Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O Uivo Final

ARGH,
estou completamente desleixado com este blog. A cada mês que passa, minhas postagens vão ficando cada vez mais raras e mais curtas, porém, há muito ainda para se ver por estas páginas, temos contos, crônicas, histórias e relatos muito legais espalhados por aí, é só dar uma olhada.
A minha vida anda corrida demais, muitas aulas, muitas provas, muitos trabalhos, muitos livros e muito assunto, espero que você que cursa os primeiros anos do colegial esteja aproveitando bem seus dias de ócio, porque os dias de cão vem aí, e espero que estejam preparados emocionalmente para toda a pressão que estão prestes a receber dos professores, dos amigos, dos pais e da sociedade. O pior de tudo é tentar conciliar isso com a minha vida artística, sempre fica uma coisinha por fazer, e isso me prejudicou bastante no primeiro bimestre, fiquei quase sem nota em Física e vou ter que ralar bastante para recuperar o tempo perdido graças à produção da minha peça-obra-de-arte-mór CANAVARLAR, que em nome de Jesus, eu tenho certeza que vai pra frente.
O ruim de tudo isso é que eu estou no meu último surto artístico inspirador da adolescência, e sinto aqui no fundo do meu coração que depois disso, se não houver incentivo algum da parte de ninguém, vou acabar me tornando mais um adulto normal fracassado e alienado pelo sistema. O cérebro da produção da peça, na prática, sou eu. Eu estou correndo atrás de atores, dançarinos, patrocinadores e costureiras que montem os figurinos dos personagens principais, e são poucas as pessoas que estão me ajudando de verdade, e isto está tomando boa parte do meu tempo, o que me deixa com pouco tempo para dar atenção às matérias nas quais eu tenho dificuldade. Sem contar que é broxante ter de pegar o caderno à noite depois do dia todo na rua assistindo aula ou rodando o comércio comprando material para confeccionar as máscaras e as coroas do meu personagem.
Isso tudo está exigindo muito de mim, muito da minha parte, e às vezes eu sinto que vou pirar, mas aí eu respiro bem fundo e dou um sorriso cínico para todos os meus problemas. Sem contar é claro, com a minha vida pessoal que também não está nada calma, está um verdadeiro caos de disse-me-disse, eu estou quase me descabelando de raiva aqui. Enfim, confesso que senti certa inveja quando a notícia chegou aos meus ouvidos. Um dos meus companheiros de classe largara a escola para ir à São Paulo se dedicar à sua música, vocalista de uma banda conhecida da cidade, ele por fim se entregou a sua arte e a sua paixão. Mas porque ele tinha incentivo, ele tinha capital, ele tinha pessoas e contatos que conseguiram alçá-lo para fora do estado de uma vez, e por fim ele largou a escola bem no meio, se livrou desse martírio que é a vida de estudante. Não sei se isso é verdade, são boatos, mas que eu fiquei com INVEJA fiquei, porque eu SOU SOZINHO E NÃO TENHO APOIO DE NINGUÉM, não tenho patrocínio e não tenho quem me ajude a alavancar meus projetos de uma vez só.
Eu confio em mim, confio na minha arte e confio no que eu faço. O que me falta é alguém que realmente olhe com atenção para todo o esforço que eu faço para expressar tudo o que eu aprendi e tudo o que eu sei fazer, mas EU NÃO TENHO. Minha série de livros, "As Dellabóboras", que conta a história da vida da Afonsa tá aí, com cinco volumes em um roteiro com começo meio e fim, passei pro papel até o volume 3, mas cadê o apoio? Cadê a atenção? Cadê? Ninguém liga, ninguém se importa com literatura, ninguém se importa com arte.
Minha mãe sempre me diz: "Tudo tem seu tempo", mas eu sinto aqui dentro que o meu tempo está passando, e que eu vou acabar desistindo de vez de tudo isso por PURA FALTA DE APOIO.
O que está acontecendo é a pura e clara repetição de um ciclo que nunca acaba na minha vida: eu começo algo, dedico-me totalmente a isto, tento tocar o projeto adiante, mas por falta de apoio eu sempre acabo desistindo. O volume um de "As Dellabóboras" está na gaveta para ser publicado desde 2008, e o que não faltaram foram promessas de uns e de outros que depois de um tempo sumiram e esqueceram. E aqui estou eu. Parado no tempo. Sempre parado no tempo. Nem pra frente, nem pra trás. Aqui estou eu.
Vou lutar com todas as minhas forças para fazer deste meu último urro artístico o mais audível possível, e se eu não conseguir, sinto muito, estarei erguendo a bandeira branca para a sociedade e vou me entregar de uma vez ao comum, ao tedioso, ao corriqueiro, ao convencional. Mas não vou desistir, não vou desistir sem antes lutar, JURO QUE NÃO VOU, não vou vacilar uma única vez antes de cair por terra enfim.
Afinal de contas eu sou Lilith, o Rei dos Monstros, deus pagão da arte e da libertação, da dança e da criatividade e da expressão. Eu não posso desistir sem usar todas as minhas forças de criatura do submundo, todas as minhas forças sobrenaturais! Eu não posso me render sem antes usar as minhas garras e as minhas presas contra a alienação, não posso! Eu vou lutar para que meu último uivo artístico seja ouvido, vou usar de todos os meus artifícios, nem que eu tenha de enfrentar tudo sozinho como agora. CANAVARLAR será ouvido, alguém vai ter de ouvir, desta vez vou uivar tão alto quanto o mais feroz dos lobos da floresta.
É o uivo final da arte.
O uivo final da minha arte.
E vou usá-lo da melhor maneira possível.

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