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terça-feira, 17 de novembro de 2009

A Vendedora de Maçãs.


Era uma vez uma vendedora de maçãs que tinha dois lindos filhos e muitos amigos. A vendedora de maçãs era uma mulher jovial que gostava de se divertir, de sair e tomar sempre dos bons vinhos rodeada por pessoas de alto nível que lhe tratavam muito bem e a quem muito ela agradava. Mas ricos não têm horários, ricos não têm afazeres, acredita-se que um dia já tiveram, quando abriram seus negócios e começaram por baixo, mas depois de enriquecerem, entregaram o trabalho pesado nas mãos dos empregados e foram viver suas vidas desfrutando do bom e do melhor. Sem se preocupar com arrumar a casa, cuidar das lojas ou prestar atenção nos filhos porque já há quem faça isso por eles. Agora que podem pagar quantos empregados quiserem.

A vendedora de maçãs não tinha nenhum desses luxos, mas queria sempre e sempre estar ao lado desses seus ótimos amigos que a tratavam tão bem e a divertiam tanto, mas a pobre vendedora de maçãs era sozinha e não tinha empregados que cuidassem das coisas pra ela. Mesmo assim, ela se deixou levar por este estilo gracioso e divino de vida, indo se juntar aos seus melhores amigos em campos verdes distantes onde passavam horas a galopar e jogar conversa fora, todos os finais de semana, e inclusive em dias de semana, quando ela via um tempinho livre, deixava o serviço das maçãs e os meninos em casa e corria para a companhia alegre de almoços ao ar livre e vinhos deliciosos.

E as crianças?

Bom, as crianças foram ficando cada vez mais sozinhas aos finais de semana. Nos dias da semana ela trabalhava duro, e no domingo ela sumia numa carruagem lustrosa branca de cavalos negros, viver a vida que sempre sonhou.

Mas houve um dia, um certo dia, um domingo em que ela não voltou. Um domingo em que ela resolveu encarar uma incrível aventura, ir a uma terra distante sem saber onde esta mesma ficava, deixar tudo para trás e encarar novos ares, sem nem saber o que a esperaria dali por diante, só se deixou levar, por seus amigos que tinham todo o tempo do mundo para se divertir, ora vejam só, ela só queria fazer como eles, os ricos, se divertir sem pensar na manhã da segunda, onde ela voltaria a trabalhar. Não, ricos não fazem isso! Chega de meninos pra cuidar! Chega de vender maçãs!

Assim, uma das crianças passou a madrugada toda acordada, preocupada, dormiu durante duas horas e tornou a acordar na manhã seguinte. A mãe havia sumido. O último recado que recebera dela fora o de um cocheiro que veio de terras muito longínquas dizendo que ela nem sabia por onde estava andando, mas que estava vivendo uma grande aventura! Se divertindo!

O que aconteceu foi que um troll entrou pela janela, devorou os móveis, depois devorou toda a comida da casa, e deixou para devorar os pequenos por último. Quando a vendedora de maçãs chegou a casa, lá pela tarde, os ossinhos de João e Maria estavam amontoados numa grande pilha no meio da sala. A mulher ficou ali chorando dias a fio, uivando como um lobo angustiado, mas ninguém podia fazer nada, os meninos já eram só os ossos. E assim, a adorável vendedora de maçãs, tão linda e graciosa, passou a viver nas ruas, vendendo suas maçãs com todo o ânimo, e mesmo quando caía à noite, ela continuava a vender suas saborosas maçãs vermelhas, e eu inclusive comprei e comi uma, e estava uma delícia, com certeza.

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