Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

terça-feira, 31 de maio de 2011

Comunicado Oficial - As Dellabóboras - Volume 1



NOTÍCIA FRESQUINHA! Após meses de negociações, eu e meu pai conseguimos fechar contrato com a All Print Editora (www.allprinteditora.com.br), e meu primeiro livro oficial, "As Dellabóboras - Volume 1" sai em Setembro, com direito a festa de lançamento e solenidade com convite personalizado, orquestra e eu usando uma bela coroa (tá, a coroa ainda está em fase de aprovação pessoal, risos).


Nem acredito que após quatro longos anos, depois de tudo o que eu passei, finalmente vou realizar o meu maior sonho: ser um escritor oficial com livro impresso, e não só mais um blogueiro desse Brasil. É tudo tão surreal que tenho até medo de ser só mais uma pegadinha do Mallandro (mais risos), essa semana só vai dar eu aqui na cidade: matéria especial sobre a minha trajetória e sobre o meu livro no jornal, entrevista no Bom dia Amapá, enfim, estou ficando famo$o finalmente, estou realizando o meu sonho de sair em um outdoor e ficar lindo na foto e bem na vida, vou poder FINALMENTE tomar os meus BONS DRINK e dar uma risada maléfica. E você que mora fora do estado, não se acanhe, a partir do segundo semestre você pode comprar a aventura de Afonsa e suas primas pelo site da editora.


Desde que essa história de publicação desse livro começou eu venho me pelando de medo. SÉRIO, NÃO CONSIGO ACREDITAR. Tenho medo de... ai não gosto nem de falar! Do jeito que a minha vida é, é bem capaz de acontecer alguma coisa se eu abrir a minha boca pra falar besteira, peço a Deus todos os dias pra que tudo isso não seja um sonho. Espero que esteja realmente acontecendo. É o meu tapa na cara da sociedade e das gordas mal amadas dessa vida. Tem que dar tudo certo cara ): torçam por mim e pela minha vitória. Assim que sair a minha matéria no Jornal, faço um scan e posto aqui pra vocês verem, e quem quiser saber um pouco sobre a história do livro é só catar aqui na barra lateral, os banners para os três volumes já escritos até agora estão aí, mas quem é preguiçoso pode clicar aqui.


Pra quem duvidou de mim um dia e riu da minha cara, clique aqui.


Quem é vaca gorda e covarde e me chamou de insignificante pelo formspring.me, clica bem aqui vadia.


E quem é lindo clica bem aqui.






XXXO




LOUIE MIMIEUX // ANTONIO FERNANDES




domingo, 22 de maio de 2011

Pra Completar...



O contador do blog zerou perto de 10.000 visitas e quebrou toda a magia do momento. Fuck.


Porque o Blog tá Parado?



Cadê Draconius Nefastus 2? E a cena perdida? O que aconteceu com o blog?

Calma gente, Abraão explica!

Louie é o tipo de pessoa que quando tem muita coisa pra fazer acaba fazendo nada, e é exatamente isso o que ele está fazendo agora: nada. Os professores da faculdade resolveram pegar pesado e passar um monte de trabalhos (os quais ele ainda não fez nenhum), e agora nosso escritor está perdido entre a faculdade e as coisas da internet. Enfim, é isso, pura preguiça e falta de força de vontade. Aguardem por novidades.


Grato, Abraão, O Coelho Steampunk.




quinta-feira, 19 de maio de 2011

Yellow - Nova Era (Epílogo Alternativo)


O mundo que havia sido criado pelo desejo de paz de Frederico seguira-o em sua partida, desfazendo-se assim que o mesmo acordou-se nos esgotos de uma distante e diferente Paris. Era hora de recomeçar, de zerar o contador, de virar a ampulheta, era hora de enfrentar o destino de frente e encarar os fatos. Era o início da Nova Era.

O espelho d’água, a floresta e a montanha se quebraram como uma vidraça acertada por uma pedra. E os estilhaços se espalharam no espaço vazio que eles deixaram, dando origem a novas e brilhantes estrelas. Logo vieram meteoritos e astros, para entrarem naquela dança de deuses; os quatro reis monstros agora flutuavam no vácuo do espaço sideral, seus mantos ondulantes agora lembravam um conjunto de quatro medusas boiando na imensidão infinita e escura das águas abissais. Aos fundos, galáxias e nebulosas surgiam através de preguiçosas explosões supernovas, o que seria fatal para um sistema solar inteiro sequer fazia cócegas naquelas criaturas milenares e transcendentais, atingiam-nos nos rostos como lufadas de ar quente, fazendo as nuvens dos fios de cabelos ondularem ainda mais violentamente no vácuo espacial.

Uma explosão no espaço era como lançar uma pedra na superfície de um lago. Aquilo reverberava e se propagava a dimensões inimagináveis, até perder força, mas nem isso era páreo para Lilith e seus poderosos irmãos, que se encaravam agora seriamente, sem pronunciar uma única palavra. Apenas Corona Solaris permanecia irrequieto desde que partira do Oráculo, sentindo-se culpado pela desgraça que estava por vir. Os raios de sol que ele emanava estavam cada vez mais tristes e fracos.

- Não se culpe agora, irmão, é tarde demais para chorar sobre o leite derramado. – disse Lilith, erguendo suas garras acima da cabeça e em seguida virando-se para trás, apanhando uma corda invisível entre as estrelas e puxando algo do vazio, de trás de uma enorme lua alva que vinha surgindo da sombra de um planeta rubro repleto de anéis feitos de detritos espaciais. Um trono dourado colossal brotou da escuridão, ladeado por dois veados de galhadas de diamante com corujas, o símbolo da sabedoria, pousadas em suas cabeças. O recosto para as costas era cravejado de pequenos cristais coloridos, este tinha o formato triangular, e irradiava um brilho violeta estonteante que girava sem parar. Tudo isso vinha no verso de uma pirâmide invertida que possuía milhares de pequenos prismas vermelhos orbitando ao seu redor.
- Contemplem o meu trono, irmãos, este que foi feito para mim por mãos estranhas, e já existia muito antes de eu ter nascido. – Lilith abriu os braços para a alegoria que se aproximava e saltou com graciosidade sobre duas estrelas para assentar-se em seu lugar de direito, e o brilho violeta tornou-se mais intenso que nunca. Akasha usou de sua magia para juntar milhares de constelações e formar o seu trono reluzente em formato de meia lua oval, sentou-se nele na posição de lótus de olhos fechados, meditando.
Corona Solaris retirou sua coroa dourada triangular da cabeça e lançou-a ao espaço, com um rápido movimento das mãos ele fez com que aquilo triplicasse de tamanho até tornar-se tão grande quanto os outros dois tronos que haviam surgido, e agora ele havia um lugar onde assentar-se: sua própria coroa era sua cadeira real.
Por sua vez, Pandora cortou os pulsos usando seus caninos e lançou seu sangue por sobre os meteoritos que por ali passavam, e seu sangue rubro solidificou e tomou a forma de um trono completamente feito de rubi resplandecente, que era orbitado por pequenos cristais vermelhos. Estas eram as gotículas do que restara.
E assim, os quatro Reis Monstros partiram em direção à pérola azul que reluzia conta no colar do universo, quase tão próxima ao sol, filho de Corona Solaris. E a força da sua passagem foi tamanha que tirou de órbita milhares de astros e estrelas que residiam na escuridão do vácuo. Estes os seguiram em sua viagem a caminho do Planeta Terra, e em pouco tempo havia uma verdadeira legião de meteoros, meteoritos e planetas marchando rumo ao mundo humano, seguindo as quatro naves que eram os tronos dos deuses mais ancestrais.

A chegada dos quatro ao planeta terra foi precedida por uma chuva de meteoritos que iluminou o céu durante semanas enquanto a guerra entre homem e fera culminava numa batalha sangrenta pelo poder. Após isto, o globo terrestre foi açoitado pela queda de grandes meteoros do tamanho de montanhas, que abriram enormes crateras e devastaram toda a América do Norte, destronando as nações poderosas e megalomaníacas usurpadoras que sugavam a energia vital da terra. Aqueles que comandavam o mundo.
As outras pequenas pedras que caíram na terra não fizeram tanto estrago quanto as primeiras, estas vieram para apaziguar a guerra e dar a chance de um novo começo para aquelas criaturas vindas de tantos mundos. Ao final de 100 anos, a raça humana havia sucumbido, e os monstros que vieram das luzes do norte e das luzes do sul já ocupavam cada remota região dos continentes terrestres, habitando em harmonia com aqueles humanos que haviam sobrevivido. Naquele ano, os Reis Monstros chegaram à terra vindos das estrelas, e seus enormes tronos se uniram para formar a Nova Babel, no mesmo lugar onde um dia havia sido erguida a Babel da Babilônia.
Lilith foi coroado por unanimidade como Rei dos Monstros. Aquele foi o começo da Era dos Monstros. O começo da Nova Era.










~












Andei segurando esse final alternativo por um tempo, eis aqui como um brinde para vocês! ;)


segunda-feira, 16 de maio de 2011

O Teste das Cores



Há mais ou menos um mês atrás, fuçando o Google, eu encontrei um site-teste, que analisava o seu psicológico naquele momento e expunha suas frustrações e a causa delas com base na seleção feita a partir de uma tabela de cores sugeridas, as quais você escolhe à sua preferência, gerando o resultado. Eu já perdi o link há muito tempo, mas o resultado do meu teste foi impressionante, traduziu tudo o que eu venho sentindo ultimamente! Vamos acompanhar:

Como você opera, age, frente aos seus objetivos e desejos:
Anseia por compreensão sensível e indulgente e quer proteger-se contra discussões, conflito ou quaisquer tensões angustiantes.

Ocupa-se fácil e rapidamente com qualquer coisa estimulante. Preocupado com coisas de natureza intensamente emocionantes, sejam elas estimuladas por erotismo ou por outro meio. Quer ser considerado como sua personalidade emocionante e interessante, com influência totalmente encantadora e impressionante. Usa táticas inteligentemente para não prejudicar suas possibilidades de sucesso ou solapar a confiança adquirida.

Suas preferências reais:
Indisposto a desenvolver ou despender esforço excessivo com a possível exceção de atividade sexual. Sente que maior progresso exigirá dele mais do que está disposto, ou capacitado, a dar. Preferiria conforto e segurança relativos, em lugar das recompensas de maior ambição

Necessita de paz e tranqüilidade. Deseja um cônjuge amante e fiel, do qual possa exigir consideração especial e afeto incondicional. Se essas exigências não são satisfeitas, é capaz de se afastar e isolar-se de todos.

Sua situação real:
Está disposto a envolver-se emocionalmente e é capaz de conseguir satisfação na atividade sexual.

É emocionalmente inibido. Sente-se forçado a transigir, o que lhe dificulta a formação de uma ligação emocional estável.

O que você quer evitar:
Interpretação fisiológica: Tensão e ansiedade devidas a conflito entre esperança e necessidade, seguido de desapontamento intenso. Interpretação psicológica: O desapontamento e as esperanças irrealizadas têm dado origem a uma incerteza angustiante, enquanto duvida de que as coisas melhorarão no futuro, o que o leva ao adiamento de decisões essenciais. Este conflito entre esperança e necessidade está criando considerável pressão. Em lugar de resolvê-lo, enfrentando corajosamente a tomada da decisão essencial, é capaz de empenhar-se na busca de trivialidades como meio de fuga. Em suma: Vacilação causando frustração.

Seu problema real:
O desapontamento e o medo de que não vale a pena formular novas metas têm levado à ansiedade. Está angustiado com a falta de qualquer relação íntima e compreensiva. Tenta fugir para um outro mundo onde esses desapontamentos desaparecem e as coisas estão mais a seu gosto.






~






Ou seja, em outras palavras, eu sou um baita dum complexado, como diria a Brena.

PS:. quem tiver o número de um bom psiquiatra, é só entrar em contato

sábado, 14 de maio de 2011

Visitem Meu Tumblr, Por Gentileza





Letra & Música ₰



Estarei adotando as mesmas medidas que eu adotava antes, neste blog, no intervalo entre uma série e outra, na falta de criatividade e até mesmo na falta de tempo: postar poemas e traduções de letras de música. Hoje vou apresentar pra vocês a meiga da Oh Land, uma cantora dinamarquesa de eletropop/experimental enraizada na música clássica que conheci recentemente através do last.fm. "Minha intenção é soar como se eu fosse de 2050, porém com um toque realmente clássico, como se a música fosse um velho amigo" ela costuma dizer. Pouco conhecida, está divulgando atualmente seu segundo álbum (o primeiro na América), "Oh Land", bem mais pop que o primeiro, para tentar agradar a um público maior. Fiquem agora com a letra e a tradução de "White Nights", em minha opinião, a música mais linda que ela já fez.


White Nights

Ooh ooh Ooh
Has it been a day or a week?
As my eyes begin to close
I am walking in my sleep
Living in a state inbetween
Do the signs begin to show
See the eyes fare in the dark
As they Glow
As they Glow

These dreams under my pillow
In the twilight of these white nights
these dreams under my pillow
In the twilight of these white nights
Of these white nights(x3)

Oooh Ooh Ooh
Something is about to be born
There's a restlessness in me
Keeps me up until the dawn
There is no silence
I will keep following the sirens
There is no silence
I will keep following the sirens

These dreams under my pillow
In the twilight of these white nights
These dreams under my pillow
In the twilight of these white nights
Of these white nights(x3)

Oooh ooh ooh
These dreams under my pillow
In the twilight of these white nights
These dreams under my pillow
In the twilight of these white nights
Of these white nights(x4)
Oooh ooh ooh

Noites Brancas


Foi um dia ou uma semana?
Quando meus olhos começam a fechar
Eu estou caminhando em meu sono
Vivendo em um estado de sonâmbulo
Até que os sinais começam a aparecer
Veja os olhos tarifa no escuro
Como eles brilham
Como eles brilham

Esses sonhos debaixo do meu travesseiro
No crepúsculo das noites brancas
esses sonhos debaixo do meu travesseiro
No crepúsculo das noites brancas
Dessas noites brancas (x3)

Oooh Ooh Ooh
Algo está prestes a nascer
Há uma inquietação em mim
Mantém-me até o amanhecer
Não há silêncio
Vou continuar a seguir as sirenes
Não há silêncio
Vou continuar a seguir as sirenes

Esses sonhos debaixo do meu travesseiro
No crepúsculo das noites brancas
Esses sonhos debaixo do meu travesseiro
No crepúsculo das noites brancas
Dessas noites brancas (x3)

Oooh ooh ooh
Esses sonhos debaixo do meu travesseiro
No crepúsculo das noites brancas
Esses sonhos debaixo do meu travesseiro
No crepúsculo das noites brancas
Oooh ooh ooh


Montanha de Sentimentos



Quando o sol se por
Os querubins abrirão suas asas
E todos os cavalos irão galopar
Pasto afora, ao sabor dos ventos
E quando a lua subir aos céus
Todos os coiotes do mundo irão uivar
E todos fugirão
Mas eu não

Porque quando todos pararem de sorrir
Eu ainda estarei sorrindo
E quando todas as vozes se calarem
Eu estarei falando
E quando faltarem abraços
Meus braços estarão abertos para o horizonte
E quando faltarem beijos
Meus lábios estarão eternamente macios
Para receber os seus e os de quem for

Porque eu sou assim
Essa montanha de sentimentos
Pronta para explodir
O vulcão interno de um serafim

Houve uma explosão no céu
E todos olharam
E havia uma estrela
Ardendo mais do que as outras
E ela cruzou o céu de norte a sul
Iluminando tudo o que antes era azul

Houve um galopar
O trotar de um branco unicórnio
Para ele todos voltaram seus olhos
E uma águia gritou
Para as montanhas o mundo olhou
Toda a neve derreteu
E o mundo tornou-se um breu
E as pessoas fugiram
Menos eu

Porque eu sou assim
Essa montanha de sentimentos
Pronta para explodir
O vulcão interno de um serafim

E quando todos os olhos estiverem fechados
Os meus continuarão abertos
Quando os corações pararem de bater
O meu estará a mil
E quando eles deixarem de amar
Eu continuarei te amando
Os espinhos da vida continuarão me ferindo
E eu continuarei te querendo

Faz tempo que eu estou aqui
Esperando o mundo acabar
Deitado nessa cama
Entre as paredes púrpuras
Com os dedos neste teclado
Esperando chover sobre mim
Todos os meteoros do universo

Um dia acontecerá
O sol brilhará para mim
Porque eu sou assim
Essa montanha de sentimentos
Pronta para explodir
O vulcão interno de um serafim
Todas as quatro faces de querubim

Houve clamor, houve espanto
Houve maldição, houve benção
E eu te abracei forte
E você era eu
E eu era você
E nós dois éramos um só
Do céu, outros mundos desceram
E os cavalos dos pastos verdes
Alcançaram as cidades a galope
Eu estava lá para ouvir

Não tapei os ouvidos
Porque eu sou assim
Essa montanha de sentimentos
Pronta para explodir
O vulcão interno de um serafim
Todas as quatro faces de um querubim

E o mundo acabou ao meu redor
Não pestanejei, não apaguei
Permaneci de pé
Porque alguém me quer
Esse alguém é você
Esse alguém sou eu
De frente para o espelho
Minha mente agora é um breu

~



Louie Mimieux


domingo, 8 de maio de 2011

É Oficial!



TEM REALMENTE UM PEDAÇO DE DRACONIUS NEFASTUS FALTANDO!



E EU NÃO TENHO MAIS O DOCUMENTO DO WORD QUE TINHA A HISTÓRIA COMPLETA



Em outras palavras, vou ter que REESCREVER o pedaço que está faltando --'



Enquanto eu não escrever isso, nada de série nova, SORRY


ERRATA



Acabei de criar a tag MOMENTO DESESPERO para um erro que deveria ter sido corrigido HÁ DOIS ANOS ATRÁS e que só foi notado AGORA!


TEM UM PEDAÇO DE DRACONIUS NEFASTUS FALTANDO.


Sim, pessoal, o primeiro Draconius Nefastus tem uma falha GIGANTESCA no final do capítulo 4 e começo do capítulo 5. Está faltando a cena em que eles são arrancados da barraca de Rose pelos nativos e arrastados pela cidade maldita em direção à pirâmide! Detalhe: essa história foi escrita e publicada em 2009, e como eu precisava me readaptar aos personagens decidi dar uma relida (nota do autor: eu até que descrevia bem as coisas em 2009, minha narrativa era boa, exceto por alguns erros de grafia e pontuação por falta de atenção, como palavras no masculino que se transformam em femininio - hermafrô - e engolimento de letras, excesso de vírgulas, mudança repentina no nome e sobrenome de alguns personagens e... AI QUE CU EIN, vou ter que ajeitar isso). Por isso fui capaz de notar todos esses erros e A CENA QUE FICOU PERDIDA.


Pra falar a verdade toda a história precisa ser revista, naquela época eu não levava o blog a sério e a coisa vivia desandando, eu ainda estava aprendendo muita coisa e moldando a minha narrativa. E O MALDITO PEDAÇO DA HISTÓRIA QUE FICOU FALTANDO. Não sei se tenho o arquivo salvo em algum lugar do computador antigo, provavelmente SIM, de modo que vou ter que me matar procurando por ele, e assim que eu der de frente com a Cena Perdida, eu posto aqui, para melhor entendimento desse segundo Draconius Nefastus é preciso ler o primeiro, e a ausência de uma cena fode tudo. Literalmente.


Agora, com licença, vou me desesperar bem ali no cantinho.



XOXO



sexta-feira, 6 de maio de 2011

Oi, gente '-'




Espero que tenham curtido o final de Yellow, decidi fazer esse epílogo de última hora porque senti que o capítulo final ficou super mal resolvido e deixou muita coisa no ar!

Bem, essa era minha intenção, de qualquer forma, deixar grande parte dos mistérios no ar. Mas pelo menos um foi explicado: a origem da simbologia da mão com o olho no centro. Para quem estava contando que eu fosse explicar a origem da casa amarela na clareira, minhas desculpas, mas certas coisas simplesmente existem. Outras simplesmente acontecem. Há certas coisas no mundo que não precisam de explicação, e grande parte da mitologia Canavar faz parte disso. Espero agora que leiam e acompanhem a saga de Oráculo das Feras no blog do Andrew para entender melhor o que aconteceu aqui. A segunda fase terminou ontem, a terceira tem previsão para começar no finalzinho de 2011. Vai ser uma espera demorada, mas vale a pena, o Andrew está fazendo um ótimo trabalho para um principiante no ramo da fantasia, do surrealismo (e da porralouquice também)...

Draconius Nefastus 2 está sem previsão de estreia, então não fiquem ansiosos porque vai demorar um pouco, tudo o que vocês leram de Yellow nesses dias foi de última hora, capítulos às pressas (exceto Pietà, que convenhamos, foi épico), e eu não quero fazer isso de novo outra vez, preciso puxar um baseado (mintchyra) e buscar inspiração para escrever sobre a estranha Ilha Monstro e seus tentáculos! Aguardem por novidades!


xxxo



L.M.

Epílogo - Pietà


- Cada um de vocês foi enviado a um mundo diferente – sussurrou o deus ao pé do ouvido do jovem mortal enquanto fechava aqueles profundos olhos sofredores com delicadeza, induzindo-o ao descanso, ao transe. – Vocês estão mortos, vocês são contradições, vocês jamais poderão coexistir no mesmo mundo e na mesma época outra vez, esse é o preço que deve ser pago para que a família Mimieux continue existindo... – segurou o rosto de Frederico mais uma vez entre as mãos. Uma última vez. Àquela altura ele já estaria a caminho do mundo para o qual fora destinado, para recomeçar.

Lilith caiu sobre seus joelhos, abraçado ao seu nobre Frederico, erguendo seu rosto iluminado para os céus, brilhando assim como havia feito no salão satânico do ritual que o trouxera para fora de seus sonhos profundos de Oráculos e Guerras.

Uma estrela reluzente usando um longo manto branco. Era isso o que ele era naquele momento. Primeiro a luz tomou forma, depois emoldurou-se como se fosse líquida ao redor da cabeça do deus, formando círculos que giravam e ardiam em brasa, e assim sua coroa dourada de quatro sóis surgiu ao redor do seu crânio, produzindo o som de um sabre cortando a pedra. Após isso, seus olhos onde duas grandes galáxias giravam fecharam-se para receberem a venda que brotou de trás das suas orelhas, assim sua vista foi selada. A gola do quimono que lhe caía sobre os ombros de forma tão delicada esticou-se em volta da sua cabeça e seu pescoço, emoldurando-o, deixando seu colo branco totalmente à mostra. Uma gota de sangue tingiu o branco daquela gola de vermelho por dentro. Astros e estrelas surgiram ao longo das curvas do tecido, irradiando luz própria como se fossem reais.

Aquele era o manto do Rei, e aquela era a sua coroa, e seus caninos agora estavam pontiagudos como sempre foram desde que sua consciência gerou sua existência.

Numa cena digna das telas de Caravaggio, Lilith tinha o corpo de Frederico desfalecido em seus braços, a cabeça pendendo para trás em uma expressão de total serenidade, um dos braços musculosos do jovem ainda repousava sobre seu pescoço de forma flácida e superficial enquanto o outro se esparramava abaixo. Uma lágrima vermelha escorreu do olho direito do deus, uma dolorosa lágrima de sangue; aquela criatura jamais havia chorado em milênios de existência, e sua primeira lágrima fora derramada pela dor daquela família desmembrada cruelmente pelo destino. Ele se sentia culpado, condenado a sofrer por tudo aquilo que havia causado. Enfim, o demônio não era tão frio e egoísta como havia sido pintado desde o início; ele era capaz de sentir, não pela sua desgraça, mas pela desventura alheia. Sua alma estaria redimida? Ele possuía uma alma?

Em um segundo ele era a Virgem e Frederico o Cristo, e aquela era Pietà de Michelangelo, e o universo desfez-se em pó e luz ao redor dos dois. Lilith inclinou-se e beijou os lábios de seu descendente mais uma vez antes de espalmar sua mão próxima ao rosto do jovem. Em sua palma, um olho se abriu, um enorme olho azul como aquele que havia sido tão representado desde o princípio das eras em tantos mundos como um sinal de sabedoria, de conhecimento do passado, do futuro, de bom presságio e boa sorte. Aquele era o Olho de Lilith, Figree Hamsa, ou como quer que ele fosse chamado em qual universo ele fosse representado. E aquele olho transformou matéria em luz, e assim, Frederico foi enviado para outro mundo, para recomeçar.












~


Em breve...



AGUARDEM!

Capítulo XIII - Sacrifícios






Pelo tempo que pareceu-se o arrastar de anos, a mente de Frederico vagou perdida, talvez presa dentro de si própria, condenada a viajar para sempre no âmago de seu ser. Mas era também provável que sua alma estivesse vagando, entre os diferentes mundos que podem ser visitados em espírito, apenas pela força do pensamento elevado às alturas, conectado à enorme massa de consciências que flutua sobre as nossas cabeças, nos concedendo o poder de enviar nossas mentes a distâncias improváveis. Assim Frederico esteve durante o que pareceram horas.

Em uma de suas visões, ele estava de volta à pacata rua onde morava havia alguns anos. Estava escura e muito movimentada, as únicas luzes ali presentes eram provenientes dos pátios das casas da vizinhança... e as das viaturas policiais. Azuis. Vermelhas. Azuis. Vermelhas. Azuis. Vermelhas. Iluminando seu rosto branco uma, duas, três vezes, sempre seguindo a mesma ordem, tornando-o rubro como um pimentão ou anil como o céu do crepúsculo.

Toda a iluminação pública havia estourado repentinamente próximo às nove da noite, foi o que ele ouviu sair da boca de uma senhora de cabelos brancos que estava escorada numa das viaturas policiais, no escuro. Todos os vizinhos haviam saído para averiguar o que havia acontecido, para ver de perto a origem das explosões que espantaram velhos, acordaram crianças, despertaram a ira de animais domésticos até então pacatos. Os gatos não paravam de rosnar, os cachorros uivavam a todo pulmão, e as pessoas aos montes passavam, apavoradas, assustadas, receosas, confusas, falando baixinho com a mão na boca, os olhos bem abertos em expressão de descrédito total no que estava acontecendo.

A casa de Frederico estava ali também, naquele escuro, sem iluminação particular. Mamãe esqueceu de acender a luz do pátio, pensou o rapaz. Aquela era a mesma casa amarela da qual ele se lembrava; janelas de madeira envernizada gradeadas, teto pontiagudo, seu pátio coberto de azulejos azuis, suas cadeiras de balanço azuis e roxas. Tudo estava no lugar, aparentemente. Mas era ali, justamente onde as coisas pareciam mais calmas que a polícia se concentrava. Haviam muitos homens fardados na calçada, escorados nos muros, em rodinhas conversando baixo enquanto três forçavam o cadeado do portão e um deles isolava a área com uma espécie de fita amarela e preta. Como nos filmes policiais, pensou o rapaz.

Segundo testemunhas, passantes e velhotas que estiveram sentadas à janela conversando naquele momento, o clarão de luz azul se originara naquela casa, que estivera silenciosa durante dias a fio. “Eles viajaram, eu acho”, disse uma jovem magricela vestida num shortinho vulgar. “Foi um curto circuito, com certeza!” fez a gordinha vendedora de churrasco do bar da esquina. “Esses irresponsáveis! Saíram e deixaram os eletrodomésticos na tomada, com certeza!” resmungou uma velha ranzinza e descabelada. Um vento gelado bateu. O céu estava muito nublado, tão nublado que a noite tornara-se cinzenta. O céu era de um branco-alaranjado, refletindo as luzes da cidade em suas nuvens gordas e pesadas.

O vento levantou as folhas secas de uma mangueira caídas no chão. A mangueira que ficava em frente à borracharia. O mesmo vento agitou os ramos de um jambeiro que já estava com as suas raízes cobertas pelas pétalas rosadas de suas estranhas flores tropicais que antecediam o fruto carnoso de superfície vermelho-sangue. A maçã dos trópicos.

E então foi como se sua existência não possuísse consistência ou matéria que o prendesse ao chão, e logo ele estava flutuando acima daquela multidão de vizinhos, policiais e curiosos, vendo tudo de cima. A cena estava perdendo o foco, ele não estava ali de verdade, só a sua mente estava. Os policiais invadiram a casa. Não havia ninguém. Tudo perfeitamente limpo, muito bem arrumado, as camas bem feitas, os móveis e os pertences no lugar, os eletrodomésticos funcionando perfeitamente ligados em suas próprias tomadas. Parecia que alguém havia feito a faxina e dado uma saída rápida.

“Mas essa casa está escura há dias!” reclamou uma menina grávida.

- A minha casa – murmurou Frederico, para dentro, e sua voz ecoou dentro de si como se ele fosse uma concha vazia – é igual à casa da clareira?

A cena ficava cada vez mais desfocada.

- A minha casa... – sua voz tornava-se algo metálico agora, reverberando em paredes de ferro – é a casa na clareira? A minha casa é a mesma casa na clareira?

Apenas silêncio. A cena estava se tornando escuridão.

- Então porque? Porque eu não reconheci minha casa na clareira? Porque não me lembrava? Porque não percebi que era a mesma casa? Porque eu não percebi que eram casas iguais?

A escuridão foi clareando, e seu olfato foi atingido por um cheiro forte de flor de laranjeira, seu peito estava formigando, como uma pastilha de sonrisal jogada num copo de água gelada, se dissolvendo pelas bordas. “É chá verde e flor de lótus”, sua memória o corrigiu. Ele já havia sentido aquele cheiro antes. Mas a voz que o corrigira não era a voz da sua consciência, era algo muito mais belo, mais sonoro, indescritível.

Ao abrir os olhos, encontrou o branco. O mais perfeito branco, infinita calmaria iluminada que se dissolvia gradativamente. Aos poucos as formas foram se distinguindo e uma garça de longo bico amarelado e olhos vermelhos surgiu a sua frente. Ela tinha um penacho na cabeça, era uma obra de arte da natureza, longas pernas finas e um pescoço esguio como uma serpente branca e lisa, perolado. A criatura alçou voo para distâncias, e o bando que estava ali a seguiu também. A imagem do ser que veio da névoa após a revoada de garças o tomou de surpresa surgindo em meio a toda aquela iluminação, a toda aquela paz e calmaria alva. Era um ser de cabelos escuros, flutuava acima de tudo com a leveza de uma pétala de cerejeira, seu manto branco esvoaçante exalava aquele delicioso aroma de lótus que Frederico havia sentido antes de despertar do sono que o havia levado até a sua vizinhança.

No momento em que ele sentiu a presença daquele ser, ele soube que aquele era o deus pagão desconhecido, venerado na antiguidade e em tantos outros mundos e universos paralelos. O deus que criara Ousama esfregando as mãos, que havia deixado para trás o seu palácio dourado como um mausoléu guardando o seu corpo físico, a espera de seu retorno. O deus cultuado no passado que estava a caminho do mundo humano para reinar outra vez, agora sobre todas as nações e não só algumas. Ele trazia uma legião aos seus pés, uma legião de seres que naquele momento atravessava uma ponte mística feita de pequenos sóis e estrelas, a Aurora Boreal, em direção ao Planeta Terra. Mas agora, ali, ele estava diante de Frederico em todo o seu esplendor, emanando sua áurea mística poderosa, moldando aquele universo branco em algo novo. Uma montanha surgia no horizonte, e uma floresta brotava por magia às margens daquele lago sobre o qual os dois flutuavam em espírito, frente a frente.

E como ele era belo! Era de uma delicadeza digna das flores do lótus que brotavam na água à sua passagem, espalhando-se pela superfície daquele espelho d’água cristalino. Algumas carpas vermelhas já nadavam lá embaixo. Cada curva, cada forma, cada movimento lembrava os gestos de uma ave pernalta ao mesmo tempo em que trazia à tona a memória furtiva de uma planta carnívora sendo açoitada de leve pela brisa, seu rosto branco era redondo como a lua, seu corpo era grande, em altura era inacreditável, uma escultura gigantesca e encorpada em mármore, quase dois metros de altura, seus dedos longos terminavam em garras douradas compridas e reluzentes, afiadas.

Seu rosto tão perfeito, angelical, tão bem desenhado, uma boca pequena que se esticava num sorriso meigo e ao mesmo tempo fatal, um nariz redondo e pequeno, perfeito sem se arrebitar. Tudo naquela criatura parecia ter sido feita sob medida para ser encaixado ali... E seus lábios... Aqueles lábios jamais sairiam da memória de Frederico, aqueles lábios eram duas sereias que cantavam, atraindo-o, chamando-o, tornando-o súdito de seus desejos mais profundos e tentadores. Havia algo nele que remetia ao oriente, às gueixas, aos samurais, ao mesmo tempo em que trazia uma carga euroasiática, pela altura e pelas suas formas. Naquele mundo de sonhos ele não estava coroado, e muito menos vendado. Seus olhos permaneciam fechados, mas mesmo assim ele parecia possuir uma noção incrível do que estava ao redor, e da figura de Frederico à sua frente, deitado no vazio do ar.

- Quem é você? – perguntou o rapaz à criatura.

O belo monstro sorriu.

- Eu... Essa é uma pergunta difícil, Frederico... – era aquela a voz que o chamara para o fosso despertando os ciúmes de Ousama, aquela mesma voz o havia corrigido em sua mente a respeito do aroma de flor de laranjeira... chá verde e lótus.

- Como você sabe o meu nome?

- Eu sei de muitas coisas, coisas que fariam seu mundo mudar de lugar no universo, se isso fosse preciso...

Fez-se silêncio, e o vento açoitou o espelho d’água. As carpas se agitaram.

- Que lugar é esse? – Frederico pôs-se de pé a admirar a paisagem. Era um lugar inacreditável, ele só vira aquele tipo de paisagem em filmes orientais e cartões postais, a montanha ao fundo era idêntica ao Monte Fuji, com seu pico nevado coroando a curva que formava o monte. O espelho d’água ao pé da montanha era coberto por plantas aquáticas espalmadas sobre a superfície, de onde brotavam dicotiledôneas rosadas e grandiosas flores de lótus que mal caberiam na palma de um ser humano normal. Haviam colunas gregas ali também, com um ar de abandono, erguendo-se da água como gigantes sérios esculpidos no mármore, formando um corredor por onde o ser místico transcendental caminhara para chegar até Frederico.

- Este mundo foi criado a partir do seu desejo de paz meu jovem. E ele sempre estará aqui para recebê-lo quando a realidade for cruel por demasia.

- Eu tenho tantas perguntas para fazer!

- Sim, eu sei. – fez o ser, calmo, pacífico, carregado numa aura de paz e tranquilidade – mas nem todas poderão ser respondidas, pois há coisas que não precisam de motivos para acontecer, elas simplesmente existem ou acontecem... Eu sou uma delas...

- E quem é você?

A criatura sorriu.

- Eu sou Lilith, o Rei dos Monstros.

Frederico deu um passo em direção a ele.

- Mas Lilith foi a primeira esposa de Adão, como você pode ser Rei agora? Você é uma mulher!

- Eu não sou mulher, nunca fui mulher.

- Então você é homem?! – Frederico tomou a informação com espanto, jurava que aquela figura tratava-se de algo do gênero feminino, uma entidade mística feminina, mas pelo visto, não.

- Também não sou homem, nunca fui homem.

- E porque te chamam de Lilith?

- Porque foi o nome com o qual os Filhos de Israel me batizaram quando me viram pela primeira vez. Eles criaram este mito para justificar minha existência, e o mito se alastrou pelos continentes e se propagou, e eu adotei o nome para apresentação por achá-lo digno de mim... Eu possuo muitos nomes e muitas faces, em muitos lugares e mundos diferentes...

- E qual o seu verdadeiro nome?

Lilith deu uma risadinha baixa, quase inaudível.

- Meu nome verdadeiro é impronunciável na sua língua... O simples soar de seus fonemas destruiria estrelas e galáxias inteiras, é um nome amaldiçoado que jamais poderá ser dito sem trazer desgraça àquele que o pronunciou, é por isso que o guardo a sete chaves e nunca, jamais o revelo. É o maior de todos os meus segredos.

Rapidamente, tudo voltou em um milésimo de segundo à memória de Frederico: Ousama, o ritual, o palácio, sua irmã, seu pai, sua mãe. Todos envolvidos naquilo. Porque tudo aquilo? Qual o significado disso tudo?

- Ousama queria matá-lo! Era você quem ele estava tentando invocar! Eu era a oferenda!

- E ele conseguiu me invocar, trazendo você de outro mundo... Você era a minha isca... Mas os planos de meu filho Ousama foram frustrados...

- Porque eu?! Porque a minha família?! Por quê?! – o tom de voz do rapaz aumentava e ecoava cada vez mais.

- Porque era necessário.

Fez-se silêncio.

- É só isso que você tem para me dizer?! – perguntou Fred, amargo. – Isso não explica nada!

- Eu já disse, há coisas que simplesmente acontecem, não há um motivo ou um significado, elas acontecem porque precisam acontecer.
Frederico virou o rosto.

- Você tem o meu sangue, Frederico, você e sua família inteira tem o meu sangue correndo nas veias, eu os gerei ao fazer uma grávida à beira da morte beber do meu sangue. Eu a curei, e me uni a ela naquele momento. E quando a criança nasceu, essa tornou-se a primeira ancestral da família Mimieux, há muitos anos, na França...

- Você iria se alimentar de mim? Do meu coração? – perguntou Fred, choroso.

- Não, jamais! Você é meu filho humano!

- Então porque eu era a oferenda?! Porque meu sangue teve de ser derramado para que você renascesse?!

- Porque eu te amo, e só o sangue de quem eu amo me despertaria de meu sono.

- MAS VOCÊ MAL ME CONHECE! COMO PODE ME AMAR?! SE ME AMA TANTO, PORQUE DEIXOU QUE MATASSEM AQUELES A QUEM EU MAIS AMAVA?!

- Sacrifícios devem ser feitos em prol de bens maiores – Lilith abaixou a cabeça, sereno, um tanto culpado, mas sereno.

- Você é um egoísta! Um grande egoísta!

- PARE! – a voz do deus ressoou como unhas num quadro negro. Frederico levou as mãos ao ouvido. – jamais diga isso de novo! Meu irmão disse estas mesmas palavras antes de me apunhalar! Eu não sou egoísta! Eu tentei impedir que a guerra no Oráculo se agravasse destruindo aquele mundo com as minhas próprias mãos para um bem maior! Agora a ousadia daqueles que eu ajudei a criar trará a desgraça, nem a nova deusa que surgiu após a minha queda será páreo para os humanos! Eles aprenderão o caminho para o Oráculo, eles conhecerão a magia e usarão da tecnologia para manipulá-la! Eles irão escravizar o meu povo e eu não poderei fazer nada! Sabe por quê? Por que eu estarei acorrentado!

- Acorrentado?! – exclamou Fred.

- Sim! Eu tentei impedir a todo custo o início da Era dos Monstros no seu mundo, eu sempre soube de tudo o que aconteceria, sempre soube que seria rei, mas que haveria um preço a ser pago: a minha liberdade! Da minha liberdade eu jamais abriria mão! E agora, por causa de Corona Solaris, meu próprio irmão, estou entregue ao cruel destino! Meu povo invade o seu mundo humano neste exato momento e toma as suas cidades. Eles estão vindo não só do Oráculo como de outros mundos que esperavam pelo cumprimento da profecia, nem todas as armas do seu governo serão páreo para as criaturas que estão por vir, e em poucos anos as legiões de monstros tomarão conta de cada um dos continentes... Mas o ser humano é esperto, astucioso, calculista! Eles logo descobrirão o ponto fraco do meu povo: EU! E irão me sequestrar, me manipular e me acorrentar! Passarei mil anos preso! Assim que eles retomarem o controle do seu mundo, eles traçarão o caminho de volta para o Oráculo, e espero que Minerva esteja preparada para o que virá!

A criatura que se mantivera de olhos fechados enquanto profetizava abriu seus olhos, e em cada um deles uma galáxia repleta de sistemas solares e estrelas girava em torno do buraco negro da sua pupila. Frederico escondeu os olhos para não encarar a visão perturbadora daqueles olhos sobrenaturais, escuros como a noite, mas tão brilhantes como a lua. Agora ele sabia por que aquele ser estava sempre vendado por sua renda vermelha.

- As guerras no Oráculo estão longe de acabar... Espero que Minerva, minha filha, seja tão brava quanto você e sua família foram, Frederico...
Frederico voltou-se rispidamente para Lilith, por pouco não o surpreendeu: ele é detentor do passado, do presente e do futuro, e sabe de tudo, porque viu tudo antes de tudo acontecer.

- MINHA FAMÍLIA! É ISSO! O QUE VAI SER DA MINHA FAMÍLIA AGORA? O QUE VAI SER DE MIM?! – ele correu até Lilith e lançou-se aos seus pés. O deus pagão sorriu, meigo e inclinou-se para tocar de leve o topo da cabeça do pobre rapaz amargurado, como uma Virgem Maria abençoando a um devoto. Uma brisa leve acariciou os cabelos do Rei dos Monstros.

- Vai ficar tudo bem, meu jovem, você verá...

O céu da paisagem paradisíaca rasgou-se ao meio, e dele desceram três novas figuras tão majestosas quanto o próprio Lilith. O deus pegou Frederico pelos braços e ergueu-o, abraçando-o, como se tentando protegê-lo daquelas alegorias majestosas que desciam àquele mundinho de tranquilidade e paz. A chegada deles perturbou o ambiente, deixou os ventos mais forte e as águas do espelho d’água agitadas.

O que vinha no de mãos dadas às outras duas irmãs era Corona Solaris, usando seu quimono branco bordado em dourado e sua estranha coroa triangular com um olho no topo, esta brilhava como um segundo sol atrás de seus cachos. Ao seu lado esquerdo vinha Pandora, a vampira, irmã gêmea de Lilith em seu esvoaçante vestido vermelho, tinha as mesmas compridas unhas douradas do irmão. Do lado direito vinha Akasha, a filha das estrelas, em seu manto azul, usando sua coroa reluzente feita de poeira estelar, portadora de longos e brilhantes cílios que terminavam e pequenas esferas cintilantes. O panteão de deuses ancestrais estava completo, afinal.

- Irmão! Perdoa-me! Perdoa-me pelo que te fiz! – exclamou Corona Solaris, descendo dos céus. – tu tinhas razão! Eles invadiram a nossa querida Babel! Eles adentraram no nosso paraíso e destruíram o nosso reino!

- Eu havia lhe avisado, irmão! – exclamou Lilith, com um tom de amargura e rancor na voz – eu lhe avisei do que iria acontecer! Eu sou aquele que sabe do passado e do futuro! Você deveria ter sido sensato e dado ouvidos à mim quando eu lhe disse que deveríamos destruir o Oráculo! Agora já é tarde demais! A pedra começou a rolar o morro e nada pode pará-la! Iremos com isso até o fim!

Lilith segurou o rosto de Frederico em suas mãos e olhou fundo nos olhos dele, beijou seus lábios com força e manteve-se naquele instante demoradamente, transferindo para o rapaz aquilo que ele deveria ver: criaturas de todas as formas e tamanhos atravessavam As Cordilheiras em um cortejo cheio de dança, canto e algazarra, acima delas, as labaredas fulgurantes da Aurora Boreal dançavam no céu formando desenhos e pintando quadros. Sobre ela, vinha outra passeata de seres sobrenaturais. Lulas e polvos colossais impulsionavam-se no vácuo como foguetes em direção à terra, cabeças voadoras e olhos flutuantes passavam zunindo ao lado de pássaros gigantes e cachorros voadores. Serpentes de todos os tamanhos, homúnculos, ogros, trolls, elfos, tudo aquilo que era mito, tudo aquilo que era lenda, tudo aquilo que era espírito se juntava à caminhada migratória em massa rumo ao seu novo lar, ao seu novo reino; e aqueles que lá chegavam, reuniam-se onde antes havia uma Babel, há milênios atrás, prontos para erguerem outra. Ali, Lilith seria coroado oficialmente como Rei dos Monstros para toda a eternidade.

Os dois lábios separaram-se, mas Frederico inclinou-se, pedindo por mais daquilo. Ao redor, o pequeno mundo de paz criado pela vontade de Frederico em dar fim ao sofrimento entrava em colapso: as colunas gregas tombavam de lado, a montanha partia-se ao meio e as árvores eram sacudidas por fortes tempestades.

- Sua família está bem. Seu pai, sua mãe e sua irmã vivem, mas você jamais tornará a vê-los novamente. – disse Lilith choroso ao pé do ouvido de Frederico, abraçando-o com força.

- Por quê?! Por quê?! – balbuciava o rapaz, entre choros e soluços.

- Porque sacrifícios devem ser feitos...

Quando os dois corpos separaram-se, Frederico despertou daquilo que pareceu ser o pior de todos os seus pesadelos. Estava completamente mergulhado na banheira de um banheiro branco e impecavelmente limpo. Aquilo não fazia parte da sua casa. Aquilo não era o seu mundo de origem.


•••


“Cada um de vocês foi enviado a um mundo diferente.” disse a voz de Lilith, na escuridão, pouco antes do seu despertar. “vocês estão mortos, vocês são contradições, vocês jamais poderão coexistir no mesmo mundo e na mesma época outra vez, esse é o preço que deve ser pago para que a família Mimieux continue existindo”.


Frederico pôs-se de pé na banheira. Quanto tempo havia se passado desde que ele despertara nos esgotos de Paris? Uma estranha Paris num estranho mundo onde há uma Franco-Itália e outros países inexistentes no mundo de onde ele viera... Mais uma vez, ele se pegou chorando, derramando rios de lágrimas, gritando agachado num canto daquele banheiro irritantemente iluminado. Clamando pelo abraço da sua mãe, pelo sorriso de seu pai, pelo carinho de Amélia, pelo calor de sua família perdida.

Eles estavam todos vivos, sim, ele podia sentir, e às vezes ele tinha sonhos, sonhos como aquele em que ele esteve diante de sua casa cercada de policiais. Nestes sonhos ele encontrava uma Amélia crescida, vivendo uma vida tranquila e nem um pouco solitária. A pequena garota havia crescido e formado uma família. Ele também encontrou seu pai, Dimitri, em sonhos como esses. Ele via o velho Dimitri morando só, o caduco de um bairro num mundo qualquer, procurando uma maneira de voltar às Cordilheiras e resgatar seus filhos. E ele via também a doce Amelie, sempre tão tranquila e calma, a única que havia morrido de verdade, reencarnara em outro mundo para viver uma vida quase idêntica àquela que havia vivido: a esta altura já possuía um casal de filhos, os quais ela criava sozinha. Era separada. Não havia tomado iniciativa na vida passada, mas o destino deu-lhe essa segunda chance. E agora ela estava separada, lutando para criar os filhos sem um pai. Não ia aturar toda aquela humilhação duas vezes.

E ele, Frederico, sempre mergulhado naquela banheira. Já haviam se passado 20 anos quase, e ele sempre mantinha tudo tão fresco na memória como se tivesse ocorrido ontem. Ele poderia transcrever tudo o que lhe ocorreu em detalhes minuciosos se assim quisesse. E sofria muito por isso. Sofria e chorava por horas a fio. Não suportava ficar em casa sozinho, sempre acabava chorando, gritando, quebrando alguma coisa ou até mesmo se quebrando. O fantasma daqueles acontecimentos terríveis nunca deixaram de o assombrar.

Agora ele é um famoso detetive, especialista em casos de assassinato. Ninguém jamais suspeitaria que um dia ele fora um jovem de 17 anos, destinado ao altar como a oferenda de um deus milenar.



Fim?








quinta-feira, 5 de maio de 2011

Yellow - The Original Soundtrack

Olá leitores de The Fatcat House! Primeiramente gostaria de me desculpar pela ausência nessa última semana, cheguei a um ponto em que estou fatigado de muita coisa, sem ânimo para fazer até mesmo o que eu mais gosto: escrever. Como sempre, estou cheio de problemas, de todos os tipos. Por sorte, pelo menos por hora, estou bem longe dos problemas amorosos, a coisa agora é o $$$ mesmo, dinheiro, sempre o maldito dinheiro. Mas, voltemos ao que interessa! A saga dos irmãos Mimieux e o que aconteceu a eles quando um ônibus pilotado por ninguém os levou direto para a porta da casa que servia de moradia para seu pai desaparecido está em um longo hiato de quase uma semana desde que "Lilith, O Sanguinário" foi publicado por aqui, um capítulo incrível (modéstia à parte) que mostrou o despertar de Lilith, o Rei dos Monstros em seu corpo físico após ser morto em Oráculo por seu irmão, Corona Solaris. O último capítulo "Sacrifícios" pintará na telinha do seu computador até o final da semana, mas enquanto isso, você pode se divertir e entrar no clima das últimas emoções dessa misteriosa saga ouvindo a excelente trilha sonora preparada especialmente por mim!

01. Coconut – Fever Ray
02. Hairy Trees – Goldfrapp
03. The Water – Feist
04. Mother Heroic – Björk
05. Triangle Walks – Fever Ray
06. Pearl’s Dream – Bat For Lashes
07. Rabbit Heart (Raise It Up) – Florence + The Machine
08. An Echo, A Stain – Björk
09. Felt Mountain – Goldfrapp
10. Lights – Ellie Goulding
11. Meteor Shower – Owl City
12. I’m Not Done – Fever Ray
13. [BONUS TRACK] - 9.20.19.13.5.723378 - iamamiwhoami