Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Desventura Semanal.


Olá, povo imaginário que lê esta grande porcaria! Estou aqui para fazer um grande resumão sobre a minha semana e coisas do gênero, por isso se preparem para tragédias bobas da minha vida corriqueira de pré-vestibulando que prevê um desastre futuro vindo por aí...

A semana começou bem cedo, lá pelas seis e meia, um clima de expectativa tremendo arrebentando meu coração contra o peito. Calcei meu converse coturno preto, coloquei meu casaco preto, o uniforme completo e fui pra aula, meu coração a mil, era hora de saber o tão esperado resultado da prova de quinta-feira, a produção textual pela qual eu me matei durante duas semanas imaginando ser um monstro feito de matemática e português, e no final das contas, na hora H, era somente uma produção textual de no máximo trinta linhas em que a única exigência era o tema, uma dissertação sobre o nosso compromisso com a preservação da natureza. E então "The Way The World Works" da Pixie Lott começou a tocar alto na minha cabeça e eu me senti nas nuvens enquanto dissertava tranquilamente, a caneta correndo solta pelo papel enquanto eu lutava contra a minha caligrafia terrível.

E o resto do dia eu passei assim, bobo, agradecendo a Deus por ser tão bom comigo a ponto de pedir a um escritor que redija uma redação para ganhar uma bolsa na escola! Enfim, a situação estava completamente sobre controle e todas as lágrimas derramadas dias antes finalmente começaram a parecer distantes e desnecessárias, eu poderia sentir a presença de Lady GaGa no palco dançando "So Happy I Could Die" bem diante dos meus olhos, num dos grandes shows do mês de maio, quando ela finalmente virá ao Brasil. Eu estaria lá, já sentia minha alma lá, em São Paulo ou Porto Alegre, realizando um dos meus maiores sonhos, conhecer a minha musa, a minha inspiração. O dinheiro anual das minhas mensalidades eu faria questão de investir na minha ida a este show. Cada célula do meu corpo vibrava, e eu chorava e chorava sem parar.

Segunda de manhã, lá estava eu em busca do resultado. Só de tarde. Disse a tia Darcy. Pela parte da tarde, lá estava eu na escola para as aulas do contra-turno, procurando pelo tão esperado resultado. Minhas mãos geladas, todas as esperanças correndo soltas ao meu redor. Como mariposas nervosas e famintas pela vitória. Só quatro e meia. Disse a tia Darcy.

Quatro e meia, hora do intervalo, corri para a sala da tia Tereza, a Secretaria da escola, onde o resultado chegaria primeiro antes de ser revelado. Ali estava eu, Beatriz e Rayanne, depois Suzana apareceu na porta, e até a Fabíola estava ali se não me engano.

- Parabéns Antonio! Você tirou o segundo lugar geral da escola! - disse a tia Tereza.

Na hora meu coração disparou. As meninas vibraram atrás de mim, eu levei a mão ao peito palpitante com um sorriso de orelha a orelha. Meu sonho mais próximo do que nunca, tão palpável. Eu estava ficando louco, porque a certeza era de que eu já estava naquela plateia!

- Mas porém, vai ficar com apenas 30% de desconto no carnê de pagamento, pois foi dada a preferência aos alunos da rede pública, já que a prova era direcionada a eles, portanto, você vai ter que dar uma subidinha pra ver se arranja um desconto melhor não é? rs - disse tia Tereza enquanto sorria para a mãe de uma garota que a acompanhava, também com o intuito de ver o tão esperado resultado.

- Antonio, Antonio, nosso aluno-estrela, segundo lugar geral da escola... - dizia tia Tereza para a senhora, pelo menos eu acho que foi isso o que ela disse, eu estava entretido demais com o barulho das mariposas sendo esmagadas no meu estômago, o barulho do vidro quebrando em algum lugar ali perto, não sei onde.

Ninguém havia me falado nada dessa preferência para os alunos da rede pública, e acredito que nem quando meu pai preenchia o formulário informaram isso a ele, por isso ele nem pode me avisar de nada disso. Enfim, fiz a egípcia pra tia Tereza que reparou que eu não parecia tão feliz assim e eu disse meus motivos a ela, já que eu não tinha mais nada a perder mesmo. Mesmo que eu parecesse apenas um filhinho de papai mimado que queria ir a um show. Bem, era o meu sonho. Não tenho dinheiro para ir a São Paulo e muito menos para ir a um show de tal dimensão, meus pais fazem um esforção para pagar a mensalidade nada doce daquela escola. E logo eu comecei a pensar em várias coisas, sobre como eu fui idiota em deixar passar tais pensamentos pela minha cabeça. Eu nunca deveria ter me imaginado num show de qualquer cantora ou banda que eu goste, é algo completamente impossível, quase ridículo. Não tenho condições nem de sonhar com essas coisas, rs. Até sonhando eu já gasto uma nota.

Mas como eu ia dizendo, fiz a egípcia, me levantei, reuni as meninas e nos retiramos da sala, passei o resto do dia normalmente como se nada tivesse acontecido, e deixei para chorar de ódio quando cheguei em casa, de noite, bem mais tarde, quase antes de dormir. E pra completar minha mãe veio me dizer que meus tios andam falando mal de mim lá pela casa da vovó. Isso não me magoou tanto, afinal, eu não posso esperar nada de muito produtivo ou aproveitável vindo dessas pessoas. O que mais me magoava profundamente era que eu havia me iludido mais uma vez, pensado mais uma vez que as coisas enfim poderiam dar certo para mim, que os capítulos das páginas do meu diário teriam enfim finais felizes esse ano, acreditando piamente que aquele momento passado da festa surpresa mítica que todas aquelas pessoas preparam para mim com tanto amor, fazendo eu me sentir num filme de Hollywood, era um sinal de que 2010 poderia enfim ser o meu ano.

Eu estava enganado, é claro.

E foi comprovada a minha teoria de que uma coisa boa não puxa a outra, só serve para amenizar dores de um futuro sofrimento. E então eu me percebi diante de mais uma prova concreta de que mesmo GANHANDO eu sempre saio PERDENDO no final da história. Segundo lugar geral não é pra qualquer um.

O que me faz arremeter a um passado distante, em que, me vendo no lugar de provocador meio que sem querer, acabei saindo de malvado numa certa história de um certo box falante e uma garota louca, o que no caso foi a primeira prova que eu tive de que mesmo mudando de posição, eu acabo me ferrando no final. Como eu disse antes, duvido que se fosse eu quem tivesse feito aquele escândalo sem fundamento na coordenação não teriam dito por aí que eu era um verdadeiro mimado. Mas, que seja, aqui fica o meu relato de como voltei à consciência plena de que as coisas não vão dar certo pra mim de novo tão cedo, e que raras excessões ocorrem quando certos fatores cósmicos denominam algo de bom no meu horizonte...

Enfim, estou na jogada de novo e não vou mais ficar esperando por coisas boas, elas não acontecem do nada, nós as planejamos e lutamos para que elas deem certo.

Meus sonhos

Diluídos em ácido

Mais uma vez.

Antonio Fernandes.

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