Poucas vezes entendi tão bem o que um artista pretendeu passar com algum trabalho seu, tanto visual quanto musical (no caso, é visual e musical ao mesmo tempo o que temos em mãos), poucas vezes me identifiquei tanto com algum videoclipe, poucas vezes me senti tão tocado por alguma coisa que venha de qualquer artista. Principalmente estes que dominam o topo dos charts musicais com seu pop cheio de controvérsias.
Talvez eu me sinta assim por estar passando por um momento complicado da minha vida, momento pelo qual visivelmente Gaga também passou, de uma forma muito mais intensa, como vemos em seu novo vídeo, Marry The Night. Todo artista, em algum momento da sua carreira também já passou por isso, com certeza. Aquele momento em que você se sente um lixo, incompreendido, desvalorizado, inutilizado, um nada, momento precedido por tantas expectativas de um futuro brilhante, de sucesso e fama repentinos, de melhora na condição financeira. E aí a vida vem e lhe dá um tapa no meio da face, pra você aprender que não se deve ficar esperando muita coisa do futuro.
Stefani Joane Angelina Germanotta, antes de se tornar Lady Gaga também passou por tudo isso, um momento em que todos deixaram de acreditar nela, no potencial dela, onde ela se viu na lama, desamparada e sem ninguém, onde teve de juntar forças de si mesma para se recuperar sozinha. Posso dizer que só não estou neste mesmo momento porque tenho amigos e família para me dar apoio, e ela nem isso tinha. Mas isso não quer dizer que eu me sinta menos magoado pelo fracasso de vendas que meu livro está sendo, pela falta de valorização no meu trabalho. Eu me sinto tão demitido quanto Lady Gaga foi dispensada pela DefJam Records, gravadora qual eu tenho certeza, se arrepende muito hoje ao ver a coisa meteórica em que ela se transformou.
E aí eu fico me perguntando: será que um dia as pessoas desse lugar vão se arrepender de não terem me valorizado, de terem me ignorado quando me verem brilhando lá no topo mais do que nunca antes outra estrela brilhou? Será que ficarão tristes por não terem explorado meu potencial e aproveitado enquanto eu ainda estava aqui?
A parte do vídeo que mais me tocou foi, com certeza, a em que ela está sentada aos pés das outras bailarinas que estão de cabeça erguida enquanto ela tenta se levantar, tenta alcançá-las, tenta equiparar-se a elas, e sofre por não conseguir, por estar lá embaixo se esforçando ao máximo, sem progresso algum, sem resultados, sem sucesso. Eu me vi ali, me enxerguei muito ali, e isso me doeu bastante, aqui fundo. Como eu disse a um amigo: "é triste, muito triste você ver todo mundo se dando bem enquanto você tá ali na merda vendo a vida passar, você tem um talento e luta para que as pessoas valorizem você e reconheçam seu trabalho , e elas estão cagando e andando pra você, só querem saber de dinheiro (...)".
E assim, Marry The Night se torna o meu video favorito, por eu me enxergar ali como jamais me enxerguei em nenhum outro lugar. Agradeço a Deus (ou seja lá quem for que estiver olhando por mim e cuidando de mim) por ter a família e os amigos que eu tenho, principalmente a Mãe que eu tenho, de outra forma tenho certeza que teria passado por muito mais sofrimento do que pelo qual estou passando no momento, que nada se compara a você se afundar nas drogas e no álcool procurando afogar as mágoas a ponto de ir parar numa clínica de recuperação. Teria passado pelo mesmo sofrimento pelo qual a garota Stefani passou, antes de se tornar enfim, Lady Gaga.
Antonio Fernandes
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