Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

sábado, 19 de dezembro de 2009

THE BIG MACHINE - PARTE 12!




- Mesmo com a escola demolida e o reinado de terror da magrela Carmen Parafuso findado, a Grande Máquina continua ali, sugando a liberdade do mundo e oprimindo o futuro de milhares de pessoas...
- E você acha que essa invasão de última hora irá resolver alguma coisa, Christopher? Podemos voltar mortos de lá! Convertidos se tivermos sorte!
- Não vejo alternativa, Ray, essa é a nossa última saída... Eu sinto, aqui dentro do meu peito – ele tocou o coração e olhou para o horizonte através da gigantesca janela redonda frontal do dirigível prateado que mais parecia um submarino, voando em direção à cidade. – que assim que chegarmos ao cérebro da Máquina, ao centro de comando, descobriremos tudo, tudo estará resolvido, e este caos chegará ao fim.
- Mas e quanto a nós? – ela se referia às suas versões mais novas. – o que será dessas crianças?
- Elas não podem voltar para o passado, principalmente a garota, você bem sabe o porquê.
- E então vamos metê-las assim, de cara nessa missão? E se algo acontecer a elas? A nós? Vamos deixar de existir se algo acontecer!
- Eu sei, mas esta é a nossa última saída, nossa última esperança... Todas as nossas missões falharam, em apenas um mês, mandamos agentes milhares de milhares de vezes ao passado, impedir que a faxineira Carmen entrasse na máquina do tempo, mas uma espécie de barreira sempre impedia quem fosse de chegar a tempo. A escola foi demolida por ela própria, e ela sequer teve medo de arruinar o seu futuro como imperatriz, isso quer dizer que ela já sabia antes de nós que nada poderia pará-la.
- Explica muita coisa o fato de que foi Maurice quem construiu a máquina do tempo. Talvez ele a tenha programado para impedir quem fosse de ir até o momento fatídico e arruinar os planos de Carmen.
- Eles estiveram juntos nisso o tempo todo, por isso nossas invasões e tentativas de libertar prisioneiros nunca deram certo. Os robôs sempre sabiam dos nossos pontos fracos, sempre sabiam cada passo nosso. Aonde nós íamos, as Células sempre estavam lá. Enfim descobrimos que Maurice era o mecânico, o cientista, o mentor de cada máquina construída ali.
Em pouco tempo, ali estavam eles outra vez, nos arredores da cidade. Por toda parte havia sucata, por toda parte havia pobreza, e por toda parte havia fome e desgraça. Pessoas que foram expulsas da cidade por não terem poder aquisitivo suficiente para se manterem entre a tecnologia. Ali eles passariam despercebidos, mas só por enquanto. The Big Machine era agora um gigante, um demônio enorme e escuro, maldito, olhando para eles fixamente com seu único olho de esmeralda.
- Por onde vamos entrar? – perguntou Suzannah.
- Não é muito longe daqui – respondeu o Christopher do passado. – de acordo com o mapa, há uma entrada de esgoto na próxima ruela, virando à esquerda. Vamos ter um bom tempo de caminhada debaixo da terra...
- E quem disse? – retrucou o Christopher do futuro – temos Planárias a nossa disposição no subterrâneo, sempre tivemos para situações como essas.
O outro Christopher deu de ombros. Todos estavam bem equipados debaixo daqueles mantos sujos e carcomidos, usando o uniforme de borracha de sempre, mas com um colete complementar com todo o tipo de armas e comunicadores que eles poderiam precisar. O grande grupo era formado pelos dois “Christophers”, pelas duas “Ray Anns”, Suzannah, Fábia e mais quatro soldados de alto nível para apoio. Lá estavam eles, descendo as escadas enferrujadas de um bueiro para o subterrâneo, para o fundo, para o que um dia fora Macapá. Os esgotos nada mais eram do que a antiga Macapá, boa parte dela na verdade, pois alguns pontos ainda são originais, apesar de estarem um nível abaixo dos grandes prédios reluzentes de metal. Voando baixo, sob as planárias, o odor era podre, vindo de baixo, das ruas alagadas, a água às vezes respingava em seus rostos, água suja.
Uma planária para dois, estavam divididos em pares, tudo passava muito depressa, o mundo parecia estar correndo. Christopher reconheceu alguns pontos, algumas esquinas, casas antigas, da sua época, ocultas na penumbra da escuridão, fadadas a ficarem escondidas para sempre embaixo de metros e metros de fiação, cabos, encanamentos, sistemas de metrô, e sucata, muita sucata. A velha Macapá estava ali, alagada. Aos poucos, The Big Machine foi começando a ficar mais próxima. Seus cabos de sustentação tinham quilômetros de extensão e pareciam intermináveis, assim como na superfície, eram serpentes escuras anelares, vermes gigantescos, sanguessugas envolvendo os prédios em abraços mortais, perfurando-os.
Ora, vejam só, era a praça Floriano Peixoto, as pobres árvores estavam todas mortas, e os lagos centenários, onde os moradores mais antigos da cidade brincaram de pique e pula-corda, já nem eram mais visíveis. Supermercados, lojas, avenidas, escolas, esquinas, postes, tudo inteiro, intocável, banhado pelo esgoto. Era assustador, era apavorante, era triste acima de tudo. As Planárias davam guinadas, desviavam de casas, sobrevoavam antigos quintais, e em poucos segundos ali estavam eles numa área onde não havia água, uma área alta e irreconhecível, onde os cabos infernais da fiação estavam tão enroscados e embolados uns nos outros que mais pareciam formar um grande ninho de cobras coloridas. Com certeza ali fora a rua que constava no endereço do já extinto Centro de Ensino Cyclone. Ora, se não fora! Ali estava o tronco do velho jambeiro que ficava diante do portão! E a alguns metros dali, o outro jambeiro também estava morto.
Ainda havia algo dos antigos canteiros onde os alunos se sentavam para conversar, e os três mastros de ferro onde se hasteavam as bandeiras do país, do estado e da escola ainda estavam de pé. A escuridão ali era total, a não ser por aberturas no “teto” daquele lugar tenebroso, que traziam um pouco de luz solar, luz fraca mas suficiente para enxergar o que havia ao redor. Acima das suas cabeças, a grande torre maldita se erguia, e diante dos seus olhos, o subterrâneo dela se abria. O portão estava obstruído pelos cabos, nada que os soldados e Christopher não dessem um jeito. Enquanto isso, os outros observavam assustados ao estranho mundo que os rodeava.
- Nossa, isso é muito bizarro! E é gigantesco! – exclamou a Ray Ann andróide.
- Nem acredito que passava por aqui todos os dias para vir pra aula! – exclamou a Ray Ann do passado.
- E nem eu... – riu a andróide erguendo a sobrancelha.
- A rua está tomada, o asfalto é praticamente invisível, estamos cercados por morros de fiação elétrica! – disse Suzannah, analisando a estrutura de um enorme cabo de aço que vinha do leste e em seguida erguia-se, sumindo para dentro do “teto”. Logo, os portões da extinta escola foram desobstruídos e arrebentados, foi poeira para todo o lado, e o barulho foi alto, o que deixou todos bastante alarmados, mas a voz de Don Hills, vinda do comunicador no pulso de Ray Ann afirmou que eles estavam seguros, ali nada funcionava, nem câmeras, nem sensores e nem alarmes. Eles estavam completamente seguros. Havia há algum tempo, mas tudo foi danificado pelos ratos.
Christopher Umbrella, Saturno Revenge, foi o primeiro a entrar na câmara de despejo da Máquina, pra onde iam as cinzas e o metal compresso, pra onde ia o lixo cuspido por The Big Machine. É claro que o teto estava mais alto, pois não havia mais segundo nem terceiro andar, mas o piso, o chão, era o mesmo. Ali naquela área não havia muito lixo ainda, em resumo, a entrada da escola estava intacta. Ao lado, a vidraça da secretaria, do outro lado, os banheiros, mais à frente a lanchonete, e então as escadas para o segundo andar inexistente, ela terminava numa parede de ferro agora. Era apavorante ver tudo aquilo, e doloroso demais. Aos poucos, um por um deles foi entrando, e em pouco tempo todos estavam explorando a câmara circular. Era apavorante, realmente.
- Vejam! Vejam! – alertou um dos soldados – são as entradas!
- As saídas, para falar a verdade – corrigiu Suzannah dando de ombros e se aproximando da parede. Ela não estava se deixando abalar por aquilo como os outros. Estava sendo muito forte. Foi ela quem puxou de um dos bolsos do colete um estranho bastão, o qual lançou ao chão com força, e automaticamente uma escada surgiu presa à parede com segurança. Ela não perdeu tempo, foi a primeira a subir, e seu berro assustado repentino surpreendeu a todos. Suzannah caíra da escada auxiliar. O motivo? A saída de lixo metálico acabara de cuspir um cubo de ferro compresso para longe, cubo esse que por pouco não atingiu Fábia. Todos riram, descontraídos.
- Tá vendo? – riu o Christopher do passado estendendo a mão para a amiga – O que dá ser apressadinha?
A escada foi reposicionada para a saída de cinzas, e agora, sem interrupções e sem sustos, eles subiram para a tubulação, um atrás do outro, como ratinhos, arrastando-se dentro daqueles túneis, lutando contra a gravidade para não escorregar e levar os seus companheiros que vinham logo atrás junto consigo
- Nossa! Esse túnel é apertado demais, desse jeito eu vou virar claustrofóbica! – exclamou Fábia Paola.
- Aguenta mais um pouco! De acordo com o mapa, estamos quase chegando à câmara do incinerador! – declarou o Christopher do futuro, olhando no mapa digital acessível a partir do relógio em seu pulso.
- E eu realmente espero que esteja desligado... – resmungou Ray Ann. Após muitas curvas, subidas e descidas, ali estavam eles, na famosa câmara do incinerador, onde o túnel se alargava cada vez mais. Eles estavam sujos e loucos por um ar mais limpo, porém, isto seria raro dali por diante. Àquela altura, a maioria deles já havia dado gritos de susto, repulsa e pavor por ter encontrado algo peculiar durante o período em que rastejaram pelo caminho. Por ali era possível encontrar restos de crânios, arcadas dentárias, fêmures e ossos em geral, chamuscados, de costelas e de braços, quebrados em vários pedaços que poderiam até cortar, restos mortais de indivíduos que tiveram a sorte de parte de seus corpos sobreviverem ao triturado e ao incinerador, cobertos por cinza. Foi alívio chegar ao incinerador finalmente.
Após ele havia uma esteira rolante, por onde eles passariam tranquilos, mas muito rápido, ali não havia robôs nem segurança também, porém só por enquanto. E após isso, o caminho se segue por uma tubulação, outra vez, um respiradouro. O grupo já se encontrava na antecâmara do superventilador. Ray Ann deu o primeiro passo para dentro do incinerador, passando por entre duas palhetas gigantescas.
O incinerador funcionava da seguinte forma: uma plataforma plana de titânio era superaquecida por jatos de fogo até que tudo queimasse por completo, e em seguida, braços mecânicos faziam a raspagem levando os detritos para uma esteira no centro da plataforma. Esta esteira entra em movimento após a sessão e lança as cinzas para a tubulação, onde o superventilador sopra tudo o que há pelo caminho até a saída de cerâmica, pra falar a verdade, aquilo era quase uma hélice, uma super hélice de navio. Deveria pesar toneladas. Logo o grupo caminhava sobre a esteira. Tudo estava limpo e impecável ali dentro.
- Após isto há uma longa esteira no meio de um grande vão ocupado por engrenagens e mecanismos enormes, e é por onde faremos o esforço de nos locomover. – avisou Christopher Umbrella antecipadamente. O Christopher do passado logo imaginou como aquilo deveria ser. Exatamente como o interior de um grande relógio, isso com toda certeza seria mais do que emocionante! Quase como nas últimas cenas de ação de Hellboy 2, na luta contra o exército dourado no meio de todas aquelas engrenagens. Um frio dançava dentro de seu estômago como se ele tivesse engolido uma sardinha viva. – só quero que não me façam o favor de caírem no fundo desse fosso, vou logo avisando que é morte certa. Só tínhamos dois propulsores a jato sobrando, os outros estavam danificados, por isso eles estão em poder dos dois viajantes do tempo, que precisam de muita segurança.
O que os estaria esperando do lado de lá?

Fim da Parte Doze!


EU NÃO AGUENTO MAIS!!!!


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