Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Minhas Próprias Pernas


Sabe de uma coisa que tem me incomodado bastante ultimamente? As pessoas tentarem me controlar. Odeio isso. E o pior é que eu deixo, porque sou tão bonzinho e flexível com todo mundo, sempre tentando agradar e tudo o mais, acabo me tornando algo que eu próprio detesto.

Outra coisa que eu não suporto é ouvir aquela frase pós-adversidade que já virou um clichê: "você me decepcionou" ou "nunca pensei que você fosse desse jeito" ou até mesmo "não esperava isso vindo de uma pessoa como você". OK. Em primeiro lugar, eu nasci pelado, careca, não sabia falar e muito menos escrever, então se por um acaso há algum contrato por aí assinado por mim atestando algum tipo de compromisso de PERFEIÇÃO datado em 1993, pode ter certeza que é falso. Não lembro de ter prometido ser perfeito quando nasci.

O mal das pessoas é que elas cobram demais de si mesmas e o que é pior, dos outros também! Cobram muito mais dos outros, e eu odeio essa cobrança em cima de mim. As pessoas exigem demais de mim, elas exigem coisas que eu não posso dar. Um exemplo? Me comportar. Eu não vou me comportar, eu não vou ser do jeitinho que vocês querem, eu me recuso a isso! Eu não quero me comportar, eu quero ser eu mesmo! Eu quero usar luvas de couro, maquiagem pesada, coturnos e suspensórios! Eu quero, eu quero poder me expressar da minha maneira, eu quero... Eu quero ser quem eu sou! Eu não se nem quero ser comportado, eu só quero fazer o que eu tenho de fazer, o resto pode ser resolvido com tempo. Se você gostou, parabéns, se não não gostou, fazer o quê? Eu não posso agradar a todo mundo, nem Jesus agradou a todos.

Pensando nisso e em outras coisas eu cheguei a uma conclusão: se eu não mostrar aos outros quem eu sou de verdade agora, vai ser muito pior depois, quando eles estiverem acostumados à essa pessoa pacífica e passiva que fala pouco por medo de repreensão e não faz aquilo que quer por medo de desaprovação. Se de repente, uma pessoa como essa começa a fazer exatamente o contrário, a represália vai ser muito mais dolorosa, e eu não vou estar preparado. Eu tenho de ser quem eu sou sem medo! Não vou deixar ninguém me controlar, não a essa altura do campeonato.

Meus pais não vão me ajudar a montar o meu visual para a Première porque é extravagante demais e eles desaprovam? Ótimo! Eu me viro sozinho! Blusa social, calça preta, suspensório e maquiagem, não é muito difícil, só preciso juntar algum dinheiro, um mês inteiro será o suficiente para arranjar tudo isso. Eu não me importo com o que os outros vão pensar, eles tem de se acostumar a mim, porque sempre vai surgir alguém pior lá na frente que vai chocar muito mais. E além do mais, as pessoas tem de aprender a me admirar pelo meu trabalho, e não pela minha imagem, pela minha aparência. Eu não sou nenhum santo exposto no altar de uma catedral qualquer (se bem que, eu adoraria usar aqueles mantos e os esplendores da Virgem Maria), eu sou um ser humano, não um ícone, uma estátua.

Aí você se pergunta: o que isso tem haver com a Ariel, ilustrando a postagem?

Quem teve infância conhece a Ariel muito bem! A Pequena Sereia, conto original por Hans Christian Andersen, adaptada para o cinema pela Disney. Ariel nunca deu bola para o que os outros pensavam dela, nunca ligou muito para essas regras bobas da sociedade em que ela vivia, esse negócio de evitar os humanos e tudo o mais, ela estava pouco se lixando pra tudo, ela só queria viver a vida dela e fazer o que ela tinha de fazer. Todos achavam que ela era a filhinha perdida, que vivia desobedecendo o papai e que não tinha futuro nenhum nessa vida. Sabe o que ela fez? Bem, ela deu uma banana enorme pra todo mundo, foi lá com a linda da Úrsula, fez um pacto (foi tapeada e deu toda aquela confusão lá), e no final se casou com o Príncipe Eric, que aliás era humano, mas o pai dela teve de aceitar porque era isso o que Ariel queria para ela, sem se importar com a opinião alheia.

No final das contas, a irmã mais nova Ariel foi a única que casou (com um cara muito rico, diga-se de passagem), enquanto as outras ficaram encalhadas debaixo d'água pra sempre. (Tudo bem, eu sei que no conto original a Ariel vira espuma do mar porque o príncipe nem tchum pra ela, mas, whatever).

Então é isso. Ou eu fico no fundo do mar, ou começo a andar com as minhas próprias pernas? Qual vai ser, hein?

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