Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

sábado, 21 de agosto de 2010

The Big Machine II - EPÍLOGO


- Pode ficar tranquila, meu amor, ele está num lugar melhor, tenho certeza – disse Fernando, abraçando sua amada.
- Mas é o primeiro Natal sem o vovô, ele que gostava tanto de contar pra todos nós a história de Jesus Cristo, de como ele nasceu... – Maxine suspirou e abraçou a foto em seu colo – eu sempre me emocionava desde pequena, sem nem mesmo entender!
O Apocalipse Hall reluzia atrás dos dois, como uma tiara amarela feito ouro, coroando o jardim do Éden que era aquela chácara no meio das ruínas da velha Macapá.
- Veja pelo lado bom, estamos realizando um sonho do seu velho! – Fernando sacudiu Maxine de leve – ele sonhava que as nossas famílias passassem o Natal reunidas aqui na chácara, no palácio que eles planejaram há décadas atrás!
- É, tem razão, mas vou ficar inconformada pro resto da minha vida, nunca vou aceitar a morte dele, você não sabe o quanto era especial para mim, esse velho... – Maxine começou a chorar de novo. – queria que aquela maldita Alberta tivesse morrido! Morrido!
Fernando distribuiu beijos por todo o rosto da garota.
- Para com isso bebê, para. Você sabe que o seu velho não ia querer todo esse rancor no seu coração, e aliás, a Alberta já teve o que merecia, está congelada pra sempre no tempo, dentro de uma placa criogênica e ali vai ficar para toda a eternidade, nua, velha e careca para todo mundo ver, no meio da prisão...
- Ainda acho pouco pro que ela fez. Ela deveria ter morrido, deveria sim! – Maxine abraçou mais forte a foto do avô aos 17 anos.
- Você bem sabe que no nosso mundo de hoje em dia toda a pena de morte foi abolida por contrariar os direitos humanos!
- Eu sei, mas... – Maxine calou-se – tem razão, o importante é que ela teve o fim que merecia, aquela bruxa.
A noite era clara e límpida. As estrelas reluziam lá no alto, pouco visíveis por causa da atmosfera fraca daquele mundo açoitado pela poluição. O túmulo do velho Christopher Umbrella ali estava, suas cinzas ali jaziam dentro do vaso que enfeitava o mini santuário xintoísta construído em sua homenagem entre duas cerejeiras que graças à tecnologia avançada de manipulação genética, floresciam o ano inteiro, no canto mais isolado do Apocalipse Hall. Os dois fizeram menção para o pequeno templo e viraram de costas, tomando o caminho de pedra que levava de volta à mansão onde todos confraternizavam e relembravam o episódio fatídico de meses atrás. Muita coisa foi mudada no sistema após aquilo, a ESFERA reprogramou toda a sua segurança, seu sistema comercial e passou a fiscalizar com seus próprios “olhos” as empresas e seus braços correspondentes ao redor do mundo e na própria cidade. Em poucas palavras, passou a confiar menos nos humanos e alguns empregos foram perdidos por muitos funcionários, mas nada que não fosse resolvido em poucos meses.
Pra falar a verdade, o mundo não havia mudado muito para as pessoas de bom coração e para aquelas que seguiam as leis e prezavam pela ordem e pela paz na sociedade do futuro, onde há respeito de verdade aos direitos de todos. Vai demorar um pouco para que uma outra Alberta Veronese venha fazer uma gracinha. E vai demorar um pouco também para que certas coisas sejam explicadas. Alguns porquês vão ter que ser silenciados por enquanto, porque a história daquele novo futuro só havia começado.

Maxine conseguiu dar um pequeno sorriso após algum tempo, jamais iria se esquecer do robô gigante dançando Hip-Hop bem no centro da cidade após um verdadeiro apocalipse. Talvez a vida daqueles garotos era apenas uma estranha sucessão da vida dos seus avós, uma sequência exata de pequenos apocalipses, que de uma maneira ou outra, sempre irão fazer raiar um novo amanhecer, um novo dia. Um novo dia para o novo Apocalipse Club.



THE BIG MACHINE II
FIM

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