quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
S.O.S. Dependentes Químicos!
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Letra e Tradução ₰
So Happy I Could Die
I love that lavender blonde
The way she moves
The way she walks
I touch myself can't get enough
And in the silence of the night
Through all the tears
And all the lies
I touch myself and it's alright
Just give in
Don't give up baby
Open up your heart and your mind to me
Just know when
That glass is empty
That the world is gonna bend
Happy in the club with a bottle of red wine
Stars in our eyes ‘cuz we're having a good time
Eh-eh
Eh-eh
So happy I could die
Be your best friend
Yeah I'll love you forever
Up in the clouds
We'll be higher than ever
Eh-eh
Eh-eh
So happy I could die
And it's alright
I am as vain as I allow
I do my hair
I gloss my eyes
I touch myself all through the night
And when something fall out of place
I take my time
I put it back
I touch myself
Till I'm on track
Just give in
Don't give up baby
Open up your heart and your mind to me
Just know when
That glass is empty
That the world is gonna bend
Happy in the club with a bottle of red wine
Stars in our eyes ‘cuz we're having a good time
So happy I could die
Be your best friend
Yeah I'll love you forever
Up in the clouds
We'll be higher than ever
So happy I could die
And it's alright
Happy in the club with a bottle of red wine
Stars in our eyes ‘cuz we're having a good time
So happy I could die
Be your best friend
Yeah I'll love you forever
Up in the clouds
We'll be higher than ever
So happy I could die
And it's alright
------------------------------------------------------------
Eu amo aquele cabelo loiro lavanda
O jeito que ela se move
O jeito que ela caminha
Eu me toco e não me canso
E no silêncio da noite
Por todas as lágrimas
E todas as mentiras
Eu me toco e está tudo certo
Simplesmente entregue-se
Não desista, amor
Abra seu coração e sua mente para mim
Só saiba que quando
O copo estiver vazio
O mundo vai se render
Feliz na boate com uma garrafa de vinho tinto
Estrelas nos olhos porque estamos nos divertindo
Eh-eh
Eh-eh
Tão feliz que poderia morrer
Ser a sua melhor amiga
Yeah eu vou te amar para sempre
Nas nuvens
Vamos ficar mais altos que nunca
Eh-eh
Eh-eh
Tão feliz que eu poderia morrer
E está tudo certo
Eu sou tão vaidosa quanto me permito
Eu ajeito meu cabelo
Passo brilho nos olhos
Eu me toco a noite toda
E quando alguma coisa sai do lugar
Eu não tenho pressa
E boto no lugar
Eu me toco
Até voltar ao ritmo
Simplesmente entregue-se
Não desista, amor
Abra seu coração e sua mente para mim
Só saiba que quando
O copo estiver vazio
O mundo vai se render
Feliz na boate com uma garrafa de vinho tinto
Estrelas nos olhos porque estamos nos divertindo
Tão feliz que poderia morrer
Ser a sua melhor amiga
Yeah eu vou te amar para sempre
Nas nuvens
Vamos ficar mais altos que nunca
Tão feliz que poderia morrer
E está tudo certo
Feliz na boate com uma garrafa de vinho tinto
Estrelas nos olhos porque estamos nos divertindo
Tão feliz que poderia morrer
Ser a sua melhor amiga
Yeah eu vou te amar para sempre
Nas nuvens
Vamos ficar mais altos que nunca
Tão feliz que eu poderia morrer
E está tudo certo
--------------------------------------------------------------------
a música que marcou o fim da grande efeméride de aniversário *--*
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
O Ser Humano Mais Amado do Mundo
domingo, 24 de janeiro de 2010
So Happy I Could Die
Sábado, 23 de Janeiro, há apenas um dia da minha volta para casa...
A festa da maçonaria estava movendo mares e montanhas! O pessoal do som trouxe a aparelhagem um dia antes, e eu previa o inferno que seria aquele som à noite toda. Nunca fui de festas, sempre odiei festas, sempre odiei muito barulho, sempre odiei muita gente reunida, confusão nem sempre é comigo, eu estava sofrendo desde cedo. Exatamente uma semana antes os boatos começaram sobre a tal festa, e quinta feira o convite ao meu pai chegou. Entregaram ele pra mim, mas eu total que ignorei aquilo, estava decidido a descer de minha torre (segundo andar da casa da Tia Ana), fazer a íntima lá embaixo com os maçons que sempre me deram muito medo por serem uma sociedade secreta e toda aquela coisa, e subir de volta para curtir minhas risadas na Desciclopédia. Haha, eu idiota nem suspeitei de nada! Como eu pude ser tão imbecil? Tinha assistido o documentário sobre o novo livro de Dan Brown há mais ou menos uns dois dias, sabia o que precisava saber para calcular que os maçons NUNCA iniciariam 5 novos membros na presença de mulheres e crianças, afinal a iniciação é um ritual secreto, e isto foi a prova de que eu sou um completo pateta, desatento, idiota, tapado, imbecil! Nem me toquei de nada!
Esta manhã, tudo havia corrido normalmente, como em qualquer outro dia. A diferença foi que a Regina manicure veio cuidar das minhas unhas dos pés que mais parecem garras de trolls, e depois cuidou das unhas das meninas e do papai. As arrumações começaram as cinco da tarde, Lorenice foi a primeira que correu para o banheiro, papai queria fugir da festa, aparentemente os maçons queriam que ele fosse o mestre de cerimônia, fizessem discurso e ficasse com o microfone a festa toda, e ele disse que achava isso um saco, e agora que eu estou escrevendo isto a vocês vejo o quanto eu fui IDIOTA pela segunda vez!!! Meu pai ama a atenção, ama ter um microfone na mão, é por isso que ele está no ramo da política não é?! NOSSA! Eu sou muito tapado! Como fui cair nessa????
Mas é que ele falou com tanta convicção, dizendo que estava morrendo de dor de cabeça, que não agüentava aquele som alto, e isso eu até engoli porque ele é muito exigente com o negócio do barulho, igual eu, sempre sofro na algazarra, odeio som alto, principalmente se for a porcaria do melody (brega, ou fezes se preferir) da nossa região, o qual papai também não curte muito, e esse argumento pelo menos é verídico e tem consistência, mas o negócio do microfone foi PODRE, e só agora eu percebi isso, horas depois da festa! Eu e as meninas nos arrumamos e ficamos tirando foto durante um tempinho lá no quarto enquanto papai vestia a roupa de festa. Nem contei pra vocês que roubei a blusa que ele ia usar NE? Mas é muito linda, pretinha, com detalhes em prata listrado na parte superior, gola em V, tudo a ver comigo. Enfim, QUEIXEI! E assim que o papai desceu, corremos para o carro, ele não gosta de atrasos, não suporta que ninguém o atrase, e sabendo como ele é meio estourado, largamos tudo para trás e corremos! Entramos no carro e fomos tendo como destino a cidade vizinha Vitória do Jarí, onde a filha de uma amiga de trabalho dele iria comemorar o seu êxito no recente vestibular, a moça estava a caminho da faculdade e merecia uma comemoração. Neste momento, suspeito que até isto tenha sido falso, vou até perguntar a ela agora no MSN se houve algo parecido...
Enfim, ela está offline... Mas, como eu ia dizendo, enfretamos a estrada fantasmagórica que passa pelos campos de eucalipto cultivado pelas fábricas da região para a transformação em papel, vimos os homens e as máquinas trabalhando lado a lado na escuridão da noite estrelada, banhada pela lua deleitada de prazer ao iluminar a mata viva e pensante. Papai vinha no carro contando histórias de estrada, de como ele tinha de enfrentar a mesma estrada todo dia, os animais que ele via, a cutia com a qual ele já havia criado intimidade, as horas mais sombrias em que teve de descer e subir aqueles abismos apelidados de ladeira, que cortam as montanhas como feridas de barro, discutimos lendas, discutimos teorias espirituais, discutimos sobre flatulência (assunto preferido do papai, -oi), discutimos as peripécias da língua portuguesa e o quanto a linguagem da internet estava afetando neurônios, e rimos da Camila que sempre banca a medrosa na estrada.
Tudo isso ao som de Katy Perry Unplugged, o CD que há uma semana meu pai havia pedido para mim pela internet. Foi tudo uma surpresa! Ele tirou o CD de dance dele e entregou um pacote à Camila dizendo “abre esse CD aqui Camila!”. E então ele o pôs pra tocar. Primeiro eu tava viajando aos sons da batida de jazz da versão acústica de I Kissed a Girl, e quando reconheci a voz da Katy comecei a gritar e a pedir a capa do CD, e depois meu pai entregou a mim os livros de Anne Rice e me deu um abraço enquanto as meninas gritavam e aplaudiam, e fomos e voltamos ouvindo Katy Perry... Eu sinceramente ADORO a estrada, viveria na estrada se pudesse, cresci entre Macapá e Laranjal, estou super ambientado ao ir e vir constante, a observar a vida no mundo como ela é originalmente, aonde o pênis da globalização ainda não foi capaz de penetrar e violar. Estrada à noite, melhor ainda.
E eis que voltamos a Laranjal, os telefonemas não paravam, tia Ana queria todas as meninas de volta e já, Camila, Lorenice e Yara teriam muito serviço pela frente, como servir os maçons e lavar a louça, e voamos então para casa. Aquelas tochas por entre as quais Iêda, Yara e eu pulamos durante a tarde estavam acesas formando um corredor para a escuridão do interior do pátio interno, enorme, parecia que ia sair até algum bicho dali de dentro. Estacionamos o carro do outro lado da rua e descemos nos espreguiçando feito um bando de galinhas que acabaram de sair do choco, e fomos meio molengas em direção às tochas. Eu imaginei que aquilo tudo fosse coisa da maçonaria, eles que são todos misteriosos, fiz a egípcia e já ia saindo à francesa em direção ao portãozinho lateral que levava à escada de acesso ao apartamento do papai lá em cima, mas me puxaram para o corredor de tochas e uma luz fortíssima se acendeu vinda das trevas em nossa direção. Era uma câmera. Solene, continuei fazendo a egípcia e adentrei na escuridão tendo a luz na minha cara e várias coisas passando pela minha cabeça como toda aquela gente chique que estaria me esperando lá dentro com seus olhares de juiz. Foi então que meu pai sussurrou ao meu ouvido, meio trêmulo:
- Meu filho, aproveite, esta festa é sua...
As luzes e os lasers acenderam sobre mim e as pessoas de pé ao meu redor.
Oh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh!
Caught in a bad romance
Oh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh-oh!
Caught in a bad romance
Rah-rah-ah-ah-ah-ah!
Rama-ramama-ah
GaGa-ooh-la-la!
Want your bad romance
- PARA! PARA! PARA! PARA! PARA! PARA TUDO! PARA! PARA! PARA! PARA! PARA! PARA TUDO! NÃO! NÃO! ISSO NÃO! NÃO!
Meu estômago embrulhou, eu fiquei gelado, aqueles aplausos todos, aqueles olhares todos, aqueles enfeites de bruxa, as cores, a decoração, toda pra mim. Eu gritava feito um louco, meus olhos estavam saltados, eu tremia, estava morrendo de medo, confuso, assustado, cantando Bad Romance enquanto subia as escadas para a grande quadra onde estava a minha mesa enorme repleta de caixas e mais caixas em forma de estrelas e diamantes recheadas de bombons, tendo ao centro um ENORME bolo preto de dois andares com janelinhas de glacê e torres de castelo imitando a Mansão Dellabóbora. Atrás, um banner enorme grafitado com uma foto minha e “Parábens Junior” com uma imagem do meu livro logo abaixo. O tema da festa era baseado na capa do Especial de Halloween de As Dellabóboras, tanto que teve até uma apresentação do grupo de dança patrocinado pela Ana Duarte em que eles dançaram Thriller vestidos de zumbis, igualzinho na ilustração, onde Afonsa e Agnes dividem a cena com um morcego, a lua cheia, névoa verde e cadáveres que saem do chão. Detalhe, havia uns morceguinhos voando ao lado da minha cara, adorei! Pela primeira vez em toda a minha vida colocaram uma foto BONITA minha num banner!
E então os holofotes todos se voltaram para a porta ao lado da mesa e então cheia de brilho e envolvida numa áurea mística de luz, MINHA MÃE SAIU DAS SOMBRAS me agarrando e me beijando enquanto eu gritava e virava meu rosto para todos os flashes que eu via, fazendo caras e bocas de assustado! Depois de mim foi a vez de Iêda agarrar a mamãe e chorar feito uma louca. Nunca vi menina pra chorar tanto! O homenageado era eu e quem chorou antecipadamente durante uma semana foi ela! E só agora eu descobri o motivo! Era a angústia de ter uma festa tão pesada na consciência, e esconder a vinda da mamãe também deve ter sido uma barra. Recebi presentes, posei pra fotos, apertei mãos, posei pra fotos, beijei rostos, posei pra fotos, fiz à egípcia, posei pra fotos, fiz à Elke, posei pras fotos, gritei, bati palmas, posei pra fotos. Enfim, momento Paparazzi by Lady Gaga em alta.
- AI
- MEU
- DEUS
Foram minhas primeiras palavras trêmulas no microfone.
- TEM UM BANNER COM A MINHA CARA – foram minhas segundas palavras no microfone. Eu não sabia quem agradecer, agradeci quem estava mais perto, todos aqueles que fazem parte do meu dia-a-dia, todos aqueles que eu mais amo, todos aqueles que sempre estão do meu lado, todos aqueles que realmente fazem a diferença na minha vida. Eu não lembro muito de bem de absolutamente nada, estava em choque, lembro do meu pai dizendo algumas coisas, e lembro do rosto da minha mãe chorando em rever seus filhos depois de tanto tempo. Existem duas versões da filmagem da minha festa esplêndida, a versão com cortes de falha técnica da Mimi (rs), e a versão estendida da equipe contratada para a filmagem. O tio que tirou minhas fotos com os convidados disse-me que não lembrava dele, mas que em meu aniversário de três anos, foi ele quem me pôs no jornal. Hmmmmmmmmmm, então eu sempre fui divo e nem sabia, ah ta bom então, rs. E depois de toda aquela confusão, eu dancei Bad Romance na frente de um monte de desconhecidos e depois de ter pagado esse mico básico saí à francesa e fui ver a mesa onde a TIA ADMA, O TIO GERSON, O TONHO e a Mamãe estavam sentados (Sim! A família Casseb também veio! Sem a Jamile, é claro, que está em Belém, mas foi muito importante vê-los ali! Eles são minha família!!!), e descobri para o meu desespero que mamãe estava ARDENDO EM FEBRE e teve de voltar pra casa da tia Adma pra descansar senão ia desmaiar ali mesmo. Eu fiquei completamente angustiado e senti um mal-estar enorme por ela, subi um instante para refletir sobre a minha vida enquanto os “povo” dançavam funk, e desci para fazer a íntima (rs) com os outros, e aos poucos as pessoas foram saindo e liberando a pista para mim. Era hora de uma velho conhecido meu chamado Neko FyeMokona brilhar.
Estava na cozinha quando começou a tocar Speechless da Lady GaGa, e subi correndo as escadas que levam à quadra pra fazer uma interpretação teatral dessa música para quem quisesse ver. Quem já ouviu essa canção sabe do que eu estou falando, é perfeita, belíssima, tocante, foi o meu momento, um momento tão íntimo, um momento tão interno e ao mesmo tempo tão exposto para todos. Eis que todas as minhas músicas favoritas decidiram tocar, e o DJ saiu, acabei ficando no lugar dele, entrando na casinha pra selecionar as músicas e voltando para a pista. Era só eu e as meninas, Yara, Lore, Camila, Iêda. Mas aos poucos elas foram saindo, e eu fui ficando ali, sozinho, dançando, pulando feito um doido, de olhos fechados, fingindo estar sozinho na sala da minha casa enquanto os lasers e as luzes me atingiam frenéticos o tempo todo, me invadindo e me possuindo. Fiquei ali até três e meia da manhã, dançando só o que eu queria, como eu queria, sem me importa se alguém estava me olhando. Pela primeira vez eu fui em público. Primeira e ÚLTIMA! AHDIOASHDOAISDHOAISHDOIASD Q
Depois de dançar por quase três horas sem parar, me joguei no chão, respirei um pouco e sai de cena ainda dançando, e aconteceu depois algo sobre o qual não entrarei em detalhes... rs.
Antes de tudo isso, tive o momento de fazer a íntima com as amigas convidadas das meninas, da Lore, da Yara de Camila, elas são muito bacanas, ficamos lá a luz das tochas conversando e rindo durante alguns minutos enquanto eu narrava extasiado fato por fato, me maravilhando como tudo foi tão teatral e perfeito, as mentiras tão bem contadas e as pontas que ficaram soltas, se encaixando cada vez mais a cada detalhe revelado pela Tia Ana ou pelas meninas, que se queixaram várias vezes de terem SOFRIDO feito Cristo por causa dessa festa, levando bronca do papai todo dia, tudo tinha de ser perfeito, elas não podiam se dar ao luxo de falhar uma vez sequer, e eu as abracei e as beijei tanto perguntando a elas porque se prestaram àquilo, porque sofreram esses dias todos por minha causa. Sentindo-me cada vez mais culpado. Pobrezinha da tia Ana, além de tomar conta da casa dela ainda teve de correr pra cima e pra baixo para organizar essa festa pra MIM! Por isso ela estava se queixando de dores nas pernas a semana inteira!
Outras que sofreram foram a Thayanna e a mãe dela, fazendo aqueles bombons e preparando os brindes e a ornamentação, trabalharam duro feito duas condenadas pra mim! Pra MIM! Porque essas pessoas fizeram isso meu Deus?! Eu me pergunto! Porque se sacrificaram tanto por mim?! Quantas vezes as meninas devem ter chorado por causa de broncas, quantas vezes elas tiveram de deixar os seus afazeres e obrigações para cuidar dos preparativos?! Meu Deus! Eu sou um monstro!
Hoje, dia 24, eu não voltei pra casa. Foi decidido que vamos todos juntos, eu, mamãe e Iêda amanhã pelas nove horas, e antes disso já havíamos decidido passar o dia com Mamãe na nova e agradável casa dos Casseb, que por sinal vivem se mudando. A nova casa é bem melhor que a outra, é mais prática, mais agradável e tem como ponto de referência o ginásio de Monte Dourado, o que a torna mais acessível a todos nós. Passamos o dia todo dormindo ao lado da mamãe enquanto ela descansava. A febre abaixou um pouco e ela já está bem melhor do que ontem. Suspeita de que seja algum problema no rim, sente dores ao se abaixar. É barra mesmo, já orei bastante por ela, ela vai ficar bem.
Mas o que mais me tem deixado reflexivo é o fato de esta festa ter mobilizado tanta gente! Reflexivo nada, eu me sinto culpa, angustiado, não sei, eu sinto tantas coisas ao mesmo tempo, estou tão confuso, tão triste em ter de deixar todo mundo aqui e voltar pra Macapá, em saber que esta aqui não é a minha vida, em saber que minha realidade é completamente outra. Eu não tenho tantas mordomias, não tenho tantas pessoas que gostem realmente de mim ao meu redor, os verdadeiros amigos em Macapá são muito poucos, e mesmo assim eles não sobem ao meu quarto e não me acordam com abraços e beijos todas as manhãs.
As pessoas não gostam de mim, o mundo parece programado para não me aceitar de maneira alguma, e então surgem pessoas desse tipo, pessoas assim que me tratam tão bem, que nunca me julgam de maneira alguma, que me colocam em um pedestal que eu não mereço, pessoas que me amam incondicionalmente. Eu fui feliz durante duas semanas inteiras, não tive motivos para reclamar um segundo sequer, foram risos, abraços, beijos, conversas, brincadeiras... Depois de rever tudo o que se passou desde que cheguei aqui, meu coração se aperta e chora, porque o sentimento é de que realmente há algo errado, de que toda essa atenção e todo esse amor é antinatural, como se nada disso existisse. Entendam que eu não sou acostumado com essas coisas. O amor que eu costumo sentir vem somente da família, eu estou apenas acostumado com o amor de meus pais, de minha irmã, de meus amigos mais íntimos e mais próximos. Toda essa atenção, toda a dedicação que essas pessoas tem para comigo, parece tudo tão errado, não é certo, eu não mereço isso, e isso me dói tanto. Por isso o título desta longa postagem é “So Happy I Could Die”, pois eu estou tão feliz agora, tão feliz agora, que poderia morrer. Morrer por todos eles, morrer por todos aqueles que se sacrificaram por mim durante todos esses dias.
Eu estou acostumado com pessoas terríveis me fazendo coisas horríveis o tempo todo. E por um momento quase perdi as esperanças da existência de pessoas boas no mundo. Mas existem sim. Existem. E este meu santuário é a prova. O Vale do Jarí é a prova de tudo isso. Fui feliz durante o período em que passei longos finais de semanas e férias no Munguba, fui feliz no período em que vivi a experiência de Monte Dourado, e sou feliz eternamente por viver a experiência de Laranjal do Jarí, viver a experiência da Família Sabóia, viver a experiência da família do meu pai, viver a experiência da minha nova família.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Love Angel Music "Birthday" - Turn It Up
MAMÃE: SEU GRANDE AMOR, SUAS SAUDADES E UM TELEFONEMA (LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL)
TIA ANA: CAIXA DE DIAMANTES DE CHOCOLATE E AGENDA 2010 *¬*
YARA: CAIXA DE DIAMANTES DE CHOCOLATE.
IÊDA: CANECA DE PORCELANA PERSONALIZADA COM FLORES MARRONS E PRETAS, OVO DE VIDRO COM UMA FLOR DENTRO S2
PAPAI: LIVRO ENTREVISTA COM O VAMPIRO DE ANNE RICE, VAMPIRO LESTAT DE ANNE RICE E CD+DVD KATY PERRY MTV UNPLUGGED.
THAYANNA: UMA WEBCAM.
MIMI: PROMETEU-ME UMA GELATINA.
CAMILA: MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM...
LORENICE: PROMETEU-ME UM PORTA CDs DE TARTARUGUINHA.
KAYAN: SEUS LINDOS SORRISINHOS E SUAS RISADINHAS INEBRIANTES *O*
Bem, então, ontem, 18 de janeiro foi meu aniversário, com direito a comemoração na pizzaria e tudo, com um monte de gente rindo e tricotando... A primeira a me desejar feliz aniversário foi minha irmã quando bateu meia noite em ponto. Ela não levou a sério o fato de eu tecnicamente ter 16 anos até as duas da tarde, e pelo visto, papai também não aceitou, me deu um forte abraço e me prometeu um carro no ano que vem e um celular em JULHO!
Depois, pela manhã e em oficial, de todas as meninas, Lorenice foi a primeira que me desejou parabéns, me dando um abraço quando eu ainda dormia enrolado nas cobertas, no escuro. Aos poucos eu fui saindo da minha toca até perceber que tudo era seguro o bastante para dar as caras, nada de ovada no meu cabelo, por favor, eu ando fazendo a Elke com ele por aí, então tenha dó.
Quanto ao resto do dia, foi totalmente normal, os presentes foram subindo enquanto eu assistia às Trapalhadas de Flapjack no Cartoon Network, e eu fiquei incrivelmente satisfeito em perceber que a quantidade havia superado estes três últimos anos em conjunto, levando-se em consideração que eu havia ganhado um PEIXE ASSADO ano passado.
Na verdade, comecei mesmo a ficar envergonhado quando a quantidade passou de dois, eu estou acostumado a ganhar coisas somente dos meus pais, das outras pessoas fica meio que abusivo, como se fosse uma obrigação delas, mas desta vez eu sei que não, e sei que cada presente foi de coração, eu senti.
E então o dia parecia realmente ter sido feito para mim, no TVZ do Multishow só tocaram meus videos favoritos enquanto eu amarrava o cadarço da minha bota Converse preta favorita. Na verdade, a única que eu tenho xD. E depois ficou tudo meio nublado e o Kayan fez xixi no colchão do papai e ele nem sabe :bb
Fomos para a pizzaria juntos lá pelas 7:45, e aos poucos o resto do pessoal foi chegando até que lotamos várias mesas juntos e rimos muito tricotando e lembrando de loucuras e besteiras ditas por fulano ou cicrano. O destaque da semana vai para Lorenice que, não sabendo explicar o que havia ocorrido com a apresentadora Hebe Camargo, saiu por aí dizendo que a mulher tinha sido internada com "problema na próstata".
- MAS NA PRÒSTATA LORENICE??????
- É! ALGO ASSIM RELACIONADO COM A COLUNA!!!!
QQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQQ
(momento de tensão).
Sinceramente, isto sim é que é pérola, vai ficar aqui registrado, beijo Lore ;* em você naquele seu namorado pizzaiolo! aihdapsdhpasphodashpohposahopasdhpodsapohadshopd.
Depois o papai fez questão de lembrar à Iêda o momento tenso que foi a dor de barriga súbita que a pegou de surpresa às quatro da manhã. A pobrezinha foi inventar justamente de me chamar, acabei gritando com ela porque estava meio acordado e meio adormecido, mandei ela virar de barriga pra baixo e não deu certo, depois de um tempo só ouvi os rebuliços pelo quarto:
- Toma, minha filhinha, essa pilula pra passar.
-NÃOPAIEUTENHOMEDOMUITOMEDOMUITOMEDOTENHOMEDOTENHOMEDOMEDOMEDOMUITOMEDOPAI
Foi espetacular, com toda a certeza...
E depois da pizzaria voltamos para casa na carroceria do carro da tia Ana e do tio Clal, enfim, meu aniversário acabou do jeitinho que o pessoal do senado gosta, EM PIZZA, mas no bom sentido, é claro, e de todos até hoje foi o melhor, simples assim, do jeito que eu gosto, com todas as pessoas que eu amo bem aqui, pertinho de mim, mesmo que não fisicamente, mas espiritualmente sempre do meu lado, sem festa, sem bagunça, sem som alto, do meu jeitinho...
E assim meu ano ano começa...
domingo, 17 de janeiro de 2010
Love Angel Music "Birthday" - Turn It Up Intro
A sensação é incrível, indescritível, reluzir iluminado pelo brilho das escamas prateadas, observar o comportamento da vida adaptando-se ao ser humano, vendo os peixes e as plantas aquáticas desviarem e se envolverem entre as pernas de madeira que sustentam o trapiche acima de mim. Assim como explorei cada centímetro do fundo daquele riacho de águas claras, vasculhei cada pedacinho da vida de minhas novas primas, das suas personalidades, dos seus costumes, das suas histórias, estamos cada vez mais íntimos, somos praticamente quase irmãos. E o mais incrível de tudo isso é que os nossos laços parecem vir de muito tempo atrás, de até antes do tempo em que nos conhecemos, a sensação é de que eu sempre as conheci, desde que nasci, a sensação é de que crescemos juntos, de que já nos vimos antes. São rostos tão familiares para mim, não só agora que nos conhecemos melhor, antes, antes mesmo de começarmos a nos falar, era assim, sempre foi.
Acreditam em vidas passadas? hihi ;x
Yara é uma garota incrível e forte, decidida em tudo que faz, cheia de atitude e paixão pela natureza, pela água, pelo verde, cada vez que meus olhos batem sobre ela, vejo um grande corsel dourado indomável, angustiado e revoltado por estar preso por algo. Eu sei qual algo é esse, mas não posso contar aqui, é claro, o blog é levemente público e alguém que deve pode acabar lendo. Parece até ironia Yara ser a mãe do rio e ela ser tão apaixonada pela água, aparentemente é um grande clichê de novela, mas isso não é uma novela, é a vida real. Às vezes acho que as irmãs dela são um pouco injustas com a garota, mas é coisa de irmão, fazer o quê.
Camila é o tipo de garota que se dá bem com todo mundo, adora "tricotar", que nem eu, gastamos horas e horas escorrendo nosso veneno e fazendo piadinhas infames sobre os outros, enfim, juntos não prestamos, não valemos nada mesmo! Se colocassem um balde embaixo da mesa, encheríamos dois com a nossa peçonha HOHO (: Juntos somos imbatíveis, é claro. É extrovertida, não para um segundo, vive pulando O TEMPO TODO, tirando fotos na frente do espelho, fazendo poses para tudo, dançando. Conhece todo mundo, se dá bem com todo mundo, um grande sorriso define a personalidade dela. Nasceu dentro de um barco, com uma doença raríssima na garganta, quando era bebê não chorava, não conseguia tomar nada sem se engasgar, passou por vários exames até descobrir que tinha papiloma e em seguida por várias cirurgias, chegou a usar um aparelhinho para poder falar, sua voz saía por tubo diretamente da garganta, igual nos filmes de hollywood, é a favorita da casa, tia Ana só chama por ela, o tempo todo, para fazer tudo, e agent sabe que as mães só perturbam aqueles filhos que elas mais gostam.
Mimi é uma garota completamente temperamental, hiper sensível e super afetada, parece uma molequinha, se comporta como uma garotinha, sua aparência inspira cuidados porque ela parece tão frágil e desprotegida, é completamente graciosa, uma graça, uma gracinha como diria Hebe Camargo. Pequenininha, branquinha, voz e linguajar infantil, toda serelepe, brincalhona, engraçada, conversativa, risonha, tudo de bom, mas se magoa muito fácil. Quem olha pra ela nem diz que tem dezessete anos e já teve um filho, há quatro meses atrás. O pequeno Caiã é completamente blasé, ele só ri pra quem ele gosta mesmo, quantos aos outros, podem fazer a palhaçada que quiserem, ele será completamente egípcio, é a criança mais blasé que eu conheço, uma gracinha. Demorei uma semana para arrancar um meio sorriso dele, e não apenas uma cara mista de confusão e surpresa. A primeira vez em que ele me viu abriu o maior olhão, foi super engraçado, ri demais.
Lorenice é de todas as mais nova, 12 anos, mas seu rosto e seu corpo já são de mulher adulta, e as suas atitudes também. Costuma ficar no seu canto, centrada, fazendo alguma coisa, se distraindo, estudando, cuidando. Mas também nunca dispensa uma brincadeira ou uma provocação, ela tem os seus momentos de moleca também, mas enfim é uma moça. Seus pais estão em Gurupá, cidade Natal tão amada de todas elas, e vez ou outra torna a comentar sobre detalhes da sua vida por lá, nos tempos de infância.
Cada uma com a sua história.
Cada uma com a sua personalidade única.
Cada uma misteriosa.
Mas tão transparente quanto o fundo daquele riacho.
Ouvimos Lady Gaga na ida e na volta do terreno, e lá ouvimos quase todos os meus CDs, o que foi um sonho para mim, foi inacreditável, em meia hora meu pai já quase sabia cantar Mama Do da Pixie Lott, não sabem o que isso significa para mim. Lá em Macapá não tenho chance, eu tenho de aguentar o maldito do brega 24 horas na casa da minha vó, e quando o ano novo foi na minha casa, nem assim tive chance de ouvir minhas músicas preferidas! Meu primo tirou Lady Gaga no primeiro instante de Just Dance dizendo que era música de doido e tascou-lhe a merda sem ritmo, nem letra e nem melodia de um brega estúpido chiclete, puro lixo musical, porcaria, fezes, inutilidades, sujeira para os ouvidos. Na minha própria casa. E aí eu chego aqui e me deixam ouvir as minhas melhores músicas e ninguém reclama, foi perfeito *--*. Foi o florescer do bom gosto, finalmente, vitória. E quando enjoaram das minhas músicas, trocaram para outro CD agradável de Disco e Dance enquanto fazíamos partidas e mais partidas de 5 Cortes na água gelada do riacho.
Bem, agora já é mais de meia noite, então na prática eu já tenho dezessete anos, porém, tecnicamente só faço dezessete às duas da tarde u__u então ainda tenho dezesseis tá bom?
Meu inferno astral foi até tranquilo, apesar das revelações ESTARRECEDORAS e das brigas que me deixaram angustiado e da saudade absurda que eu to sentindo da minha mãe. Eu sou meio bebêzão, não cresço nunca.
Pois é, BV e virgem aos dezessete, que mara, eu sou de Deus
HOHO (:
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
ALÔ?
Como reza a lenda, estou na casa do meu pai, como sempre acontece toda a vez que venho para estas longíquas e calorosas terras do coração da Amazônia, rodeada de verde, rodeada de altas serras e montanhas, lugares quase intocados pela mão maldita do homem, onde ainda vive certa penumbra entre a nossa realidade e outros mundos, onde alguns seres ainda tem a coragem de vagar entre as dimensões do que é real e do que é sobrenatural, lugares secretos, cidades que só são alcançadas por embarcações ou estradas barrentas, mas que não perdem para nenhuma capital em questão de pessoal e moradia, não há tanta diferença assim.
Bom, estou a espera de uma grande bronca que acontecerá daqui a alguns minutos bem aqui, no meio do apartamento do meu pai, que neste instante atravessa de balsa para o nosso lado do rio, voltando do emprego em Vitória do Jarí. Não sei o que foi que aconteceu, mas a cobra vai fumar daqui a pouco... Bom, espero que se for fumar, não seja um charuto barato ou falsificado, mas tudo bem.
Pois é... Nesse tempo pré-faculdade, vai ser bem raro vocês me verem por aqui, mas não esquentem, vou bolar histórias e relatos curtos, mas bacanas para deixar sempre que for possível. Indo diretamente ao ponto, como é de se esperar, sempre tenho uma grande história para contar, sempre tenho um relato absurdo de peripécias na estrada de chão, como meus problemas cármicos ainda não acabaram, contarei a vocês outra história do gênero do "Fazendeiro" que fez o maior sucesso ano passado, que ocorreu dentro do ônibus vindo para cá, mas desta vez, nada de gordos enormes me espremendo contra a janela. Dessa vez, um garotinho vomitou bem do nosso lado, o ônibus resolveu que ia dar pití, todo mundo teve que descer pra ficar um instantinho no sol quente, e mais tarde quase fui atacado por um gafanhato monstro alienígena de outra dimensão, na tela de proteção da janela do restaurante... Enfim, coisas bizarras acontecem com quem passeia por estas estradas que dividem mundos...
Como os momentos de terror na recém-aberta estrada que liga Laranjal a Vitória, ontem à noite, quando resolvemos enfrentar curvas sinuosas, abismos enormes e ladeiras mais inclinadas que o toboágua "insano" do Beach Park... Realmente, como meu pai disse, aquilo parecia mesmo uma espécie de estrada para o castelo do conde-drácula, foi uma coisa bizarra, sem contar as árvores absolutamente imensas e a semi-escuridão da estradinha que corta os morros e a mata fechada. Aquilo ali era sombrio, mas de fato admirável, a natureza é uma coisa maravilhosa. Ali dentro daquele carro, na volta para casa, entre as curvas na escuridão, transpassando a fina neblina da altitude, eu remoía pensamentos dentro de mim, imaginando que o meu mundo era assim, como aquela floresta, tão rico, tão cheio de vida, mas mesmo assim tão penumbroso, tão secreto, tão brilhante...
Aquela floresta me fazia sentir calmo, inerte, mas ao mesmo tempo tão vivo. Eu poderia dormir ali, no meio do nada, em silêncio durante horas, sentindo as criaturas passarem por cima do meu corpo, ouvindo o canto da mata, porque o canto da mata era eu naquele momento... Sei lá, é uma coisa bem tensa...
Qualquer hora eu volto com mais novidades!
Até mais!
;D
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
THE BIG MACHINE - PARTE FINAL!!!!
As palavras de Don Hills dançavam em sua cabeça “chave central” “desativar sistema de segurança” “alavanca prateada de punho azul” “abaixo do pilar”, mas ele não podia fazer nada, se a Witchblade entrasse em ação naquele momento, tudo estaria perdido, seus amigos desceriam para a morte, o Chris do passado morreria, e Ray Ann também, de modo que eles dois deixariam de existir no exato momento em que o coração dos jovens parasse de bater. A andróide Ray Ann estava sendo contida pelas espadas dos quatro serafins, que a envolviam num casulo, numa prisão de eletricidade estática que a impedia de se mover, de modo que ele estava sozinho ali. Duro como pedra, diante de terríveis escolhas que decidiriam o futuro da terra.
Pietro e Augusta surgiram da escuridão, impassíveis, de braços cruzados, usando uniformes brancos de borracha, opostos aos uniformes pretos de Asgard. Impassíveis, fingiam não vê-lo, como seguranças de uma festa, se postaram ao lado de seu chefe e ali ficaram, enquanto Maurice alisava o peitoral da armadura de Christopher.
- Você sabe o que eu quero, Chris – disse ele – o que eu sempre quis desde o começo e que você nunca me deu. Só isso irá salvar os seus amigos, que de certo modo são meus amigos também, e eu jamais gostaria que isso acontecesse a eles!
Christopher deu um passo para trás, revoltado e furioso, estava se segurando para não explodir aquilo tudo de uma só vez, ele explodiu:
- É CLARO QUE NÃO! ESTÁ FICANDO LOUCO POR ACASO?! PERDEU O RESPEITO?! OU O PODER SUBIU DE UMA VEZ À SUA CABEÇA?!
A corrente desceu dez centímetros, dez centímetros mais próximos os reféns estavam da morte.
- Vamos, vamos, não tenho o dia todo, entregue-se e eles estão livres!
Christopher hesitou. Era hora de um plano, um plano rápido. A voz de Don Hills voltou a soar no comunicador em seu pulso.
- Saturno? Saturno, está me ouvindo? – dizia a voz – Saturno? Saturno? Está aí?
Chris levou o pulso próximo à boca.
- Estou aqui, Don.
- Acabei de voltar, suponho pelos meus cálculos que você está na sala de controle agora, não é?
- Estou, mas tenho problemas, todos eles estão aqui, Augusta, Pietro... Maurice... Era ele, sempre foi ele...
- Oh, droga! – exclamou a voz, e a transmissão foi encerrada. Maurice se aproximou dele e pegou seu pulso, tentou arrancar o comunicador, mas isto não deu muito certo, a liga metálica da Witchblade havia unido-se ao objeto de tal forma que agora ele era parte da armadura também.
- Tudo bem, recolha a porcaria dessa armadura.
Christopher hesitou outra vez. A corda desceu mais dez centímetros. Eles estavam a dois metros de distância da morte certa agora. A armadura recolheu-se para a manopla, e Maurice arrancou o comunicador de uma vez.
- Desista dos seus planos, Christopher, entregue-se, vamos, é melhor pra todos nós... – Maurice ficou mais próximo. – entregue-se – sussurrou.
- Augusta! – Christopher gritou, era a sua última chance, amolecer o coração de alguém que pudesse ajudá-lo, e esse alguém era Augusta, amiga de anos e anos. – você não tem nem um pouco de consideração com os anos em que estivemos juntos? Você não pode ser magnânima pelo menos uma vez? Deixar o orgulho de lado? Tantas as vezes que eu já te ajudei...
- E você? Teve alguma consideração comigo quando me expôs ao ridículo dentro de Asgard? Em frente a todas aquelas pessoas? – retrucou Augusta, pacífica.
Ela tinha razão. Mas, mesmo assim, era ela quem o estava traindo naquele momento, não ele. Christopher abaixou a cabeça e fingiu amolecer o corpo, baixar a guarda, e quando Maurice já esgueirava seus braços como cobras promíscuas para trazê-lo para perto, os movimentos foram rápidos, quase invisíveis. Uma rasteira e duas cotoveladas jogaram eles ao chão, e assim Christopher correu como nunca havia corrido em sua vida, em direção ao nada, em direção ao brilho, em direção ao pilar cilíndrico. Era hora de cortar o mal pela raiz. A Witchblade já sentia a adrenalina e o envolvia na simbiose novamente, e assim, ao atravessar a luz do cristal, Christopher se deparou com o antigo laboratório de Maurice, bagunçado, com peças de eletrônicos para cima e pra baixo, projetos de pequenos robôs inacabados e pedaços de metal que dariam origem ao primeiro Cefalópode. Ali, diante dele, estava Carmen Parafuso, varrendo o chão tranquilamente enquanto o Maurice de um mês atrás parafusava peças do que seria o protótipo de uma Célula.
Christopher quase havia se esquecido de que a máquina do tempo usada por Pietro era o pilar de cristal, o mesmo que agora era o cérebro de The Big Machine, e o mesmo lugar por onde ele havia voltado no tempo e por onde ele havia chegado àquele galpão, ali atrás dele estava o pilar.
- Parado, Maurice! – os tentáculos da armadura agiram logo em seguida, brotando do metal e enroscando-se no corpo do cientista pretensioso. – o jogo acabou antes de começar!
- Mas... O que... COMO VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI?! – urrou ele, lutando contra a força da liga de metal que o prendia contra a parede, sem sucesso.
- Pelo visto, a sua Grande Máquina não é tão perfeita quanto você pensa! – gargalhou Christopher, e ele se sentiu o próprio demônio com aqueles chifres laterais de metal que saíam da sua quase-máscara que envolvia testa, bochechas e queixo, mas deixava a face de fora. Na verdade, mais pareciam guelrras.
- Carmen! A arma! A arma! – gritou Maurice para Carmen. A mulher, muda e apavorada, correu para fora do galpão na primeira brecha que teve, covarde como era e supersticiosa aos extremos, tão apegada à sua religião, deveria realmente achar que Christopher na verdade era um demônio que havia vindo buscá-los para levá-los para o inferno de uma vez por todas por tentarem mudar a ordem natural das coisas, como um castigo divino. Desde aquele dia em diante, Carmen Parafuso passou a ser mais flexível e mais amável com as pessoas, esqueceu o velho hábito de ficar apontando as pessoas como pecadoras e proclamando que elas iriam para o inferno de uma maneira ou de outra, passando a pregar a palavra divina sinceramente, sem jamais condenar a ninguém, casou-se com seu namorado Teddy e teve três lindos filhos, agradecendo a Deus por seu final feliz.
- Maldita! Me deixou para morrer! – gritou Maurice, num acesso de ódio que o fazia rugir feito uma ferra acorrentada.
- Não, Maurice, não pense que vou matá-lo... Você é um verme, mas até os vermes tem o direito de crescerem e se tornarem varejeiras! – Christopher voltou-se para o pilar no centro do galpão, ainda em fase experimental na época, sua base piramidal e seus painéis estavam todos expostos, com cabos e fios soltos por toda parte, inclusive no seu topo, que era exatamente como a sua base, só que invertida, presa ao teto. O pilar já piscava falho como uma lâmpada fluorescente, outro alguém vinha do outro lado, e então Saturno Revenge não pensou duas vezes antes de explodi-lo de uma vez só. As línguas de fogo envolveram o pilar como serpentes e o apertaram em seguida como sucuris, fazendo chover faíscas por toda a parte, iniciando um incêndio que iria dar fim ao galpão e ao trabalho de Maurice como cientista.
- Sinto muito, Maurice – disse Christopher antes de lançá-lo para fora do galpão e salvar enfim sua vida – mas é por uma causa maior!
- SEU IMBECIL! ESSE CRISTAL CUSTOU MILHÕES! ERA O ÚLTIMO NO MUNDO!
- Sim, eu sei, mas as milhões de vidas perdidas no futuro custaram ele também.
E antes de ser cuspido para fora do galpão com uma explosão que afetou todo o bairro, Maurice viu Christopher ser consumido pelas chamas, para sempre, sem alternativa se não morrer, pois ali naquela realidade já havia um Christopher, e com a máquina do tempo destruída, ele não tinha meios de como voltar, por não ter um teletransportador no pulso naquele momento...
- AAAAAAAAAAARGH! – rugia Maurice num futuro não tão distante – MEU BRAÇO! MEU BRAÇO! EU QUEIMEI MEU BRAÇO! – seu braço agora era apenas um graveto de carne chamuscada. Os serafins que mantinham Ray Ann presa desapareceram sem nem deixar rastros, o que a fez correr livre com um enorme sorriso no rosto distribuindo socos em todas as direções. Outra vez Maurice foi ao chão, Pietro ainda tentou pará-la e foi para o chão. Apenas Augusta não a impediu, muito pelo contrário, ela tinha um enorme sorriso no rosto, estava livre de Maurice. E então a andróide executou, puxou a alavanca azul, desligando a segurança do mundo inteiro, gritando para o comunicador em seu pulso logo em seguida:
- AGORA DON! APERTE O BOTÃO!
Don Hills gargalhou, e em seguida, seu dedo já estava pressionado a esfera vermelha. A explosão de raios e descargas elétricas que se seguiu foi devastadora, os monitores que cobriam as paredes explodiram todos de uma só vez, quase em câmera lenta, fazendo chover fogo e vidro de todos os lados, todos se abaixaram, mas Ray Ann usou seus propulsores a jato para voar até os prisioneiros e protegê-los com seu escudo metálico. Carmen Parafuso, em coma durante todo esse tempo, foi acordada brutamente por choques e mais choques elétricos que a fizeram gritar em agonia e ser lançada para fora do pilar com os cabelos mais eriçados que palha, completamente para cima, ela tinha até uma mexa branca, se vocês querem saber. Seus olhos estavam mais esbugalhados que os de uma rã assustada.
- Por isso que eu nunca gostei dessas COISA! – resmungou ela, sacudindo a cabeça enquanto assassinava o plural. – tecnologia não é comigo não, mana, Deus que me defenda...
Os prisioneiros já estavam soltos, no chão, protegendo-se da chuva de vidro e fogo. Agora Chris e Ray puderam ver que aquele formato circular do salão e os monitores nas paredes nada mais eram do que o grande olho de esmeralda no topo da torre. Agora, com os monitores completamente destruídos e queimados, era possível ver o céu e a cidade através deles, mas tudo aquilo não ia durar muito tempo. Primeiro eles imaginaram que aquilo se aproximando eram nuvens muito juntas, mas se desesperaram ao ver que o horizonte ao longe não existia mais, era um branco, um grande vazio, aquela realidade não existia mais e estava sumindo. Lá embaixo, na cidade, as pessoas destruíam tudo num grande pandemônio instantâneo.
- Crianças, crianças! – exclamou Fábia Paola, trazendo Ray Ann e Christopher para um abraço de despedida – tudo isso aqui vai sumir daqui a alguns minutos, e se vocês não voltarem, irão sumir também! Junto conosco!
- Mas como vamos fazer isso?! – exclamou Ray Ann – e vocês?! Vão sumir para sempre?!
- Não! – riu Suzannah, pulando feliz em meio à chuva de fogos. – vamos voltar a existir depois que tudo estiver apagado, assim como nossas mentes, tudo estará de volta ao normal, assim como era no dia em que tudo aconteceu!
- Corram! Corram para o pilar antes que ele exploda e pensem em casa! – exclamou Ray Ann, a andróide enquanto empurrava-os para a luz. Chris tinha muitas perguntas. O que teria acontecido com a sua versão mais velha ao entrar neste pilar há alguns minutos atrás? Não era hora de pensar, era hora de agir! Os dois correram para a luz e fecharam os olhos, foi o que bastou para que todas aquelas explosões, aquelas risadas, aqueles sons, aqueles gritos de derrota e a chuva de fogo sumissem.De repente, tudo apagou, os dois estavam abraçados, muito juntos, os olhinhos apertados, e tudo ficou escuro.
(...)
The Big Machine - Epílogo.
Ao abrir os olhos, Christopher constatou que estava em frente ao já tão íntimo portão da frente da casa de Ray Ann, era noite estrelada e crianças corriam na rua. Suas mãos, seus braços, suas pernas, tremiam feito vara verde. As cabeças giravam, era impossível acreditar no que tinha acontecido, impossível engolir a rapidez com que aquilo teve fim, impossível crer no que tinham visto, o que tinham vivenciado, porque tudo fora tão rápido e ao mesmo tempo assustador, desde o momento em que os Cefalópodes os interceptaram no túnel e os levaram para o cérebro até a hora em que a versão andróide de Ray Ann havia jogado-os contra a luz para que eles não desaparecessem junto com aquele universo. Aquilo só poderia ser fruto de maconha, cocaína, crack ou alguma droga do gênero. Que viagem! Que loucura! E onde estavam as provas? O que havia acontecido após a volta dos dois afina, que final teve aquele mundo?! Eu posso contar a vocês!
Assim que Chris e Ray voltaram para sua respectiva época, o vazio alcançou a cidade enquanto uma verdadeira revolução acontecia. Maurice levantou-se e correu por toda a passarela prateada fugindo do vazio, e pulou de lá de cima. Mas foi pego no ar pelo branco. E o tal branco só alcançou a Fortaleza Digital de Asgard quando Don Hills “brincava” naquele robô gigante em que as garotas trabalhavam logo no começo da história. Ele travava uma luta contra a aranha inanimada. É claro que ele venceu, e em seguida desapareceu. Para aquelas pessoas, foi como despertar de um sonho lembrando-se apenas de uma única coisa: um branco intenso.
O fenômeno conhecido como “A Luz” abalou a concepção da sociedade quanto à muita coisa. Por praticamente um ano inteiro, os jornais, a tevê, a internet, todos só falavam nisso. Na Luz. Era impossível, incompreensível pela ciência que toda a população mundial, sem nenhuma exceção houvesse sonhado com a mesma coisa: um branco intenso. O fenômeno foi estudado durante muitos anos, mas nunca se chegou a nenhuma conclusão. A Luz tornou-se um mito, uma lenda, e uma equação complicada para todos os céticos. Algumas pessoas chegaram a se matar, foi pandemônio geral, porém, esta euforia inicial passou, mas marcou para sempre toda uma geração.
Quanto aos envolvidos, Christopher, Ray Ann, Fábia, Suzi, Augusta, Pietro, Carmen e Maurice, acordaram-se na manhã seguinte muito cansados após um forte clarão, e seguiram suas vidas normalmente. Chris tinha uma importante viagem para Paris, uma premiação literária pela sua grande série de livros que se tornou um ícone mítico do que era fantasia, uma releitura dos antigos padrões literários. Ray Ann ia inaugurar um shopping center projetado por ela, Fábia tinha uma importante viagem para Machu Pichu, enquanto que Suzannah iria operar uma pobre gatinha. Enfim, todos seguiram suas vidas normalmente, como se nada houvesse acontecido, partindo do ponto zero, de onde tudo havia começado.
Em 2009, Carmen era outra vez a garotinha engraçada das pernas finas, a escola estava inteira e os céus azuis. Ray Ann e Christopher contaram e recontaram a história várias vezes um para o outro, e reviram várias vezes tudo o que viveram. Pietro não se lembrava de nada, como era previsto, mas eles não, eles lembravam de tudo. Foi um pouco difícil explicar para seus pais o que afinal havia acontecido e porque eles haviam desaparecido durante dois dias, mas no final tudo deu certo, e um grande mistério foi resolvido.
Pouco antes do final das aulas, o Apocalipse Club sofreu seu próprio Apocalipse, uma briga dividiu o grupo em lados opostos. Estava explicada então o motivo da traição dos três e aquele futuro distorcido que isto havia criado. Sabendo a qual fim aquela divisão do grupo levaria, alguns meses depois, um acordo de paz incentivado por Ray Ann foi selado e a amizade verdadeira, restituída, em prol de um futuro pacífico para a humanidade...
Mas quanto ao FUTURO...
Só a DEUS cabe...
THE BIG MACHINE
FIM
THE BIG MACHINE - PENÚLTIMA PARTE!!!!
- É claro que quero! Acha que só porque eu sou um nerd não posso executar um pouco de ação por aqui? Abram os portões para mim! – Don Hills estava determinado, nada poderia parar ele, nada. Ele era assim, quando tomava uma decisão, ninguém poderia mudar sua opinião.
- Senhor Hills – disse a delicada voz infantil do sistema operacional de Asgard – eu posso usar meus cabos USB e conectar-me ao sistema interno do aracnídeo artifical, não precisa se arriscar assim, é bem capaz de haver realmente um exército de Células lá dentro...
- Perfuraram a camada de titânio! – gritou uma comandante que verificava o estado de saúde do prédio através de um laptop em seu colo. Era Marisa, amiga há anos de Christopher, os dois fizeram juntos o primeiro ano. Ao seu lado estava Ariela, também de cabelos vermelhos, operando outro laptop, ela e Christopher se conheciam desde a quinta série. Ela jamais tirava aquele fone de ouvido em formato de orelhas de lobo.
- Faltando poucos metros para a camada de sal bruto! – comunicou ela.
- Não se preocupe, Emilie – disse Don Hills para a voz do sistema – se realmente existirem, estarão desativadas e provavelmente programadas para o momento em que a carapaça de Asgard for perfurada, por isso, abra os portões!
Os portões gigantescos se abriram com um ruído pneumático. A aranha mecânica era colossal, é claro, e ele corria um sério risco de ser fuzilado, porém a cabeça do robô em forma de arma somente visava ofensivas frontais, o que o fez passar rapidamente por entre as árvores e arbustos para escalar uma das duas patas traseiras. Tinha uma altura incrível, mas em pouco tempo ele estaria no topo.
Enquanto isso, Ray Ann e Christopher Umbrella despontava num corredor prateado suspenso entre as últimas e maiores engrenagens, onde iniciava-se uma estrutura interminável de cabos, canos e fios elétricos enormes, caixas pretas gigantes e até mesmo um carburador. Ali, tudo lembrava o mundo interno do motor de um carro, e o barulho era similar.
- Então é por isso que os últimos humanos a entrarem em The Big Machine disseram que não havia nenhum corredor ou porta que levasse ao interior do cérebro, era como se ele nem existisse... – sussurrou Ray Ann – ele fica dentro do fosso central!
O corredor prateado levava a um enorme portão, feito em aço puro e brilhante, imitando os portões do céu, com quatro serafins de seis asas, um em cada canto do portão pesado, como se a proteger aquele lugar. O sensor de movimentos os detectou a poucos metros de distância da entrada, e um por um, os quatro pares de olhos que os observavam misericordiosos nas estátuas prateadas de serafins arderam em uma chama verde gradativa, e foi então que os sensores eletrônicos de Ray Ann puderam detectar o calor sendo produzido pelo funcionamento dos circuitos internos. Os serafins eram robôs.
- Prepare-se, eles são de última geração, a minha wireless embutida baixou a ficha técnica dessas máquinas – dizia ela enquanto seu braço encolhia e retorcia entre ruídos e faíscas até tornar-se uma arma elétrica de longo alcance que lançava raios. – eles agem diretamente contra o oponente, mandando ondas eletromagnéticas que vibram na mesma frequência que as ondas cerebrais, podendo nos deixar completamente desnorteados enquanto nos fuzilam, sem contar o arsenal interno e a capacidade de agitar as partículas do ar... São assassinas natas.
A armadura em simbiose da Witchblade reforçou-se automaticamente, envolvendo Christopher cada vez mais, até chegar ao ponto de que não houvesse mais nenhum pedacinho de pele exposto.
- Contra mim eles não podem nada! – ele não esperou. A fibra de aço retorceu-se em seu braço e rastejou até a mão, tomando a forma de uma espada enorme, e a luta começou.
Os robôs em forma de anjo vinham voando sem nem bater as asas, com as mãos unidas diante do peito e os olhares tristes. Eram como estátuas de um presépio gigante entrando em movimento, vindo tranquilamente, enganando o oponente com suas expressões pacíficas. O primeiro dos serafins estendeu a mão, e então Christopher foi lançado para longe, de volta para a ponta da passarela prateada em questão de segundos. Ray Ann lançou três raios só de uma vez, porém eles ricochetearam e voltaram. Por sorte ela tinha seu próprio escudo automático que a envolveu num casulo de metal. O terceiro raio foi absorvido pelo quarto serafim, e lançado de volta dez vezes mais forte por sua boca que abriu-se delicadamente ao cuspir aquela descarga elétrica assassina e letal. Não eram como Cefalópodes e muito menos como Células, eram coisas indestrutíveis, assustadoras, monstros angelicais.
Christopher voltava correndo furioso sobre a passarela, em direção aos serafins outra vez, com um rugido escapando do fundo do peito direto para o âmago de The Big Machine, sua tentativa agora era com os jatos de fogo que a armadura legendária podia lançar. Foi uma chuva vermelha mortal, serpentes de fogo, labaredas, línguas de altas temperaturas em explosões que fizeram tremer tudo, mas nem isto adiantou, os robôs continuavam vindo tranquilamente. O terceiro serafim estendeu sua mão, e uma pontada atingiu o cérebro de Christopher, fazendo-o tombar de lado instantaneamente e tremer como se estivesse tendo epilepsia. Ray Ann correu para cima dos anjos assassinos, desferindo esferas de plasma que nem sequer arranhavam a lataria, o jeito foi apelar para as granadas, as mesmas que derrubaram de uma só vez a versão gigantesca de Carmen Parafuso. Nem isso os derrubou.
- Tudo bem, já chega! Eles já sofreram demais! – disse a voz que vinha de cima. Os robôs prateados em forma de serafins estancaram e afastaram-se do meio da passarela, abrindo passagem. As pontadas no cérebro de Christopher cessaram, e o robô que estava prestes a estourar os miolos de Ray Ann naquele momento soltou-a. O pesado portão abriu-se, mostrando a eles um enorme pilar cilíndrico de cristal líquido que cintilava nas sete cores do arco-íris, disposto no centro de um enorme salão repleto de cabos de fiação e monitores que cobriam a parede circular de cima a baixo. Aquela era a sala de controle, o cérebro do mundo, de onde partiam todas as ordens e os comandos. Diante do pilar havia uma poltrona, um trono sobre um pedestal que tinha acesso por uma escadaria. Dentro do pilar, um corpo flutava, tendo agulhas enfiadas na carne e cabos partindo dali, como se aquele corpo servisse de alimentação.
Os dois invasores de The Big Machine ficaram estáticos, sem reação, sem saber o que fazer ou no que pensar. Ali estava Carmen Parafuso. Não era um andróide e nem um ciborgue, mas sim uma pessoa em um estado de inércia, sob animação suspensa, alimentando com impulsos cerebrais todo o sistema da Máquina. Ela era o cérebro, ela havia se unido à The Big Machine de forma que ela era a própria! O trono girou, e revelou-se ali sentado, nu como sempre gostava de ficar, o esnobe Maurice, com um olhar de superioridade e realeza, a conhecida expressão de cheque-mate no rosto. Era ele quem havia construído aquele prédio, projetado-o exatamente para isso. Ele havia induzido Carmen a se tornar a própria placa mãe da Máquina, o disco rígido de tudo, para que ele pudesse assumir o controle e operar no comando. Em resumo total, a grande revelação foi feita, a verdade havia finalmente vindo à tona.
Maurice era o verdadeiro vilão, ele foi quem planejou tudo desde o princípio, o grande mentor. Ele inventara a teoria de Deus falar através das máquinas para manter o mundo sob seu controle, e usara a imagem de Carmen, uma mulher que representasse o povo e o cidadão comum para conquistar a confiança do mundo. Isso tudo era explícito agora, estava estampado, era a grande verdade de tudo. E ali estava Christopher, de pé e em chamas, envolto pela auréola furiosa da mítica armadura da Witchblade, pronto para destronar aquele homem pretensioso e arrogante.
- Hum... O sistema operacional dessa máquina é bem comum, nada de muito complexo... – resmungava Don Hills consigo mesmo, enquanto analisava os cabos e os painéis da caixa-forte aberta a força por uma granada dentro da aranha blindada metálica que em poucos instantes estaria completamente infiltrada em Asgard. Havia um tubo, uma saída bem abaixo daquele olho vermelho brilhante, um portão de metal que seria usado pelo exército de Células (que ali estavam, como o previsto), para invadir a Fortaleza Digital construída sobre a extinta cidade de Monte-Dourado.
- Rápido, senhor! – disse a voz de Marisa no comunicador em seu ouvido. – ela já ultrapassou a camada de sal e de rocha bruta, aí vem a próxima camada de titânio, e depois estaremos à mercê das Células.
- E elas já iniciaram seus sistemas particulares! Tem um monte de Carmens me olhando feio prontas para me darem uma bela de uma melissada! – riu Don enquanto analisava fio por fio. – Ah! Aqui está! – o maior cabo, o roxo, era o que ligava o sistema ao alimentador, e foi o que ele puxou. Assim a aranha mecânica desligou, e Don Hills pôde passar tranquilamente por entre as Células que não fariam nada enquanto alguém não mudasse a sua programação manualmente no centro de controle. Cheio de bom humor, ele cumprimentou as máquinas por onde passava, dando batidinhas amigáveis nos ombros das anãzinhas magrelas pelo caminho.
- Não há dúvidas! – disse ele – elas são mesmo idênticas à Carminha Parafuso... Que loucura!
- Então, Umbrella? Surpreso? – perguntou Maurice, pondo-se de pé da poltrona e descendo as escadas do pedestal. Tudo daquela sala era escuridão, a não ser pela luz fosca produzida pelo pilar e o brilho dos monitores nas paredes que mostravam pontos específicos da cidade, esquinas, ruas, avenidas, prédios e principalmente os corredores e galpões internos de The Big Machine.
- Nem um pouco, eu sempre suspeitei de você, desde o príncipio, nunca me foi confiável, não sei como pude ser tão idiota a ponto de deixá-lo ficar tão próximo de mim... Você sempre foi aquele que colocou lenha na fogueira, aquele levou e trouxe os boatos, que atiçou a briga e implantou a semente da dúvida em todas as situações, desde a nossa adolescência até a nossa maturidade, sempre foi a discórdia do grupo, aquela pessoa fútil que não suportava ver a felicidade alheia, sempre discordava de tudo o que alguém dizia, o que valia era sempre a sua própria opinião, fazia pouco dos outros e gostava de diminuir as pessoas só para se sentir um pouquinho mais superior, mas era infeliz porque no final das contas, NUNCA conseguiu influir em nada na vida de ninguém, sempre foi uma pessoa apagada que JAMAIS marcou algo em alguém, seja como lição ou como lembrança agradável... E foi isso que te levou a construir essa Máquina e usar a imagem de Carminha para influir sobre os outros, esse sempre foi o seu sonho, fazer influência, fazer a diferença, mas não havia nascido para isso, nasceu para ficar de lado, de escanteio, tanto que agora o rosto de Carmen está por toda a parte enquanto você se esconde nessa sala escura!
- Já acabou seu discurso moralista patético? – perguntou ele, se aproximando e ficando cara a cara com Christopher Umbrella. – porque tenho que matar seus amigos viajantes do tempo, a mana gordinha que atende pelo nome de Fábia e Suzannah, tenho de dar um golpe de estado ainda esta tarde e me nomear o imperador final do mundo!
Um movimento dos seus dedos acendeu os holofotes sobre uma corrente onde estavam pendurados Chris, Ray, Fábia e Suzi, desmaiados, exatamente sobre a boca do triturador particular da sala de controle, nunca antes usado.
- E agora Chris? O que você vai fazer? Hã? Não ouvi direito! Vai salvar seus amigos? – desdenhava – duvido muito que a Witchblade seja capaz de destruir essa sala e o pilar, e aliás, nem em sonhos você poderia destruir o pilar, porque ele é a única saída desta realidade para o exato momento em que eu e Carmen voltamos no tempo e alteramos o passado, eu fiz questão de lacrar esta passagem aqui, bem debaixo da minha asa, para que ninguém pudesse acessá-la de um transportador comum...
FIM DA PENÚLTIMA PARTE!!!