Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

The Big Machine II - Penúltima Parte!


Os impulsos vermelhos foram acompanhados por fortes pulsos sonoros que forçaram Maxine e Ray Ann a taparem seus ouvidos. O feto adulto mexeu sua mão direita em espasmo outra vez, dentro do líquido agora vermelho.
- Não, Don! Não faça isso! Há pessoas lá fora, nas ruas, gente como nós, gente como você! – gritava Ray Ann, arrastando-se em direção à Maxine – vamos Max! Vamos! Insira o disco no drive agora e desative o modo de defesa!
- Eu confiei demais nos humanos, meninas, eu sempre confiei demais em todos eles, sempre fui o bonzinho, o prestativo, o amável, o sempre solitário e incompreendido Don Hills... – disse a voz mecânica – agora eu não sou mais tão sozinho assim, tenho milhares de cérebros com que posso conversar, todos formando um só, e eles estão me dizendo o óbvio, o meu lado máquina chegou ao cálculo final com relação aos seres humanos: o que um fizer, os outros farão, eles são como o gado, como as ovelhas, seguindo a cabeça do rebanho... – a voz parecia revoltada, e ao mesmo tempo triste e chorosa – e no momento... a cabeça desse rebanho é Alberta Veronese, se ela o fez, se ela tentou contra a segurança do sistema social perfeito que eu criei, outros como ela virão, é sempre assim...
- Mas e o seu lado humano?! Onde ele está, Don?! – perguntava Ray, indignada – onde está o perdão, a chance?! Todos merecemos uma chance! Até Alberta!
- Não generalize a todos nós, por favor, ESFERA! – implorava Maxine, tirando o colar do pescoço, levantando-se com dificuldade e caminhando a passos pesados e lentos até o grande ovo branco. A gravidade no salão fora alterada pelo sistema de segurança, ali era como se ela pesasse aproximadamente duzentos quilos, a velha Ray Ann não podia sequer se mexer, estava prensada pela atmosfera ao chão. Mas a brava e heróica, ou talvez somente desesperada e inconseqüente Maxine, mesmo sentindo os estalos e as falhas nas pernas e na coluna, continuava a seguir em frente, atenta à entrada do drive.
- Eu sei, eu sei que não posso generalizar – disse a ESFERA – mas não é somente a minha segurança, é a segurança do mundo inteiro!
Lá fora, prédios tornavam-se blocos cinza, placas de metal e grades desciam sobre todas as janelas, trancando as pessoas em suas casas, parando elevadores, desligando carros e acionando todos os sistemas de segurança ao redor do mundo. Luzes vermelhas serpenteavam a sulcos ocultos nas calçadas, no asfalto e nas construções feito cobras furiosas, o que visto do alto aparentava ser o curto circuito da placa-mãe de algum computador. Para o desespero de Maxine, ela percebeu que o seu pen drive triangular se encaixava exatamente na testa do homem preso dentro do ovo branco. Como ela faria isso?! Estava tão próxima do recipiente que continha a parte humana da ESFERA que podia ouvir o pulsar de um coração e as engrenagens de uma máquina batendo e girando ao mesmo tempo. Para sua surpresa, sua mão atravessou o vidro, e ela pôde sentir a verdadeira natureza da capa protetora do líquido amniótico que continha Don Hills preso durante anos fazendo eternos cálculos: algo puramente gelatinoso, exatamente como uma placenta de ventre materno.
Ela soltou o pingente triangular que brilhou dando uma cor verde ao ovo, e automaticamente, flutuou até a sua entrada na testa do homem-máquina, encaixando-se ali perfeitamente, de cabeça para baixo, exatamente como ficara durante todo esse tempo pendurado num colar no pescoço da adolescente. O peso do mundo ao redor da garota mudou, a atmosfera voltou a sua gravidade original. Ray Ann gritou de alívio. Os sulcos nas paredes e no resto do mundo tornaram-se verdes, piscaram três vezes acompanhados da nota musical Dó e apagaram, desligando todo o planeta, levando a humanidade a um blackout generalizado como há tempo não havia.
No silêncio da escuridão, o brilho do azul do ovo branco era a única luz. A voz da ESFERA havia silenciado. A fantasmagórica porta às costas de Maxine abriram-se, revelando o espectro apavorante de uma perigosa mulher usando chapéu de caubói que tinha sede de sangue nos olhos. Toda a sua armadura de titânio puro era percorrida por impulsos elétricos que faziam-na cintilar feito um vagalume no escuro. A cada passo dado por uma Alberta Veronese bufando de ódio, sua armadura descarregava no ambiente, iluminando todo o salão com raios artificiais.
- Agora é a minha vez! – ela ergueu os braços em direção à garota e espalmou suas mãos, revelando dois prismas de algum tipo desconhecido de cristal que reluziu e lançou a mais poderosa descarga elétrica que a sua armadura eletrônica super carregada poderia lançar. Maxine sentiu o aperto no peito, a sua hora enfim havia chegado. O que ela pôde fazer foi usar os braços em forma de X para proteger o rosto, e para seu espanto, ela não sentiu um arranhão sequer após 30 segundos de choque poderoso. Ao abrir os olhos, deparou-se com misterioso escudo de, liga metálica escura exatamente na altura e no formato do seu corpo. Ele surgira como se tivesse brotado do seu braço, crescido da sua manopla como um vegetal furioso e consciente. Demorou um pouco para dar-se conta de que estava viva, e demorou um pouco para ela perceber que aquele escuro era a primeira manifestação da poderosa Witchblade em suas mãos.

Enquanto isso, três famílias inteiras estavam reunidas, refugiadas no Apocalipse Hall, sentados, mas nervosos, corações descompassados. Exilados e refugiados no interior dos jardins sem fim da única mansão sobrevivente à hecatombe das eras, existente até os dias atuais sob os cuidados minuciosos de seu dono e proprietário Pietro Einrich e seu fiel caseiro Ezequiel-san. Pela primeira vez, o Apocalipse Club estava reunido por completo, exceto por Ray Ann que ficara para trás, para impedir a entrada de Alberta na central da ESFERA com a ajuda de Elly Rich, afinal, as duas foram encarregadas de cuidar da segurança da central quando a cidade fora fundada. Augusta Montgomery, Fábia Paola, Pietro e um fraco e abatido Christopher Umbrella sentado numa cadeira de rodas enquanto se recuperava da surra que havia levado de Alberta. Reunidos numa sala dentro da mansão enquanto os pais sem os filhos choravam lá fora, o futuro da grande luta estava sendo decidido entre avós e netos.
- Eu estou suando feito uma porca, vovó! Eu não aguento! Eu não aturo mais isso! Estou mais do que apreensiva! – todo o penteado de Tifa fora pelos ares, seu liso cabelo azul agora era um verdadeiro fuá da cor do céu. Uma peculiaridade entre Fábia e sua netinha era a capacidade instantânea das duas ficarem vermelhas e suadas quando estavam nervosas, uma era a cópia perfeita da outra, Tifa tinha saído da mãe como um clone, era a réplica perfeita da avó na juventude: baixinha, gordinha, engraçadinha e, às vezes, vermelha e descabelada.
- Pelo amor de Deus, minha filha, calma! Eles estão bem, estão bem! Veja que o nosso alarme ainda não soou, a Ray disse que nos avisaria se por um acaso algo saísse errado... Estamos conectados direto à ESFERA daqui!
- É, mas a maldita ESFERA desligou! O sistema está fora do ar e agora estamos sem energia elétrica! – exclamava Miguel, chutando uma poltrona com toda a força.
- Ei, ei, ei! Pode ir chutar o saco do seu avô, garoto! – bradou Pietro, sacudindo sua bengala – aqui não é a casa da mãe Joana e esses móveis foram caros!
- Ei digo eu! – exclamou o marido de Ray Ann, avô de Fernando e Miguel que até o momento permanecera sentado e calado – eu ainda vou precisar disso aqui, tá maluco?!
- Não sei pra quê! – gargalhou Christopher, levantando o brilhante Disco Stick – tá velho que nem um matusalém! Isso aí deve tá mais caído que a minha retaguarda!
Fábia deu aquela gargalhada cacarejada que ela costumava dar, agora pior do que nunca, já que estava velha e suas cordas vocais não eram as mesmas de antes.
- Parem com isso, parem! – Miguel já lagrimava. Era incrível como ele era explosivo e imprevisível como a avó! Até o rosto enfurecido parecia o mesmo – meu irmão tá lá, gente! Meu irmão e os netos de vocês estão lá! Vocês não estão nem um pouco preocupados?! Duas mães lá fora tiveram de ser sedadas porque queriam subir num veículo qualquer e rumar para a cidade a todo custo, e meu pai quase teve um infarto! E vocês estão aqui rindo?!
Os velhos se entreolharam.
- Vai, Pietro, leva esse moleque lá nos fundos! Acho melhor tranquilizar ele antes que ele quebre todos os móveis! – grasnou vovó Augusta, tossindo entre as palavras porque estava fumando feito uma chaminé de tão nervosa que estava, soprando tudo na saída de ar pra não deixar o ambiente fedendo. Não estava adiantando muito.
Miguel se pôs em modo de defesa no mesmo instante, mostrando os punhos e arqueando os ombros pra frente como um lutador de Box.
- Não vem não, negão! Eu te derrubo no chão já, já!
Pietro semicerrou os olhos, ergueu o rapaz pelo cangote e saiu carregando ele para fora da sala enquanto ele gritava.
- Vem, Tifa, vamos, tenho uma coisa pra te mostrar também – fez Pietro. Fábia fez que sim com a cabeça e deu um beijo na testinha da neta, indicando a ela o caminho. Naquele momento ela soube que estava em segurança.
E assim que os três entraram na área da piscina coberta de águas termais ao estilo oriental, Pietro deu-lhe um tapa num botão vermelho oculto atrás de um quadro. Imediatamente, a piscina interna esvaziou e seu piso de azulejos azuis abriu, para espanto e desespero dos dois adolescentes, elevando uma plataforma colossal aonde um enorme robô de batalha descansava em estado de animação suspensa. Primeiro Miguel pensou que fosse ser jogado em algum tipo de fosso pra onde iam as crianças mal educadas, mas parou de debater-se no ar feito um peixe retirado da rede assim que percebeu que uma arma poderosíssima de guerra estava diante dele, cintilando e lhe sorrindo. A adrenalina subiu na veia.
- Eis aqui a arma de vocês, seus apressadinhos... – gargalhou Pietro, soltando Miguel que caiu sentando com um baque surdo no chão. Tifa soltou um guincho que pareceu aos ouvidos alheios uma risadinha de menina e começou a bater palminhas de animação.


Continua...
PREPAREM-SE PARA OUTRO SUPER CAPÍTULO GIGANTESCO, E COM EPÍLOGO! THE BIG MACHINE 2 CHEGA AO FIM!

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