Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

sábado, 30 de abril de 2011

A Terceira Experiência - The Ultimate Chase Suite

Descer ali no meio daquele calor e daquela poeira foi um desafio. Um desafio enorme para alguém que havia acabado de almoçar, tomado banho e passado perfume, deitado-se numa cama confortável no ventinho gelado do ar-condicionado, curtindo os momentos de paz escrevendo uma postagem para o blog. Tirei forças de algum lugar do âmago do meu ser, para adentrar naquele cenário de videoclipe de rapper. Homens. Homens para todos os lados. Sujos e suados. Gente que não voltou pra casa, que estava lá, esperando desde as quatro da manhã.


- Qualquer coisa me passa um Me Liga - disse a mamãe.


- Eu não tenho mais telefone da vivo, mãe, ele quebrou. - fiz.


- Então...
- Tudo bem, eu dou um jeito, ligo lá pra casa, sei lá - beijei ela no rosto e lentamente desci do carro, fechei a porta preguiçosamente e virei-me debaixo do sol quente para os rostos que me encaravam.


"Psiu", "Ei", "Fiufiu", foram as onomatopeias que eu mais ouvi, o dia inteiro, de todos os lados. Todos os olhares eram para mim, nunca me senti tão exposto em toda a minha vida... Bem, na verdade, já me senti pior, mas a situação no momento só me parecia mais desagradável porque eu estava com muito sono, dor de cabeça, o calor era de 40º celsius e eu estava completamente perdido no meio de um bando de homens (ênfase no homens, odeio homens) desconhecidos. E suados.


Eu demorei para entender como as coisas funcionavam por ali pela parte da tarde, para quem já havia entregue seus documentos no balcão. Primeiramente eu fiquei parado ao lado da porta de entrada enquanto era devorado pelos olhos de um bando de mal encarados, isso levou um tempo. Havia um grupo de garotos liderados por um rapaz usando a camiseta do flamengo que estavam pouco à minha frente na enorme fila dobra-quarteirão pela parte da manhã, eles marcavam presença ali pela parte da tarde também e pareciam ter estabelecido um tipo de relação sociável e amigável com aquela tia estressada que havia gritado com todo mundo - menos comigo - de modo que, ao contrário daqueles mais rebeldes e mal encarados, eles podiam perambular pela sala de espera interna reservada apenas àqueles que foram chamados pela ordem na listagem dos documentos registrados sem problema algum.


Aqueles que não haviam sido chamados para a sala de espera eram obrigados a aguardar do lado de fora, numa espécie de pátio, algo semelhante a um curral, uma área concretada e coberta, com alguns bancos e cadeiras espalhados por ela nos quais aqueles que tinham muita sorte, se sentavam.


Passei a entender como as coisas funcionavam quando o grupo de garotos liderado pelo rapaz da camiseta do flamengo passou correndo por mim exclamando "vamo, vamo! já vai, já vai!". E foi um verdadeiro estouro da boiada. Esse era o Alerta. Todos os outros rapazes espalhados nas redondezas do prédio da Junta Militar correram para o curral (aquilo que eu chamei no Chase Suite I de "A Área", não sei porque, mas aquilo ali tem cara de que era pra ser uma garagem, possui a abertura perfeita pra entrada de um carro e portões baixos que ficaram o dia inteiro abertos, naturalmente), e o galopar da multidão de rapazes fez levantar toda a poeira do chão. Quem visse a cena ao longe poderia jurar de pés juntos que aquilo se tratava de uma manada de búfalos ou cavalos fora de contexto!


Eu fiquei completamente sem reação e saí do meio para não ser pisoteado, segui o rabo da multidão e dei de encontro com uma espécie da almôndega humana concentrada ao redor de um único ponto. Quando o vento bateu contra aquele monte de corpos suados amontoados, recebi no meio da cara o odor forte do suor masculino, entrou como agulhas perfurando meu olfato, cutucou meu cérebro com força. Comecei a sentir tonturas a partir daí.


Eles estavam reunidos ao redor de um foco como espermatozoides tentando perfurar um óvulo, esperavam por algo, ansiavam por algo perdido no meio deles, levantavam os braços para o alto, gritavam e xingavam, recebiam de volta as respostas ásperas e armadas de uma voz feminina irritadiça. Era a tia. A tia baixinha, mas invocada, com cara de poucos amigos e que gritava com todo mundo (você também ficaria assim se tivesse de dedicar seu dia inteiro a um bando de marmanjos abusados!), ela tinha uma lista em mãos, e chamava pelos nomes de quem estava na ordem.


Quando ela chegava, os que estavam sentados nos bancos ficavam de pé, com os ombros e as cabeças acima da multidão, foi assim que eu avistei o Anderson. Na verdade, foi assim que ele me avistou, se ele não tivesse levantado a mão e chamado a minha atenção, eu nunca teria reparado nele, mesmo de pé naquele banco. Ele estava na companhia do Luan, outro garoto que também havia estudado no Atual, mas que não era do terceiro ano como nós, ano passado. Talvez vocês se lembrem das citações que fiz a respeito do Anderson nas postagens anteriores, principalmente aquelas que dizem respeito à criação dos primeiros momentos da Mitologia Canavar, ele teve alguma participação nela, pra falar a verdade.


A manada dispersou após os próximos candidatos à saída do purgatório serem chamados, percebendo que seus nomes não sairiam na listagem tão cedo. Foi o momento em que aproveitei para sair do sol e me meter em algum lugar onde não houvesse tanta gente assim, fui para um canto distante daquela simulação de pátio de presídio e me escorei no muro, fiquei ali por um tempo até ver o Anderson chamar a minha atenção outra vez, agora me chamando até ele. Sorte! Alguém para conversar e me fazer companhia! Alguém em quem eu confio e que conheço a bastante tempo!


Eu atravessei o que restara da multidão para chegar até ele, e recebi mais onomatopeias abusivas "que gatinha eim" exclamou um esquisitão encostado na parede, eu franzi o cenho para ele e levantei a sobrancelha direita, num misto de dúvida e desprezo ao mesmo tempo, caminhei até o Anderson e de frente para ele fiquei durante pelo menos umas duas chamadas de nomes selecionados até que o cara que estava sentado do lado dele resolveu se levantar e eu pude descansar minhas pernas que estavam latejando: a manhã inteira de pé pegando vento, sol e fumaça ouvindo funk e fofoca não é pra qualquer um!


O Anderson foi uma boa companhia, não saiu de perto de mim um minuto (na verdade, EU não saí de perto dele), de modo que não houve espaço para aquela gente esquisita tentar se aproximar e tirar mais gracinhas. Juntos conversamos de tudo um pouco, o que se fez das nossas vidas após o fim do Ensino Médio, como estamos lidando com isso, se estamos gostando dos nossos cursos, enfim, trivialidades da vida alhei e críticas ao sistema à parte, falamos do meu assunto favorito: misticismo, gnostismo e alienígenas. Nos prendemos as teorias sobre Deus durante quase uma hora inteira, e na terceira vez em que nós nos pusemos de pé no banco para ter um panorama mais amplo da chamada, pisoteei um garoto que estava sentado do meu lado, perguntei a ele se eu havia machucado e se ele estava bem, e ele disse que tudo bem, mas tenho certeza de que lá no fundo ele estava me xingando de tudo o que ele podia me xingar.


- Isso aqui é o purgatório, depois dessa, qualquer um sai daqui santificado, beatificado e com os pecados todos pagos - comentei aleatoriamente. O garoto que eu havia pisoteado concordou, e o amigo que estava sentado ao lado dele riu. Foi assim que comecei a socializar. E me senti muito à vontade para puxar conversa com aqueles dois, que pareciam ter o mesmo o porte e classe deste que vos fala (nem sou metido, né não?), estavam bem arrumadinhos e de cabelos penteados, conversavam baixo e estavam encolhidos naquele banco tentando não se aproximar muito daquele bando de neandertais.


Passei a tarde toda sentada naquele banco, levantado só para ficar de pé nele, ansiando pela hora de chamarem meu nome, conversando trivialidades e pertinências com meus novos amigos e curtindo aquele momento terrível. A pior parte era quando a manada de búfalos se reunia para a chamada daqueles que estavam na ordem da listagem: o odor de suor, saliva e chulé subia a níveis insuportáveis, axilas que estavam sem um banho higiênico desde as sete da manhã chegavam a um ponto de asfixia do meu ser. E quando a manada debandava, um ou dois aproveitavam para acender um cigarro e deixar o ambiente mais abafado ainda! Sorte que ventilava, mas tudo o que é bom tem seu lado ruim: o vento trazia o odor fétido de um banheiro podre fedendo a urina pura acumulada, e eu me abanava com mais força ainda! Não havia uma única nuvem no céu, o cenário era desolador e desesperador. Por volta das quatro da tarde, chamaram um dos meus novos amigos, e só ali descobri que seu nome era Iago, aquele que mais falava dos dois. Quando ele disse "Sou eu! Aqui!", com aquela voz típica de moços bem criados e delicados como eu, foi motivo de uma salma de onomatopeias rudes e grosseiras como "hmmmms" e "uis" e "ains". Aquelas coisas.


A sensação que eu tinha ali dentro era da união dos malacos do Muca, com os marginais do Perpétuo Socorro, os bandidos do Marabaixo II e os manos do Cuba de Asfalto. Enfim, a Convenção Universal dos Brutamontes Sujos e Sem Educação (nada contra quem mora nesses bairros, conheço gente de bem que vive em pelo menos dois dos citados). Eu me sentia em algum tipo de presídio onde, numa estranha realidade distópica eu havia cometido algum tipo de crime hediondo que resultou em prisão perpétua no meio daquela cambada de homens das cavernas. O modo como aquela gente era tratada ali naquele curral me fez lembrar das aulas de histórias a respeito do transporte dos negros através do Altlântico para serem comercializados nas Américas, UMA COISA TERRÍVEL E DESUMANA! Fomos tratados com animais, pra falar a verdade, e quando o Sargento veio de lá de dentro pra avisar que haviam muitos registros para serem catalogados e que aquilo só teria fim lá pra meia noite, a vontade que me deu foi de chorar, eu e o Anderson saímos de lá arrasados (sim, porque o meu amigo restante que se apresentou como Junior, desistiu assim que o Sargento disse que aqueles que assim preferissem, poderiam ir embora e voltar apenas na segunda feira, porém com a certeza de que os problemas não seriam resolvidos tão cedo: eles teriam de se apresentar no 34º BIS só em 2012!).


Eu quase chorei. Fui lá fora, tomei uma coca, peguei um vento e olhei para o horizonte, já pensava em desistir e prolongar mais essa tortura. Se eu viesse na segunda feira, teria de esperar um ano para me apresentar e acabar de uma vez com tudo isso. Se eu ficasse até meia noite ali, perderia o que me restava do dia (da noite, na verdade, já era próximo de seis horas) e detonaria com o meu psicológico e as minhas pernas! Aqueles que estavam sendo chamados naquele momento ainda eram os que entregaram os documentos no balcão às sete da manhã, e eu só havia entregado os meus às dez horas! Em resumo: eu estava perdido. É, eu ia desistir. Voltar na segunda feira. Desistir. Desistir. Desistir.


Eu estava me despedindo do Anderson quando a cambada de marmanjos com cara de marinheiros desabalou em carreira para o curral, era mais uma chamada de nomes. Todos entraram, menos eu. Fiquei lá fora olhando aquela massa de gente exclamando enquanto a funcionária torturada gritava por silêncio. Levantei meus olhos pro céu e pedi a Deus que aquela tortura acabasse, que eu pudesse ir para casa tomar um banho, chamei por Jesus do fundo do meu coração, como eu só chamava em dias de prova final ou recuperação, juntei as minhas mãos e as ergui para o céu dizendo "é a minha última tentativa Senhor! Me ajuda! Não me deixa passar por isso! Eu te peço!". E me entreguei à multidão.


Ela chamou o primeiro nome. Algum "da Silva". Ele gritou "até que enfim!" e pulou de cima do muro.


O segundo nome, bem, se realmente creem em milagres, acreditem se quiserem, o segundo nome... FOI O MEU!


Dei dois pulinhos e disse baixinho, com medo de virar chacota como aconteceu com Iago "Aqui! Aqui! SOU EU!". Os que estavam na minha frente viraram pra trás e gritaram "tá aqui! tá aqui", mas a mulher continuou chamando, achando que era mais uma gracinha do grupo.


- Antonio Pantoja Fernandes Junior? Cadê o Antonio? Quem é Antonio?! - eu tive de gritar.


E foi aquela coisa, vocês já podem imaginar.
Começou como um deboche em massa, e terminou com vários uivos, clamores e uma salva de palmas, eu nem entendi! Cruzei a multidão dando cotoveladas e pedindo licença de cabeça baixa. Dois me arremendaram e 3 pediram meu telefone ou meu MSN, saí do meio daquela manada vermelho feito um tomate, e lá dentro, na sala de espera, sentado no banco, enfrentei mais um deboche quando chamaram meu nome para a entrevista pela segunda vez, a checagem para averiguar a presenção de todos "Aqui! Sou eu!" eu disse. "Aqui! Aqui! Aqui!" alguém me arremendou.


- AH, VOCÊS GOSTAM DE ARREMENDAR OS OUTROS É?! QUERO VER VOCÊS FAZEREM ESSAS GRACINHAS NA CARA DO GENERAL! VÃO ARREMENDAR O SARGENTO QUE TÁ ALI DENTRO, VÃO! - gritou a tia. E eu estendi um sorriso de orelha a orelha! Por algum motivo ela havia me defendido daqueles idiotas, aquela que gritava com todo mundo e distribuía patadas nos marmanjos havia saído em minha defesa! Mas que lisonja eu senti naquela hora! Entrei na sala e percebi a situação: o interior de uma repartição pública qualquer, com funcinários sentados em cabines de frente para os seus computadores onde faziam registros e cadastros, era como abrir uma conta no banco ou tirar o título de eleitor: você dá seus dados, responde umas perguntinhas e sai de lá feliz e serelepe dando um grande NÃO à alienação do exército.


Ou, como diria nossa querida Björk:


"DECLARE IDEPENDENCE! DON'T LET THEM DO THAT TO YOU!" e foi isso que eu fiz. Eu disse um não bem grande quando a moça me perguntou se eu queria servir o exército.


- Tu moras na Caramuru né? - ela perguntou.


- Sim, moro - disse.


- És filho de uma professora? - tornou a perguntar, com os olhos na tela do computador. A aura dela me lembrava a aura familiar e materna que a tia Gláucia me passava. Me senti muito à vontade.


- Sim, sou sim! - respondi, feliz, vendo que ela estava sendo simpática e amigável.


- Eu sou nora da professora Cila! - se apresentou.


- Eu sou meio que... bem, ela é minha tia-avó! - de certo modo, sim, porque papai foi criado por ela.


- Olha só! E eu ainda pedi pra menina ver se tinha algum conhecido nosso lá fora, pra ver se agilizava mais esse negócio... - disse ela, ainda com os olhos no computador. - e teu pai, como é que tá?


Ela recolheu meus dados e informações, conversamos um pouco sobre as trivialidades da vida e então ela me passou para uma fila, onde eu receberia o carimbo e a data. A data da apresentação e juramento à bandeira. No final daquela fila, sentada em uma mesa, a mesma senhora que havia enxotado o excesso de marmanjos da porta dos fundos e sido gentil comigo me sugerindo ir para casa tomar um banho e almoçar enquanto acendia um cigarro estava fazendo seu serviço: carimbar. Ela me sorriu, simpática.


- Aceitou minha sugestão, foi? - ela perguntou.


- Sim, sim! Eu fui em casa. - sorri, aliviado por estar sendo tão bem tratado. A moça que havia me defendido lá fora entrou bufando e com um meio sorriso e sacudir de cabeça em desabafo, me cumprimentou, como quem diz "Esses moleques...". Eu sorri para ela e me sentei na cadeira de frente para a mesa da senhora.


- Esse dia acabou com a minha coluna! - exclamei, tentando me esticar.


- E agora tu imaginas a gente, que tá aqui desde seis da manhã! - riu ela. Tinha as mãos pequenas e delicadas apesar dos trejeitos. Havia uma garota muita entediada sentada ao lado dela.


- Mas não é?


Ela me carimbou e mandou que eu aguardasse do lado de fora da porta, onde a moça me devolveria o certificado de alistamento e a minha certidão de nascimento carimbado e marcado com a data em que eu deveria me apresentar.


- Antonio, quem é?


Me aproximei.


- Aqui, você escolhe uma data para se apresentar, entre agosto e setembro, entendeu? - fez ela, me mostrando onde havia sido marcado o dia da Independência. A minha independência.


- Entendi.


Saí de lá sob os olhares de todos.


Encontrei o Anderson lá fora e me despedi dele, expliquei que não era nada demais lá dentro, e desejei sorte para que ele fosse chamado logo, logo. Fui embora seguido por onomatopeias mais uma vez, sob a luz do crepúsculo, entrei no ônibus. Sujo, fedido, descabelado, mas de alma lavada. Havia pagado todos os meus pecados de 2010. "Depois dessa, nem preciso ir pro Círio, já to até quitado com a Virgem Maria" eu havia brincado com o Iago, mais cedo, à tarde.


Cheguei em casa e contei minha incrível desventura para mamãe e Iêda, e elas não sabiam se riam ou se choravam! Não aguentei. Tomei um banho, nem comi, enrolei uma toalha na cabeça, vesti uma cueca e uma blusa e me joguei debaixo das cobertas, de cabelo molhado mesmo, eu que detesto dormir de cabelo molhado. Mas o cansaço era tanto que eu não me importei com mais nada, só com o fato de que eu estava deitado entre as minhas cobertas, limpinho e cheiroso, a salvo de toda aquela gente asquerosa, daquele lugar sujo e fedido.


E eu refleti tudo o que me aconteceu naquele dia. Tudo.


No começo do dia, eu havia chiado de inveja após, grogue, ver o casamento real na televisão, me lamentando por contos de fadas serem reais... para pessoas ricas e bonitas. Cheguei até mesmo a dizer aqui, na Chase Suite anterior, que pessoas como eu não têm finais felizes.


Bom, tudo o que eu disse nesse dia inteiro não passou de merda quando tudo isso acabou, não significou nada quando eu finalmente percebi a verdade, e confesso que senti vergonha de ser tão ingrato.


Eu vivo sim, um conto de fadas diferente à cada dia. Porque contos de fadas são assim, o herói sofre a história inteira, para se dar bem no final e ainda tirar uma lição de moral. Essa é a base dos meus dias, essa é a base da minha vida. Nenhuma felicidade vem sem algum sofrimento ou alguma dor, muitas coisas são sacrificadas para que haja um sorriso e um suspiro de alívio.


E eu realmente me dei bem no final: todas as funcionárias foram amáveis e compreensivas comigo, chamei por Jesus e ele operou um milagre naquele momento. Foi algo inacreditável. Assim que eu desci meus olhos do céu, meu nome foi chamado! O nome de Deus é uma coisa poderosíssima <3 JESUS EU TE AMO S2


E tirei também uma lição de moral! Aprendi que não se pode deixar para depois o que se pode fazer hoje! Nunca mais deixo nenhum tipo de alistamento para última hora!


"E assim, o andróide Louie Mimieux, que decidiu ter vontade própria e não servir ao exército de robôs guerreiros de Metropolis escapou do Galpão de Armas, por onde todos os andróides devem passar antes de receberem a dispensa final... Por enquanto ele está à salvo do terrível governo autoritário de Metropolis... Mas só por enquanto..."


Continua em Setembro! Mas por enquanto...




FIM

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A Segunda Experiência - Chase Suite II of III

Primeiro foi o desespero, o pavor em me imaginar naquela fila enorme desde as onze da noite, e depois as exclamações de indignação e de recusa. Eu me recusei a passar por tamanha humilhação! Mas nem pensar! Eu, Louie Mimieux (no caso, Antonio Fernandes, mas tanto faz), virar a madrugada numa fila esperando pra ser atendido como numa fila de hospital público? Mas nem pensar!

E então foi tudo desmentido: o neto da amiga da minha mãe (e também tia que faz o meu cabelo com toda a paciência do mundo) havia mentido para passar a madrugada fora, afirmando que "a fila pro alistamento no exército já tá dobrando a esquina do quarteirão!" e isso em plenas onze da noite! Mamãe, a meu pedido, foi verificar se havia alguém na frente da repartição pública a esta hora, e voltou de lá confirmando a mentirada: está deserto. Nenhuma alma viva ou morta.

Por um minuto quase morri, me imaginando em tal situação tão imprópria para mim, alguém tão fino e cheio de classe (pra não dizer metido ou boçal). Porém, fui dormir com a certeza de que iria enfrentar uma fila enorme na manhã seguinte. Mas não fazia ideia do quão enorme era:

No final das contas, às oito da manhã, a fila estava virando a esquina, quase dando a volta completa no quarteirão! Eu não sabia se ria ou se chorava.

Meu cabelo (que ainda está NAQUELA situação que só será resolvida sábado) estava todo assaranhado, minha maquiagem toda borrada, havia restos de esmalte nas minhas unhas e minha cara, completamente amassada pela noite mal dormida ao som de Janelle Monáe e seu ArchAndroid. O alter-ego robótico da artista, Cindi Mayweather, ainda dançava e cantava na minha cabeça enquanto fugia do governo de Metropolis, onde os organismos cibernéticos são proibidos de desenvolver qualquer tipo de sentimento humano, principalmente o amor. E foi o que aconteceu à Cindi: ela aprendeu a amar, e por isso passou a ser perseguida pelo governo que quer desativá-la! A história é cantada nos álbuns de Janelle, escrita nos encartes dos CDs e interpretada no palco, inspirada no filme distópico alemão "Metropolis" de 1927 dirigido por Fritz Lang. Uma coisa louca, um album que mistura elementos do eletro, do soul, do R&B, do Jazz e do legendário rock de Elvis Presley. Uma salada que deu muito certo.

Dobrei a barra das calças, amarrei o cabelo pra trás e dei a cara à tapa. Passei então a manhã inteira pegando sol, poeira e fumaça na cara, suei e passei frio, mas por sorte ninguém mexeu comigo, as pessoas finalmente aprenderam a ignorar minha existência, principalmente quando eu estou feio, o que era o caso, o que foi muito conveniente para mim. E vamo combinar, nunca vi tanta bicha reunida na minha vida, depois reclamam que eu sou afeminado demais, mas aquelas bee's que marcaram presença na fila do alistamento eram um estouro de gazelas coloridas, eu ficava com o ouvido atento à conversa delas o tempo inteiro, e morria de rir internamente com as pérolas que elas soltavam.

- A Cupim foi morar pra São Paulo, mana! - disse a mais magra.

- Porque Cupim? - perguntou a mais gorda.

- Porque ela gosta de roer pau, ora essa! - respondeu.

E as duas gargalharam. Meu estômago deu uma cambalhota! Então havia aprendido um novo apelido e um motivo para colocar ele em alguém desagradável que não se dá ao respeito... É vivendo que se aprende! Outra coisa que elas comentaram que fez meus rins baterem palmas foi "nenhuma gay de macapá vai servir o exército, só os soldados!". Hm, isso explica muita coisa!

O neto da amiga da minha mãe também estava lá, ora pois, na companhia de um amigo, provavelmente com quem ele passara sua suspeitíssima noite, e quando a dupla atravessou a rua, as duas que estavam fofocando atrás de mim soltaram hordas de comentários maldosos a respeito do duo. É nessas horas que agradeço por ser totalmente esquisito, geek e antissocial, isso evita que meu nome caia na boca de gente desse nível.

E então mais lá pra frente, já perto da porta de entrada da 045ª Junta Militar do Estado Amapá, eu o vi, e fiquei cara a cara com ele... ele... o rosto daquele ser humano jamais vai sair da minha cabeça, não enquanto eu viver! Era um rapaz, de rosto jovem, comum, quem o visse por foto não veria nada demais em sua aparência, tinha uma beleza simples e jovial... O comum acaba aqui!

Senhoras e Senhores, eu lhes apresento: O GAROTO MAIS ALTO QUE EU.

Detalhe: eu tenho aproximadamente 1,93 de altura. E perto dele eu me senti uma criança de novo! Ele tinha cara de quem está na faixa etária de uns 14 anos, mas lá estava ele, e tinha talvez dois ou três dedos a mais de comprimento do que eu! EU ME SENTI TÃO NORMAL, ME SENTI TÃO BEM, TÃO SEGURO, TÃO PROTEGIDO PERTO DAQUELA CRIATURA! Queria que ele fosse meu amigo ou coisa parecida, aí então eu dividiria os olhares de espanto que eu recebo quando entro em algum lugar público ou onde haja pessoas, de todo modo. Ele parecia ser uma pessoa legal, mas eu não troquei nenhuma palavra com ele, coisa da qual me arrependo profundamente. Eu encontro alguém mais alto que eu fico calado, mudo que nem uma estátua. É, eu sou foda.

E aí o rapaz que estava na minha frente (bem mais baixo que O Garoto Mais Alto Que Eu) entregou a documentação para a mulher que estava na porta, e ela deu uns ralhos com ele por causa dos óculos escuros e da ausência do comprovante de residência.

- Cadê teu comprovante de residência?! - ladrou a mulher, estressada.

- Não tem... - grunhiu o menino, pra dentro, como uma mula pastando.

- TIRA ESSE ÓCULOS DA CARA RAPAZ, FALA DIREITO COMIGO! - o menino pegou um susto e retirou os óculos, foi empurrado pra dentro acompanhado de muitas exclamações - DEIXA TEUS DOCUMENTOS LÁ E VAI ATRÁS DESSE COMPROVANTE AGORA! ORA PORRA, DESFILE DE MODA É LÁ FORA!

Quando chegou a minha vez, pensei que fosse tomar uns ralhos também. Mas não, ela apenas fez a mesma cara feia que sempre fazia quando pegava os papéis de qualquer um e me disse:

- Te mete naquela fila ali e entrega os documentos assim! - ela virou minha foto 3x4 de costas e prendeu com um clipe. Será que eu sou tão feio assim?!

E foi o que eu fiz, rapidamente entrei e me meti naquela fila, entreguei meus documentos para uma velha senhora que os pegou e me indicou o caminho para o que deveria ser uma sala de espera, mas era na verdade o quintal da Junta Militar, o que eles chamam de "A Área". "Você aguarde lá na área!" disse a senhora pra mim. E foi o que eu fiz.

Pra falar a verdade, eu estava com um mal estar terrível, meu peito estava doendo, meus ombros doíam quando eu respirava e me faltava ar. Consequência da meia hora embaixo do sol quente de nove horas da manhã.

Não deu muito tempo e outra tia surgiu de dentro da repartição, agora esbravejando contra alguns rapazes que se acumulavam no pátio aos montes. "vão! vão esperar pra lá! vão dar uma volta! vão passear, sei lá! vocês que entregaram os documentos agora só vão ser atendidos lá pras duas da tarde!". Ela gritou com uns e outros que a questionaram e expulsou uns dois ou três com empurrões, enxotou os mais fracos como se enxota galinhas, pegou um cigarro e voltou-se pra mim (eu havia me sentado numa caixa de gordura ou algo parecido, não sei, mas era de concreto e estava sujo de terra).

- Não adianta nada né? - falou ela para mim, meio que desabafando - se amontoar aqui e ficar esperando! Tem gente que chegou 4 da manhã sendo atendido ainda, vocês só a partir das duas da tarde! - comigo ela foi bem simpática e até legalzinha, acho que ela foi com a minha cara, acendeu o cigarro e eu lhe disse:

- Vou pra casa tomar um banho e voltar, é o que mais convém agora!

- Isso, isso mesmo - assentiu ela, tinha cara e voz de quem gostava de uma boa prosa - vão pra casa de vocês, almocem e voltem!

E eu saí de lá, tomei uma água na padaria e fiquei procurando pelo Garoto Mais Alto Que Eu, afinal de contas ele é um ícone raríssimo! Então eu peguei o ônibus e vim para a casa, e cá estou, esperando dar a hora de tomar banho e voltar para aquele lugar. Nem vou poder ir pra faculdade hoje, isso é mau, adoro aula de História da Arte, e aquele professor é super bacana.

Enquanto eu vinha no ônibus, me imaginei como um androide, me imaginei no lugar de Cindi Mayweather, contextualizei sua fuga fora da lei na minha situação atual:

Eu, um androide que desenvolveu vontade própria e não deseja servir às tropas de defesa da cidade de Metropolis, ou sequer se alistar, mas precisa fazer isso para ganhar a sua carteirinha de dispensa...

No final das contas eu transformo tudo em um Conto de Fadas... Falando em Conto de Fadas, quando saí de casa pela manhã, a futura rainha da Inglaterra estava se casando com o príncipe William... Essa moça, Kate Middleton, é a prova de que histórias de amor e Contos de Fadas acontecem mesmo... Para pessoas ricas e bonitas. Gente como eu nunca tem um final feliz...

Enquanto Kate Middleton se torna princesa, eu continuo a eterna, suja e descabelada gata borralheira, com seu blog que quase ninguém lê.

É, é a vida.



Continua...



terça-feira, 26 de abril de 2011

Hey, Crazy People!



Após alguns dias sem postar (sentiram minha falta? hehe #NOT), resolvi dar as caras por aqui outra vez e explicar algumas coisinhas pra não deixar ninguém boiando.

Primeiro, gostaria de agradecer os comentários que tenho recebido (em postagens antigas, mas não deixam de ser comentários), e fiquei pasmo com o sucesso que o post sobre a Jessie J anda fazendo, ganhei uma seguidora nova por causa dele e já estou pensando em falar mais sobre cantores novos. Quem sabe assim eu não ganhe mais seguidores e mais destaque?

Na verdade, gostaria mesmo era que as pessoas comentassem as minhas histórias...

Bom, outro detalhe que já foi bem explicado detalhadamente no post anterior sobre a Páscoa e o aniversário do blog (mas que vale a pena ressaltar), é a página oculta no blog que guarda um tesouro. É só procurar, então tratem de fuçar isso aqui.

Este aqui também não é só mais um dos meus avulsos editorais, é também a confirmação de Draconius "Nefastus 2 - Octopus" como a futura crônica oficial que será publicada após o término de Yellow (o próximo capítulo é o capítulo final). Por incrível que pareça, ao contrário do que foi feito com as outras crônicas publicadas aqui anteriormente, não há absolutamente nada escrito sobre a segunda aventura do Apocalipse Club Steampunk, de modo que a publicação será toda feita em tempo real: escrevi, publiquei, o que indica futuros (e enormes) hiatos entre as postagens. Mas não vão achando que sou preguiçoso! Na verdade, o blog era assim antes, logo no começo, todo feito em tempo real, só estou voltando às raízes.

Pretendo também oficializar a última superprodução cronológico-literária cyberpunk deste blog: REBOOT, que virá após o fechamento de Draconius Nefastus 2, e que terá seu enredo desenvolvido há mil anos no futuro, no mesmo universo em que The Big Machine 2 aconteceu! É esperar pra ver!


XXO


L.M.

sábado, 23 de abril de 2011

Ovos de Páscoa

Olá, pessoal! E feliz páscoa! Chegou a época de comemorar a ressurreição de Cristo e louvar ao Nosso Senhor, pedir a Deus paz no coração dos homens e redenção dos pecados cometidos pela humanidade... Mas também é época de comer um chocolatinho básico e se divertir um pouco, com um feriadão desse todo pela frente, é de extrema importância que descansemos nossas mentes e nos preparemos para a longa semana que vem por aí! E lembrem-se que ainda temos um ano inteiro pela frente!

Bom, pessoal, o que vocês entendem por Ovos de Páscoa?

Todo mundo conhece o chocolate em formato de ovo que sempre vem com uma surpresa dentro. Agora, o que você sabe sobre Ovos de Páscoa na linguagem da internet? Bem, Easteregg é um termo americano criado nos sites e fóruns avulsos da Grande Nuvem que quer dizer, basicamente, uma surpresa. Um link oculto numa página da internet, um bônus, uma surpresa! E isso não se restringe só a páginas da internet, há Eastereggs em DVDs, CDs, videoclipes, filmes e mais um universo de coisas. Acho que poucos aqui não sabem que Easteregg é Ovo de Páscoa em inglês (easter = páscoa, egg = ovo).

Onde quero chegar com isso? Bom, agora, vamos ao que interessa! Eu passei o dia inteiro em frente a tela deste notebook (e tomei um susto daqueles: ele esquentou feito uma frigideira, gritou e apagou! Pensei que tivesse queimado e meti na frente do aparelho de ar-condicionado! Por milagre divino, ele continua intacto, e o exaustor dele girando perfeitamente!), acabei produzindo o Conto de Fadas do SÉCULO! É uma história linda que envolve magia, romance e aventura. Gire a barra de rolagem na lateral e vá até o pé da página, passe pelos dois avisos e encontre o banner gigante com os olhos na Via-Láctea com os dizeres "Página Secreta", clique em cima e emocione-se com o Easteregg do Especial de Aniversário de 3 anos de The Fatcat House! (o aniversário do blog é dia 9 de Abril, mas como a primeira postagem foi numa Sexta Feira da Paixão, o certo seria comemorar nesse dia tão especial!)

Segue abaixo, as faixas do EP da trilha sonora do nosso Ovo de Páscoa:


01 - Fuzzy Blue Lights - Owl City

02 - Lights - Ellie Goulding

03 - Aurora (Music Box Version) - Björk

04 - The Light - Jonna Lee

05 - Pagan Poetry (Music Box Version) - Björk

05 - All Is Full Of Love - Björk

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Em Breve...


AGUARDEM!


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Capítulo XII - Lilith, O Sanguinário

Amélia observou à cena estarrecida. Já sem voz – o resultado de tantos gritos – ela gemia roufenha enquanto a serpente negra ultrapassava o corpo do irmão como um turbilhão. Amarrada, ela ainda insistia nessa luta perdida contra as suas cordas nos braços e nas pernas, procurou ajuda no grande pássaro que se ferira profundamente por causa do choque contra o vidro da claraboia. Porém, ao girar sua cabeça dificultosamente para o lado, percebeu que no lugar do grande corpo coberto por penas macias num tom amadeirado de seu companheiro de viagem agora havia o corpo pálido de uma mulher de cabelos curtos e escuros.

- MAMÃE! – ela ainda teve forças nas cordas vocais ferradas para gritar por sua mãe, tentando acordá-la. A mulher estava desmaiada numa poça feita de sangue e penas de um pássaro, mas os cortes profundos eram em suas pernas e peito, talvez ela nem estivesse mais viva. Tinha o rosto tão calmo e pacífico, tão tranquilo, como se estivesse descansando após uma missão cumprida com muito orgulho, e isso desesperou Amélia ainda mais, ela se debateu feito um peixe na rede, gritando pela mãe enquanto chorava. Houve um momento em que a única coisa que se podia ouvir naquele lugar eram os gritos de Amélia. O som dos tambores e das harpas havia parado, os monges dervixes estavam espalhados pelo salão, todos desmaiados, gastaram todos os seus poderes mágicos atraindo a lua para perto do topo da montanha. Agora o astro, já em sua cor normal, reluzia alto no céu, distante de onde antes estivera.

A serpente negra, após atravessar o corpo de Frederico, penetrou no olho incrustrado na mão espalmada pintada no chão e simplesmente desapareceu após aquilo. Todos no salão estavam desmaiados, e os que não o estavam, faziam um silêncio profundo, aguardando. Enquanto isso, nas profundezas do palácio, uma tumba úmida que ocultava aquele velho sarcófago de granito vermelho por muitas eras finalmente sentia o poder entrar em atividade, agitando os átomos do lugar e fazendo vibrar o ar. A serpente desceu o fosso oculto pelo olho incrustrado e caiu leve mais uma vez, agora contra o chão daquela câmara secreta no ventre da montanha, podendo contemplar tudo aquilo que deixara para trás antes de partir.

Uma arte alienígena adornava todo o lugar, esculpida em sulcos nas paredes e em blocos de granito ocupando posições estratégicas ali dentro daquele lugar lúgubre. Porém, de todos aqueles estranhos símbolos em uma escrita antiga irreconhecível e indecifrável, o que mais chamava atenção era o enorme emblema escavado no chão. Como os círculos nas plantações de milho, aquele símbolo gigantesco que ocupava 80% da câmara desde o centro era composto de dois círculos, um menor dentro de um maior, entrecortados e unidos por um triângulo invertido possuindo três esferas em seus três extremos. No centro do triângulo, o enorme sarcófago jazia, com o mesmo símbolo milenar da mão espalmada com o olho no centro em alto relevo desenhado na tampa.

A serpente arrastou-se até aquele baú transcendental, esticando sua língua bifurcada e silvando para o símbolo incrustrado em ouro ali. Aquilo era mais do que um símbolo de boa sorte para a cultura árabe, era muito mais do que o “figree hamsa” dos habitantes dos desertos, aquele era o portal, o portal da serpente negra para o seu mundo, o portal por onde ela deve passar para alcançar seu corpo físico. Mais uma vez, o enorme vulto longo mergulhou contra o olho no centro da palma, atravessando-o para dentro do caixão de pedra, para dentro do baú de granito, para dentro do recipiente que guardava o seu corpo durante todas essas eras. E a sua passagem completa causou um grande tremor de terra que sacudiu a montanha e arrancou grandes pedaços de pedra de seu corpo.

A tampa do sarcófago rachou de cima abaixo, e as duas abas de granito que juntas pesavam quase uma tonelada foram lançadas para cima como meros pedaços de isopor, se esfacelando contra as paredes da câmara com um estrondo ensurdecedor de trovão, de pedra se partindo. Uma estranha voz esgueirou-se para fora da escuridão que ainda era total dentro do caixão de pedra. Uma voz que de tão antiga se tornou inaudível aos ouvidos humanos: apenas os animais e alguns aparelhos eletrônicos poderiam captá-la, mas os ouvidos daqueles que possuem o sangue do dono da voz podem escutá-la como um eco em sua mente, como se o próprio ar falasse quando a língua milenar articulasse as palavras.

- Vivo! Enfim! – longas garras douradas brotaram da escuridão do sarcófago aberto, e acompanhando-as, vieram as grandes mãos de dedos longos e brancos, seguindo-se dos braços, que se apoiaram nas bordas do caixão e trouxeram para fora o corpo empoeirado da criatura mais antiga que já existiu. Aquele que não possui um começo nem um fim, aquele que está na história desde antes de ela começar a ser escrita, aquele cujos olhos nunca foram vistos por ser humano vivente para descrevê-los, aquele que possui o longo manto branco onde os astros dançam, e os cabelos escuros como uma noite sem luar. Lilith, O Sanguinário.

•••


Ousama permaneceu parado, no mesmo lugar em que estivera o tempo todo. Nu, em sua forma humana, cópia idêntica de Frederico, de pé, olhando fixamente para frente, para o vazio. Um olhar anfíbio, o olhar sem sentimentos ou emoções, o olhar de uma criatura rastejante dos brejos lamacentos. A visão de seu estrabismo dava a falsa impressão de que ele estava distraído, perdido em pensamentos, absorto dentro de si mesmo, mas ele era um predador por natureza, estava atento a cada pequeno movimento naquele salão e abaixo dele. E seu peito retumbou ao ouvir o rachar e o explodir da tumba de mármore na câmara secreta, quase um quilômetro abaixo dele, no ventre da montanha. Lilith despertara, enfim! Lágrimas escorreram dos seus olhos dourados como dois faróis iluminando uma noite escura. Se não houvesse a luz das estrelas e da grande lua, agora alva, seus olhos seriam o único foco de iluminação daquele lugar. Dois grandes astros macabros tão distraídos e ao mesmo tempo tão atentos.


- Ele está vivo... – balbuciou o sapo-homem, limpando as lágrimas que escorriam pelo seu rosto, usando os dedos para aparar gota por gota daquele líquido salgado, levando-o à boca para sentir seu gosto agudo. – Mas o que é isso? – ele se referia ao seu pranto. – o que? Eu estou chorando? Eu estou em prantos? – isso o fazia chorar mais ainda, com um enorme sorriso de orelha a orelha, seria uma cena emocionante se uma energia macabra não emanasse de seu corpo falso e tomasse conta do lugar como uma nuvem negra de ambição por poder.

Amélia havia desistido de gritar pela mãe. Ao invés disso, havia se limitado a abaixar a cabeça na poça de sangue e apenas chorar, enquanto os lábios daquela jovem senhora iam se tornando roxos e as suas pálpebras cada vez mais brancas e fundas, um rosto tão cheio de brilho que ia perdendo a vida. De todas as coisas que ela presenciara naqueles últimos e terríveis dias, aquela era a pior e mais perturbadora de todas. Sua mãe havia se tornado um pássaro para salvar sua vida, e ela se sacrificara pelos filhos daquela maneira estranha e sem explicação lógica alguma. Porque ela foi parar ali? Como ela se transformara naquilo? O que havia ocorrido afinal? Tantas eram as perguntas e poucas eram as respostas, Amélia se limitava a arrastar-se em meio a sangue e penas para perto do corpo já gelado de sua mãe. O frio naquele lugar agora era intenso, como no interior de um grande frigorífico, a respiração de cada ser vivo formava nuvens brancas expelidas como fumaça pelas bocas de homens e demônios, como locomotivas a todo vapor.

- Venha – a voz chamou. Uma voz que vinha de dentro, mas que estava em todo lugar, como uma grande consciência voadora, pairando no local. Não foi só Amélia quem ouvira o chamado, Ousama também ouvira, e ficara esperto, levantara a cabeça procurando, esperando. – Venha até mim. – aquele chamado não era para Amélia, ou muito menos para o demônio-sapo, aquela voz chamava por Frederico – Acorde e venha até mim.

O olho na palma gigante pintada no chão rachou ao meio, despedaçando-se. Seus pedaços desceram o fosso esbarrando nas paredes com estardalhaço. Frederico, que estivera desmaiado até então, dava sinais de vida, procurava se apoiar nos cotovelos, nos joelhos, impulsionando-se para cima, tentava se levantar, mesmo que zonzo. Precisava atender àquele chamado, não sabia o porquê, mas sua vida dependia daquilo, e mesmo que o matasse, ele iria até o fim. Mas para a surpresa de Amélia, Ousama saiu de seu estado de letargia, correu até Frederico e o chutou, pressionou sua cabeça com força no chão e cuspiu nele.

- Ele não está chamando por você! Ele quer a mim! Só a mim! – sibilou o demônio, e empurrou o corpo de Fred para o lado. – Estou indo, pai. – fez ele, caminhando até o fosso aberto na palma da mão, lançando-se na escuridão profunda logo em seguida. O que aconteceu a seguir, nem Amélia e nem Frederico presenciaram, mas foi crucial para que aquele pesadelo tivesse seu merecido e tão aguardado fim.

•••

Ousama desceu o fosso com leveza e graça, pousou na profunda escuridão com a sutileza de um gato, seus olhos eram dois faróis nas trevas. Sua chegada foi recepcionada pelo acender repentino das piras que há anos não queimavam no alto das oito colunas gregas que circundavam o grande símbolo escavado no chão, no centro do qual o sarcófago estivera durante tanto tempo.

- Não foi por você que chamei, Ousama – o sorriso no rosto demoníaco do falso Frederico desfez-se imediatamente ao som daquelas palavras, pronunciada pela misteriosa voz vinda do além, ecoando pela paredes, subindo do chão, descendo do céu, rastejando dos lados.

- Mas, pai... – fez o demônio, choroso.

- Você tenta me enganar, Ousama, você tenta me fazer de bobo. – aqueles sons não pareciam pronunciados por uma só voz, mas sim por várias, era como se o canto das estrelas estivesse se sintetizando em fonemas.

- Eu jamais...

- Calado, Ousama. Sou seu pai e seu criador, a mim você deve respeito e obediência!

- Onde você está?! Onde?! – Ousama caminhou até a tumba aberta, tateou no escuro do sarcófago, não encontrou nada além de poeira. Olhou para os lados, girou a cabeça ao redor, deparando-se com a tampa de quase uma tonelada completamente destruída, partida em duas, separadas ao meio em lados opostos da câmara circular.

- Estou aqui, meu filho. – primeiro veio o toque gelado das mãos milenares em sua cintura, e quando elas se fecharam ao redor de seu corpo, Ousama sentiu o espetar de dez pontiagudas garras que cintilavam à luz da chama das piras que ardiam na escuridão. Aquelas mãos, aquelas mesmas mãos que juntas o criaram. Aquelas mãos que entraram em atrito, expulsando a pele morta, e da pele morta a existência fez-se consciente. Assim Ousama surgira. Aquelas mãos, aquelas mãos de dedos longos e de toque macio, percorrendo seu corpo, puxando-o para perto de seu dono, as longas garras douradas fazendo caminho, causando arrepios. A carícia de um leão. – meu filho...

- Eu te esperei por tanto tempo – ofegou Ousama, levantando a cabeça para cima enquanto seu criador beijava sua nuca. – queria tanto ver o seu rosto outra vez!

- Agora estou aqui, meu filho, agora estou aqui com você. – hálitos e toques.
Ousama forçou virar-se, para ficar frente a frente com aquele por quem ele tanto havia esperado, mas as garras douradas foram mais fortes e o mantiveram firme e fixo em sua posição, naquele abraço de serpente, mortal e enroscado.

- Porque não me deixa ver o seu rosto, meu pai?

- Porque eu não sou idiota e muito menos ingênuo, como você pensa – a voz aumentou algumas oitavas, era mais do que um sussurrar, era um canto tão distante e ao mesmo tempo tão próximo. – eu vivi muitos anos, grande parte deles foram pagos vagando pelo espaço sideral, pelo eterno vácuo, e nele eu meditei, e muitas coisas me foram reveladas; a sua existência me foi revelada, e a sua ambição também, o seu desejo por poder, o seu desejo pela humanidade.

- Eu consegui! – riu ele, ainda com a cabeça erguida, apoiada no ombro da criatura extremamente alta que o abraçava por trás. – eu bebi o sangue da oferenda, pai, e agora sou humano!

- Não, Ousama, você não é humano. Você é um demônio. Você é a cópia mal feita de um homem, algo que anseia por uma forma fixa, mas que nunca passará de um nada...

- Não me diga palavras tão cruéis... – ele ofegava cada vez mais.

- Lhe digo, e lhe digo mais. – fez-se silêncio, e o prazer tornou-se uma dor profunda que dividiu-se em dez por dez pontos diferentes de seu corpo. As garras douradas o perfuravam. – você jamais passou da ampulheta que conferiu os dias para o meu retorno!

As dores o rasgaram de dentro para fora, as garras abriram caminhos profundos em sua carne e agora estavam cobertas de sangue.

- Jamais tente enganar a um deus, Ousama! Demônio-sapo! – a canção das estrelas tornou-se um grito, o guincho de uma enorme baleia azul. Lilith puxou da mão direita de sua criação a adaga que ele estivera ocultando, a adaga que ele usaria para matá-lo e coroar-se então rei dos monstros.

Da mesma maneira que ele tornou-se humano, assim ele tornou-se sapo outra vez, em meio a fluidos e chiados, seu corpo inchou e explodiu em gosma e muco que uniram-se a moldaram-se no que ele fora antes de beber o suco vermelho que corria nas veias de Frederico. Seu grito de ódio e revolta sacudiu a montanha e fez rachar as paredes da cripta, ele voltou-se de frente para o vulto que havia o seduzido e o apunhalado pelas costas, da mesma forma como ele havia planejado fazê-lo. O feitiço havia virado contra o feiticeiro.

- Acha que tenho medo do seu tamanho? – riu a voz. – já enfrentei coisas muito maiores que você!

A criatura pôs-se de quatro e rastejou pelas paredes da cripta na velocidade de uma aranha enquanto a língua voraz de Ousama chicoteava tudo ao redor, procurando pelo alvo para torcê-lo e matá-lo com sua força sobrenatural. Lilith alcançou imediatamente a saída do fosso, por onde havia descido na forma de uma grande serpente negra, e escalou suas paredes com habilidade e destreza. Ousama furioso destruía tudo lá embaixo, as piras viraram e atearam fogo ao chão com a destruição de seus pedestais, e em poucos segundos a cripta estava ardendo em chamas. Foi só aí então que ele percebeu a fuga de seu alvo, e iniciou sua cansativa escalada das paredes do fosso, usando toda a força de suas pernas anfíbias musculosas para saltar grandes distâncias acima, aproximando-se cada vez mais de Lilith, O Sanguinário. Aquele que o havia criado e que o havia traído, mas a quem ele havia intenção de trair.

Ao alcançar a superfície, Lilith flutuou de braços abertos, e seu manto branco ondulou como um tecido embaixo d’água. Do mesmo modo, seus cabelos espalharam-se em mechas ondulantes ao redor de seu rosto, seu corpo brilhou como uma estrela. Ele estava alimentando-se da luz da lua para reluzir, e isso quase cegou àqueles que ainda estavam acordados e aos que estavam acordando do desmaio após o culto demoníaco que o trouxera a este mundo. Abaixo de seus pés, Ousama surgiu logo em seguida, pintando um mural digno das paredes de um templo católico. Enquanto o santo flutuava de braços abertos em graça divina, o demônio asqueroso e verruguento arrastava-se para fora do inferno abaixo de seus pés.

- Chegou sua hora... – cantou a voz, e ela soava como um coral de cetáceos e aves do paraíso. – Ousama!

O sapo esticou sua língua, tentando alcançar seu criador, e coaxou uma última vez, antes de explodir em milhares de gordurosos e oleosos pedaços de carne rica em muco, que se espalharam por todo o salão e evaporaram com o som de ovos numa frigideira. Ousama estava morto. Morto pelas mãos de Lilith, O Sanguinário.



terça-feira, 19 de abril de 2011

Mimieux Entrevista Vol. 2 - O Outro Antonio



Fuçando-se a internet e adicionando pessoas nas redes sociais, encontra-se de um todo, coincidências raramente acontecem, porque agora temos o poder de selecionar pessoas que compartilhem os mesmos gostos e as mesmas opiniões para fazerem parte da nossa página de amigos. Porém, há controvérsias: coincidência acontece na internet também. Ou melhor, como a saudosa Yuuko-san diria, "não existem coincidências, apenas hitsuzen, o inevitável", e acho que o inevitável me levou direto para um cara com o mesmo nome, os mesmos gostos e praticamente a mesma personalidade que a minha! Ambos levamos Antonio no nome, e terminamos com Junior, ambos gostamos de música, de moda, de fotos, de animes, temos praticamente o mesmo penteado e as mesmas opiniões a respeito das coisas que nos rodeiam. Para provar ao mundo que as histórias de Ai Yazawa podem acontecer na vida real! Com vocês, o outro Antonio!



Louie Mimieux diz

quero te entrevistar ;(((

seu chato ;(((

Juuh FOX . diz

salut mon cher *-*

mas eu nao tenho nada a oferecer

09AUS9AU0SU0AS'

Louie Mimieux diz

TEM SIM, eu sinto no meu coração que você é uma pessoa profunda cheia de coisas para dividir conosco

agora vá em frente e me diga

quem é Juuh Fox? Qual seu verdadeiro nome, seus gostos, seus hobbies?

Juuh FOX . diz

bom vamos em frente então

rs'

Meu verdadeiro nome é Dourival Antonio Passarelli Junior, decendente de portugueses com italianos, e Juuh Fox surgiu no acaso, e ta até hoje na pista pra negócio! 09AUS9AUS0UA0SUA'

Eu amo musica, moda, desfiles, fotos, flores, essas coisinhas *-*

meu hobbie favorito, é fotografar, e criar roupas rs'

qual a próxima questão? P

Louie Mimieux diz

AHÁ! eu sabia que você era uma pessoa interessantíssima! Temos até um pouco em comum! está vendo? estamos progredindo! Tem alguma pretensão de se tornar um "fashion designer"?

Juuh FOX . diz

sim, somos Antonios õ/

8AUS8AUS'

Louie Mimieux diz

SOMOS ANTONIOS! e gostamos de moda, fotos e música!



Juuh FOX . diz

bom, eu sou uma pessoa muito impulsiva, de extremos, então, se um dia eu disser que vou cursar moda, e levar minha grife até a SPFW, então tenha certeza que eu vou lutar, até conseguir isso

Louie Mimieux diz

Determinação é seu sobrenome, então?!

Juuh FOX . diz

Podemos dizer que sim ^^

Louie Mimieux diz

atualmente, faz o que da vida?

Juuh FOX . diz

atualmente, trabalho no período da madrugada em uma empresa de distribuição de jornais, estudo para o vestibular, e estudo francês e inglês.

Louie Mimieux diz

um moço trabalhador e estudioso então!

Juuh FOX . diz

é o mínimo que podemos esperar de uma pessoa não é mesmo? UHASUHAUSA'

Louie Mimieux diz

pura verdade! mas conte um pouco sobre a sua vida, seus projetos futuros!

Juuh FOX . diz

minha vida ja foi mais conturbada por conta de problemas de saúde, mas hoje ela é até que bem sossegada, apesar de 24 horas ser pouco para mim, como geminiano, faço tudo ao mesmo tempo UHASUHAUSH'

como projetos futuros eu estarei lançando a Diamonds Clothing, uma linha de camisetas que ao meu ver são todas lindas, e todas tem a ver com a gente, principalmente a edição Mimieux. *-*

Louie Mimieux diz

a edição Mimieux será uma edição especial luxuosa toda trabalhada no glamour inspirada naquele que vos fala! haha'

a Diamonds Clothing está tendo apoio de alguém? Ou o dinheiro está vindo do seu bolso mesmo?

Juuh FOX . diz

Não, está sendo totalmente bancada por min.

Louie Mimieux diz

Então, vamos falar um pouco sobre as suas preferências! Tem algum filme favorito?

Juuh FOX . diz

Vários, mas o que mais me intriga, pela sua delicadeza e peculiaridade é Memórias de uma Gueixa.

Louie Mimieux diz

Sem dúvida alguma, é um filme incrível!

Sua música favorita, qual é?

aliás, qual seu estilo musical predominante?

Juuh FOX . diz

bom, vou citar 3 musicas favoritas, só para dar uma noção, pois sou bem eclético, e meu estilo musical predominante muda constantemente.

Can't Stand It - Never Shout Never

Till The World Ends - Britney Spears

Kings and Queens - 30 Seconds to Mars

Louie Mimieux diz

e o seu livro favorito?

Juuh FOX . diz

entre os livros, tenho também Memórias de uma Gueixa. rs *-*

e o que estou lendo agora ''Seja Fluente na Cultura e no Modo de Vida da França''

Louie Mimieux diz

se você fosse uma frase, qual seria?

Juuh FOX . diz

Para obter algo que nunca teve, precisa fazer algo que nunca fez !

Louie Mimieux diz

se você fosse um animal, qual seria?

Juuh FOX . diz

uma Girafa, elas me fascinam *-*

Louie Mimieux diz

haha, e se fosse uma pessoa famosa, quem você seria?

Juuh FOX . diz

Coco Channel

Louie Mimieux diz

uma pessoa que admira muito?

Juuh FOX . diz

Al Gore

Louie Mimieux diz

o que gosta de comer, o que gosta de beber?

Juuh FOX . diz

brownies e suco de laranja beeeeeeeeeeem geladinho. rs

Louie Mimieux diz

você citou alguns problemas de saúde no seu passado, gostaria de falar um pouco sobre eles?

Juuh FOX . diz

sem problemas, eu tenho problemas nos rins, e na garganta, e segundo minha psicóloga estou com TPL, mas ignoro isso

Louie Mimieux diz

O que é TPL?

Juuh FOX . diz

Transtorno de Personalidade Limítrofe

Louie Mimieux diz

Borderline?

OMG

Juuh FOX . diz

mas não vejo a minha vida com isso, algumas pessoas veem

sim

mas acalme-se não sou nenhum psicopata, apenas tenho humor instável, e despersonalização.
é que como faço mil coisas ao mesmo tempo, fico com a cabeça muito cheia e acabo me irritando com coisas poucas, mas no outro dia, é como se não tivesse acontecido nada com a pessoa que eu perdi a amizade no dia anterior )


perdi varias amizades assim, e sinto falta por isso /;

Louie Mimieux diz

o blog tem uma postagem especial falando sobre o Transtorno de Personalidade Limítrofe, tive de lidar com uma pessoa que possuía essa síndrome não diagnosticada, mas nela estava em um nível absurdo a ponto de ela jogar com o emocional das pessoas e fazer intrigas para que ela saísse como vítima na história toda... E tenho certeza de que você não é como ela! Nenhum psicopata! Longe disso!

acredito que você seja uma pessoa maravilhosa!

pessoas...

O que pensa sobre elas? O que pensa a respeito da humanidade?

Juuh FOX . diz

e sou, adoro pessoas, principalmente quando sorriem pra min, isso me da muita felicidade, principalmente quando não conheço elas, e elas sorriem *-*

pessoas são maravilhosas, mas tem algumas que merecem a morte, alok

a humanidade, esta cada vez pior, o consumismo desenfreado que afeta o mundo, acredito, que se fossemos pessoas mais conscientes, o mundo seria um lugar maravilhoso, para se viver, mas infelizmente, isso é diferente, e a pobreza e o caos estão reinando sobre tudo, e é uma coisa muito triste ao meu ver, já que os nossos líderes poderiam evitar tudo isso, se eles quisessem, mas infelizmente, política é dinheiro, e humanidade são gastos, então, essa reflexão é importante perante as pessoas, podemos todos juntos salvar a humanidade. Mas algumas pessoas não são boas o suficiente para pensarem nos outros ;/

Louie Mimieux diz

você acredita num futuro para essa humanidade? acredita que a raça humana durará mais de 50 anos seguindo o estilo de vida atual?

Juuh FOX . diz

bom, não acredito não, eu ja vi um planeta lindo, e lindas paisagens e culturas que hoje não existem mais, 50 anos eu acho que ainda dure, mas 100 anos será o ápice para o fim de tudo, se continuar do jeito que esta

Louie Mimieux diz

acredita na teoria de 2012? #eusim

Juuh FOX . diz

mas é claro, e tem motivos para não acreditarmos? UHASUHA'

Louie Mimieux diz

né? a cada dia parece que está mais próximo!

gente, essa entrevista perdeu totalmente o fio da meada, me mata

sou um péssimo entrevistador ;/

Juuh FOX . diz

sim, cada dia parece o ultimo!

verdade, foi pra outro assunto repentinamente UHASUAHSUHAUSH'

Louie Mimieux diz

mas é bom que fique assim, bem descontraída!

Juuh FOX . diz

que nada, uma coisa puxou a outra, é só voltar a perguntar outras coisas. hihi

Louie Mimieux diz

pra não parecer uma coisa tão formal...

então, você gosta do lugar onde você mora? (PERGUNTA AVULSA) Qual é a cidade mesmo?

Juuh FOX . diz

Aqui já foi um lugar melhor, mas eu gosto. rs

Moro em Jaú - SP

Louie Mimieux diz

O que você faz pra se divertir por aí?

Juuh FOX . diz

Vou sempre pra “buatch” -qqq, saio para festas, vou para cidades vizinhas e “talzs”

Louie Mimieux diz

tem muitos amigos?

Juuh FOX . diz

amigos de verdade, dá para contar rs

Louie Mimieux diz

mas dizem que os amigos de verdade se contam nos dedos, mesmo...

agora, sobre o amor

já se apaixonou?

Juuh FOX . diz

ah o amor *---*

já sim, e foi maravilhoso

Louie Mimieux diz

hoje em dia, seu coração está aberto pra visitação ou está mantendo o foco em outras coisas?

Juuh FOX . diz

procuro manter o foco em outras coisas, porque amor não correspondido pode atrapalhar em alguns momentos, mas se aparecer alguém especial quem sabe né

Louie Mimieux diz

pura verdade!

pra terminar

o que você acha de The Fatcat House?

Juuh FOX . diz

acho uma coisa que ao mesmo tempo que é maravilhosa é intrigante, capaz de prender as nossas atenções por horaaas e horaaas *-*

Louie Mimieux diz

*----*

obrigado por nos ceder essa entrevista, Antonio Vol. 2 HAHAHAH

Juuh FOX . diz

HAHAHA Adoooooro




Este também é Antonio Junior, mas não é Louie Mimieux! Conheça Juuh Fox!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mas... O que é Steampunk?


Calma, Louie explica! Steampunk é um subgênero da ficção científica, ou ficção especulativa, que ganhou fama no final dos anos 1980 e início dos anos 1990! Trata-se de obras ambientadas no passado, ou num universo semelhante a uma época anterior da história humana, no qual os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na História real, mas foram obtidos por meio da ciência já disponível naquela época - como, por exemplo, computadores de madeira e aviões movidos a vapor.

É um estilo normalmente associado ao futurista cyberpunk e, assim como este, tem uma base de fãs semelhante, mas distinta. O gênero steampunk pode ser explicado de maneira muito simples, comparando-o a literatura que lhe deu origem. Baseado num universo de ficção cientifica criado por autores consagrados como Júlio Verne no fim do século XIX, ele mostra uma realidade espaço-temporal na qual a tecnologia mecânica a vapor teria evoluído até níveis impossíveis (ou pelo menos improváveis), com automóveis, aviões e até mesmo robôs movidos a vapor já naquela época. A Locomotiva de De Volta para o Futuro III.

Este tipo de enfoque não é novidade, tanto na mídia quanto nos RPGs. O gênero Steam (vapor em inglês) há muito vem se popularizando e se mostra aos nossos olhos em filmes e desenhos animados como, a série O Mundo Perdido, o seriado e o filme James West, o filme De Volta Para o Futuro III e os anime Steamboy e Full Metal Alchemist. Os filmes A Liga Extraordinária e Van Helsing são outros exemplos de filmes que trabalham exatamente este período da literatura. Viagens sobre trilhos de trens, verdadeiros hotéis flutuantes vagando em zeppelins e máquinas extravagantes de funcionamento complicado que fazem pouco mais do que um despertador pululam em cada canto do mundo.

A HQ Rocketeer e o filme Capitão Sky e o Mundo de Amanhã são classificados como dieselpunk. Apesar de várias obras agora consideradas como fundadoras do gênero terem sido publicadas nos anos 1960 e 1970, o termo "steampunk" se originou no final dos anos 1980 como uma variante de "cyberpunk". Como as histórias do "steampunk" prototípico eram essencialmente contos cyberpunk ambientados na passado, usando tecnologia da era do vapor em vez da ubíqua cibernética do cyberpunk, mas mantendo as atitudes "punkistas" dessas histórias em relação a figuras de autoridade e à natureza humana.

Originalmente, como o cyberpunk, o steampunk foi tipicamente distópico, geralmente com temas de noir e ficção pulp, como uma variante do cyberpunk. À medida que o gênero se desenvolveu veio a adotar mais um apelo utópico das sensibilidades dos romances de ficção científica do século XIX. A ficção steampunk se foca mais sobre a tecnologia real, teórica ou cinemática da era vitoriana (1837-1901), inclusive motores a vapor, aparelhos mecânico, e motores de diferença.

Apesar de muitas obras steampunk serem ambientadas em cenários vitorianos, o gênero tem se expandido até para cenários medievais e geralmente passeia pelos domínios do terror e da fantasia. Várias sociedades secretas e teorias conspiratórias são geralmente apresentadas, e alguns steampunks incluem elementos significativos de fantasia. Além disso, há frequentemente influências lovecraftianas, ocultistas e góticas. Uma influência adicional na criação de steampunks são os contos Edisonade de Edward S. Ellis, Luis Senarens e outros, em que seus personagens Johnny Brainerd, Frank Reade, Jr., Tom Edison, Jr., e Jack Wright usavam veículos tecnologicamente avançados movidos a vapor em aventuras através dos Estados Unidos e do mundo. Além de fornecer a escritores posteriores os primeiros exemplos de criações de ficção científica usando a força do vapor, estas histórias tiveram uma influência direta no tema do "boy inventor" (garoto inventor), um subgênero de ficção científica personificado por Tom Swift (e repetido por Steamboy, Girl Genius e outros). Uma origem plausível para o ethos steampunk dentro um contexto de mídia deve ser o filme original mudo Viagem à Lua, de Georges Méliès, que retrata uma viagem à lua, usando as tecnologias da época (especificamente, usando um grande canhão para ejetar um 'foguete' no espaço). Atualmente temos o steampunk de volta às telonas com Sucker Punch!

Aqui no The Fatcat House você também encontra steampunk! Pra quem conheceu o blog agora, indico Draconius Nefastus, crônica em seis capítulos escrita em 2009 por mim cujos protagonistas são os integrantes do Apocalipse Club em um universo alternativo semelhante às décadas de 1950/1940 do nosso mundo. Vale à pena conferir, porque em breve veremos Draconius Nefastus 2 por aqui, e não seria legal ver ninguém perdido!