
Para escrever, é necessário paciência e dedicação, e geralmente é comum longos intervalos de meses em uma produção, que é o momento em que a inspiração tira umas férias para tomar água de coco e voltar logo em seguida. Eu estava me descabelando todo há algumas semanas atrás porque não conseguia digitar uma palavra, mas depois percebi que esse tempo “em silêncio” é necessário para a evolução da narrativa e análise do que já aconteceu até aquele ponto...
As aulas estão de volta, mais malignas e cansativas do que nunca, já a todo o vapor para as provas que virão (sinto uma bomba caindo na cidade de Química no País de Boletim). Estou bastante preocupado com a minha situação em Química, Física e também Matemática, pois como era de se esperar, o Jorian não me passou, nenhuma surpresa nisso, aliás. Só espero que o Márcio Costa não invente de colocar gráficos nas provas dele... Ai meu Deus! Quantos problemas!
Nem te digo que a Garota Box e a gangue dela - formada por mais duas garotas, uma cujo vulgo é Tralho - anda aos fuxicos e cochichos pelos cantos da escola, fazendo a minha caveira como é de se esperar. As férias só aumentaram a intensidade da rivalidade entre o Apocalipse Club e certos grupinhos do terceiro ano. Eles continuam, como sempre, lançando AQUELES olhares pra cima da gente, mas nenhum deles tem coragem de vir até nós dizer tudo o que tem vontade, e o que eles fazem? Ficam pelos cantos como camundongos covardes falando mal de mim principalmente, é claro, eu sou o mais visado nessa rivalidade que começou por causa de um Box Falante.

Mudando completamente de assunto, estas últimas semanas têm sido muito agradáveis. (exceto por algumas discussões dentro do nosso próprio grupo, que tem me deixado preocupado. Estas envolvem os ataques sem-noção e sem motivo que Fabíola dá e que me deixam seriamente perturbado - tenho de ter uma conversa com ela - E envolvendo também o passado negro do novo paquera da Rayanne, que costumava chupar uma verruga que tinha na palma da mão, chorar todo dia dentro da sala de aula e ser filmado nu pelos próprios amigos. - que insistiam que ele não possuía um pênis, e sim uma vagina, isso tudo na sétima série. - e que tem me deixado preocupado sobre as companhias da Rayanne, mas essa história já foi totalmente resolvida e aparentemente, ele cresceu e não é mais o mesmo de antes, e pelo que ela me conta, ele parece até mais adulto do que os garotos da idade dele, o que me faz pensar se estamos falando da mesma pessoa. Mas quem não muda? Quanto a mim, vocês sabem, só acredito vendo. Porém, se Rayanne disse, tudo bem, porque a palavra dela vale ouro).

assim que eu voltei de viagem do Jarí naquela semana, papai telefonou e exigiu a nossa presença no dia dos pais com ele lá mesmo, no Jarí, de modo que voltamos pra lá na sexta-feira à noite! Já pensou? Viajar para o Jarí duas vezes no mesmo mês, dois finais de semana seguidos? Só para os mais corajosos mesmo, porque aquela estrada não é para qualquer um não! Deus que me defenda. Se bem que da segunda vez fomos de carro com o papai, de modo que foi bem mais rápido do que de ônibus, que é uma verdadeira novela, na verdade. Mas nem assim deixou de ser desconfortável. Chão de terra batida, crateras enormes, árvores tombadas e poças d'água enormes, parece uma viagem de Safári pelo interior do continente Africano se vocês querem saber. Um pesadelo!
O final de semana do Dia dos Pais foi incrível, conhecemos a vida do papai de perto, e, sinceramente, pelo que vimos, ele leva uma vida de Rei. Morando nos altos da comadre dele, todos ali naquele lugar o adoram, porque pelo visto, ele faz tudo por aquelas pessoas, são todos uma grande família ali, ajudando uns aos outros.
Morando num pequeno apartamento com apenas o necessário para uma pessoa que trabalha tanto como ele viver, ele tem uma tevê com alguns canais à cabo, um computador para os projetos da prefeitura, um guarda-roupa, um pequeno e simples frigobar com alguns adesivos grudados, uma cama supermacia com um edredom confortável, banheiro, e logo ao lado do apartamento, um escritório recebendo seus últimos retoques. Uma velha escada de madeira improvisada leva àquele recanto onde ele tira as sonecas da tarde, escada essa que será substituída em breve por outra em caracol que eu vou adorar, com certeza.

E agora vamos às últimas notícias da semana: na manhã da última sexta-feira (14), uma tempestade apocalíptica se abateu sobre os céus de Macapá, sacudindo as casas com o ribombar dos trovões e clareando os céus com as luzes ameaçadoras dos relâmpagos, que iluminavam as ruas de forma macabra como se o sol estivesse a pino sobre a cidade durante apenas alguns segundos. Quem presenciou sabe do que eu estou falando: ventos de velocidades absurdas, explosões celestes como se o universo estivesse em guerra, raios de luz que entravam por todas as brechas das janelas, portas e mínimas rachaduras e espaços entre os aparelhos de ar-condicionado e as paredes. Foi um show, mas também é só esse tipo de atração que temos em Macapá, e uma vez na vez na vida, outra na morte.
Macapá é uma cidade entediante: calor intenso, animais esmagados no asfalto e muitos carros pra lá e pra cá, todo santo dia é a mesma coisa, e quando acontece uma tempestade arrasa quarteirão dessas, é de deixar o povo até feliz. Menos o pessoal da baixada, é claro, que tem a casa inundada toda vez que cai uma chuvinha dessas.
O barulho que os trovões faziam naquela manhã por si só ilustravam as imagens em minha mente: o céu rachando de leste a oeste como se acertado por uma marreta gigante, se desfazendo em mil pedaços com explosões e clarões. Foi uma coisa! Só sei que faltou luz durante meia hora, e eu torci pra energia não voltar mais, porque eu não queria ir pra aula, mas acabou que ela voltou rapidinho. E quando a mãe foi me deixar na aula então? O cenário da cidade parecia o final do filme Cloverfield - O Monstro! Era folha, galho, saco plástico, sapato, roupa, uma coisa só. E algumas horas depois o sol já estava rachando o topo das nossas cabeças como se a tempestade estivesse apenas no nosso imaginário, o céu estava tão limpo que qualquer um poderia jurar que imaginou todo aquele pandemônio, a mesma coisa foi no dia anterior à tempestade. Nenhuma nuvem no céu. Muito estranho.

Bons tempos...
Cuidado com os Espectros!
Antonio Fernandes.
#3~
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