Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

sábado, 31 de outubro de 2009

A Todos VOCÊS, o meu MUITO OBRIGADO!


Sabe, pessoal, está sendo um incentivo e tanto ver toda essa gente lendo meu blog, comentando os meus posts e chegando até mim, de uma maneira ou de outra, para dizer que estão gostando dos contos, dos relatos, das histórias, do meu louco senso de humor, do meu texto descritivo como fez Suzana certo dia desses. Só tenho a agradecer a vocês, por lerem, por comentarem e por fazerem propagando dos meus textos. Até os meninos que sentam lá do outro lado da sala e vivem pegando no meu pé também estão lendo, e estão elogiando, o que é melhor. Eu me sinto um vencedor por causa disso, apesar de tudo por aqui ainda ser bem pequeno e meu blog não ser tão famoso assim, mas, sei lá, ver que as visitas estão aumentando loucamente a cada dia que passa é um triunfo pra mim. Um dia ainda chego no programa da Marimoon! E quem sabe eu ganhe um VMB?
Ha', deixa de ser lezado, isso sim!
Pois é, gente, quero mesmo agradecer a vocês pelo apoio e por lerem, não sei o que isto aqui seria sem vocês. Obrigado pelo apoio, do fundo do meu coração. E aguardem as novidades de The Fatcat House. Temos uma viagem na máquina do tempo no forno e um Draconius Nefastus 2 vindo diretamente da Baía da Mortalha pras páginas deste blog. Vou tentar mudar um pouco o layout do blog, incrementar um pouco mais, porém nada que prejudique aqueles que tem a internet um pouco mais lenta. Sim, garotos, eu penso em vocês também, que moram no Jarí, no Oiapoque ou no Chuí, eu penso em cada um de vocês, porque eu sei como é ter uma internet lenta, isso é realmente estressante e me compadeço de vocês, me ponho no lugar de vocês, lugar em que estive e ainda estou pra falar a verdade.
Se bem que descobri uma lan house nova aqui na frente da Peixaria do Adalto que é uma maravilha, mas não venham pra cá tomar a minha máquina, fiquem praí, bem pra longe! Hehe', se vierem, pelo menos deixem a primeira máquina perto da porta à esquerda PARA MIM!
Hum... Saudades da internet do hotel Laje de Pedra lá em Canela, no Rio Grande do Sul! Aquilo não era normal, absolutamente não era normal, tinha dedo de Deus ali naquela internet, ô se tinha! Vídeos e muito mais em menos de um segundo, chega dá até vontade de chorar só de lembrar que um dia tive todo esse poder em mãos e agora tenho de me contentar com caminhadas de dois quarteirões para chegar até a melhor lan house do bairro. Hum... Meu computador também não está ajudando muito ultimamente. Ele anda reiniciando, acho que está com gripe suína ou algo parecido 8-P
Deus que me defenda! >.>'
Ah, e a tela dele anda escurecendo mais a cada dia, daqui a pouco eu nem enxergo mais nada, meu livro tá parado por causa disso. Além do mais, voltei a usar a faquinha que ficava segurando o botão do monitor pra não desligar >,<. A memória do HD dele também está quase no fim, como só tenho 42 de Hard Disk, faltam apenas 9 gigas pra acabar de vez o espaço. Estou sentindo o dia dele chegar... Ahm... Já que os meninos do lado de lá também andam lendo isso aqui, venho pedir-lhes por favor que parem de dizer por aí que eu gosto "daquela" pessoa porque eu não gosto nem nunca vou gostar. Não sei mesmo de onde vocês tiraram essa ideia. Sem contar que é preciso muito mais que um rostinho bonito pra me fisgar, se é que me entendem ;p~. "Aquela" pessoa não está suficientemente a minha altura, como eu já disse à Rayanne, sou melhor do que isso, e mereço mais. Sim, eu sou bem exigente, por isso, nada de ficar de picuínha por aí dizendo que eu estou gostando "daquela" pessoa porque eu não estou e jamais vou estar. É a coisa mais "nada-a-ver" que eu já ouvi dizerem de mim até hoje desde que os meninos do terceiro ano estavam dizendo que eu dancei Hot'n'cold da Katy Perry agarrado ao poste de iluminação pública em frente à escola. Estava até comentando com uma amiga mais cedo que, depois que eu for famoso, se um dia eu for, e eu VOU ser, já vou estar acostumado o suficiente com o peso da fama. O que mais fazem hoje em dia é ficar inventando estória de gente famosa. Eu sinceramente me sinto uma verdadeira celebridade quando alguém chega pra mim e diz o que estão falando por aí sobre mim. Coisas que até me fazem rir porque são completamente absurdas. Sinceramente, não sei de onde tiram essas coisas. Acho que é legado de família. Na adolescência faziam a mesma coisa com a minha mãe e com o meu pai, eles são descolados como eu também, meu bem, beijos. Isso é tão cômico, já perdi a conta de quantas estórias absurdas sobre mim já me contaram. Da outra vez, Rayanne me disse que um certo alguém (tá legal, é o ex dela!!!!) e sua turminha disseram-lhe que eu havia tirado foto dos "glúteos" de uma outra certa pessoa pra ficar fazendo coisas indevidas no banheiro.
[pausaprarisada] KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK [voltandoaotexto] Quanta besteira. Ai, nossa. Depois eu que sou o escritor. Com tudo que essa gente inventa dava pra escrever um livro. Acho que vou pedir a eles para fazerem a minha biografia, que seria auto, na verdade. Hum... Depois eles me chamam de metido, dizem que eu me acho, mas eles acabam criando essa imagem de mim porque me tratam como tal, e eu acabo sendo muito estrela mesmo, ué ;P. Recentemente disseram a outra amiga minha que algo havia sumido da minha bolsa certo dia desses, e que eu tinha feito o maior escândalo de todos os tempos, e que a sala havia parado pra assistir ao meu show... Eu sinceramente não me lembro disso MESMO, até porque eu não sou disso, sou muito discreto quanto à coisas desse tipo. Concluo que as pessoas têm uma ideia muito, muitíssimo errada sobre mim, e não me conhecem nem um pouco. O que elas não dariam para saber tudo sobre mim, só para poder me crucificar depois? Não sei porque, mas isso me faz lembrar quando o pessoal enfiou uma camisinha no meu estojo, o qual a Bia apelidou de "Pinto Roxo", não sei porque, aquilo nem tem nada a ver com um pênis! Bom, se olhar por um certo ângulo... Acho que vou trocar esse estojo no ano que vem O.O'. Bom, não vou relatar aqui todas as barbaridades que já ouvi ao meu respeito, e nem vou comentar as fofocas de que o Allan [é assim que escrevo o nome dele?] do primeiro ana fica me imitando dentro de sala de aula. Bem, e quem não me imita? Gente descolada é assim, todo mundo quer imitar, meu bem ;D. Se for contar tudo a vocês, vão ser necessários mais ou menos uns três posts só sobre fofoca... Quero aproveitar esse finalzinho do post para dizer a todos os meus amigos do terceiro, que estão terminando seu ensino médio na semana que vem, que estou muito feliz por todos eles, apesar de a maioria me odiar do fundo dos seus coraçõezinhos por causa do incidente com o box ou por qualquer outro motivo, estou depositando toda a minha fé em vocês, e sei que vocês, meninos, vão longe, porque para chegar até onde vocês chegaram com certeza não foi fácil, e eu já estou tremendo nas bases só de pensar que no ano que vem tem cursinho, vestibular e o diabo a quatro, a cinco, a dez e a mil. MEUDEUSDOCÈU!TOTORADO! Ai que medo. Vestibular me dá disenteria, tenho medo dessas coisas, ai meu Deus. Bem, espero que todos vocês se deem muito bem no futuro, arranjem empregos bons e que rendam bastante para os seus bolsos, para que num futuro próximo, aqueles de quem vocês riram não lhes negue emprego na firma multinacional que montarem daqui a vinte ou trinta anos ;D. Ai, eu sou tãããão mal. Falando sério, muitos ali tem futuro garantido, agora outros, sinto muito em dizer, mas o Rildon vai empregar vocês como faxineiros quando ele for o futuro Bill Gates. Como eu disse, eu sou maaaal. (6)' Admiro todos vocês por terem chegado aonde chegaram, e mal posso esperar para estar no lugar de vocês ano que vem, acabar de uma vez com esse maldito colegial. Quem diz que o colegial foi a melhor época da sua vida com certeza é doido, jumento ou picudo (by Biia)'. Credo, odiei minha adolescência. Só vou sentir saudade das minhas tardes livres e dos meus amigos, o resto faço questão de esquecer. Ah, eu sei do que vou sentir saudades mais, da minha juventude e da minha pele de pêssego. ;D aicredoeusoutãoconfiado. O final do ano está chegando. Já estão passando até as propagandos de Natal, Deus me livre! Passou tão rápido! Bem, mas como diz a Jéssica Poline, a gente tem de se preocupar mesmo quando começa a tocar a musiquinha da globo "hoje é um novo dia de um novo tempo que começou...", essa música é sentença de morte, pode crer. Dia das Bruxas está chegando. Vou colocar um post especial em homenagem, no sábado mesmo! Um conto! Haha' bjs!
THE FATCAT HOUSE'

The Fatcat House Halloween's Special

Ai, gente, é Halloween e eu não vou deixar vocês na mão, sem um especial muito especialíssimo de Dia das Bruxas. E nada mais óbvio do que comemorar este dia com bruxas, minhas bruxas favoritas! Com vocês, o primeiro capítulo do primeiro volume de As Dellabóboras!

Capítulo 1.
“Bem-vinda à Mansão Dellabóbora”.


Foi quando Afonsa, de onze anos de idade acompanhada de sua hamster de estimação, que está ao seu lado desde que era bem bebê, se viu parada na frente daquele lugar aterrorizante - o qual só via em filmes de terror – foi que ela se tocou: uma nova vida começava agora, sem os pais, Afonsa agora é uma menina sozinha. Alguém sabe-se lá de onde, telefonou para o vizinho, pedindo para que enviasse a menina Afonsa para a Vila de Mônica com urgência. Hoje está fazendo três anos que seus pais morreram e que ela mora de favor na casa do vizinho. A Vila de Mônica fica à beira do mar, mas os limites da cidade parecem de um agreste – como se lá fosse sempre outono, num agreste gelado – a garota nunca mais tinha ouvido falar da família desde que se mudou para Johnson’s Village. Ela se lembra bem pouquinho de algumas pessoas com as quais conviveu aos quatro anos de idade, mas memória não é o seu forte. Os portões do grande terreno se abrem, no alto do morro há uma grande casa, uma casa tão alta que some nas nuvens,
Afonsa sobe o morro lentamente, observando os corvos e o campo de abóboras que sumia de vista, chegando aos degraus de entrada, ela os sobe e toca a campainha, logo alguém vem atendê-la, uma garota alta, de longos cabelos negros e lisos cintilantes.
- Prima! Há quanto tempo não nos vemos?! – a garota parece muito alegre.
- Mas, Eu, não... – antes que Afonsa pudesse terminar a frase outra garota surge, de marias-chiquinhas e de macacão segurando um coelho que tinha as pernas e os braços feitos de mola.
- Quem é essa, Cordélia? – disse outra garota de cabelos curtos que surgiu das sombras como um fantasma.
- Meu nome é Afonsa Dellabóbora, o vizinho me trouxe até aqui por causa de um telefonema que requisitava minha presença nesta mansão, só vim para saber o porquê, o vizinho está me esperando lá embaixo do morro.
- Então pra que essa mala? – perguntou Cordélia.
- Cala a boca Cordélia! A menina quer ir embora! – disse a garota das sombras
- Kerbina! Não seja grosseira com a sua prima! Vocês eram muito, muito amigas quando eram mais novas!
A garota que havia permanecido calada durante todo esse tempo chegou perto e perguntou:
- Você é a prima Afonsa?
- Sim, eu acredito... – afirmou Afonsa.
A menina estendeu a foto para Afonsa, era uma foto de quatro meninas bem pequenininhas, uma delas era Afonsa aos quatro anos.
- Onde você conseguiu essa foto? – perguntou Afonsa assustada.
- Bom, antes de tudo eu me chamo Karina, e essa foto, eu tenho desde que me entendo por gente, sabe...
- Ora! Então faz pouco tempo! – disse a garota sombria largando-se em uma poltrona.
- Kerbina, por favor! A garota acaba de chegar e você já vai implicar com a pobre!? – disse Cordélia muito irritada – Bom, Afonsa, eu me chamo Cordélia, sou sua prima mais velha, essa de macacão com o laço vermelho se chama Karina, mas gosta de ser chamada de Karin, essa tenebrosa antipática que parece a Mortícia da Família Adams é a Kerbina...
- Mortícia é a sua mãe!
- Eu não irei responder pra você Kerbina, eu sou a tutora de vocês e não posso dar maus exemplos, são apenas crianças!
Karina deu um pulo:
- Eu já tenho 12! Eu já tenho 12!
- Ei! Eu vou morar aqui? Ninguém me falou nada!
- Bom, vamos esclarecer algumas coisas pequena Afonsa – disse Cordélia – hoje faz três anos que seus pais morreram correto?
- Sim.
- A família só ficou sabendo da morte da sua mãe e do seu pai ontem, e madame Giselda exigiu que eu telefonasse para o lugar em que você estivesse e pedisse que mandassem você para a Vila de Mônica.
- Mas é exatamente isso que eu não entendo! Porque me chamaram? Porque eu tenho que morar aqui?
- Querida, você é descendente de uma linhagem gigantesca de bruxas que cultivavam e cultuavam a abóbora, nunca suspeitou desse nome?
- Bom, talvez... Esse negócio de bruxa explica a casa – disse Afonsa fazendo pouco, não estava acreditando em nada que ela dizia.
- Pois é. Esta é a casa da família, que foi construída por Briselda, a matriarca que morreu misteriosamente. A mansão estava abandonada há muito tempo, e a nossa família havia caído na rotina dos mortais, então, para perpetuar a tradição mais uma vez, nos mandaram pra cá há oito anos, e crescemos aqui, só nós três.
- Não se esqueça da Srta. Patapaposa – disse Karin – ela está de viagem faz uns três anos, e deixou todos os planos de aula e o trabalho de tutora nas mãos de Cordélia.
- Quer dizer que eu vou ter que morar nesta casa com vocês? Até eu fazer 18 anos? – Afonsa ainda não entendia direito essa história.
- Não sei – afirmou Cordélia – você pode ficar aqui o tempo que quiser, afinal, a casa pertence à família, é um pouco sua também – ela deu um sorrisinho besta.
- Mas, essa parte de bruxa, é verdade mesmo? – perguntou Afonsa incrédula.
- Meninas, vamos mostrar para a Afonsa!
Karina puxou a varinha, Kerbina fez uma cara de limão azedo e puxou a dela também, logo todas tinham suas varinhas em mãos, Cordélia deus as ordens:
- Vamos meninas, como no ensaio! – Cordélia sacudiu sua varinha e jatos espirais cintilantes saíram da ponta, ela levantou o sofá em que Afonsa estava sentada, apenas sacudindo sua varinha como se comandasse uma orquestra. Os móveis da casa que pareciam ter saído de um filme de terror de época, enfeitados com morcegos e estofados de veludo vermelho começaram a erguer-se no ar também. O grande globo terrestre que estava no centro da sala começou a girar sozinho cada vez mais rápido, uma ventania tomou conta do grande salão de entrada. O planetário que fica pendurado no teto majestosamente, como se fosse real, começou a se mexer sozinho também como se estivesse orbitando em torno do lustre em forma de sol, de pouco em pouco cada um dos enfeites e dos adornos da sala estavam flutuando em sincronia.
Cordélia tinha o mesmo sorriso besta na cara balançando a varinha pra lá e pra cá, as janelas abriam e fechavam, Afonsa estava maravilhada com tudo aquilo, seus olhos brilhavam enquanto Jojo, corria pra lá e pra cá em cima do sofá, Kerbina parecia entediada, enquanto Karina flutuava no ar dentro de um guarda-chuva, vários ratos tentavam fugir lá embaixo, mas acabavam carregados. Sapos coaxavam em cima de livros, que passavam voando, era como uma grande orquestra mágica. Estaria Afonsa sonhando? Cordélia olhou feio para Kerbina, e apontou a varinha na direção dela, a poltrona em que ela estava sentada saiu voando como um passarinho, literalmente, deixando-a muito irritada. Então Cordélia estalou os dedos e cada uma das coisas voltou para o seu devido lugar bem rápido. Os ratos caíram no chão e ficaram correndo em círculos, como criancinhas procurando um lugar pra se esconder, todos entraram numa toca próxima até que um gordinho ficou entalado e uma catita deu um chutão no traseiro dele, fazendo-o entrar com tudo, logo ela correu pra dentro da toca.[...]

É HALLOWEEN!!!

Ai, gente! Que felicidade! Hoje é Halloween, o Dia das Bruxas! O MEU dia! Depois do Natal, esta é a minha época favorita do ano. Adoro tudo o que tem a ver com a noite, com terror, com horror, criaturas malignas, assombrações, maldições, abominações e muito mistério. Cresci rodeado por ficção científica e mitologia, e devo grande parte disso aos meus pais. Primeiro ao meu pai, que me proporcionou o primeiro filme de suspense que assisti em toda a minha vida “O Advogado do Diabo”. Em seguida veio “A Mosca” e “A Mosca 2”, após isso veio “Jurassic Park”, e a partir de então eu comecei a desenvolver uma atração insaciável por filmes de ficção e realidades alternativas, principalmente quando há bastante sangue, gosma, dentes e garras afiadas no meio. Até agora o meu filme favorito do gênero é “Carrie, A Estranha”, se bem que talvez não seja filme de terror ou mesmo de horror, mas hoje em dia as fronteiras do horror cresceram tanto e se expandiram de modo que há várias maneiras de fazer o terror, o sobrenatural.
O que eu gosto mesmo em “Carrie, A Estranha” é que ela explode a cidade toda no final do filme, quando ela descobre seus poderes paranormais, após servir de chacota para a escola durante toda a sua vida, que é bem próximo do que eu planejo fazer um dia... Hehe’ brincadeirinha. Mas bem que eu tenho vontade, sou fã da Carrie, porque me identifico bastante com ela. Sou um estranho no ninho afinal de contas. Faz um tempo que eu não vejo filmes de terror ou ficção que me fazem ficar pensando antes de dormir, na verdade, estou tão acostumado com essas coisas que já nem me assusto ou tenho pesadelos após assistir um filme do gênero. Na verdade, eles me fazem ficar cada vez mais curioso para com este mundo underground de pânico e mistério, onde o perigo espreita a cada esquina. Gosto muito dessas coisas. Gosto do grotesco misturado ao burlesco flertando com a arte, é algo que muito me atrai. Outros filmes de terror que adoro são:
- Terror em Amityville.
- Série Ringu (O Chamado Original Japonês).
- O Grito (versão japonesa também).
- O Orfanato.
- O Abismo do Medo.
- Um Lobisomem Americano em Londres.
- A Volta dos Mortos-Vivos (toda a série, do começo ao fim, sem tirar nem por!).
- Resident Evil.
- Visões (1 e 2).
- Entre outros, minha lista é muito grande...
Ah, e também sou fã das versões originais da maioria dos contos de fadas que ganharam versões “fofinhas” pela Disney e CIA. Tipo em A Pequena Sereia, que se mata no final, lançando-se de um penhasco e virando espuma do mar ao cair na água. Nessa versão não tem a Úrsula, poxa!
Sou fã da Úrsula porque ela é gorda, roxa e tem tentáculos, adoro gente gorda roxa e que tem tentáculos (pausaprarisadaXD).
Gosto também de Hanzel e Gretel (João e Maria) em que eles se juntam pra cortar a garganta da velha no final, entre outros mais grotescos por aí. Gosto também das versões cinematográficas de Branca de Neve (com a mocinha que faz a Lana Leng em Smallville, da qual eu não me recordo o nome no momento) e Cinderela (com a deusa sexyhotqueseduzconsalto Drew Barrymore), que são o máximo porque parecem bem cruéis e mais épicas do que os desenhos. Se bem que, revirando o baú dos meus 16 anos de idade, lembro-me malmente de que chorava na parte em que a madrasta malvada se transformava em bruxa num ritual satânico para poder entregar a maçã envenenada para a pobre Branca de Neve, no longa metragem da Disney.
Sinceramente, as animações da Disney não deviam ser indicadas para crianças. Em minha opinião, a faixa etária deveria estar no mínimo entre 11 e 12 anos de idade para quem quisesse assistir A Branca de Neve, Alice no País das Maravilhas, A Bela Adormecida, Cinderela, e entre outros longas da Disney. Esses desenhos são sinistros, vão por mim, são de arrepiar, nunca vou me esquecer da Cinderela dizendo “Lúcifer não é tão mal quanto parece...” Aí tem mensagem subliminar meu amigo, pode ter certeza. Agora, faixa etária e mensagens subliminares à parte, são obras de arte e tanto, os animadores capricharam, por isso eu vivo dizendo que já não se fazem animações como antigamente... Sério, Alice no País das Maravilhas deixa a gente tonto só de olhar, é tão psicodélico e louco, capaz de você chegar ao meio do filme se perguntando se não fumou uma “marijuana” antes...
Falando nisso, acho que vou economizar pra comprar esse filme para o mês que vem... Ou compro O Estranho Mundo de Jack? Dúvida cruel...
Neste mês de Halloween, tivemos um conto especial que escrevi justamente para comemorar esta incrível e macabra data, um conto com cinco capítulos chamado “Draconius Nefastus” que conta o despertar de uma criatura milenar em terras distantes e desconhecidas cercadas de perigo. Ficou uma coisa meio Indiana Jones, meio King Kong, meio Tomb Raider, foi bem legal trabalhar com um conto curtinho. Para eu que estou acostumado a escrever livros de 450 páginas, escrever um conto pequeno é um sacrifício, porque eu acabo incrementando cada vez mais a história e adicionando mais elementos gradativamente, e quando eu percebo já transformei um simples parágrafo inicial numa verdadeira novela! Os meus amigos costumam reclamar que eu escrevo muito, mas fazer o quê né? É a única coisa que eu sei fazer.
O meu desejo de hoje seria escrever um conto de terror para comemorar o Halloween, mas eu estou meio sem ideias por aqui entedem? Minha mente não está trabalhando em sintonia com o submundo, de modo que as coisas não vão muito bem dentro da minha cabeça, porque eu ando preocupado demais com a escola e coisas do gênero. Tenho um artigo de opinião em Redação, tenho uma pesquisa sobre as décadas de 60, 70 e 80 em História, uma apostila de Inglês, uma de Física e mais um monte coisa, tudo pra terça feira, acredita? Esses professores são terríveis, não descansam enquanto não nos poem doidos, essa é a verdade.
Bem, vou me despedindo aqui, já que não consigo escrever mais nada de aproveitável (BUÀÀÀÀÀ ~DX).
Beijos fantasmagóricos!
Antonio Fernandes.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Quinta e Última Parte de... DRACONIUS NEFASTUS!

Christopher Umbrella,



Ex-Repórter e Antropólogo da Universidade Real Franco-Italiana em 18 de Novembro de 1996.


E aqui em meu leito de morte, contarei a vocês o que aconteceu a seguir...


Os vultos escuros que nos cercavam ficaram para fora, e nós ficamos ali dentro sem saber o porque de as feras não nos terem atacado e devorado. Se é que realmente eram feras, o que se mostrou mais tarde não o ser, tratavam-se de nativos locais usando roupas de palha e folhas de imbaúba da cabeça aos pés, nos fazendo reverências e recepcionando a oferenda, eles acreditam que a imbaúba tem propriedades mágicas capazes de afastar a fome sexual voraz de Abim’raso. Assim adentramos no templo e vimos todos aqueles símbolos nefastos e repugnantes desenhados na parede e descritos em uma linguagem de runas e hieróglifos nunca antes vista nem por Ray Ann nem por Fábia. Ray Ann disse que aquilo se assemelhava muito a uns escritos encontrados em chapas de metal desconhecido no gelo da Groenlândia. Não sei porque, aquilo me arrepiou.


Logo o teto começou a tremer, e fomos adentrando naquele túnel apertado e extenso até que a escuridão abriu-se numa câmara, um sarcófago repleto de morcegos que voavam em baderna para todos os lados. Colunas grossas sustentavam o teto invisível graças a altitude em que se encontrava. Ray Ann fez questão de parar a exploração para analisar os escritos das colunas macabras. Eram os mesmo do início do túnel, só que mais limpos e mais compreensíveis por ela. Havia muito de egípcio ali, e um pouco de escandinavo muitíssimo antigo. Havia simbologia israelita e árabe e hindu e uns traços poucos de sânscrito, aquilo dava dor de cabeça, segundo ela, era um bailado, uma batida, uma vitamina feita de todas as línguas mais antigas do nosso universo.


E havia mais desenhos surgindo, principalmente no chão. Havia círculos dentro de círculos e imagens humanas tocando tambores, havia cenas de sacrifício usando um facão sagrado em forma de meia lua e cenas de rituais sexuais que me recuso a descrever. O ato sexual representava algo grande e poderoso para aquele povo, algo capaz de repelir a fêmea maldita Abim’raso que causou a ruína daquele povo. Ahá! Gritou Ray Ann. Ela achara o que procurava: arte rupestre descrevendo a criação da cidade que fica aos pés da pirâmide!


E eis que ela confirmou o que vinha dizendo desde a primeira vez em que nos encontramos em Little Italy, e Don Hills, tão calado e quase invisível durante todo este tempo da expedição vibrou junto a ela iluminando a coluna que tinha gravada a chegada de seres alienígenas em naves espaciais muito estranhas, uma forma geométrica nunca antes vista nem no nosso mundo e nem em qualquer outro mundo existente, uma forma geométrica única e impossível, perturbadora e capaz de dobrar a vista daquele que tenta decifrar as suas linhas e os seus contornos, a coisa mais horrenda que já vira até o momento. Pasmem: a cidade já estava lá quando os extraterrestres chegaram! Aquilo era perturbador demais, alguns marujos já enlouqueciam e balbuciavam frases desconexas e misturadas, quase ditas em línguas mortas. Os olhos reviravam e as línguas caíam para fora da boca. Alguém teve uma convulsão próximo de mim e caiu aos meus pés se vomitando.Eu me afastei aturdido admirando as imagens enquanto o marinheiro morria rapidamente como se tivesse ingerido um forte veneno, os outros choravam e se benziam enquanto um deles levava as mãos aos ouvidos, tapando-os e gritando enquanto fazia uma dança louca e frenética com a cabeça. Olhávamos aquilo tudo sem reação alguma, estávamos pasmos demais para nos afetarmos com aquela crise momentânea da equipe.


Foi então que eu também ouvi a voz, baixa e sibilada como se dita por uma assombração, quase rouca, mas macia, falava português mas esquecia-se do plural das palavras e misturava dois ou mais verbos numa língua só dela. Era apavorante. Enquanto isso o teto continuava a tremer, as estruturas balançavam como se um exército inteiro estivesse marchando acima das nossas cabeças, as batidas eram ritmadas seguidas de uma batida unificada forte que fazia doer os tímpanos, como se batessem troncos no chão. Eu me arrepiava cada vez mais a cada segundo que passava. Continuamos em frente, ninguém tinha coragem o suficiente para voltar, e arrastando os dois mortos conosco chegamos ao fim da linha, uma parede gigantesca que segundo Ray Ann, de olhos brilhantes, vibrando com suas descobertas estarrecedoras e pertubadoras, tinha desenhada em arte rupestre toda a gênese daquele povo, como eles acreditavam que o mundo havia surgido. Ela quase gritava de emoção, felicidade, havia feito a descoberta do século, um povo totalmente diferente de tudo o que outros arqueólogos ou antropólogos já chegaram a descobrir e estudar, não se encaixava em nada conhecido nos dias atuais.


Ali dizia que o universo fora criado por três anciãs que viviam no vazio até que a cabeça de um alfinete pertencentes à elas estourou gerando o universo. Assim que criou a terra, veio, montada numa bolsa e tendo seu consorte às costas a deusa Abim'raso, para reinar por toda a eternidade. A primeira anciã desceu ao mundo e gerou mil feras, a maioria delas vive solta pelas florestas até hoje, e do deserto vieram as três múmias que tudo sabem e tudo veem: Yneéarj'sos, Svialon'tisos e Ailir'ema, marionetes da grande Klaàpacthu e suas servas leais. A segunda anciã casou-se com a múmia Svialon'tisos e juntos construíram um império no sul da América do Sul, um país chamado Ess'ébetë. Abim'raso e seu consorte Lo'ecdras criaram os primeiros humanos, que juntos construíram a Cidade Sagrada de C'maapã, fadada a viver coberta por um eterno véu que isola-a de tudo e de todos, deixando-a a parte das leis do tempo e da evolução.


Após isto, Abim'raso viajou para o oeste e de lá nunca voltou... Estas inscrições eram mil anos posteriores às inscrições nas paredes da entrada do templo. Minhas pernas já fraquejavam e minha boca já estava seca, foi quando eu senti o sangue descendo pelas rachaduras dos meus lábios. Não havia dúvidas que aquilo era ação demoníaca como nenhuma outra. Desmaiei então, e ao me acordar percebi que estava amarrado, e que todos os meus outros companheiros também estavam amarrados e toras de imbaúba também. Tochas enormes iluminavam totalmente aquele pátio circular interno da pirâmide sustentado por colunas tão grossas quanto as anteriormente vistas por nós na colossal câmara de entrada. A agora eu pudia ver a fonte dos tremores e das batidas que sacudiam a pirâmide de ponta a cabeça. Os nativos locais estavam dançando de braços dados em círculo enorme, completamente nus, batendo os pés com força no chão, sacudindo tudo. Dentro do grande círculo formado por eles havia outro menor, mas os escolhidos não tinham os braços dados, dançavam independentemente a uma certa distância uns dos outros, agarrados a grossos troncos de imbaúba que eram batidos no chão a cada três passos dados por eles. O círculo externo era formado só por mulheres enquanto o interno era formado só por homens.


No alto de um pedestal estavámos nós, agora completamente despertos, atrás de nós havia uma estátua, a maior estátua que eu já vira em toda a minha vida, nem se comparava com o buda asiático em tamanho, era realmente incrível e imensa, maior do que um prédio, o que me fez refletir sobre como aquilo fora parar dentro de uma pirâmide. Aquele era o ritual do despertar da besta, e nós éramos a oferenda! Me debati sem sucesso, os outros também lutavam para se desamarrar. Capitão Maurice estava morto em uma mesa de pedra, o sangue da sua jugular escorria para o jarro que uma garota branquela suja de cabelos escuros e compridos segurava logo embaixo. Assim que o jarro ficou cheio, ela escalou feito uma jia à escada que levava até o pedestal, e fez marcas estranhas com o sangue no chão ao pé da grande estátua às nossas costas, ou seja, aos nossos pés. Não podia ver muito da estátua, mas sabia que ela estava lá, atrás de mim pois via braços e pés do que talvez fosse uma criatura.


O barulho da dança se intensificou, e os tambores ribombaram mais fortes. A garota magricela nua fazia a dança mais frenética, estranha e nojenta que eu já vira até então, sacudindo o corpo todo como num ataque de epilepsia, um choque ou uma convulsão, seus olhos estavam completamente revirados, era assustador. Foi então que dois nativos deitaram os troncos em que nós estávamos amarrados, de modo a ficarmos diante da estátua, e agora eu pude ver do que se tratava. Era a imagem de Abim'raso de boca aberta, esculpida na rocha do modo mais fiel e grotesco que puderam fazer-lhe. O corpo raquítico e magricela. Os braços finos abertos esticando as membranas que a criatura utiliza para voos rasantes, seus olhinhos apertados de peteca e seu narizinho horripilante empinado. Estava de pernas cruzadas, seus pés pontudos e sem dedos cutucavam o vazio enquanto tochas ardiam em suas mãos. Sua boquinha dentuça estava aberta, como se rugisse, mas não deveríamos nos preocupar com o que saísse daquela caverna, e sim da caverna de baixo, que simbolizava a sua grotesca genitália.


Pasmem: a genitália da criatura (ou a gruta), tinha a mesma geometria doentia das naves espaciais desenhadas nas colunas da entrada! Eu me vomitei.


Foi então que a garota (supostamente uma virgem). Se lançou para dentro da gruta de boa vontade, e de lá vieram seus gritos e esguichos de sangue. A música e a batida pararam no mesmo instante. Os nativos se ajoelharam e abaixaram as cabeças. E ela surgiu.


Meu Deus, parece até que eu a estou vendo de novo, aqui, no meu escritório velho e sujo, surgindo das sombras toda aberta feito um gato raivoso, me atazanando outra vez com a sua imagem pavorosa! Meu coração até para de bater, e o meu ar se recusa a entrar! Tanto que é o pavor! Ai, que horror! Tenho até repulsa e medo em descrever o que nós vimos...


Era uma humana, uma mulher humana, uma menina humana normal aparentemente. Surgiu da gruta feito uma aranha tarântula horrível, se contorcendo toda, rodando a sua cabeça a 360º no pescoço. Sua pele era cor de terra, e seus cabelos eram da cor da palha, e era tão ridícula e pavorosa quanto a imagem construída em sua homenagem. Entre as suas pernas havia um vão, um espaço, uma falha enorme, que as fazia formar um verdadeiro arco. Era magra, apenas osso e pele, suas veias azuis saltavam para fora. Seus olhos estavam mais do que arregalados, havia acabado de acordar do seu sono de seis anos e ainda limpava os beiços da sua primeira refeição. Segundo as escrituras das paredes, ela iria se reproduzir após a sua primeira refeição, uma virgem, e assim que gerasse a próxima criatura, devoraria-nos como nutrição para a sua cria! Eu lutava contra as cordas violentamente, chorava feito uma criança e gritava feito um porco antes do abate.


A fera maligna soltou macabro grito antes de lançar-se aos ares sobre as nossas cabeças usando suas membranas pegajosas como asas para atracar-se ao tronco da imbaúba, um tronco especial, o mais grosso de todos, preparado unicamente para ela pela tribo. Nunca me esquecerei do som de seu grito, nem que eu viva mil anos. Foi algo que eu realmente não saberia descrever mesmo se fizesse todas as faculdades de letras e literatura existentes no nosso país, em outro país ou em outro mundo. Só sei dizer a vocês que lembra sucção, ou o gemido de mil demônios juntos.


Agarrada ao tronco ela dançou dentro do círculo formado pelos nativos, soltando gritos e mais gritos horrendos, seus olhos revirados e seus dentinhos de cavalo mordendo a madeira. Apesar de todo a maldição que representava, não chegava a um metro e meio (de pura maldade se vocês querem saber). Foi no tempo da dança da fertilidade que surgiu Don Hills, Ray Ann e, por incrível que pareça, Rose Nilde, que afirmou estar amarrada lá há tanto tempo que nem fazia ideia de como a levaram até ali. Don Hills usava um facão para cortar-me as cordas, e repetiu o procedimento em Pietro e em Fábia, e no único marujo sortudo restante, que revelou-se mais tarde uma garota chamada Augusta Decomté que embarcara disfarçada no cais. Aquilo me fez rir por um instante, mas só por um instante, que foi quando a besta fera voou em nossa direção de pernas abertas, atingido Pietro bem na testa, deixando ali a sua marca, de geometria complexa e infernal, a geometria das suas partes íntimas! XD.


Ele desmaiou na hora, enquanto a criatura voava sobre as nossas cabeças desferindo outros ataques, nós reagíamos com pedras e paus, que a atingiam mas não causavam dano sequer. Foi quando ela pousou outra vez, desta vez no alto da cabeça da estátua, e lá ela realizou o ato crucial. Arrancou a perna com um estalo poderoso que ecoou em todas as direções. Fábia Paola gritou. A criatura enfiou o seu membro arrancado dentro da bolsa de marsupial que tinha, e lá a coisa começou a tomar forma até que em poucos segundos uma cabecinha preta de grandes olhos inchados e tufos de cabelo de palha surgiu, guinchando. Ray Ann se vomitou. Era outra vez hora da besta se alimentar. Corremos em todas as direções, pela escuridão, procurando uma saída ao mesmo tempo em que tentávamos escapar da criatura, até que Ray Ann gritou: achara um túnel ali próximo. Corremos todos na direção dela, tendo a besta faminta em nosso encalço, coração a mil, o ar entrando e saindo numa velocidade impossível. Lançamo-nos túnel abaixo, para o desconhecido, e fomos desembocar exatamente ao pé da pirâmide, no primeiro degrau, não me pergunte como, pois eu perdi metade da ação quando estava de olho fechado.


Corremos a mata durante horas, fugindo de feras e monstros, reais ou imaginários, gritando e chorando por muito tempo, criando em nossas cabeças a imagem da coisa nos seguindo aonde quer que íamos. Imagens que por minutos pareciam muito reais, mas logo se dissipavam. Pela manhã, já cansados, não sabemos como, a cidade amaldiçoada surgiu ensolarada diante de nós, e dentro de uma loja abandonada dormimos o dia todo, sobre roupas empoeiradas e balcões velhos, usando sacolas como travesseiros e casacos como lençóis. Ao anoitecer, quando despertamos, ainda estávamos muito abalados, mas tomamos banho num banheiro aos fundos da loja abandonada, vestimos roupas limpas e voltamos para as ruas em busca do cais por onde chegamos àquele lugar. Nenhum de nós pronunciou única palavra até então, desde que escapamos da morte certa. Os nativos não estavam em suas barracas naquela manhã. Me arrepiei e chorei durante horas, imaginando que eles foram devorados noite passada, dentro da câmara redonda onde passamos momentos aterrorizantes de quase-morte.


Fizemos todo o percurso pelo estranho e extenso trapiche. Nosso barco ainda estava lá, e a maré estava cheia desta vez. Pietro foi quem conduziu o barco, sentado lá atrás, e dormimos mais um pouco após termos a certeza de que saímos finalmente do nevoeiro que cerca a Baía da Mortalha. Chegamos ao vilarejo ribeirinho e fomos recebidos com grande surpresa e festa por eles, voltamos vivos, mas não tivemos coragem de contar a eles o que acontecera nos dois dias em que estivemos desaparecidos. Vó Darcy sabia o que havia acontecido, e ficou feliz de rever Rose Nilde, a mesma estava devendo dois dobrões a ela desde a última vez em que as duas se viram. Não sabíamos como voltar, pois ninguém ali entendia de navegação, por isso passamos longos dois meses vegetando naquelas terras estranhas a nós, sofrendo e revendo em pesadelos mortíferos tudo o que nos aconteceu. As imagens dos mortos me atormentavam a cada noite, era maçante.


Até que surgiu em nosso caminho, enviada por Deus, uma embarcação comercial, e nela nós voltamos para o mundo. Combinamos então de não contar a ninguém o que havia nos acontecido naquele lugar maldito, e decidimos sequer mencionar a existência dele, de modo que escapamos por pouco e devíamos ao menos isso ao nosso bom Deus, esconder dos outros a existência da Baía da Mortalha. Prometemos também jamais nos revermos outra vez, para evitar sofrimentos futuros e lembranças indesejáveis. Jamais voltei para Nova Iorque, e até hoje todos os meus velhos amigos pensam que morri. Se já não estão mortos... Década de 20 já passou a muito tempo...


Vivi no Brasil por alguns anos, e descobri que a Baía da Mortalha fazia parte daquele país quando percorremos a costa... No final das contas acabei vindo parar na Franco-Itália, e aqui em Devian vivo no Palacete Theodoro construído por um conde há muitos anos. Esse lugar me dá arrepios agora que decidi escrever a minha história. Foi algo traumatizante de que jamais me esquecerei. Desde que voltei de lá, nunca tive um sonho feliz, todos são pesadelos horrorosos e já fiz todos os tratamentos que me eram cabíveis. Não era doença. Por sorte não enlouqueci, como Ray Ann que agora mora numa árvore do Central Park. Pietro morreu de doença desconhecida após dois meses de nossa volta, e Fábia Paola vive em Forks, no estado de Washington, EUA. Ela também está começando a pirar. Jura que moram vampiros por lá ;D. Don Hills continua navegando pelos mares, e já viu muita coisa, às vezes me escreve... Rose Nilde também morreu logo depois que voltamos, se atirou no mar e foi pega em cheio pela hélice quando atracávamos na Jamaica...


E assim a vida continua... Assombrada pelo espírito dos mortos em terras desconhecidas, que fomos incapazes de ajugar. Assombrada pelo espírito de Abim'raso, a maldita, que se reproduz a cada seis anos, e que reina eterna sobre a cidade sagrada dela, governando uma nação de homens-morcego... Isso me perturba...


Enquanto isso eu espero a morte vir.


E fico sonhando, sonhos desesperados.


De matas fechadas e pirâmides malditas...


FIM?

OBRIGADO!


Pessoal! Eu só tenho a agradecer a vocês por me darem tantas ideias maravilhosas a cada dia! Sem vocês esse blog não seria nada, sem o incentivo, a visita, a animação e o humor de Rayanne, Pedro, Fabíola, Erick, Bia e todos os que contribuem todo dia! bjs!









[ps:voposarpeladoigualabethdittotbm!]

segunda-feira, 19 de outubro de 2009



AI, AI, AI!
MEU BLOG TAH FICANDO MARA!
XD~


Draconius Nefastus - Parte 4 [o fim está próximo!]

Christopher Umbrella,
Ex-Repórter e Antropólogo da Universidade Real Franco-Italiana em 16 de Novembro de 1996.

O dia amanheceu claro e ensolarado, e não mais parecia tão tenebroso quanto fora antes.
Mas tudo continuava deserto e silencioso por ali. Nosso capitão mandou preparar a canoa que iria nos atravessar até além do nevoeiro, e garantiu que um de seus homens iria remando ao seu lado, de modo a não arriscar a vida de nenhum morador local. As águas do mar eram amareladas à luz do dia, e ao provar o sabor, percebi que aquilo não era água de mar, e sim de rio! Seria aquilo um delta e não sabíamos?
Prosseguimos com roupas arejadas e sem nenhum complemento além de máquinas fotográficas, papéis e canetas, câmeras de filmagem e binóculos. Tínhamos tudo o que precisávamos: primeiros socorros, roupas limpas e comida básica numa sacola, e assim cruzamos canal após canal até desembocarmos numa baía enorme, tão ensolarada quanto os córregos que deixamos para trás, ladeados por pura mata virgem e verde vibrante de vida e harmonia.
Por volta de meio dia o tempo foi fechando, e um dos marujos disse que aquilo não era coisa da natureza, e sim da maldição que aquele lugar tinha. Após isto, mais adiante, já não se via um palmo na frente do nariz, porque o nevoeiro era quase palpável de tão grosso e pesado. O calor era intenso, e por várias vezes pensei em me refrescar com um pouco de água, mas os outros me repreenderam, disseram para não por um dedo para fora da embarcação. Isso me assustou. O nevoeiro durou meia hora, meia hora que pareceu a mim um século de inferno e calor. E quando eu jurei que esse martírio não teria mais fim e eu morreria cozido ao lado dos meus companheiros de expedição, um vento forte me pegou em cheio, e eu abri os olhos então.
Estávamos diante de uma praia de areia de rio tão extensa quanto uma praia de areia branquinha do mar. Era a frente da cidade maldita. Na beira da água cresciam muitas árvores e arbustos, plantas de várzea. Mais uma vez a atmosfera de pântano sombrio me pegou em cheio, e após remarmos todos juntos, encalhamos na praia suja de troncos, cocos, sementes, raízes e plantas aquáticas deixadas para trás pela maré, e caminhamos em direção à uma estranha estrutura de concreto e pedra que lembrava muito um cais, só que era muito estreito para cais e muito distante da costa também, era quase uma passarela para dentro do rio. Subimos por uma velha escada, moderna demais para pertencer àquelas bandas, e mais uma vez estávamos caminhando sobre tábuas de madeira, só que desta vez eram grossas e seguras, nem um pouco podres.
Acreditem se quiserem, havia até um trilho abandonado ali, como se antes houvesse andado um trem sobre o rio, aquilo deixou a todos nós confusos, aturdidos, espantados e cheios de expectativas e perguntas que fazíamos e resolvíamos para nós mesmos, pois ninguém se atrevia a falar. Havia bancos ao longo daquela ponte, e em cinco minutos já havíamos chegado ao vilarejo dos nativos refugiados. Ali haviam muitas e muitas árvores de todas as espécies, crescendo sobre a estranha e moderna cidade abandonada, tudo ali era caos e destruição. Ray Ann estava maravilhada, deslumbrada, fotografando tudo e identificando traços de arquitetura e tecnologia alienígena. Uma avenida tomada pelo mato levava em direção ao coração da cidade, mas antes de podermos passar desapercebidos, fomos surpreendidos por lanças, flechas e arpões.

Os nativos nos viram.
Fomos levados até a tal chefe deles, e realmente, ela tinha todos os traços europeus que a velha Cyvalda nos havia avisado existirem. Por isso nem nos subtraímos diante do cocar de penas, folhas e pedras preciosas que ela usava, e nem mesmo diante do trono de couro e ossos em que ela estava sentada com seus cabelos loiros e com seu rosto de trinta e pouco. Ela tinha todo o jeito, toda a atitude de uma dama da sociedade, e se portava como aquelas madames de butique evitando ao máximo, contatos com o povo que agora governava.
- Ivi’ka, strohn’hem, darylehn farrast! – ela cacarejou, Os nativos pularam gritando, alegres em suas roupas tão modernas quanto a de Rose. Vai ver ela havia as costurado para eles, e ensinado sua língua a eles também, porque alguns deles falavam um português de sotaque angolano. – preparem a festa da oferenda! Abim’raso, a Grande Klaàpacthu finalmente terá uma refeição à altura, que trará energia e vitalidade nova ao seu corpo apodrecido que desperta em busca da cópula de a cada 6 anos, no dia 6 do mês 6! E este dia é hoje, enfim!
Os nativos iniciaram a baderna e a gritaria de “vivas!” outra vez.
- Pois Abim’raso me deu o poder e a majestade para lhes governar, e eu lhes digo: alimentem-na! Em nome de Klaàpacthu!
Eu ergui a minha voz, finalmente tive coragem para isso.
- Alto lá, Rose Nilde, sua farsante! Nós sabemos quem você é, afinal de contas, e de realeza não tem nada! Só se aproveitou da ignorância desses nativos para se fazer autoridade!
Os nativos olharam-se confusos depois olharam duvidosos para Rose Nilde. A mulher arregalou seus olhões assustados, de modo a parecer mais um bicho do que uma gente, e aquilo me apavorou por completo. Ela colocou o dedo diante do rosto e fez um “shhh” nervoso, cochichou alguma coisa no ouvido de um dos seus “guarda-costas” que transmitiu a mensagem aos nossos carcereiros, e esse troca-troca de informações nos direcionou imediatamente a uma das cabanas de couro.
Após um tempo nos cozinhando naquele calor infernal da selva acentuado pelo abafamento das nuvens pesadas no céu do lado de fora, transformava a barraca de couro numa verdadeira fornalha, viraríamos pernil se ficássemos ali mais do que o necessário. Assim, após repararmos no interior estranho que aquela barraca tinha, Rose Nilde entrou, com os seus olhões mais esbugalhados do que o normal, ela parecia transbordar de felicidade e euforia, como um andarilho que, perdido no deserto, estava vendo a água pela primeira vez em semanas. Ou talvez um náufrago que tivesse passado tempo demais preso numa ilha desconhecida.
Ela nos explicou aos sussurros chiados e mal-compreendidos por nós, havia dado de cara com esta “ilha” que mais tarde revelou ser parte do continente. Enfim, nos disse a mesma estória que a Vó Darcy nos contara em seu vilarejo sombrio. Disse que seus amigos desertaram e deixaram-na para trás para morrer no lugar deles, pois os nativos queriam oferecer todo mundo ao seu deus com asas de morcego. Ray Ann sorriu e sacudiu a cabeça dizendo para a pobre Rose Nilde que seus amigos foram pegos por algo dentro do nevoeiro assim que deixaram a costa.
A velha só faltou pular de felicidade ao saber que fora vingada pelas feras do local. Mas agora ela precisava da nossa ajuda, precisava escapar dali. Peter perguntou o porque de ela tanto querer fugir se ali era uma rainha, e ela disse que odiava e temia tudo naquele lugar, pois previa o momento em que seus súditos se virariam contra ela e a entregariam para a besta alada. Capitão Maurice começou a bolar um plano imediatamente, mas mandamos que ele parasse, pois nosso objetivo era, acima de tudo, filmar o interior da cidade maldita e mostrar para o mundo o que havia naquela mata.
Rose gargalhou, assustando a todos nós. Fábia quase caiu dentro de um balde de tripas secas. A mulher disse com um sorriso sombrio que ninguém jamais voltava de lá. Foi então que um grito nos surpreendeu, vindo de longe, um grito descomunal e apavorante que deixou a todos alarmados. Um grito impossível de ter sido produzido por qualquer criatura viva deste mundo, um grito de alma penada, de demônio, macabro e agourento como nunca antes fora ouvido um grito antes.
Abim’raso. Os sussurros, sibilos, choros e gemidos que vieram do lado de fora pareciam uma maré maligna de agouro e sofrimento vindo de fora. Até a fria Ray Ann arrepiou-se toda. Fábia Paola e eu já estávamos fraquejando naquele momento. Era hora de desistir e fugir...

Fim da Terceira Parte!

L.A.M.B. - A Wonderful Holiday [parte3-final]

Naquele dia, o sol amanheceu tão quente quanto em qualquer outro, e a Rosa tão faladeira quanto qualquer outro animado papagaio num dia ensolarado da Amazônia. Na noite passada papai havia saído pelas nove da noite e voltado lá pelas 11 ou 12, o que me deu o apartamento inteirinho só para mim enquanto ele estava fora. Iêda dormia, cansada do Círio, eu pelo contrário aguentei muito bem todos esses dias agitados que tive de 9 a 13 de outubro, já estou praticamente acostumado com dormir tarde e me acordar cedo... Então, quando eu via vídeos sobre assombrações no Youtube, principalmente sobre a maldição do Lobisomem, e lembrava das histórias terríveis que a Camilla havia me contado, aquilo começou...
Era pra lá da meia noite, acredito eu, quando comecei a ouvir os estranhos sons de pedras sendo jogadas contra a porta e a parede do lado de fora do apartamento, no pátio. Eu me arrepiei todinho, lembrando da história do bole-bole [leia a primeira parte de A Wonderful Holiday] enquanto as pedrinhas voavam em direção à porta e à parede, estalando no azulejo do pátio. Me levantei então e abri a porta, gritando: “pode parar com a graça que eu sei que são vocês que estão jogando!” porque eu jurava que as meninas estavam me pregando uma peça, só para me assustar! Mas não, papai estava do outro lado da cerca, lá embaixo, sibilando para eu calar a boca e passar a chave para ele.
Ufa! Não era assombração nenhuma, só o papai querendo entrar! O.o’
Então tudo bem, desci pela escuridão, levei a chave para ele, mas assim que ele subiu, algo inusitado aconteceu: uma pedrinha foi lançada contra a porta no exato instante em que ele fechou, mas lá embaixo não havia ninguém...
Após uma batalha daquelas, conseguiram me botar para fora da cama, e assim, após um rápido banho que tomei, desci as escadas e tomamos café todos juntos como de costume. Mas ao descermos, eu e Iêda vimos que as meninas não estavam arrumadas, ainda estavam de pijamas e muito bem despertas. Perguntamos a elas o porque de não estarem arrumadas, e elas disseram que não iriam, pois tinham de ajudar a Tia Ana com o almoço e a arrumação da casa. Foi então que Iêda e seu poder maligno de persuasão entraram em ação!
Tia Ana, comadre do papai, é conhecida pelas filhas e por todo o Jarí por ser muito dura, direta e decidida. Quando papai chega para almoçar e sobe para a soneca, pode chegar até o Papa às portas dela procurando pelo papai, mas ela não deixa subir alma viva alguma, o que rendeu o apelido de General entre o pessoal da prefeitura. Porém, para comigo e com minha irmã ela não é nada disso que dizem por aí, muito pelo contrário, ela é uma mulher amável, acolhedora, espirituosa e muito engraçada, sem contar que cozinha muito bem [ela precisa ME ensinar a fazer aquele bife! Senhor de Misericórdia!].
Iêda levantou-se da mesa do café e foi até a tia, que estava lavando louça naquele momento, e perguntou a ela porque as meninas não poderiam ir [Camilla e Mimi estavam para aula, por isso não foram], e ela por sua vez repetiu o mesmo que Yara e Lorenice disseram: precisavam ajudar nos afazeres do dia. Iêda pediu mais uma vez, e conseguiu derreter o coração da Tia Ana quando pegou Yara, abraçou-a e disse “Por favor, tia! Elas são minhas amiguinhas!”.
Essa Iêda não vale nada! Como ela conseguiu? Só sei que Tia Ana disse “ta, ta bom, leva elas, aproveita e deixa elas pra lá!”. E então foi uma alegria só, as meninas correram para o quarto trocar de roupa e fomos todos no carro do papai até o cais do campo de futebol, onde sempre rola o festival de verão de Laranjal onde as pessoas se banham. Pois bem, Tio Clal, marido da Tia Ana apareceu logo depois com a lancha [ou voadeira se preferirem] com o símbolo da maçonaria. Demorou um pouco para finalmente partirmos, pois papai resolveu dar um stop para ir buscar a namorada dele e ir ao supermercado.
Nisso ele nos deixou no cais, e embarcamos logo porque ele estava demorando muito, assim Tio Clal dirigiu a lancha até a balsa do bate-estaca, e lá ficamos por um tempo até recebermos o aval para voltarmos ao cais e pegar o papai, que demorou um tempo significativo. E neste meio-tempo, ficamos contando histórias sobre rio, revendo as lendas que contamos a algumas noites e imaginando a reação de minha mãe se visse minha irmã e a mim estacionados no meio do rio...
As meninas ficaram fazendo propaganda da terra delas, direto, dizem que Gurupá é um sonho, doze horas de viagem rio acima, do lado do Pará, fica esta cidade de mais de cem anos. Elas disseram quem existem casas de pedra e de barro lá ainda, do período colonial, e a igreja da cidade é uma beleza também, e estão todos torcendo para que passemos o período de festas de final de ano com eles lá, na terra deles. Fico imaginando se seria uma boa. Realmente deve ser muito divertido bem “aventuresco” algo diferente, algo que vai me fazer sair bem da minha rotina, como foi este dia do passeio da cachoeira...
Papai chegou logo depois, e após um momento desesperador quando soubemos que ele iria dirigindo a lancha, seguimos numa viagem incrível rio acima, vendo cada porto do caminho, cada paisagem deslumbrante e cada vila ribeirinha... Vocês não fazem ideia de como a nossa região é bonita, é algo paradisíaco, algo indescritível. A selva, as águas negras do rio encantador, as extensas ilhas que dividem o rio em braços, a vida borbulha a cada esquina. A mata ali é um ser único, vivo e onipresente, é quase como se o homem nem tivesse chegado a tocar naquilo tudo, a Amazônia é uma joia única e rara. Uma joia viva que canta várias canções ao mesmo tempo, canções que se unem numa única maravilha que nos encanta e seduz.
Tantos mistérios, tantos segredos escondidos, tanta coisa que precisa ser vista. Quem ainda não veio nos visitar não sabe o que está perdendo. Não há palavras para descrever o sentimento que brota na gente, a sensação de fazer parte daquilo, de ser um pedaço minúsculo de um todo. Iêda, Yara e eu até comparamos o passeio no rio até a cachoeira com o percurso que os barcos fazem para chegar até a ilha de Harper na minissérie O Mistério da Ilha, mas eu agora eu acho que não, é algo muito mais grandioso que isso, é uma experiência única. Em imaginar que morei durante tantos anos ali e não vi nada disso... Posso até ter visto, mas eu tinha três anos de idade apenas e não lembro de mais nada.
Exceto da vez em que a maré estava braba e a nossa voadeira quase virou nas águas barrentas de outro rio desses... Nem me lembro onde foi isso, mas lembro que paramos o barco num casebre ribeirinho, e foi a primeira vez que eu vi camarões vivos =D. Mas isso foi há muito tempo atrás... Voltemos ao presente!
Eis que chegamos á cachoeira, e nossa, como tudo ali é belo. Pedras negras colossais descansam na beira do rio, a mata verde e espessa sussurra para a água nervosa que desce do alto em cascatas brancas e cristalinas de bolhas e espuma. A água ali é quente, pois desce das planícies pedregosas do alto rio, e escorre para a grande via das águas escuras em riachos e corredeiras incontroláveis. A primeira coisa que fiz quando a lancha “estacionou” foi escalar um monte de pedras [quentes por causa do sol] que levava até uma pequena, mas poderosa cascata lá no alto, cercada de árvores e pura mata. Aquilo ali me lembrou exatamente, sem tirar nada, o talvez mais popular filme de todos os tempos “A Lagoa Azul”, onde tem aquelas cachoeiras no interior da ilha e etc.
No começo eu só ia entrar na água pela cintura, nem tirar a minha blusa eu quis, mas acabou que eu não resisti à água e fui com tudo, pouco me importando se meu cabelo iria dar muito trabalho depois [e como deu...]. No final das contas, tive de tirar a blusa mesmo porque ela estava ficando amarelada por causa da tonalidade da água, e acabei ficando só de sunga! [que mico...], olha que eu admiro a Beth Ditto e todo aquele negócio revolucionário dela de posar pelada e não ter vergonha de mostrar as suas curvas volumosas e tal, mas eu ainda não sou tão desinibido quanto ela, apesar de admirar muito toda a sua coragem.
Pois bem, eu só de sunga é uma coisa bem parecida com ela na capa da revista LOVE se vocês querem saber, e após a chegada dos barcos turísticos de passeio que sempre fazem visita lá [e que chegaram logo depois da gente], o povo não fugiu à regra e ficou me encarando mesmo. É claro, quem ia perder essa oportunidade de ver um hipopótamo albino ao vivo e a cores? ;O;
De fato, eu as meninas brincamos muito naquele dia, mergulhamos, nadamos contra a correnteza, nos aventuramos nos montes de pedra abaixo da cachoeira, disputamos para ver quem era mais forte contra a força das águas na parte mais rasa. [Detalhe, distendi o músculo da batata da minha perna nessa hora e pensei que nunca mais fosse me mexer, quase morri de dor, mas nem gritei nem fiz nada, por incrível que pareça. Pobre de mim! Chamei por Deus e mundo dizendo que não conseguia mexer minha perna, mas ninguém ligou mesmo! Que horror!] Depois que recuperei metade dos movimentos da minha perna direita, vesti minha calça com muito esforço, depois minha blusa e dei um tempinho dentro da lancha. [o tempinho que houve para todos os piuns do mundo me ferrarem, coisa que eu só vim sentir ontem de manhã, vê se pode? Jurava que tinha voltado da Cachoeira de Santo Antônio sem nenhuma ferrada dos malignos piuns, mas no dia seguinte, haja coçar!].
Antes de tudo isso acontecer, vocês acreditam que eu perdi meus óculos naquelas águas profundas e escuras feito breu? Também, só ideia minha tomar banho de rio usando óculos! E culpa da Iêda também, que ia quase me afogando! É que a Yara nos convidou para atravessar o canal com ela até a queda d’água que ficava do outro lado, mas após constatar que era fundo demais, gritei para Iêda voltar. Porém a débil mental resolve se agarrar em mim, e mesmo depois de eu tentar empurrá-la mil vezes para a parte mais rasa, ela voltava e me levava pro fundo! Ai, que raiva que me dá de gente burra!
No final das contas, uma mão bateu no meu rosto e levou meus óculos para o fundo, mão que a Iêda jura que não foi a dela. E a Yara também jura que nem chegou perto de mim nessa hora. É claro que quando se perde algo no meio da correnteza de um rio pedregoso, escuro e fundo, é certeza de que nunca mais se verá o objeto perdido. O próprio papai disse que àquela altura os meus óculos já estavam no fundo do canal lá ao longe. Mas outra de coisa de sobrenatural aconteceu naquela manhã. Os garotos que trabalham no barco do pai da Yara ficaram sabendo da história dos óculos perdidos, e eles passaram praticamente a manhã toda no fundo do rio, vasculhando. E no final das contas, quando eu já planejava o que eu faria para copiar assuntos do quadro e pegar ônibus, um dos garotos boiou para fora d’água com meus óculos na mão!
Meus óculos são um tesouro enorme para mim, porque é com eles que eu enxergo, e com eles presenciei muita coisa na minha vida. Sem contar que o aro dele é do Rio Grande do Sul, terra que nunca esqueço e que sempre faço questão de relembrar. Enfim, estes óculos são uma parte importante de mim [como meu pen drive] sem eles eu não sou nada. Papai pagou doze reais para os caras e mais três coca-colas do nosso isopor. Enfim, após isso tirei meus anéis, guardei tudo o que tinha de valor na bolsa e terminei de curtir a manhã ensolarada... Até o momento que distendi o músculo e fui comer tucunaré assado na brasa [e na braba], sem tempero nenhum numa fogueirinha no meio das pedras...
Acabei foi mascando meu cabelo, não levo jeito para essa vida selvagem.
Vocês podem até achar uma bobagem da minha parte, mas eu acredito em todas essas lendas de interior, em todas essas encantarias de mata, em toda essa sabedoria antiga das nossas terras, e tenho certeza de que no momento em que pedi ao rio que devolvesse meus óculos, ele viu que meu pedido era sincero e percebeu o quanto eu necessitava deles. Quando se perde algo num rio, algo pequeno como óculos ou um anel, jamais se acha. Mas o rio foi generoso comigo e me devolveu o que era meu. È a prova concreta do que eu disse na primeira postagem dessa série; tudo na mata tem dono, tudo no rio tem dono. As entidades que cuidam das águas dos rios e das árvores e das plantas são muitas, e cabe à elas a decisão de serem generosas conosco ou não. Seja lá que entidade devolveu meus óculos, muito obrigado ;D.
Na volta do passeio paramos no cemitério onde foi enterrado o corpo de Joseph Greiner, alemão que morreu de malária tentando levar o nazismo à Amazônia. Gente ruim morre assim mesmo, das piores doenças possíveis. Vimos uma casa caindo aos pedaços, construída há mais de 100 anos, na época da extração da borracha e do ouro, com janelas antigas de vidro quebrado, sustentada por pernamancas feito palafitas normais, mas de arquitetura puramente europeia. Sinistro...
Ah, e na volta, cada vez que o barco parava eu levava um susto e entrava em desespero, imaginando o que estaria por vir ou o que estaria acontecendo! Que horror, morro de pavor de encalhar no meio de um rio, ainda mais um rio de águas escuras como o Jarí, onde a gente nunca sabe o que tem no fundo... Me arrepio todinho só de imaginar. O problema era que a maré estava seca e corríamos o risco de encalhar a qualquer momento. Yara ia atrás, do ladinho do motor, cuidando da posição da hélice e reparando o momento em que água saísse suja de barro, que significaria que encostamos no fundo do rio. Lorenice vinha quieta o caminho todo, estava morta de cansada. E Yara me surpreendeu por saber tudo sobre pilotagem, motor de lancha, rio e maré, uma verdadeira nata da navegação fluvial! Palmas pra ela! ;D~
Foi então que a hélice bateu contra alguma coisa no fundo do rio, e fomos todos lançados para frente. Nossas cabeças viraram para trás todas ao mesmo tempo. O barco parou. Foi então que ergueu-se da água uma tartaruga enorme, do tamanho de uma ilha! Sua boca era escura e mais profunda que o maior dos fossos, era uma besta monstruosa que... brincadeira gente, não aconteceu nada disso, to viajando aqui... O que aconteceu foi que realmente batemos em algo, mas não sabemos o que. Talvez fosse um tronco, ou uma pedra... Ou realmente uma tartaruga gigante! ;O
Chegamos sãos e salvos ao cais, e para casa todos fomos, tomar banho e descansar. Após o descanso, à noite fomos à pizzaria, não sem antes, é claro, nos reunirmos todos no quarto das meninas para “tricotar”. Camilla é quem sabe dos podres de todo mundo. Adoro essa garota. Nosso santo bateu certinho! Sem comentários mais, fomos andando até o Maré Mansa, e lá papai mandou pedir uma mesa gigantesca pra todo mundo sentar, pois além do pessoal de costume estava a irmã mais nova da namorada do papai.
Yara e Lorenice sentaram perto de mim, e enquanto a pizza não vinha [e até mesmo depois que chegou], eu e Yara ficamos falando sobre as piores coisas que já nos aconteceram, como os MAL-ENTENDIDOS da nossa vida nos prejudicaram. Contei pra ela a história da Garota Box e o surto dela depois que rimos da situação inusitada em que ela se encontrava. Yara disse que já havia lhe ocorrido o mesmo. Umas garotas pegaram-na cantando sozinha, e espalharam pela escola toda que ela era uma doida. O caso dela foi bem pior, porque as garotas fizeram de maldade e sujaram a reputação dela por aí. No meu caso, quem teve a reputação suja fui eu, pois além de a escandalosa ter dado um show todo por causa de uma brincadeira totalmente relevante ainda saiu pela escola inventando coisas sobre mim.
Mas nem por isso a Yara foi na coordenação inventar histórias que ouviu de terceiros. E olha que ela tem 13 aninhos, e já é muito mais adulta que qualquer garota de terceiro ano. Contei para ela que todo mundo em Macapá me odeia [fato~], até aqueles que nunca me viram já me odeiam antes de me conhecer. Papai diz que é tudo coisa da minha cabeça. Não é, todo mundo me odeia mesmo. O pessoal da escola me odeia. As pessoas nas ruas me odeiam. Meus vizinhos me odeiam. Até meu cabelo me odeia [fato2~].
Ela disse que também não é lá muito admirada pelo pessoal da escola...
De barriga cheia, fomos dar uma volta na praça, e fizemos todos a promessa do dedinho de amigos para sempre enquanto íamos de braços dados pela rua. Até fechamos a passagem do papai atrás da gente, fizemos uma corrente para ele não passar. Até porque lá no Jarí não é o que podemos chamar de “movimentado”... Só sei que após esse final de semana maravilhoso, ganhei quatro novas irmãs incríveis, amigas, companheiras, maravilhosas e bonitas.
Meninas, estou morrendo de saudade de vocês!
Nossa viagem de volta demorou muito para acontecer, íamos de manhã, mas o motorista que iria nos levar pela estrada resolveu que só vinha de tarde pela parte de uma e meia. Fiquei super triste de ter de voltar e confesso que chorei em casa antes de dormir.
Chorei por ter uma vida tão complicada, tão confusa, mas tão maravilhosa e cheia de pessoas incríveis com quem posso contar sempre.
Chorei pelo fim do grupo que eu, Brenda, Jamile, Marcus e Raíssa formávamos, e chorei simplesmente por uma confusão de sentimentos que me corrompiam por dentro naquele momento. Inclusive pelo fato de eu não ter visitado a Tia Adma e a Jamile nessa visita ao Jarí, e eu nunca deixo de visitar a família Casseb nem uma única vez. O que me deixou com um peso enorme na consciência e me faz imaginar o quanto a Jamile deve estar puta da vida comigo.
9 de novembro é aniversário dela, tenho de comprar um presentão pra ela... Para compensar essa minha maldade...

“Amo você, você me ama, somos uma família feliz... com um forte abraço e... ESQUECI O RESTO huhuhu’ – by Jamile.”
[as fotos eram muitas, naum deu pra por as melhores D: coloco outra vez!]

nota'

gente, vou parar de ficar pegando imagens do google e colocando aqui para ilustrar, posso estar pegando imagens que possuem direitos autorais e as pessoas ficariam muito zangadas se me vissem usando do trabalho delas para promoção própria, eu também ficaria, então vocês só verão imagens mesmo quando for REALMENTE necessário.

beijos grandes!

;D

Draconius Nefastus - Parte 3

Christopher Umbrella,
Ex-Repórter e Antropólogo da Universidade Real Franco-Italiana em 16 de Novembro de 1996.

Aquele porto mais parecia um pântano. Campânulas se enroscavam nas pilastras das palafitas e capim crescia no telhado capenga da maioria das casas. Sapos coachavam alto, era quase impossível ouvir o som da voz da falante Fábia, que não parava quieta um minuto, gargalhava alto a cada piadinha nervosa que fazia, e todos os marinheiros mal-encarados a olhavam feio quando isso acontecia, e por várias vezes vi o nosso capitão Maurice repreender dois ou três moços que puxavam os facões da bainha da calça. A cada sinal de que eles levavam a mão à cintura, eu me preparava para pular na ressaca e afundar na lama negra e barrenta se fosse necessário. Eles eram temerosos e ficavam muito nervosos com as risadas histéricas de Fábia que poderiam atrair qualquer coisa vinda da mata ou mesmo um nativo local com os ânimos mais agitados.Pietro ia à frente, registrando tudo com a sua parca câmera da época, que gravava filmes em preto e branco capturados com a ajuda de uma manivela. Haviam casas com teto de palha, casas pendendo para cair no lago, casas quase cobertas pelo mato e muitos animais selvagens. Uma família de javalis passeava abaixo da ponte aos nossos pés, e uma arara vermelha grasnava palavras estranhas e disconexas como "hort", "crapatu" e "horest". Aquilo me deixou muito mais nervoso que Fábia Paola, e eu estava pensando seriamente em me lançar na lama escura junto aos javalis, mas mudei de ideia ao ver uma enorme sucuri enroscada numa pernamanca que sustentava uma das casas. Algumas crianças e um velho cutucavam a cobra para que ela desenroscasse. Quanto mais andávamos adiante, mais coisas estranhas víamos, e cada vez mais o tempo fechava e escurecia. Anunciava chuva e o ar estava parado demais. Eram aproximadamente sete da noite quando chegamos a mais uma cabana simples onde morava uma velha curandeira.
O teto da cabana estava repleto de itens bizarros e peculiares, até assustadores pendurados por fios de cipó ou barbantes. Tudo lá dentro era uma bagunça só. Lixo se misturava a pertences pessoais e se espalhava por cima de velhas mesas de pau improvisadas e estantes raríssimas de ébano, mas que agora estavam puídas e velhas, pois pertenceram a gerações passadas de colonizadores daquela região. Haviam cabeças encolhidas, havia sapos mortos dentro de jarros, cabeças de macaco, cobras, patas de animais, olhos, asas, penas, lagartos, pássaros empalhados e outras coisas inóspitas e esquisitas, de causar repulsa e medo. A velha era branca, contrário da população local, e fumava tranquila seu cachimbo. Seus olhos eram quase fechados pelas rugas, e sua boca já era quase só um buraco escuro. Alguns mais velhos diziam que ela tinha mais de 300 anos, e que seus avós já a conheciam quando eram pequeninos. Aquilo me deixou deslumbrado, e fiz questão de anotar cada detalhe do que se passou na casa dela.
A velha era conhecida do capitão Maurice, sábia e conhecedora da floresta e das forças ocultas, conversou com ele em particular durante aproximadamente meia hora, e após isso nos mandou entrar para ter com ela. A velha deu um trago no cachimbo, bateu a cinza, olhou o pôr-do-sol pela janela, colocou a dentadura, botou a chaleira no fogo a lenha e disse a nós que atenderia pelo nome de Vó Darcy, apelido dado pelos moradores ao seu nome de batismo Dariana Cyvalda. Muito simpática e carinhosa, contou a nós um pouco da história da vila e um pouco da sua própria história enquanto misturava as ervas noturnas, acendia as velas, fazia as oferendas para os seus estranhos deuses da floresta e enchia alguns potes com água para colocar na janela. Disse a nós que isso era para dar de beber às almas, e o que ela me disse causou arrepio na espinha, o que me fez aproximar mais de Ray Ann, que estava tão vislumbrada e espantada quanto eu. Nossos corações batiam sincronizados, em ritmo de pavor e aventura. Após contar que havia vindo parar ali de barco ainda aos seis anos, quando fora capturada por piratas em um porto na Escandinávia e rodara o mundo na embarcação deles, contou para nós que ali só haviam duas ou três casas na época, e tudo por ali era muito calmo. Mas já, desde aqueles tempos, o além das águas turvas, para lá das bandas do nevoeiro, foi sempre inspiração de temor e atenção. Disse que na sua juventude, fora criada por uma velha enrugada que nem ela, e que quando o nevoeiro de além-águas alcançava a vila, todo mundo apagava o lampião, para não atrair a atenção das criaturas malignas que vinham junto dele.
Quando o nevoeiro vem, ouvem-se gritos, ouvem-se assovios, cochichos nas sombras bem ao pé do nosso ouvido, ouvem-se gargalhadas, grasnados e conversas macabras de vozes corrompidas, grossas de mais ou finas de mais que parecem amaldiçoar a alma daquele que estiver escutando, por isso é necessário que se tape os ouvidos e que se feche as portas. Aquilo me arrepiou mais ainda, eu já tremia dos pés à cabeça e procurava apoio para minha sanidade, certificando-me de que estava cercado pelos meus amigos e por fortes marinheiros que estavam à espreita no segundo cômodo e na entrada. Já era noite quando essa parte assombrosa da história começou, e quando pus-me a imaginar aquelas situações apavorantes de gelar a espinha e enlouquecer a sanidade. Era terrificante.
A velha contou que só atravessou para além do nevoeiro uma única vez, mas lá não seu ouve voz de espírito algum, porque ali eles descansam de barriga cheia. Porém, mais adiante, vê-se vultos brancos redondos na água e vultos negros voando pelo céu. Para mais além há uma cidade em ruínas, na costa do continente. Esta cidade está sempre coberta pelo nevoeiro, e há casas e prédios e templos e ruas e praças e postes e avenidas e hotéis, tudo coberto por mato e musgo e limo, mas ninguém mora lá, porque é amaldiçoado.
Os nativos da tribo kahaphatu vivem no cais, em cabanas improvisadas de lona, folhas e peles de animais, e são um povo muito hostil e amedrontado, por viver à mercê dos espíritos e das criaturas malignas da floresta às suas costas. A chefe da tribo de refugiados atende pelo nome de Rose Nilde, e vou já avisando. Disse a velha. Ela gosta de cantar de galo e se vangloriar por tudo, mas nem nativa é, pois foi abandonada por um grupo de exploradores franceses que não tiveram coragem de ir mais adiante e entregaram-na de oferenda quando fugiram... Pena, disse Vó Darcy, que o barco deles foi engolido metros antes de sair do nevoeiro. Pelo quê, não se sabe.
Aquela declaração fez meu coração saltar feito um touro brabo de testículos amarrados. Eu estava desesperado para voltar ao barco e esperar até a hora da próxima partida, mas Fábia Paola levantou-se e disse que estava disposta a enfrentar o que fosse para descobrir o que há escondido na cidade secreta. A velha Vó Darcy fez uma cara séria e repreensiva antes de dar um sorrisinho sarcástico e sacudir o cachimbo indígena para Fábia dizendo "vá em frente então, menina bonitona, vá! Mas eu já avisei". Assim a chaleira apitou, e a nossa hora acabou. Quando dei por mim já estava caminhando pelas pontes bambas e apodrecidas mais uma vez, correndo risco de escorregar para o negrume abaixo dos meus pés ou fazer desabar toda a estrutura frágil de madeira podre abaixo de mim. Não podíamos mais ver as casas, só os lampiões e os rostos ao lado deles, olhos escuros nos encarando. Dormimos no barco naquela noite. E foi uma noite repleta de pesadelos apavorantes e capciosos que me deixaram tão nervoso a ponto de ter disenteria. Foi uma noite difícil...

Fim da Terceira Parte!