Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Lasar Segall


Lasar Segall, em russo, Лазарь Сегал, em lituano, Lozarius Segalas (1891-1957), foi um pintor e escultor lituano que apresentou pela primeira vez a arte moderna ao público brasileiro. No ano de 1923, Lasar Segall mudou-se definitivamente para o Braisil. Já era um artista conhecido. COntudo, foi aqui que, segundo suas próprias palavras, sua arte conheceu o milagre da luz e da cor.

Seus feitos são louváveis, sua arte, única, deixou marca como, por assim dizer, "o cabeça" da Semana da Arte Moderna, ou semana de 22, e posso até ser audacioso o bastante a ponto de me identificar com ele, no quesito de irreverência e inovação no ramo da Arte, mas não é exatamente por isso que nunca esquecerei o nome deste homem...

Sim, eu não sabia escrever o nome dele direito, afinal de conta, nós não sabemos tudo, não é mesmo? É claro que foi muito descaramento levantar a prova pra a garota que estava sentada do meu lado e perguntar: "É assim que se escreve?". Mal eu sabia que a professora estava de olho em mim, o aluno acima de todas as suspeitas como sempre fui, apesar de me safar e safar meus amigos várias vezes em provas como aquelas com trocas de informações furtivas quando o monitor estava distraído, mas atire a primeira pedra quem nunca colou.

A senhora gritou meu nome e em um piscar de olhos estava do meu lado, tomando a minha prova e a da minha colega de classe, dando um sermão do qual e só prestei atenção a um único ponto: "se isto tivesse ocorrido numa sala de vestibular, vocês sairiam de lá escoltados pela polícia federal!"

- O ESTADO CONTRA ANTONIO FERNANDES - o martelo do juiz bateu dentro da minha cabeça, mas nem essa pancada foi o bastante para clarear a minha mente a ponto de enxergar todo o caos que estaria por vir a partir daquele momento inoportuno. Em resumo, a ficha demorou a cair.

3 provas.

Um simulado.

Dois garotos.

Uma professora.

Dois possíveis zeros.

E agora?

Tudo bem, para mim, que tinha a prova de Artes em branco no momento do ocorrido (justamente a matéria para a qual eu pretendo prestar vestibular num futuro não tão distante), a professora passou uma atividade extra que talvez fosse me ajudar, se não fossem os impecilhos da direção. Algo muito maior viria por aí ainda, e sorrisos cordiais, conversas sobre como erros nos fazem aprender mais do que os acertos jamais me ajudariam no que estaria por vir, afinal, um assassino por mais arrependido que esteja nunca escapa da cadeira elétrica, a justiça, a lei, as duas nunca levam em consideração qualquer tipo de culpa, e por mais que o acusado jure de pés juntos que aprendeu a lição, alguém há de ser punido. Não importa o que se faça.

E então, exatamente uma semana depois, eu tinha certa entrevista com a televisão de manhã cedo, por isso me evadi dos primeiros horários desta quinta feira, e acabou que a entrevista foi adiada para o final do mês, mas a viagem não estava perdida naquele dia nublado de Abril, um Abril chuvoso, úmido e abafado. No supermercado, eu comi o meu primeiro Kinder Ovo da Joy, sonho de infância, que por causa das circunstâncias e da vida corrida que eu sempre levei, acabei por provar somente após tantos anos, agora, aos 17, montei a minha primeira surpresa. Um robô.

Só que eu não havia esquecido de que naquela mesma quinta feira, seria a troca de chocolates da minha sala de aula, e por isso tratei de comprar uma caixa em formato de coração para a mesma garota que estava ao meu lado e que teve a prova tomada na manhã fatídica de uma quarta feira muito passada e agora aparentemente tão distante.

Eu poderia ter deixado para entregar o chocolate na sexta.

Mas a garota estava me telefonando e cobrando o chocolate dela.

Eu poderia ter chegado em casa e lavado meu cabelo com o shampoo novo.

Mas não, eu insisti em entrar na hora do intervalo.

E insisti também para que a minha mãe subisse, só para que eu pudesse desfilar divinamente ao lado da beleza em pessoa que ela é. Nós dois, mãe e filho, dois divos natos.

A orientadora estava esperando, quase que comicamente, com a minha prova em cima da sua mesinha azul, tão temida por todos nós. Sentada diante dela estava a professora de português, as duas com toda a certeza decidiam o meu destino naquele momento, ela que era uma das "donas" do simulado, ela que tinha a sua prova encadernada com as outras naquela manhã, levantou-se rapidamente e tratou de sair da sala quando viu mamãe entrar.

- Foi muito bom mesmo a senhora ter vindo, temos de ter uma conversa séria - a porta foi fechada.

E foi assim que eu caí na melhor e mais bem arquitetada armadilha que o destino já me preparara em toda a história, eu diria que foi teatral, que foi fenomenal, coisa de novela mesmo, tudo aconteceu direitinho, nos conformes para que os fatos corressem certamente para a direção predestinada. Como um rio turbulento que levasse a mim e a minha mãe diretamente para diante da mesinha azul. Foi perfeito, perfeito, como se alguém tivesse escrito detalhadamente cada passo meu naquela manhã. Coincidência, muitos diriam, e alguns matemáticos tratariam de fazer cálculos malucos, exatamente como aqueles que eu deixei de fazer na última prova de Física, entregada em branco.

- O que está acontecendo com o Antonio?

Foram umas das indagações ali feitas.

- Talvez nós tenhamos uma expectativa acima da média por ele, talvez nós esperemos demais dele. - foram umas das respostas formuladas ali.

- Exatamente, ele é um ser humano, não uma máquina - disse a minha mãe - ele também está propenso a erros, ele não é perfeito.

- Só sei que nos foi muito decepcionante, nunca esperávamos algo assim vindo de alguém como ele.

Após mais uma indagação sobre o que estaria acontecendo comigo, a palavra a mim foi dada enfim.

- Eu tenho aulas de manhã e de tarde quatro dias na semana, acima de estudar está também descansar, meus dias estão curtos e eu estou envolvido na produção de uma peça de teatro que não pode parar agora, e ainda tenho outros projetos à parte, eu tenho de faltar às vezes para comparecer à reuniões importantes, e isso está me esgotando, eu não consigo fazer tudo ao mesmo tempo.

- Então está na hora de rever tudo isso. - disse a orientadora - ele é muito jovem para ter tantas responsabilidades ao mesmo tempo, está na hora de priorizar certas coisas, e o estudo é uma delas, o estudo deve estar acima de tudo, Antonio.

Dois rostos cheios de indagações me secando ao mesmo tempo.

Minha mãe se perguntando porque diabos eu não havia contado isso para ela antes, sabendo que ela jamais brigaria comigo por uma coisa daquelas.

E a orientadora, que aparentemente me endeusava, como a maioria dos professores, estava se perguntando o que esperar de mim depois de tudo isso.

Em minha opinião, e na opinião de minha mãe também, o que estava acontecendo ali era uma grande tempestade em copo d'água, para falar a verdade.

E eu poderia jurar que tudo aquilo só estava acontecendo porque se tratava de mim, e não de um aluno qualquer.

Tratava-se do escritor, do garoto, agora um rapaz, que foi para um congresso no ano de 2008, aquele que de vez em quando mostra a cara na televisão, aquele que tem um blog de opinião, aquele que sabe interpretar um texto e uma imagem como ninguém, aquele que adora história e redação. E que nunca na história havia errado tão feio antes.

O que eu tenho a dizer de tudo isso?

Simplesmente não sou uma máquina.

Eu sou gente também, de carne e osso como qualquer um.

Até mesmo as máquinas estão propensas à erros de vez em quando, não é verdade?

Erros fazem parte da história da humanidade, erros existem para que possa haver acertos no futuro, e eu não nasci feito só de acertos, não sou o perfeito prodígio, eu sou um adolescente impulsivo às vezes também, este é o espírito da Stella.

Os professores agora me olham com desconfiança.

E aqueles que eu já suspeitava de não gostarem de mim agora com certeza tem motivos para agirem como quiserem para comigo.

Mas, sabe, pra mim tanto faz, tenho outras coisas muito importantes para me preocupar... Consegui enfim juntar os outros quatro integrantes do que eu chamo de O Círculo dos Monstros, e agora o elenco principal está formado, o que nos resta agora é reunir os outros 20 dançarinos coadjuvantes que representarão a legião de adoradores dos Cinco Antigos. Assim que eu reunir todo esse pessoal, nossa peça estará pronta para encenar, e isso é um grande passo!

E há também outras grandes urgências com estudar (e pagar) para fazer a segunda chamada do simulado, no qual faltei por motivos de consulta médica no começo dessa semana. Vou conversar com a Darcy pra ver como vai ficar essa situação, agora de imediato eu não tenho como pagar MESMO.

Hum, e é isso gente, é a vida! Fazer o que?!

Em pensar que justamente no começo desse ano, eu chorei na mesa do jantar porque tinha medo, medo de que as pessoas fizessem expectativas demais de mim, e eu não fosse tudo isso o que elas pensam.















Guess what? I’m not a robot, a robot!
Guess what? I’m not a robot, a robot!


Marina And The Diamonds - I Am Not A Robot

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