Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

THE BIG MACHINE - PARTE 14!



O braços cirúrgicos enormes com agulhas finíssimas faiscando na ponta tocavam de leve o topo dos crânios que passavam por eles, e imediatamente, os olhos de cristal brilhavam num verde instenso que acendia a linha de produção dali por diante como uma pista de aeroportos. Mais adiante, braços mecânicos enroscavam parafusos em braços e pernas, outras agulhas faziam faiscar pontos importantes dos sistemas internos, era todo um trabalho, toda uma arte, executada exclusivamente por máquinas. Nunca um humano havia ido tão longe ao chegar ali.
- Isso muito me lembra “All Is Full Of Love” da Björk... O video... Mas numa versão bem mais macabra e assustadora – comparou Christopher.
- Nunca vi esse clipe... – disse Ray Ann, inexpressiva, ainda olhando atentamente cada detalhe da linha de produção, ela era quase um zumbi. Os dois andaram por alguns minutos ao longo de toda a esteira por onde passavam as cabeças, e repentinamente mudaram de lado, passando por baixo da esteira e seguindo caminho no corredor entre os crânios e os braços. Em pouco tempo eles comteplavam o exército de máquinas que se estendia até onde os olhos podiam ver. Que tamanho tinha aquele galpão afinal? Os robozinhos prontos não chegavam a ter nem um metro de meio de altura, obedecendo, é claro, ao produto original. Carmen Parafuso nunca foi lá tão alta. Desnudos, não tinham pele nem roupas ainda. Chris e Ray não sabiam, mas daqui a algumas horas, os robôs transportadores entrariam pela porta do galpão e levariam aquela remessa para finalmente por a pele, o cabelo e as roupas. Armamento e dispositivos eram exclusivamente internos.
Uma voz assustou aos dois, que correram para se esconder por entre as máquinas, mas era alarme falso. A coisa que gritava era o comunicador no pulso de Chris. Don Hills chamava por eles.
- Meninos! Meninos! Vocês estão bem?! Christopher está preocupado e pediu para testar a conexão, estão me ouvindo?!
- Estamos, Don – sibilou Ray – mas não podemos falar muito alto nem fazer muitos movimentos bruscos. Estamos exatamente no galpão da linha de montagem das Células! – Fez-se um silêncio pasmado do outro lado.
- Meu Deus – foi tudo o que ele conseguiu dizer. Após um tempo, disse mais, desesperadamente – saiam daí agora!!! AGORA!!! Ela está vendo vocês! Sabe que vocês estão aí, é questão de segundos até vocês serem aniquilados! Voltem por onde vocês vieram!
- Não podemos! Estamos fugindo de um Cefalópode enfurecido! – exclamou Chris. – se voltarmos, ele estará por lá, nos procurando!
Houve interferência brusca na transmissão, mas logo foi reestabelecida a conexão.
- O que houve? – perguntou Ray. – o que aconteceu?
- Estamos sendo invadidos!
- Como?!
- Isso mesmo! Há uma aranha mecânica gigantesca nos portões da fortaleza, as duas patas dianteiras já estão sobre as nossas paredes, ela vai subir!
- E vocês não podem fazer nada?! Aniquilem ela de uma vez! – exclamou Chris, nervoso.
- Não podemos! Acha que já não tentamos?! Ela não cai! Nem com a mais poderosa das nossas armas! E já sofremos baixas terríveis! Trinta dos nossos soldados morreram fuzilados! Ela tem um fuzil mortal no lugar do outro olho. O primeiro olho é só uma bola de luz vermelha. E o que mais me irrita é que ela parece tão tranquila! MALDITAS MÁQUINAS!
- E eu pensando que o meu computador fosse um filho da puta! – Christopher deu de ombros lembrando da máquina que estava na sala da sua casa.
- Não se preocupe, você irá ganhar um PC novo no último dia do ano de 2009! – ele riu. Houve outra interferência, dessa vez mais brusca. – droga! Ela não vem só com um fuzil no lugar do olho! Ela tem furadeiras de diamante acopladas das patas dianteiras! Está detonando o teto da fortaleza!
- Acha que ela é um tipo de Cavalo de Tróia? E se ela estiver repleta de Células por dentro? – argumentou Christopher.
- Algo a ser pensado, vou avisar aos comandantes... Enquanto resolvemos esse problema aqui, procurem um esconderijo nesse galpão e fiquem quietos até Christopher e os outros chegarem até vocês... POR FAVOR! Não façam besteira!
- E o vulto humano que vimos lá em cima? Quem era? – perguntou Ray Ann, curiosa.
- Era Pietro, ele estava no comando dos Cefalópodes, controlando-os de longe por coordenadas, e escapou no último momento...
- Eu não acredito que o Pietro seria capaz disso, não acredito que nossos amigos nos traíram!
- O mundo não é assim tão verdadeiro quanto você pensa, Christopher de 2009, devemos esperar de tudo de quem menos se espera...
A conexão foi encerrada. Os dois garotos estavam agachados entre os andróides, e assim ficaram por um bom tempo.
- Eles estão entre as Células cruas – disse Augusta para o comunicador em seu pulso. Ela observava tudo o que acontecia dentro da torre através de um monitor gigantesco, talvez maior que a tela LCD de Don Hills e sua supermáquina, de uma sala escura. O trono era só seu ali, seu e dos suspiros de morango em seu colo. – tem certeza de que deseja fazer isso? Eles não merecem isso, nem fazem noção do que acontecerá daqui a alguns meses com a amizade que antes unia o Apocalipse Club... Acho até que poderíamos contar a eles e então... Tudo bem, não precisa gritar, eu já entendi, suas ordens são precisas, e vêm da Imperatriz Carmen... Sei, claro que sei, eu é que não quero ser convertida!... Isso mesmo... Mas vamos perder todo esse exército? Será muito dinheiro jogado fora, e estas máquinas estão programadas para colocar a Fortaleza Tecnológica de Asgard a baixo, não vão fazer mal contra esses dois... Tudo bem, tudo bem, considere executado... – ela apertou o botão.
- Hey, por acaso você escutou um barulho tipo “beep”? – sobressaltou-se Christopher.
- Acho que ouvi sim, tipo como se alguém tivesse ligado um computador ou algo do tipo né?
- Sim... E eu ouvi de novo agorinha!
Os dois olharam ao redor, para os esqueletos de metal que os rodeavam, estavam parados, pesados e inertes, desligados e gelados, como devem ficar até após a ativação definitiva. E então os barulhos se seguiram em escala, dois ao mesmo tempo, três ao mesmo tempo, depois quatro, cinco e em poucos minutos, era como se um exército de CPUs estivessem apitando e iniciando milhares de microcomputadores.
- Temos que sair daqui! Agora! – Ray Ann se pôs de pé, agarrou o braço de Christopher e voou por entre os rôbos perfeitamente enfileirados que ainda levantavam seus braços e testavam seus dedos fazendo movimentos básicos. Aquele mar de andróides parecia não ter fim! Quanto mais se corria, mais percebia-se que havia muito caminho ainda pela frente, como eles não puderam perceber que haviam andado tanto em pouco tempo? Aos poucos, os olhos de cristal iam tornando-se verdes novamente, e as bocas das caveiras metálicas abriam e fechavam, testando sua consistência. Alguns já andavam enquanto outros escaneavam o ambiente. Dois tentaram segurar e impedir a passagem dos dois viajantes do tempo, mas o carregamento não estava completo e a carga era pouca, por isso não tiveram força o suficiente.
Em pouco tempo, havia um exército de robôs à ativa, caçando os dois jovens pelo galpão, escaneando tudo e caminhando em ritmo e sincronia por entre os corredores entre as esteiras de produção. Chris e Ray tentavam, mas nunca conseguiam se esconder, sempre eram achados pelos feixes verdes de luz. Por enquanto as máquinas ainda não estavam atacando, somente perseguindo, mas quando elas estivessem completamente carregadas, seria o fim de Chris e Ray, fulminados por plasma.
- Como vamos sair dessa sem armas? Estamos completamente perdidos! Mortos! – disse Ray Ann atirando peças inutilizadas que encontrava no caminho. Nada os parava, eles continuavam vindo aos montes, marchando sem parar. Foi então que a saraivada de luzes prateadas começou. Eles estavam usando fogo. Seus braços podia se transformar em armas mortíferas, de choque elétrico a lança-chamas.
- Porque será que eu me sinto como no jogo do Super Mario? – riu Chris nervosamente. Foi de última hora que a cavalaria chegou. Primeiro vieram Suzannah e Fábia Paola, atirando contra os robôs, explodindo-os em mil pedaços. Mas isso não era o bastante, eles eram muitos.
- Vamos! Por aqui! – gritou Fábia. Ela indicava um respiradouro recém-aberto, por onde ela e Suzi haviam vindo. Chris e Ray aceleraram o passo abaixados, lutando contra a possibilidade de serem assados pelo plasma das armas furiosas caminhando atrás deles. Os dois entraram no túnel sem nem parar para agradecer, enquanto as duas continuaram do lado de fora, atirando sem parar. Foi então que Fábia teve a ideia de utilizar as granadas, jogando três só de uma vez. Suzannah jogou-se para dentro do túnel gritando:
- ENGATINHANDO!!! DEPRESSA!!! ISSO AQUI VAI EXPLODIR!!!
Fábia Paola entrou logo depois, gargalhando feito louca, estava imaginando as cabeças de metal voando. A fábrica das Células completamente destruída? Carmen Parafuso teria um ataque!
- Entrem nesse braço de túnel ao lado! Rápido! – foi a ordem de Suzannah. Ela nem bem terminou de falar, os dois jovens já estavam a meio caminho dentro do novo túnel. E então o galpão explodiu, detonando tudo numa hecatombe que fez tremer toda a Máquina. A língua de fogo por pouco não pegou o traseiro gorducho de Fábia, que jogou máscaras de gás para todo o restante do grupo, para que o ar quente e os gases venenosos dos complementos queimados não afetassem seus pulmões.
- Onde está o Christopher?! – perguntou Christopher (?). – E Ray Ann?
- Eles continuou subindo! Está indo em direção ao cérebro! – respondeu Suzannah empurrando todos para frente, apressada.
- Mas eles foram sozinhos?!
- Não! Os soldados sobreviventes foram com eles!
- E quanto a nós?! – gritou Ray Ann.
- Vamos sair daqui! AGORA! Precisam de nossa ajuda em Asgard! A aranha biônica está detonando o prédio com as brocas de diamante!
Chris e Ray fizeram silêncio enquanto rastejavam fundo no respiradouro, mas seus corações estavam angustiados, apertados, preocupados, atordoados com a ideia de que suas versões futurísticas pudessem morrer ali dentro. Esse afinal seria o fim de suas vidas no futuro? Estariam eles vendo afinal como morreriam? Enquanto isso, a andróide Ray Ann envolvia Christopher Umbrella em um abraço apertado enquanto usava os propulsores a jato embutidos no seu corpo de ciborgue para voar depressa ao topo da torre, segurando-o com força para que ele não caísse. Os outros soldados acabaram ficando para trás, a pedido de Christopher. O que aconteceria ali era pessoal, teria de ser resolvido somente por eles, afinal de contas, aquilo sempre fora uma briga interna do Apocalipse Club.
- Eles estão subindo, destruíram todos os Cefalópodes que eu enviei – comunicou Pietro através do comunicador em seu pulso. – não posso contra eles, ela é uma andróide e ele usa a Witchblade, eu estaria morto!... Sim, é claro... Eles jamais passarão pelos Serafins, eles são o que há de mais inovador em tecnologia do novo milênio... Então tudo bem, comunicarei a Guta, nos encontraremos no cérebro.

Fim da Parte Catorze!


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