Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O Retorno do Fazendeiro Maldito? Não! E Surge o Homem-Morsa!

Pois bem, cá estou eu novamente na casa da minha tia. Eu não estava muito no clima de viajar, e me queixei estes dois dias inteiros por ter de sair de casa assim, sem planejamento. Foi tudo muito súbito. Na segunda feira, quando mamãe desligou o telefone, disse a mim e a minha irmã que iríamos de um jeito ou de outro para Monte Dourado... Eu me mostrei relutante, pois havia acabado de pagar um pedido que fiz pela internet (Submarino.com), e pelo e-mail que havia recebido mais cedo, o meu volume chegaria sexta feira. Porém, mamãe decidiu de supetão que iríamos para Monte Dourado na quarta, sem prévio preparo ou qualquer programação, fui pego de surpresa e calças justas. Não gosto, na verdade, odeio quando sou pego de surpresa, quando as coisas saem assim de última hora, eu fico morto de raiva, mas sabe como é. Trata-se dos meus tios Gerson e Adma, meus segundos pais, e não poderia fazer esta desfeita, sendo que eles pagariam as três passagens (minha, da minha mãe e da minha irmã).
Eles são generosos demais, é impossível resistir a qualquer pedido deles, pois eles sempre nos prestam favores desde que eu me entendo por gente. A Família Casseb são nossos Anjos da Guarda há já catorze anos. São mais do que especiais, e como estávamos sendo altamente requisitados por eles, não resisti e acabei vindo, porque a tia Adma é um doce e eu adoro a companhia dela, e também porque eu esperaria a chegada da Jamile, que estava de férias em Belém, aqui mesmo, na casa dela. Seria uma surpresa e tanto para a minha “noivinha”, mas acabei revelando antes da hora e agora ela está a caminho.
Bem, eu chorei, chorei, reclamei, reclamei, mas acabamos vindo, não que seja uma coisa ruim, mas vocês sabem como eu sou, eu sou de lua, e estava tão envolvido no clima de volta às aulas – que por um acaso retornam na segunda –, que fui pego completamente desprevenido, e todos os planos para a “preparação espiritual do retorno à escola” foram por água abaixo. Eu estava super ansioso por esse retorno, adoro a escola, não por ser um nerd, mas por que lá estão todas as pessoas que mais adoro, meu Apocalipse Club eterno... Então já viu né? Eu estava completamente envolvido em planos e mais planos para o meu retorno triunfal ao Centro de Ensino Atual. Roupas Novas, Cabelo Novo, tudo novo, personalidade nova, óculos escuros e essas coisas bem Lady Gaga ao som de Beautiful Dirty Rich. Estava reprisando todos os acontecimentos desse mês na minha cabeça, revendo tudo do começo ao fim para poder colocar o papo em dia com a Rayanne e as meninas, estava pensando nos apelidos novos para Bia e Pedro (xuxa preta e Bete Carvalho! XD).
Enfim, entre tramar o retorno do Apocalipse Club e a vingança contra o Império dos Boxes Falantes, sonhando com o primeiro dia de aula e as emoções de reencontrar os amigos, fui pego de surpresa e todos os meus planos foram jogados na fogueira. Por enquanto estou tramando a minha volta para quinta ou sexta, já que até quarta chega o meu pedido e então terei de ficar a postos para a chegada do carteiro... Agora é curtir a minha estadia em Monte Dourado, esperar a Jamile e abusar um tiquinho só da internet discada dos meus adorados tios.
Tivemos brigas em casa por causa disso, dessa minha relutância em vir pra cá, estava dizendo direto que coisas em cima da hora assim nunca dão certo. Me chamaram de pessimista, azarento, mau-humorado e tudo, porque passei estes dias respondendo mau e botando defeito em tudo... Mas vocês que me conhecem sabem o quanto eu sou cabeça dura, acabei encarnando meu lado Kerbina...
Porém, sobre as minhas suspeitas para com esta viagem (viajar de ônibus é um porre, principalmente nessa estrada de fim de mundo que é a que liga Macapá e Laranjal, parece a entrada do inferno!), eu afinal estava certo! Não só sofri como um condenado pulando frevo sobre a cadeira número 30 que estava exatamente sobre a roda do ônibus na estrada de terra batida e esburacada como tive de me espremer feito uma sardinha maldita por causa de um incômodo muito maior e mais cruel do que ficar batendo com a cabeça no vidro da janela e na alavanca de emergência! (pra vocês terem uma ideia, estou com dez galos enormes na cabeça, não consegui tirar um cochilo na viagem porque quando eu fechava o olho, minha cabeça batia). Dessa vez a coisa foi muito pior que um fazendeiro me perturbando a viagem toda com assuntos desconexos e bucólicos da vida dele no campo (este relato também se deu no mesmo trajeto Macapá – Laranjal do Jarí), e para a felicidade do Pedro, que estava torcendo pelo retorno do fazendeiro maldito – para que eu escrevesse algo cômico aqui no blog sobre os meus problemas cármicos – aconteceram coisas hediondas, que os céus amaldiçoaram e satanás assistiu de camarote! Algo terrível.
Tranquilamente, subi no ônibus, guardei minha mala no bagageiro acima da minha cabeça e sentei-me na janela, até então tudo estava na divina paz de Cristo Salvador, e eu estava melhorando o meu humor – eu tinha acordado antes das duas da tarde, e estava com a cara DESTE tamanho – eis que o ônibus foi enchendo, e a cadeira ao meu lado foi ficando para trás, até que o fluxo de pessoas na porta do coletivo diminuiu, e eu achei que fosse ter os dois bancos livres para mim então, e senti a minha sorte mudar naquele momento. Já estava começando a achar que aquele meu receio bobo de que aquilo não ia dar certo era só teimosia minha, que eu era realmente um cabeça dura pessimista e antipático.... MAS, CARO TELIESPEC, a minha sorte esta manhã estava realmente para mudar... PARA PIOR!
Quando dei por mim, aquela montanha vestida de vermelho entrou pela porta, um homem três vezes maior que eu (e quem me conhece sabe que eu não sou pequeno, de longe, tenho um metro e noventa e devo estar pesando em torno de 100 quilos, mas eu não tenho barriga grande, porém, minhas coxas são enormes e tenho um quadril tão enorme quanto). Mas aquele cara que entrou pela porta era quase um alienígena (e olha que eu entendo disso, sou especialista, já que de normal não tenho nada), e foi então que a minha vida mudou, para sempre... O homem espremeu a sua poupança colossal no banco vizinho, e quem estava de fora poderia jurar que ele estava sentando em mim! A banha dele me espremeu contra a parede do ônibus e eu fiquei com a cara no vidro!
Aí, caro amigo, já dá pra imaginar o inferno que foi a viagem de duração aproximada de nove horas, desde o meio dia até as oito da noite. Cada solavanco que a maldita máquina infernalmente lenta fazia quando topava com um buraco fazia aquele homem gigantesco me espremer cada vez mais na minha poltrona já pequena. E eu, idiota, estava me preocupando o máximo com o conforto dele, me espremendo o máximo possível para dar o espaço necessário, mas parecia que o desgraçado queria fazer uma panqueca com os meus ossos, estava completamente esparramado na cadeira como um pudim! E dá pra imaginar o que acontecia nas curvas, não é? Ele vinha todo para cima de mim, e eu chegava a ficar sem respirar! Eu estava completamente torto na poltrona, feito uma lacraia com cólica!
Tentei por várias vezes encontrar uma posição confortável para mim, mas quanto mais procurava, mais torto eu ficava. Tentei dormir, mas como estava intimamente ligado à parede do ônibus, e para completar, estava na poltrona da roda, toda vez que encostava minha cabeça na janela, ou no próprio encosto, um solavanco levava o meu pobre crânio para a alavanca de emergência que ficava entre uma janela e outra. E quando eu achava que as coisas não podiam piorar, a mulher que estava sentada à minha frente abaixou o encosto da poltrona por completo, fazendo uma verdadeira cama para ela, de modo que os meus pobres joelhinhos foram avidamente massacrados durante a viagem toda.
Imaginem o alívio que meu deu quando o homem-morsa trocou de lugar com o filhinho dele. Ai, eu me senti livre, e pude relaxar por alguns instantes... Foi quando o safado voltou pro lugar... ME FUDI!
Pra vocês terem uma ideia, ele e a barriga dele ocuparam o encosto da poltrona dele e mais o encosto da minha, de modo que eu passei à viagem toda, curvado sobre mim mesmo para não ser esmagado, e tive de dormir com a cabeça no alto da poltrona da mulher, que nem se importou... E ai dela! Enfim, mais alívio ainda me dava nas paradas, que todo mundo descia e eu ficava para me esticar e estalar a coluna... Foi um pesadelo, um pesadelo que pensei jamais fosse terminar... Mas enfim estou aqui, na casa dos meus tios, e sinto que as coisas podem, sim, mudar a partir de agora... Pelo menos eu espero.
E como os viajantes costumam dizer, este trajeto Macapá – Laranjal do Jarí é uma verdadeira Odisséia, e não sabemos que tipos infernais de monstros mitológicos que podemos encontrar... Jamais imaginei deparar-me com Tifão, o pai dos monstros em pessoa...
Ah, é o que acontece quando se tem problemas cármicos...


Preparem-se para 2012.
Antonio Fernandes.
;3

Um comentário:

  1. Meu desafio nesta tarde chuvosa de domingo é visitar o maior número possível de amigos blogueiros que acompanham o Taxitramas e deixar um "olá". É muita gente, felizmente.
    Há braços!!

    ResponderExcluir

E então? O que achou?