Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

THE BIG MACHINE - PARTE 10!



Uma porta abriu-se para o corredor branco já tão conhecido de Christopher, da escuridão à luz intensa, ali estavam eles. Dentro da Fortaleza Tecnológica Asgard, a morada dos deuses Nórdicos. A vista ainda estava muito embaçada e sua cabeça girava, de modo que era impossível manter-se de pé ou de olhos abertos, o ambiente rodava e rodava sem parar. Ray Ann vomitou dentro de um balde, ela ainda não havia vindo à tona da escuridão, ela ficara dentro do que parecia um armário de vassouras. A andróide agia normalmente, como se já estivesse acostumada àquilo.
- O que aconteceu?! – balbuciou Ray Ann abrindo e fechando os olhos enquanto tentava se manter de pé, acabou derrubando todas as vassouras do armário.

- Isto se chama Travessia Temporal... É melhor ir se acostumando porque vocês terão de voltar, mais cedo ou mais tarde.

E então foi como se a garota tivesse levado um choque.

- E a minha tia?! O que aconteceu com a minha casa?! – ela gritava, lembrando-se do rolo compressor gigantesco destruindo parte de tudo.

- Não se preocupe, ela vai ficar bem – disse a Ray Ann do futuro ajudando-a a sair do armário de vassouras – o tempo estava parado quando aconteceu, então ao se acordar, sua tia estará estática. Nada pode ferir alguém enquanto o tempo está parado.

- EU SABIA QUE VOCÊ ESTAVA POR TRÁS DISSO! AUGUSTA MONTGOMERY! – aquilo ribombou feito uma explosão pelas paredes brancas reluzentes do corredor. Um enorme vulcão parecia entrar em erupção naquele momento, um vulcão de vibrações sonoras apavorantes. Os tímpanos vibraram retraindo-se contra aquele rosnado selvagem revoltado. O mundo pareceu tremer diante de toda aquela fúria. Dois guardas usando o uniforme completo de borracha, cinto metálico e óculos vermelhos arrastavam a força uma mulher magra de cabelos longos e escuros que iam até a altura do colo. Ela tinha uma expressão odiosa no rosto, como uma felina, uma criatura esguia e rápida, feroz, um leopardo vestido de preto. Os dois homens apertavam seus bracinhos com toda força enquanto ela lutava para se libertar.

Atrás daqueles irreconhecíveis e inexpressivos guardas vinha ele, Saturno Revenge, o apavorante e amargo Christopher Umbrella do Futuro, com as mãos para trás, passos largos e duros, decididos, enquanto ele gritava triunfante pelos corredores. Atrás dele, uma verdadeira multidão vinha seguindo em rebuliço constante, como se fossem feijões postos dentro de uma panela com água fervente. O andróide Ray Ann pôs-se a frente dos dois adolescentes que acabaram de chegar do passado. O coração de Chris era uma bomba relógio, palpitava nervoso, ele sentia a si mesmo prestes a entrar em convulsão. O confuso Ray Ann segurou forte em sua mão, e os dois ficaram bem escondidos atrás do corpo metálico. É claro que eles estavam visíveis, mas fora da linha de fogo.

A mulher era Augusta, Augusta Montgomery, amiga de Christopher há anos, os dois estudavam juntos desde a terceira série, praticamente cresceram juntos, dividindo segredos e momentos sempre. E agora aquilo. Um escorraço em público para aquela que era quase sua irmã. Porque aquilo? O que estava acontecendo?

- É CLARO QUE VOCÊ ERA A ESPIÃ! EU SEMPRE SOUBE! EU SOUBE DESDE O COMEÇO! SOUBE DESDE QUE VI O SEU ROSTO SONSO AQUI PELA PRIMEIRA VEZ HÁ UM MÊS ATRÁS! – um trovão ou uma voz? – COMO EU PUDE ACHAR QUE VOCÊ ESTAVA DO NOSSO LADO? COMO EU PUDE SER BURRO DE NOVO DEPOIS DE TER QUEBRADO TANTO A CARA COM VOCÊ?

- HORA, CALE A BOCA! – gritou ela em resposta, tentando morder o guarda da direita – VOCÊ BEM SABE QUE O MAIS HIPÓCRITA DE TODOS AQUI NÃO SOU EU, MAS SIM VOCÊ MESMO! O ÚNICO INCAPAZ DE ADMITIR OS SEUS ERROS, O ÚNICO AQUI QUE NÃO MOSTRA QUEM REALMENTE É, QUE SE ESCONDE ATRÁS DE UMA MÁSCARA, CÍNICO COMO HÁ VINTE ANOS ATRÁS.

Ele gargalhou, estava adorando tudo aquilo, estava adorando toda aquela confusão.

- FAÇA-ME O FAVOR! VOCÊ NÃO TEM MORAL ALGUMA PARA DIZER O QUE EU SOU O QUE DEIXO DE SER! OLHE PARA SUA FIGURA DEPRIMENTE – os guardas estancaram e viraram ela de frente para Saturno, de modo que ele pode avalia-la dos pés à cabeça, com um olhar de desdém vitorioso, como se ele estivesse esperando por aquele momento triunfante há muitos e muitos anos. Era o seu momento, aquela era a hora da vingança, da bela vingança. – Você não vale nada, Augusta, nunca valeu nada, sempre se escondeu atrás do papel de garota inocente injustiçada, sempre se escondeu atrás da imagem de garota boba, mas por trás disso você passava longas horas planejando a queda das pessoas que estavam ao seu lado, das pessoas que te consideravam uma amiga. Quando você queria uma coisa, ficava bem caladinha, quietinha no seu canto, tramando feito uma serpente velha. Você foi a discórdia da amizade de Reneé e Lorena na oitava série, sempre metida entre as duas, tentando separá-las, fazendo intriga, fazendo com que Reneé supusesse que Lorena a estava substituindo por mim e por Giuseph!

- AHAHAHAHA! – ela gargalhou, fazendo pouco, desdenhando daquilo, como se fosse algo impossível, fonte da imaginação de Christopher – é claro que eu fiz isso sim, é claro! Eu sempre armei para separar todo mundo, sempre fiz isso, é o que eu faço de melhor, afinal, eu sempre fui a vagabunda da história – ela desmontou o personagem em meio segundo – ORA, FAÇA-ME O FAVOR! NÃO SEJA IDIOTA! NÃO TENTE COLOCAR A CARAPUÇA EM MIM! ELA NÃO SAIRÁ DA SUA CABEÇA PORQUE ESTÁ PRESA!

- E não vou ser, minha cara Augusta, não mais – sorriu ele, dando dois passos para frente, ficando mais próximo de Augusta para que pudesse olhá-la de cima, do canto do olho, como sempre quisera fazer, amargo e ressentido que era – agora deixaremos que o nosso povo decida o que será de você! – ele agachou-se, segurando o rosto dela com força. Ela lutou para libertar-se, mas não conseguiu – Você é uma garota fria, uma garota vazia, oca, incapaz de amar alguém, incapaz de sentir remorso ou dor ou qualquer outro sentimento, você nunca valeu nada. Você não ama nem a sua mãe!

Ela cuspiu no rosto dele. Aquilo era demais. Christopher saiu de trás de sua proteção de metal e correu para o epicentro da tempestade, ficando exatamente entre sua versão mais velha e a versão mais velha de Augusta.

- Agora já chega! – disse ele, de frente para o seu estranho Eu distorcido – pare de tratar a Augusta desse jeito. Você sabe que ela não merece. – suas pernas tremiam, mas aquela era a única saída. Sabe-se lá o que seria da mulher após ele mandar que os guardas a levassem. O homem uniu as sobrancelhas e depois levou um susto ao dar-se conta de quem estava parado ali a frente, e em seguida ficou vermelho feito um tomate.

- QUEM TROUXE ELE PARA CÁ?! – seus olhos vagaram por todo o ambiente, batendo exatamente sobre uma Ray Ann metálica de peito estufado, pronto para qualquer coisa que viesse. Ela era praticamente imortal agora. Só água salgada poderia arruinar seus circuitos internos, então Saturno Revenge jamais poderia fazer nada contra ela. Antes que ele explodisse em revolta, outra coisa expldiu, e foram as paredes. Logo tudo estava abaixo, e as pessoas estavam jogadas pelo chão, protegendo as cabeças. A poeira era densa, e entrava ferindo a laringe e a faringe. Houve gritaria generalizada e mais explosões. Alguém puxou uma arma daquelas que Pietro mostrara no começo daquela aventura perturbadora. Um braço de prata puxou Ray Ann para dentro do armário às suas costas, e quanto à Christopher Umbrella? Ficou cara a cara com o seu futuro eu antes de ser empurrado para o lado e jogado ao chão. No pulso do Christopher do futuro, um estranho brilho perolado vermelho surgiu. Era verdade que ele usava uma luva de metal desde o começo, porém o pressuposto seria que fosse somente para proteção em batalhas ou reparos de máquinas, mas era muito estranho o fato de ele usá-la somente de um lado, no braço direito.

Onde estaria o outro par? Mas não, reparando melhor agora que Saturno Revenge estava sem o costumeiro manto roxo de sempre, aquilo nem era uma luva, era uma manopla de metal. Mas, metal se mexia? Metal criava tentáculos e envolvia o braço e o corpo como uma espécie de tecido vivo? Metal tinha consciência própria? Metal reluzia em vermelho cor de fogo? Aquela pedra vermelha no pulso da manopla flamejava como um segundo sol, um rubi que lembrava um olho, provocando medo nos corações, medo do desconhecido. Em poucos segundos, Christopher Umbrella usava uma estranha armadura, uma armadura com ombreiras e joelheiras que o protegia dos pés à cabeça, fazendo o exato contorno do seu rosto e envolvendo a sua face em pequenos arabescos como patas de aranha. Aquilo só poderia ser efeito de uma única coisa. Aquela liga metálica viva versátil que se contorcia e depois fixava-se no exato contorno do corpo, transformando-se numa poderosa armadura só poderia ser efeito dela... É claro que seria impossível, até porque ela é fruto da imaginação, um objeto mítico das histórias em quadrinho. Mais loucura do que aquilo, impossível.

- Witchblade?

A poeira baixou, e no outro extremo do corredor surgiram Pietro e, ora vejam só, pela primeira vez desde que tudo começara, Maurice. Continuava o mesmo de sempre. A única diferença era que havia uma barba em seu rosto, uma barba rala e escura. Era bem estranho, quase cômico. Porém, fora ele quem construíra e projetara boa parte dos robôs e dos andróides do exército da Resistência, da Rebelião, era o segundo melhor técnico em robótica do mundo. O melhor de todos era o misterioso cientista que trabalhava para a Imperatriz Carmen, que ninguém nunca vira ou ouvira falar. Pietro e Maurice estavam sem os óculos vermelhos, carregavam armamento pesado nos braços, e avançavam em direção ao Christopher do Futuro com uma expressão dura e séria.

- Eu já devia imaginar que os dois teleguiados estavam metidos nisso também – riu ele, abrindo a palma da mão direita e gerando uma poderosa chama vermelha que torrou o teto branco acima de sua cabeça. Sua armadura estava envolvida numa áurea de chama e de revolta, aquilo estava em harmonia total com o seu corpo, unido a ele como uma segunda pele numa simbiose completa. Era ameaçador e reluzente.

Augusta Montgomery havia se libertado dos guardas e caminhado lentamente até os seus dois salvadores. Estava disposta entre Pietro e Maurice como a verdadeira imperatriz, investindo sem medo, escoltada pelos seus soldados, protegida pelos seus "capangas". Ela parou, e eles também. Os dois apontaram as enormes bazucas prateadas futurísticas e aerodinâmicas para o grupo. Augusta tirou as luvas de borracha com muita calma, estalou os dedos e disse, muito sorridente:

- Suponho que você não vá fazer nada contra isso, não é?

- Ora, supôs errado, cara Augusta...

Em milésimos de segundo, as duas enormes armas estavam erguidas no ar por dois tentáculos dentados de metal, e em seguida as duas foram trituradas com um movimento rápido e preciso da liga metálica versátil que saíra da palma da mão de Christopher. Augusta gargalhou. Maurice puxou algo do pulso e apertou, e logo eles não estavam mais lá, e foi como se os três nunca tivessem existido. De algum modo, Augusta, Maurice e Pietro haviam traído a Resistência e se enveredado para o lado da ditadura. Mas por quê? Por qual motivo eles fariam aquilo? Christopher Umbrella, o confuso viajante do tempo tinha as suas suposições...



Fim da Parte Dez!



TAHBOMPAREY! .-.


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