Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

domingo, 6 de dezembro de 2009

THE BIG MACHINE - PARTE 9!



Chris esteve em um estado de torpor durante todo esse tempo. Esteve sobre efeito de forte anestesiante, um anestésico produzido pelo próprio cérebro e que nos faz pairar acima da realidade. A visão de um futuro caótico e sem esperanças era este anestésico. Fora difícil explicar como ele sobrevivera a explosão da parte superior do prédio, fora difícil explicar onde ele estivera aquele tempo todo para os seus pais. Como ele havia sumido e como ele simplesmente havia ressurgido às oito da noite na porta de casa. E era um mistério para ele próprio como ele havia chegado até a porta de casa sem nenhum centavo no bolso. Mas havia mais mistério ainda em tudo aquilo que estava acontecendo. Como explicar? Como acreditar sem enlouquecer? Como evitar o estado de torpor que viria após o choque de realidades? Como manter-se vivo naquele mar de loucura?
- Tudo bem, tudo bem! Agora já chega! – Ray se revoltou de repente – alguém vai ter de me explicar o que está acontecendo aqui!
- Não é lá muito fácil, entende... – a andróide deu de ombros.
- Olha Ray, eu vou fazer uma versão bem resumida de tudo isso, OK? – Christopher não queria deixar transparecer, mas estava estampado em seu rosto: ele estava transbordando de alegria, aliviado em saber que sua melhor amiga estava viva! E respirava (tudo bem, só de certo modo), tanto no presente quanto no futuro! Era terrível a idéia de que a adorável (e gótica) Ray Ann fosse morrer daquele jeito tão frio e cruel. Mas não, ela continuaria viva graças à tecnologia da qual o mundo virou escravo. Isso era meio contraditório, mas era tão, tão reconfortante! Seu coração era uma explosão só.
- A Carmen Parafuso do futuro voltou no tempo e alterou a história da vida dela, de modo que na nossa realidade ela se tornou a garota mais popular da escola, mas o pedido excedeu o esperado, pois na realidade em que as nossas versões adultas vivem, ela se tornou a imperatriz do mundo num sistema ditatorial baseado no conceito de que “Deus fala através das máquinas”, em especial através de uma, chamada The Big Machine, construída por ela e que funciona como a CPU do mundo!
Após isto, Christopher ficou quase sem voz, havia dito tudo numa velocidade absurda. As duas Ray Anns quase tiveram metade do cérebro queimado por toda aquela montanha de informação cuspida para fora por uma língua louca.
- Tudo bem, eu vou acabar me acostumando com isso... – disse ela, um pouco atordoada, voltando-se para sua versão andróide. – e você? Porque você está aqui? – ela colocava a cabeça para fora da janela a todo tempo, verificando e tentando acreditar mesmo que o tempo havia parado.
- Bem, um mês se passou desde que Christopher e Pietro foram mandados de volta! – começou ela, mas foi bruscamente interrompida por um Christopher desesperado por boas notícias.
- O que aconteceu depois que viemos embora?! O exército de robôs-joaninhas foi destruído?
- Parte dele foi, tivemos de usar o protótipo cujo software as meninas ainda trabalhavam – ela se referia ao robô-armadura gigante – e foram mandadas de volta apenas 5 joaninhas inutilizadas. Pegamos uma dezena delas para conversão, vamos atualizar o software e usá-los em invasões à cidade... Bom, mas como eu ia dizendo, um mês se passou e agora meu novo corpo está em estado de experimento e...
- Era exatamente isso o que eu ia perguntar! – explodiu Ray Ann de repente, assustando à todos – por que eu sou um ROBÔ??????
- É uma longa história, e parem de me interromper! – ela olhou de um rosto para outro, esperando que os dois adolescentes se acalmassem para que ela continuasse, e vendo que não teria futuro, era melhor ir direto ao ponto – percebemos que, mesmo com a fama de opressora que Carmen tinha na escola... ou tem, nesse caso, era impossível ela ter se tornado uma grande imperatriz, ela não tem nem jamais teve ambição alguma em dominar o mundo! Há algo mais escondido por trás disso tudo, algo que está fugindo dos nossos pentes-finos, e estamos entrando em desespero porque ela expande cada vez mais o seu reino! Há planos para construção de grandes metrópoles na lua. Coisa que ela jamais conseguiria formular mesmo em anos, porque ela sempre teve a mente muito pequena e limitada...
- É claro, a Carmen é uma mula, gente! – disse Ray Ann, subindo na cama em um acesso de adrenalina – por isso achei e continuo achando uma grande loucura esse negócio todo de imperatriz mundial Carminha Parafuso!
- E outra coisa que me deixou muito revoltado e até perturbado foi esse negócio de “Deus fala através das máquinas”. Ela jamais chegaria a esse ponto, porque como vocês bem sabem, ela é uma pessoa EXTREMAMENTE religiosa, nunca em sua vida pensaria em contradizer a Bíblia ou a religião dela, que é o Protestantismo. Tanto que os próprios protestantes do futuro foram os primeiros a reagirem revoltados contra esse novo modo de crer. – ele parou para refletir um pouco – sem contar que isso é heresia PURA! Uma verdadeira ofensa! Ela não seria capaz disso...
- Nem em anos!
- Por isso eles me mandaram até vocês para pedir que abortem a missão de torná-la impopular. Ela só era popular na escola, e como a escola foi destruída, ela não é mais popular em lugar nenhum, é só uma garota que veste roupa de marca. – expôs a andróide Ray Ann do futuro, puxando uma cadeira e sentando-se, arredando o velho ventilador que dava choque para o lado. O momento era de tensão.
- Mas se o pai dela é nesta realidade o dono da Universal então...
- Não, isso é só uma lenda de escola – disse a Ray Ann do presente.
- Como é? – aquilo era uma grande novidade para Christopher, e já aliviava um pouco as possibilidades terríveis daquele futuro de pânico.
- É, isso foi coisa que o pessoal do Amido inventou... – a Ray Ann andróide deu de ombros.
- Isso é bom, de certo modo... Mas e então, o que faremos?
- Haverá uma investigação mais aprofundada, para sabermos o QUÊ realmente aconteceu, pois até para nós está tudo muito confuso...
- Então quer dizer que no final das contas, a Carminha voltou no tempo só pra ser popular! – revoltou-se Chris – mas que grande porcaria! É uma mula mesmo... Mas então porque os robôs do exército têm a cara dela? Porque ela está comandando? Porque foi ela e não outra pessoa que se tornou “dono” do mundo?
- Nós não fazemos idéia! Há uma enorme ponta solta. Até porque, desde que a The Big Machine foi construída, ela nunca mais foi vista, sem contar, é claro, as videoconferências e afins. Mas, quanto ao resto, em carne e osso ela nunca mais foi vista... – a Ray Ann do futuro aparentava estar muito aflita com tudo aquilo, buscando soluções desesperadamente para aquele grande problema. – eu tenho certeza de que, se descobrirmos quem projetou a torre de The Big Machine, descobriremos quem realmente está por trás de tudo isso. É impossível que isso tudo tenha vindo da cabeça dela.
- Eu acho até que a estamos subestimando, de certo modo – argumentou Chris – quem nos diria que ela não seria realmente capaz de chegar a esse ponto?
De repente, o chão vibrou de modo estranho, como se uma grande escavadeira estivesse descendo a rua em alta velocidade, destruindo tudo pelo caminho. O tremor não era forte, mas era potente o bastante para fazer as paredes vibrarem como se houvesses telefones celulares embutidos em cada tijolo. Os três se entreolharam assustados, e em um curto espaço de tempo quase invisível, Christopher e Ray Ann se viram do lado de fora da casa, lançados pela janela. Foi tudo muito rápido e assustador. A andróide havia pegado um em cada braço e pulado para fora feito um jato. Em poucos instantes, metade da casa fora destruída, Ray Ann soltou um grito agudo e doloroso, chamando pela tia.
Agora, metade da casa estava abaixo, destruída por uma grande máquina, uma máquina medonha composta de uma única roda, uma espécie de rolo compressor dentado vivo e mortal. Sem cabine de controle e nem nada, apenas um rolo, uma roda, uma máquina letal e maldita, sem coração, guiada apenas por um programa, um software de caos e destruição. Rugia feito uma serra elétrica, e tremia feito um motor de barco. Suas engrenagens eram visíveis do lado de fora, não havia proteção alguma. O estrago que ela havia feito na rua era sem precedentes. Um caos de barro, asfalto, concreto e canos, arrebentavam-se agonizante numa vala gigantesca que descia a Cora de Carvalho.
Era do tamanho de um prédio de três andares e rosnava como um buldogue velho. E aconteceu de novo. A escuridão. Aquilo era alguma espécie de Deja Vu? Macapá logo estava abaixo dos seus pés. As coisas estavam passando em uma velocidade inacreditável. Logo veio as estrelas, o espaço e a noite, houve o grande repuxão no estômago e mais uma vez Christopher Umbrella havia atravessado a linha do possível, atravessado a linha do raciocínio lógico humano. E de novo eles estavam no futuro.

Fim da Parte Nove!




TENSO’


Nenhum comentário:

Postar um comentário

E então? O que achou?