- Oh, droga, uma espinha... – exclamou Christopher ao deparar-se com o espelho naquela manhã calma de quarta-feira. Seu ar-condicionado rugia e os passarinhos lá fora cantavam. O sol forte de cada dia já invadia a sala pelas vidraças acima das janelas de madeira, queimando logo cedo o muro de tijolos laranja onde lagartos de quintal caçavam insetos. O vento fraco da manhã batia contra as folhas do pequeno cajueiro que crescia no meio do quintal de poeira, as rolinhas já comiam as sementes das ervas-daninhas, e os periquitos gritavam. Era mais um dia comum.
Christopher entrou no carro, os olhos ainda pesados de sono, a cidade passava pela janela do carro como um vendaval de cores e formas, os outros carros faziam fila, como formigas coloridas esperando os semáforos acenderem verdes como as folhas usadas para alimentar os pulgões de um formigueiro, era hora de dar a partida outra vez.
- Bom dia... – disse ele sonolento ao sentar-se na última carteira da segunda fileira do lado direito da sala, como de costume. Era bom que o ar-condicionado não cuspisse naquela manhã. Ele não estava a fim de se molhar.
- Hum... Bom dia... – Ray Ann estava entretida com algo, resolvendo uma atividade com urgência.
- Tinha alguma atividade para hoje? – perguntou Christopher, confuso.
- Não, mas a Carmen ORDENOU que eu fizesse a dela e terminasse até a hora do intervalo, se não eu estaria completamente perdida – ela parecia confusa e um pouco revoltada com aquilo – ela quer ser a aluna número um sempre, e entregar esse trabalho ainda hoje!
Christopher riu nervoso, após ficar um pouco assustado e confuso ao mesmo tempo.
- E desde quando você tem medo da Carminha Parafuso?
- Desde sempre, Chris, e acho melhor você tratar de fazer aquela redação que ela pediu, ou...
E então ela entrou.
Usando óculos Rayban de aro dourado, calças da Gucci, jaqueta pesada de couro preto e cheia de tachas da Calvin Klein, melissinhas reluzentes douradas, unhas pintadas de vermelho, dedos pesados de anéis de ouro puro e diamantes, cabelos da mesma cor de rato molhado de sempre, só que lisos e perfeitos, argolas caríssimas da Tiffany’s nas orelhas, brilho labial de diamante, blusa baby look da Dolce&Gabbana abatida com uma bolsa exclusiva feita sobre encomenda da Hermès, ela entrou triunfal na sala de aula, esbanjando estilo, glamour e dinheiro, envolta em uma divina áurea de eterna magrice, ali estava ela, sustentada por suas tão conhecidas pernas finas, uma nova e revigorada Carmen Parafuso!
- Meu... Deus... do... Céu... – balbuciou Christopher quase caindo da cadeira – o que aconteceu aqui? A Carminha enriqueceu da noite pro dia ou o quê? Por um acaso o pai dela é o novo dono da Universal?! – exclamava ele em meio ao rebuliço da chegada da garota, a sala de aula parecia estar em festa, todos os mais populares e mais festeiros a rodeavam oferecendo atividades prontas, doces e alguns presentes, convidando-a para grandes comemorações em terrenos e mansões, era uma verdadeira loucura!
Fábia Paola tapou a boca do amigo antes que ele falasse mais besteira.
- Você está louco?! Não diga essas coisas tão alto! – exclamou ela num sibilo venenoso – é claro que tu sabes que o pai dela SEMPRE foi o dono da Universal!
Os olhos de Christopher se arregalaram.
Carminha aproximou-se, ladeada por Alexandre e Josiel Amido, talvez os mais ricos daquela sala de aula, agora eram apenas seguranças. Ela tirou seus óculos e entregou para Alexandre com delicadeza em suas mãos ossudas de dedos pontiagudos. Estava usando lentes verdes.
- Quem de vocês já terminou a atividade que eu pedi? – ela estava mais séria e esnobe do que nunca. Sempre fora assim, na verdade, mesmo quando era pobre, já era metida, e agora que estava rica havia se tornado uma verdadeira Jennifer Lopez da baixada.
Desesperados, Maurice e Ray puxaram papéis e mais papéis, entregando a ela e explicando do que cada um se tratava. Atividade de Português, revisão de Geografia, atividade de Matemática, pesquisa de História, uma penca de trabalhos todos resolvidos e formatados somente para ela, do jeito que ela queria. Christopher permaneceu calado em estado de choque esse tempo todo, mas nem isso o livrou de virar alvo da nova e poderosíssima Carmen Parafuso:
- E você? Onde está minha redação? – disse ela indicando o queixinho pontudo em sua direção. Fez-se silêncio absoluto na sala de aula. Todas as atenções estavam voltadas para aquela cena, a apreensão era quase material, visível e pesada no ambiente.
- Eu... Eu... – Christopher respirou fundo. O que ele estava fazendo? Ela era a Carmen Parafuso! A Carminha das pernas finas! A Carminha! Fechou os olhos e mandou essa:
- Eu não sei do que você está falando!
Os olhos se esbugalharam, alguém soltou uma risadinha de escárnio. Carmen tirou sua jaqueta e entregou a Josiel. Os alunos mais próximos deram um passo para trás.
- Repete o que tu disse, mano! – ordenou a Carminha.
- Ainda não entendeu? – Christopher se levantou. – EU NÃO SEI DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO – disse ele pausadamente.
- Então, Senhor Umbrella... – começou a diretora – então você andou AMEAÇANDO a Senhorita Carmen Parafuso – ela meteu um Hot Cracker de pizza na boca e mascou com vontade, sujando todo o seu batom rosa bufante.
- É CLARO QUE NÃO, Odilene, você me conhece, eu jamais faria isso! – exclamou Christopher completamente revoltado, ele quase esbravejava com a diretora. – eu não sei o que está acontecendo com essa escola, eu não sei! Acho que estou vivendo algum tipo de pesadelo...
Christopher sentou-se e pôs a mão na testa. Estava quente de nervoso.
- Eu não sei o que está acontecendo a você, querido! – a diretora segurou as mãos de Christopher – você anda se comportando muito mal ultimamente, Senhor Umbrella, e agora você ameaça a Srta. Parafuso!
- Você sabe que eu não a ameacei! – ele estava à beira de um ataque de nervos, já lagrimava – eu estou tão confuso! Tem alguma coisa errada...
- E realmente tem, e esta coisa errada está em você, meu amor! – disse a diretora toda melosa, mascando outro biscoitinho – você sabe o que fez e a turma toda sabe, todos viram!
- Todos viram a injustiça que ELA fez, que ela ESTÁ fazendo! – agora ele já estava gritando. Como era possível, o que estava acontecendo? Porque a sua natureza dizia que aquilo era normal, mas o seu cérebro questionava? – todo mundo viu quando ela extorquiu de mim uma atividade de redação! Ela força as pessoas a fazerem as atividades pra ela, essa garota é um... é um... é um... É UM MONSTRO DA QUINTA AVENIDA!
Odilene mascava os seus biscoitos com muita calma enquanto entregava uma suspensão por escrito à Christopher Umbrella.
- Ameaçar uma colega de classe só porque ela pediu passagem é demais, Senhor Umbrella, você precisa urgentemente de um psicólogo. Estarei telefonando para os seus pais esta tarde! – disse a diretora gorducha fechando sua gaveta e abrindo a porta da sala – agora vá e pegue as suas coisas, está liberado da aula por hoje!
Assim que pôs os pés para fora da sala da direção, Christopher rugiu de raiva, chutou uma cadeira que caiu com estrondo e saiu pisando firme. Ainda deu tempo de ouvir Odilene gritando de dentro de sua sala minúscula “eu não disse? Eu não disse?”.
O garoto voltou para sala, apanhou suas coisas e saiu. Sua presença causara um silêncio mortal que só fora quebrado com a sua saída. Carmen estava de perninhas cruzadas e nariz em pé, esnobe como sempre, em posição de superioridade, uma superioridade que estranhamente, somente agora estava sendo respeitada. Nada de piadinhas sobre a magrice dela ou o que ela seu namorado (que, aliás, agora era um Sargento) fazem quando a Tia Parafuso está fora. Carmen havia conseguido de bandeja o que ela sempre quisera. O que quando ela exigia, todo mundo ria: Respeito.
Christopher entrou no banheiro e molhou o rosto, olhou-se no espelho e limpou a cara com a manga do casaco. Pietro saiu de um dos boxes, também tinha o rosto muito confuso e um pouco abatido. Christopher arqueou as sobrancelhas de preocupação. Pietro parecia um robô, seu olhar estava parado demais, sua postura parecia mais pesada que o normal.
- Está se sentindo bem, Pietro? – perguntou. O garoto levou a mão à testa, esfregou os olhos e apoiou-se na parede.
- Eu não sei... Eu... – de repente, ele voltou a ser o Pietro esperto de sempre, como se alguém tivesse lhe dado um chute de realidade ou injetado uma seringa de adrenalina direta na veia – é só eu ou você também acha que tem alguma coisa errada por aqui?
O coração de Christopher disparou. É, ele não estava ficando louco. Ele ficou sério, fechou a porta do banheiro às suas costas e deu passos receosos até Pietro, segurando com força a ametista pendurada em seu pescoço.
- O que você acha que tem de estranho? – balbuciou Christopher quase como num chiado. Fez-se silêncio e Pietro esfregou os olhos outra vez. Os dois estavam muito tensos e estressados. O medo pairava no ar.
- Desde quando a CARMINHA é rica?!
Christopher sorriu sinceramente pela primeira vez desde que se acordara essa manhã. Um enorme peso de bigorna foi retirado do seu peito. Aquilo era um alívio para ele, e pela primeira vez desde que conhecera o amigo, abraçou Pietro sinceramente.
- Ainda bem! Ainda bem que não sou só eu! – gritou ele, se afastando.
- Psst! Fala baixo! Fala baixo! – Pietro caminhou até a porta e colocou a cabeça para fora. O corredor estava vazio. – desde quando ela é a garota mais popular da escola?!
- Eu também me fiz a mesma pergunta! – vibrou Christopher – não sei mais o que fazer, eu estava ficando completamente louco e...
Foi então que uma forte luz invadiu o banheiro masculino. Uma luz poderosíssima, que tinha como fonte o último box. Descargas elétricas arrebentaram a porta do reservado, retorcendo-a e arrebentando-a com um impacto muito alto. O show de luzes e raios azuis e verdes era cada vez mais poderoso, labaredas e fumaça começaram a chamuscar o chão, uma esfera branca surgiu no fundo do banheiro, e após um estrondo semelhante ao barulho de um turbina de avião, uma fumaça branca tomou conta do local.
E daquela fumaça surgiu outro Pietro
Um Pietro mais magro.
Um Pietro mais abatido.
Usando um uniforme de borracha preto colado ao corpo, cheio de cintos e munições. Suas luvas de punho de ferro quase destruíram por completo o banheiro, Pietro e Christopher estavam muito assustados, loucos para correrem desembestados dali, mas algo os impedia. Uma força misteriosa os impedia de correr daquele estranho Pietro que saíra da explosão. Porque algo lhes dizia que aquilo era a sua salvação!
Fim da Segunda Parte! - Bom dia... – disse ele sonolento ao sentar-se na última carteira da segunda fileira do lado direito da sala, como de costume. Era bom que o ar-condicionado não cuspisse naquela manhã. Ele não estava a fim de se molhar.
- Hum... Bom dia... – Ray Ann estava entretida com algo, resolvendo uma atividade com urgência.
- Tinha alguma atividade para hoje? – perguntou Christopher, confuso.
- Não, mas a Carmen ORDENOU que eu fizesse a dela e terminasse até a hora do intervalo, se não eu estaria completamente perdida – ela parecia confusa e um pouco revoltada com aquilo – ela quer ser a aluna número um sempre, e entregar esse trabalho ainda hoje!
Christopher riu nervoso, após ficar um pouco assustado e confuso ao mesmo tempo.
- E desde quando você tem medo da Carminha Parafuso?
- Desde sempre, Chris, e acho melhor você tratar de fazer aquela redação que ela pediu, ou...
E então ela entrou.
Usando óculos Rayban de aro dourado, calças da Gucci, jaqueta pesada de couro preto e cheia de tachas da Calvin Klein, melissinhas reluzentes douradas, unhas pintadas de vermelho, dedos pesados de anéis de ouro puro e diamantes, cabelos da mesma cor de rato molhado de sempre, só que lisos e perfeitos, argolas caríssimas da Tiffany’s nas orelhas, brilho labial de diamante, blusa baby look da Dolce&Gabbana abatida com uma bolsa exclusiva feita sobre encomenda da Hermès, ela entrou triunfal na sala de aula, esbanjando estilo, glamour e dinheiro, envolta em uma divina áurea de eterna magrice, ali estava ela, sustentada por suas tão conhecidas pernas finas, uma nova e revigorada Carmen Parafuso!
- Meu... Deus... do... Céu... – balbuciou Christopher quase caindo da cadeira – o que aconteceu aqui? A Carminha enriqueceu da noite pro dia ou o quê? Por um acaso o pai dela é o novo dono da Universal?! – exclamava ele em meio ao rebuliço da chegada da garota, a sala de aula parecia estar em festa, todos os mais populares e mais festeiros a rodeavam oferecendo atividades prontas, doces e alguns presentes, convidando-a para grandes comemorações em terrenos e mansões, era uma verdadeira loucura!
Fábia Paola tapou a boca do amigo antes que ele falasse mais besteira.
- Você está louco?! Não diga essas coisas tão alto! – exclamou ela num sibilo venenoso – é claro que tu sabes que o pai dela SEMPRE foi o dono da Universal!
Os olhos de Christopher se arregalaram.
Carminha aproximou-se, ladeada por Alexandre e Josiel Amido, talvez os mais ricos daquela sala de aula, agora eram apenas seguranças. Ela tirou seus óculos e entregou para Alexandre com delicadeza em suas mãos ossudas de dedos pontiagudos. Estava usando lentes verdes.
- Quem de vocês já terminou a atividade que eu pedi? – ela estava mais séria e esnobe do que nunca. Sempre fora assim, na verdade, mesmo quando era pobre, já era metida, e agora que estava rica havia se tornado uma verdadeira Jennifer Lopez da baixada.
Desesperados, Maurice e Ray puxaram papéis e mais papéis, entregando a ela e explicando do que cada um se tratava. Atividade de Português, revisão de Geografia, atividade de Matemática, pesquisa de História, uma penca de trabalhos todos resolvidos e formatados somente para ela, do jeito que ela queria. Christopher permaneceu calado em estado de choque esse tempo todo, mas nem isso o livrou de virar alvo da nova e poderosíssima Carmen Parafuso:
- E você? Onde está minha redação? – disse ela indicando o queixinho pontudo em sua direção. Fez-se silêncio absoluto na sala de aula. Todas as atenções estavam voltadas para aquela cena, a apreensão era quase material, visível e pesada no ambiente.
- Eu... Eu... – Christopher respirou fundo. O que ele estava fazendo? Ela era a Carmen Parafuso! A Carminha das pernas finas! A Carminha! Fechou os olhos e mandou essa:
- Eu não sei do que você está falando!
Os olhos se esbugalharam, alguém soltou uma risadinha de escárnio. Carmen tirou sua jaqueta e entregou a Josiel. Os alunos mais próximos deram um passo para trás.
- Repete o que tu disse, mano! – ordenou a Carminha.
- Ainda não entendeu? – Christopher se levantou. – EU NÃO SEI DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO – disse ele pausadamente.
- Então, Senhor Umbrella... – começou a diretora – então você andou AMEAÇANDO a Senhorita Carmen Parafuso – ela meteu um Hot Cracker de pizza na boca e mascou com vontade, sujando todo o seu batom rosa bufante.
- É CLARO QUE NÃO, Odilene, você me conhece, eu jamais faria isso! – exclamou Christopher completamente revoltado, ele quase esbravejava com a diretora. – eu não sei o que está acontecendo com essa escola, eu não sei! Acho que estou vivendo algum tipo de pesadelo...
Christopher sentou-se e pôs a mão na testa. Estava quente de nervoso.
- Eu não sei o que está acontecendo a você, querido! – a diretora segurou as mãos de Christopher – você anda se comportando muito mal ultimamente, Senhor Umbrella, e agora você ameaça a Srta. Parafuso!
- Você sabe que eu não a ameacei! – ele estava à beira de um ataque de nervos, já lagrimava – eu estou tão confuso! Tem alguma coisa errada...
- E realmente tem, e esta coisa errada está em você, meu amor! – disse a diretora toda melosa, mascando outro biscoitinho – você sabe o que fez e a turma toda sabe, todos viram!
- Todos viram a injustiça que ELA fez, que ela ESTÁ fazendo! – agora ele já estava gritando. Como era possível, o que estava acontecendo? Porque a sua natureza dizia que aquilo era normal, mas o seu cérebro questionava? – todo mundo viu quando ela extorquiu de mim uma atividade de redação! Ela força as pessoas a fazerem as atividades pra ela, essa garota é um... é um... é um... É UM MONSTRO DA QUINTA AVENIDA!
Odilene mascava os seus biscoitos com muita calma enquanto entregava uma suspensão por escrito à Christopher Umbrella.
- Ameaçar uma colega de classe só porque ela pediu passagem é demais, Senhor Umbrella, você precisa urgentemente de um psicólogo. Estarei telefonando para os seus pais esta tarde! – disse a diretora gorducha fechando sua gaveta e abrindo a porta da sala – agora vá e pegue as suas coisas, está liberado da aula por hoje!
Assim que pôs os pés para fora da sala da direção, Christopher rugiu de raiva, chutou uma cadeira que caiu com estrondo e saiu pisando firme. Ainda deu tempo de ouvir Odilene gritando de dentro de sua sala minúscula “eu não disse? Eu não disse?”.
O garoto voltou para sala, apanhou suas coisas e saiu. Sua presença causara um silêncio mortal que só fora quebrado com a sua saída. Carmen estava de perninhas cruzadas e nariz em pé, esnobe como sempre, em posição de superioridade, uma superioridade que estranhamente, somente agora estava sendo respeitada. Nada de piadinhas sobre a magrice dela ou o que ela seu namorado (que, aliás, agora era um Sargento) fazem quando a Tia Parafuso está fora. Carmen havia conseguido de bandeja o que ela sempre quisera. O que quando ela exigia, todo mundo ria: Respeito.
Christopher entrou no banheiro e molhou o rosto, olhou-se no espelho e limpou a cara com a manga do casaco. Pietro saiu de um dos boxes, também tinha o rosto muito confuso e um pouco abatido. Christopher arqueou as sobrancelhas de preocupação. Pietro parecia um robô, seu olhar estava parado demais, sua postura parecia mais pesada que o normal.
- Está se sentindo bem, Pietro? – perguntou. O garoto levou a mão à testa, esfregou os olhos e apoiou-se na parede.
- Eu não sei... Eu... – de repente, ele voltou a ser o Pietro esperto de sempre, como se alguém tivesse lhe dado um chute de realidade ou injetado uma seringa de adrenalina direta na veia – é só eu ou você também acha que tem alguma coisa errada por aqui?
O coração de Christopher disparou. É, ele não estava ficando louco. Ele ficou sério, fechou a porta do banheiro às suas costas e deu passos receosos até Pietro, segurando com força a ametista pendurada em seu pescoço.
- O que você acha que tem de estranho? – balbuciou Christopher quase como num chiado. Fez-se silêncio e Pietro esfregou os olhos outra vez. Os dois estavam muito tensos e estressados. O medo pairava no ar.
- Desde quando a CARMINHA é rica?!
Christopher sorriu sinceramente pela primeira vez desde que se acordara essa manhã. Um enorme peso de bigorna foi retirado do seu peito. Aquilo era um alívio para ele, e pela primeira vez desde que conhecera o amigo, abraçou Pietro sinceramente.
- Ainda bem! Ainda bem que não sou só eu! – gritou ele, se afastando.
- Psst! Fala baixo! Fala baixo! – Pietro caminhou até a porta e colocou a cabeça para fora. O corredor estava vazio. – desde quando ela é a garota mais popular da escola?!
- Eu também me fiz a mesma pergunta! – vibrou Christopher – não sei mais o que fazer, eu estava ficando completamente louco e...
Foi então que uma forte luz invadiu o banheiro masculino. Uma luz poderosíssima, que tinha como fonte o último box. Descargas elétricas arrebentaram a porta do reservado, retorcendo-a e arrebentando-a com um impacto muito alto. O show de luzes e raios azuis e verdes era cada vez mais poderoso, labaredas e fumaça começaram a chamuscar o chão, uma esfera branca surgiu no fundo do banheiro, e após um estrondo semelhante ao barulho de um turbina de avião, uma fumaça branca tomou conta do local.
E daquela fumaça surgiu outro Pietro
Um Pietro mais magro.
Um Pietro mais abatido.
Usando um uniforme de borracha preto colado ao corpo, cheio de cintos e munições. Suas luvas de punho de ferro quase destruíram por completo o banheiro, Pietro e Christopher estavam muito assustados, loucos para correrem desembestados dali, mas algo os impedia. Uma força misteriosa os impedia de correr daquele estranho Pietro que saíra da explosão. Porque algo lhes dizia que aquilo era a sua salvação!
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