Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Feliz Aniversário, The Fatcat House!

Hey, Pessoal!



Domingo passado, dia 8 de Abril (PÁSCOA HEHEHE) o blog completou 4 aninhox de idade ♡ é um bebê ainda, mas já passou de 20 mil visitas e carrega nas costas mais de 500 postagens. Ano passado nós comemoramos essa data com um easteregg especial (que ainda está disponível numa página secreta com o link oculto no rodapé) bem romântico e cheio de magia, do jeito que a gente gosta. Esse ano não vai ser diferente! Trouxe a vocês um textinho bem romântico que faz parte do universo de Space Oddity, quase um Spin-Off. Ele conta o que aconteceu ao povo de Alado depois de deixarem as minas do planetinha governado por Aib'Koletis. Espero que gostem, e feliz aniversário para nós :)

♥ ♥ ♥

Amor Sem Fim


Nossos ancestrais nos contavam as histórias mais antigas, de antes do Grande Retorno, nos contavam de cavernas úmidas e profundas, onde a escuridão era trespassada pelos ávidos raios multicoloridos de um sol que nunca foi visto pelos olhos do nosso povo durante o tempo em que permaneceram ali embaixo. Como a luz dele chegava até eles nunca foi mistério: tudo era feito de estrelas, a luz atravessava seus pedacinhos minúsculos incrustados em toda parte, no chão, nas paredes, no teto, e se desfazia em milhares de faixas e espectros até então desconhecidos aos nossos olhos. Os cabelos prateados das nossas mães e irmãs se tornavam vislumbres divinos inigualáveis sob aquela iluminação cálida, as gemas violetas, azuladas e prateadas dos nossos globos oculares misturavam-se às preciosidades que brotavam debaixo de nossos pés, acima das nossas cabeças e em toda a parte.

Era um mundo belo, porém obscuro, sombrio, opressivo. Vivíamos sob a vista grossa dos Sem Rosto, que nos mantinham em rédeas curtas constantemente. E nossas asas, estas belas asas que hoje em dia são livres para cruzar os céus das nossas mais de 600 luas, viviam amordaçadas, atrofiando aos poucos, impedidas constantemente de se movimentarem, esticarem e levantarem voo. Presas em amarras feitas sob medida para cada um de nós, ferindo nossa carne frágil e penetrando nossa pele delicada ciclo após ciclo. Os períodos de escuridão eram os mais dolorosos, quando o trabalho se tornava mais dificultoso e muito mais severo.

Eles nos forçavam a operar suas máquinas e escavar aquele solo duro, compactado pelos milhares de ciclos intermináveis de vida e morte pelos quais aquele planeta passou. Os que não se adaptaram, morreram, e os que não morreram, sofreram até a última pulsação de vida em seus corpos. Mesmo assim encontramos forças para amar, para formar famílias, para darmos as mãos e nos mantermos unidos enquanto raça. Escavamos covas profundas e nelas montamos ninhos aconchegantes aos quais tivemos o luxo de chamar de “lar”, os interligamos por uma rede de pequenos túneis pelos quais só o nosso povo poderia transitar. Ali sobrevivemos nos alimentando dos pequenos habitantes da escuridão e bebendo do gelado rio que corria nas profundezas.

Mas nem o conforto de um lar provisório nos protegeu da tirania de nossos carrascos, da crueldade de Nossa Soberana Koletis, a Mulher Sem Rosto, Senhora dos Sem Rosto com seus corpos líquidos que refletiam nossas faces como o metal polido. Havia uma criatura chamada Vigia, que mantinha sob custódia severa nossa Família Real. Príncipes, Reis e Rainhas pereciam em gaiolas dependurados numa câmara fria e escura sem direito a luz, geração após geração. E quando o último Príncipe Alado nasceu toda a árvore genealógica foi dizimada das raízes até os brotos infantes. Para não sofrer as consequências do destino de seus familiares, o último Rei Yeovah escapou à morte e se juntou ao seu povo que definhava na extração mineral das câmaras mais profundas, pretendendo começar a rebelião que nos libertaria... Mas ele estava muito velho para isso, e desde o princípio soube que não era o destinado a este grande feito.

Aquela a quem chamam SybilaAlethea surgiu em sonho lhe contando daqueles que viriam de cima, trazendo a ruína de Aib’Koletis. E eles realmente vieram, trazendo consigo o lendário Cavaleiro de Ouro – que àquela altura ainda não havia sequer despertado como restaurador do universo – e o nosso semelhante, aquele que faria a ponte entre o nosso mundo e o deles, compreendendo a nossa língua e sendo empático aos nossos costumes. A partir daquele momento, soubemos que as nossas vidas jamais seriam as mesmas.

Eles nos libertaram, eles derrotaram o Vigia e tiraram o Príncipe Alado de seu cárcere, de corpo e de alma. Extirparam o mal aniquilando a terrível Aib’Koletis e partiram, porque a verdadeira missão deles neste universo ainda estava por ser cumprida num lugar distante, num tempo distante. As asas cálidas do nosso amado príncipe, oprimidas através dos ciclos intermináveis, atrofiando nas suas amarras de couro bruto e mentiras enfim desabrocharam ao sabor da maturidade da alma, lançando suas plumas brancas sobre a superfície ressequida do planeta desértico.

Aquelas asas viris e poderosas nos guiaram de volta para nossa terra através das estrelas durante tempos intermináveis. Dez gerações completas de Alados se passaram enquanto navegávamos através do espaço profundo em nosso campo de força criado pelo poder da mente única do nosso povo. Todas as almas se uniam em uma única para gerá-lo e rasgar o vácuo do universo. Vivemos como nômades durante um período interminável que pareceu infinito aos olhos de muitos dos nossos, nos hospedando em planetas estranhos e luas selvagens, lutando para sobreviver e nos alimentar, nos adaptando e readaptando a cada novo lar e em seguida partindo rumo a nossa galáxia natal, numa viagem eterna que nunca terminava.

Foi o suficiente para que nossa descendência voltasse a crescer e atingir a altura natural, sem mais ter de se curvar ao teto baixo das cavernas. Da mesma maneira que seus músculos se desenvolveram como os dos primeiros da espécie, e aquelas pequenas e frágeis asas do memorável tempo da escravidão deram lugar a estas poderosas asas que vemos hoje cruzando nossos céus. Arrisco até mesmo a dizer: maiores, mais alvas, mais macias e mais fortes que as dos primeiros, aqueles que descendem dos deuses. Tornamo-nos o futuro, a evolução, a sucessão.

Quando enfim chegamos ao nosso sistema planetário original na galáxia natal, uma luz dourada nos mostrou o caminho. Sabíamos que era o sinal do Cavaleiro, ele não havia se esquecido de nós, e estava lutando sua própria batalha à distância, seu fulgor estava iluminando todo o universo de uma ponta a outra, e só ele foi capaz de nos mostrar a real localização de onde nosso povo havia sido retirado à força.

Os gigantes de vários braços não mais ameaçavam a nossa existência ali, haviam sido extintos, dizimados há muito pelos exércitos da Imperatriz Cruel. Assim, nos instalamos e repovoamos nossas luas natais, sem nunca aproximarmo-nos das colossais moradas onde viveram nossos antigos opressores, em respeito à bravura que demonstraram resistindo às investidas do Império até o último momento dando a vida pelo seu lar, pela sua paz. Limitamo-nos a orbitá-los e admirá-los de longe com profunda admiração.

Tivemos a sorte de o destino tê-los colocado no caminho do nosso sofrido povo, aqueles bravos guerreiros que auxiliaram na libertação do nosso povo...

- E como você sabe de tudo isso Baabr? – perguntou em sua vozinha estridente o primeiro jovem sentado à frente, chamando o ancião pelo equivalente a “avô” em sua língua alienígena. As asinhas felpudas do pequeno cupido sacudiam ansiosas enquanto seus olhinhos de um verde líquido brilhavam ávidos por mais, muito mais. – você fala como se tivesse estado lá! – o pequenino pôs-se de pé e esticou os braços o mais alto que pode, as garotinhas que estavam sentadas logo atrás soltaram risadinhas. Seus cabelos prateados ondularam delicadamente ao movimento de seus pescoços tão jovens e tão lânguidos. A monitora do grupo lançou um olhar penetrante de advertência ao pequenino, que enrubescido, voltou a sentar-se. Os risinhos então generalizaram.

O ancião sorriu, esticando seu rosto de papel enrugado em direções opostas, onde as marcas do tempo que desenhavam os mapas de uma história sem começo e sem fim se tornaram mais nítidas, mais poderosas e admiráveis. Suas grossas e cheias sobrancelhas brancas inspiravam poder e respeito.

- De certo modo eu estive lá, e você um dia vai ter estado lá também, pequeno Alado – ele repousou sua mão frágil e ossuda sobre os cabelos encaracolados cor de lavanda do pequeno garoto. O próximo Alado. Aquele que um dia seria o novo guia do seu povo, que assumiria o lugar que este Alado deixaria e que o outro lhe deixou como herança. Um legado de Alados sem fim.

Assumir o posto de Príncipe Alado, e consequentemente Rei Yeeovah, era assumir também memórias milenares que nunca se apagavam, e só pesavam em sabedoria e valor com o passar das eras e o virar dos éons. Mais de dez gerações de Alados já haviam se passado desde aquele que vivera aprisionado na gaiola durante um período de trevas interminável, mas nada até agora foi capaz de apagar as marcas profundas que o rosto daquela humana deixara na alma do primeiro Alado a conhecê-la. Os gestos dela ainda estavam frescos na memória como se ainda estivessem acontecendo, o som da voz dela ecoava pela mente de cada um dos Alados com tanta vivacidade geração após geração, que só o ato de relembrá-la tornava-a cada vez mais viva, mais forte.

Ray Ann nunca havia deixado seu Príncipe Alado de verdade. Ela estivera sempre ali, no subconsciente, marcada para toda a eternidade, passando a fazer parte do legado eternamente, num ciclo infinito de amor que começa no exato momento em que as memórias de um Yeovah atravessam para a alma de um Alado no momento do Toque, da transferência da Herança Real. Assim o amor jamais acaba, apenas se renova, recomeçando sem nunca acabar. Um ciclo de amor eterno. Transcendental.

Um ciclo de amor sem fim.
















Assim como meu amor pela escrita :')

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