem onde antes eles descansavam serenamente. Os outros haviam pulado em várias direções, Christopher Umbrella usava as serpentes de fogo lançadas pela Witchblade contra o enxame de Cefalópodes que descia. Agora era possível ver as formas e as cores. Era coisas brancas, como cápsulas tentaculadas. Realmente, de longe lembravam polvos, mas de perto lembravam mais baratas voadoras por causa das faixas escuras frontais, com certeza os “olhos”. Para ser mais exato, era como um polvo que nadava ao contrário, com os tentáculos para frente. O que aparentava ser os tentáculos na verdade eram fios elétricos soltos e braços mecânicos finos que terminavam em garras de três dedos, sendo um contrário aos outros.
Aerodinamicamente projetados, eram as máquinas caçadoras perfeitas. E borbadeavam sem parar, era uma verdadeira chuva de prata, chuva de faiscas. Tudo era muito confuso, as coisas estavam passando em flashes malformados muito estranhos, como se o receptor estivesse passando imagens distorcidas para a tevê. Deu tempo de ver o enxame de robôs chegando e explodindo tudo, deu tempo de ver a fuga do restante do grupo. Dois soldados desequilibraram-se e caíram no fosso, Deus sabe onde eles foram parar. Os outros conseguiram escapar, escalando engrenagens próximas e atirando sem poupar munição. O enxame sofreu baixa de mais ou menos cinco dos robôs. Destroços voaram em todas as direções. Mais tiros canhões, mas luzes, raios. Christopher não sabia, apenas voava, seguindo sem direção, de braços dados com Ray Ann, fugindo da morte.
- Tem um deles atrás de nós! – gritou Ray apavorada, olhando para trás. A coisa estava distante, mas ficava cada vez mais próxima, a medida que os dois aceleravam. Era apavorante. A chuva de prata agora era em cima deles. Bolas e mais bolas de energia passavam zunindo ao lado dos seus ouvidos, por pouco não levando suas orelhas, arrastando seus braços, dando fim à vida dos dois adolescentes viajantes do tempo.
- Vamos mudar de direção! Vamos para cima! – Chris não esperou a resposta da amiga, mudou de curso brucamente, fazendo os estômagos ficarem no ponto exato de sacar para fora das entranhas. Os gritos saíram como num coral de pavor, o mundo de engrenagens e mecanismos complexos passava voando por eles, transformando-se em borrão. Mas a máquina que os perseguia não desistia. Sua pistola acoplada no braço mecânico enroscado pela fiação tentacular não parava de disparar raios e mais raios prateados, descargas elétricas poderosas faziam o mundo ao redor vibrar.
- Nós vamos morrer! Eu sei que nós vamos! Nós vamos morrer! Vamos morrer! – Ray Ann quase cantava isso, seus gritos de desespero estavam ficando ritmados.
- Fale por você querida! Eu ainda tenho 3 livros para publicar lá no passado, viu?! – eles subiam em alta velocidade grudados à parede verde que ficava como um plano de fundo do universo de engrenagens. A cor verde vinha das placas de computador conectadas umas às outras, formando um grande papel de parede que forrava aquele mundo, mas por onde também passavam impulsos elétricos enviando informação constantemente por entre os circuitos. Voar grudado àquela parede era como voar sobre um mar repleto de veios dourados formando figuras retangulares e pontos pretos quadrados. E então a salvação surgiu, como uma luz divina, como uma mão do destino. Havia uma abertura naquela parede inifinita, um tubo descoberto, a saída do fosso das engrenagens. A pergunta a se fazer naquele momento era: o Cefalópode incansável os perseguiria até ali?
Em meio à chuva de prata que pegou o propulsor de Ray Ann de raspão e danificou o objeto, Christopher lançou-se para dentro do túnel aberto, os dois rolaram abraçados por mais ou menos um minuto, indo cada vez mais fundo, e aí tudo parou. Os dois estavam enroscados como um novelo de lã humano. Nem sinal de perseguição.
- Será que estamos seguros? – perguntou uma das cabeças daquela bola de carne e borracha.
- Acho que ele não viu quando eu nos lancei para dentro deste túnel, foi muito rápido... Acho melhor nos desenroscarmos e irmos mais fundo nessa tubulação, é a nossa única saída! – os dois lutaram para deslaçar o nó de braços e pernas, mas em pouco tempo, ali estavam eles, engatinhando para o desconhecido com uma lanterna em mãos e perguntando-se que fim haveriam levado suas versões mais velhas e os soldados? Teriam eles se salvado afinal? Sobrevivido ao ataque do enxame de Cefalópodes sem a ajuda de propulsores a jato? Aquilo era angustiante. O que seria daqueles dois agora? Perdidos num universo tecnológico completamente desconhecido
E então uma sala enorme abriu-se diante deles, dando fim ao túnel, fazendo nascer uma fábrica, uma selva de braços mecânicos e esteiras rolantes salpicadas por pedacinhos de metal, até grandes bustos, pernas e cabeças. Era a linha de produção dos robôs que serviriam à Máquina, dos soldados de Carmen Parafuso. Exatamente como numa montadora de automóveis, só que muito mais computadorizada, não havia um humano sequer ali, tudo era máquina, máquinas fazendo máquinas, peça por peça, parafuso por parafuso, sistema por sistema.
- Mas... É magnífico! – exclamou Christopher, levantando-se e caminhando até uma das esteiras rolantes. Ray Ann estava sem palavras, mais muda que uma ostra, até uma ostra assustada faria mais barulho que ela. Sobre aquela esteira, crânios de titânio com olhos de cristal desfilavam olhando numa única direção, cabeças desprovidas de cabelo ou de pele. Na esteira seguinte, apenas braços deslizavam serenamente, sem vida alguma, gelados, metal puro, fiação exposta.
- Essa é a linha de produção das Células! Dos robôs clones da Carmen! Aqueles que são idênticos a ela em tudo! – exclamou Ray Ann, em voz alta, assustando a Christopher imensamente, pois estava caladíssima há poucos segundos.
- E como você sabe?
- Olhe – ela apontou para um grande telão do outro lado do “galpão”. Era quase um paredão inteiro, e ali, exposto, passando em um filme educativo cheio de explicações minuciosas e exemplos do funcionamento da máquina, estava o projeto perfeito do primeiro andróide construído em série pela humanidade. A Célula.

Fim da Parte Treze!


Tá legal... CANSEI!


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