Bem vindos à minha fábrica de sonhos!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

IN MEMORIAN


Era a manhã de mais um dia em Macapá que prometia ser infernal, como todas as outras. Pulei da cama e me vesti de imediato, era terça-feira mais uma vez. Ao irromper na tarde clara e ensolarada de céu limpo, após a aula, enviei o torpedo. Mamãe tinha de vir me buscar para o almoço, e em seguida eu teria de voltar para a aula das três horas, no contra turno. O dia guardava a mais mórbida e cruel de todas as surpresas, uma surpresa tão infernal quanto aquele dia de agosto, de asfalto quente e capim queimado à beira da rua. O cheiro da carne em conserva acebolada fez roncar meu estômago por alguns segundos até minha fome ser saciada, até aí, nada de anormal, a não ser um breve comentário sobre a gata desaparecida, que não aparecera para o café e muito menos para o almoço, horário em que ela costumava ficar mais agitada, rodopiando de rabo empinado pela cozinha, esgueirando-se para ver o que seria a refeição do dia.
Era comum ela sumir assim, antes de parir as crias, logo pela manhã até o final da mesma, pois ela procurava um lugar para ter os filhotes. Mamãe me alertara várias vezes para ir atrás de uma caixa onde pudéssemos colocar lençóis e jornais, viria aí mais uma barrigada de pequenos anjinhos peludos, mas eu, cheio de tarefas da escola e afazeres à parte acabei me esquecendo deste pequeno detalhe: Baby estava grávida.
A gravidez era estranha, sim, pois estava durando mais do que o normal, e ela parecia um pouco triste ultimamente, mas sem nunca perder a fome de leão que tinha. Me preocupava as crianças estarem mortas dentro de seu ventre, pois existem lendas que contam: trovões muito estridentes podem matar fetos de animais ainda na barriga, e eu fiquei um pouco preocupado com isso, por causa da tempestade de sexta passada, mas logo ignorei o mito.
Após o almoço, saí para procurá-la de onde ela sempre costumava rumar assim que ouvia o meu chamado ou o barulho do carro da mamãe chegando, a calçada do vizinho, onde em frente há um matagal queimado alto, açoitado sempre pelos ventos quentes, onde ela costumava brincar e caçar desde pequena, e onde ela levava sempre os filhotes para passear antes dos mesmos tomarem o seu próprio rumo na vida.
Então eu vi, e aquilo que eu vi fez meu estômago embrulhar. O sol, bola de fogo maligna e perversa rodopiava sobre a minha cabeça como um abutre dourado e agourento, seus raios incidiam sobre os pelos eriçados da pobre gatinha, minha querida princesa, meu anjinho, minha pedra preciosa, pedaço de mim, companheira fiel e ajudante na hora de vos escrever. Lá estava ela, estirada numa pequena clareira aberta por seu corpinho cheio de filhotes, mortos lá dentro também, uma cena cruel, perversa, nauseante de desesperadora. Meus pulmões hiperventilaram e eu rodopiei debaixo da estrela maldita, correndo sobre a calçada queimada em direção à minha casa. Já estava de saída, tudo estava fechado, e mamãe caminhava para a porta com as chaves na mão.
Dei a ela a notícia enquanto o ar me faltava ao lembrar do focinho macio da gata retorcido de dor. Deus sabe o que minha pequena estrela radiante passou antes de jazer morta ali naquele chão. Ninguém sabe até hoje exatamente o que aconteceu a ela, se foi dado à minha pequena algum tipo de veneno, se ela não agüentou uma gravidez atrás da outra, se os bebês estavam mortos na barriga dela, se algum carro a atingiu enquanto ela atravessava a rua, se ela invadiu a casa de alguém para ter os bebês por lá, e este cruel ser a expulsou de lá. Jogando-a no mato.
Tive de ir para aula assim mesmo, depois de carregá-la para o pátio e deixá-la ao lado da bica, esticada e dura como pedra, seus olhinhos azuis entreabertos, deitada na cartolina branca. Tive de encarar dois horários e as caras de meus melhores amigos, preocupados por não poderem fazer nada. “That I Would Be Good” ribombava na minha cabeça, na voz de Alanis Morrissete, como de costume. Voltei para casa assim que houve uma brecha, de ônibus, passando mal, e torcendo para que alguém tivesse se livrado do corpo, para que eu não pudesse vê-la mais daquele jeito, para que eu não acreditasse na sua morte, para que eu não tivesse de encarar a realidade mais uma vez. Mas não, lá estava ela, coberta por mais uma cartolina.
Fui incumbido da difícil tarefa de cavar um profundo buraco, ao fundo do quintal. “Cave bem fundo, bem fundo, o máximo de fundo”. E foi isso que fiz, debaixo das luzes do crepúsculo, em lágrimas dolorosas que ardiam sobre a minha face, pouco ligando se eu estava sem blusa ou não, se estava completamente sujo de terra. Cavei com rapidez e tristeza, usando uma ferramenta semelhante a um alicate gigante que encontrei pelo quintal. Iêda chegou da escola, e recebeu a notícia com tristeza e espanto, derramando lágrimas e mais lágrimas ao meu lado, sob os primeiros brilhos das estrelas da noite de verão.
Minha irmã virou o rosto no momento em que fiz o transporte de minha princesinha para o seu último leito. As nuvens passavam rápido, e o vento nos lambia cheio de dor. A noite já caía e o último dos últimos raios de sol dava o seu adeus. Ela se foi, carregando sua cria ainda no ventre, que aguardara tanto tempo para nascer, e nem chegara a conhecer o mundo, seus olhinhos jamais se abririam para ver o sol nascer outra vez, eles jamais encheriam seus pulmõezinhos de ar, jamais tomariam do saboroso leite materno e jamais correriam pelo mato ao lado da mãe amorosa.
Pequenos bebês, que jamais conhecerão nossos rostos.
Baby se foi.
E assim que coloquei o último punhado de terra sobre o túmulo improvisado com lajotas sobre o chão revirado, meus ouvidos jamais me enganariam, ouvi seu doce miado, que eu tão bem conhecia, agora abafado pela terra.
Criei-a dentro de casa, na soleira da porta do meu quarto, levando-a para dormir na minha cama nas noites mais solitárias, alimentando-a da comida de meu próprio prato. Só Deus sabe a dor que estou sentindo nesse momento, e eu jamais conseguiria transmiti-la através de qualquer narrativa estúpida como esta.
O que importa agora é que nós a amávamos. Eu, Mamãe e Iêda, choramos durante a noite toda.
A casa está vazia.
E a pequena dorme sob a terra com seus pequenos.
Minha vida agora é um vazio, minha companheira, meu braço direito, já não é mais, deixou de ser para se tornar. Se tornar parte da natureza, mas a outro modo.
Minhas tardes solitárias ao computador serão muito mais solitárias.
E quando mamãe e Iêda resolverem sair sem me levar, ou porque eu não quis ou porque não foi possível, eu estarei sozinho, sozinho.
Um vazio terrível me consome.
Falta um pedaço de mim.
E quer saber de uma coisa? Vocês nunca entenderiam.


Antonio Fernandes.

A Empresa Farmacêutica Alemã e o Necronomicon

Muitas especulações têm surgido desde a sexta-feira da tempestade, e muitos mistérios ainda pairam sobre as estranhas descargas elétricas que explodiram sobre Macapá. Por enquanto, eu não soube de novidade alguma, a não ser um breve comentário de meus amigos afirmando que os relâmpagos e trovões foram invocados por Bia Ramos de algum modo. O Pedro disse que ela é a Tempestade, dos X-Men, mas isso a gente também releva ;D.
Posso admitir para vocês que estou sem assunto estes últimos dias, e que não tenho descoberto coisas muito significativas que mereçam uma atenção especial de The Fatcat House, exceto um tal de um blog chamado Donopex Erune Gartafu que na minha opinião não passa de uma brincadeirinha on-line para passar o tempo. Tem um pessoal dizendo por aí que há uma empresa farmacêutica alemã atuando no Brasil e fazendo experiências macabras com defuntos, ou, como diz a Bia Ramos “us pessual tão dizenu”. Até agora o blog escuro só tem divulgado enigmas para resolvermos, e estes enigmas nos dão senhas que nos levam à futuros tópicos da página que estão protegidos por códigos.
Eu e Rayanne achamos que eles têm em poder o tal livro maldito intitulado Necronomicon (ou Livro dos Nomes Mortos), que, segundo outros boatos, só possui duas cópias originais dos séculos passados que sobreviveram à inquisição. Uma está num cofre do Vaticano, e outra está em exposição numa ala reservada dum museu na ALEMANHA, o que levantou a hipótese dessa empresa alemã ter o livro em seu poder. Mas, você pergunta, o que é o Necronomicon?
Este livro maldito foi citado pela primeira vez nos contos de H.P. Lovecraft (O Mestre), escritor de contos de horror. Lovecraft dizia que este tal livro fora escrito há séculos atrás por um árabe louco que fora possuído por espíritos malignos, e este teve vislumbres de feras bestiais vagando pela terra muito antes da humanidade, e regendo cidades místicas que hoje em dia estão encerradas nos pólos terrestres, no deserto e no Oceano Pacífico. O tal livro ensinava passo a passo como trazer as feras de volta do abismo espacial, entre contos secretos evocando as trevas e ensinando o segredo da receita que pode trazer os mortos de volta à vida, ou “As Legiões Infernais”.
Nas férias, baixei uma suposta cópia desse livro, e se vocês quisessem minha opinião, eu diria: MACUMBA PESADA. Mas, segundo o próprio Lovecraft (que foi escritor durante a década de 20, quando já surgia indícios de que alguns mais aficionados às suas obras criavam uma religião própria), o Necronomicon não passa de pura fantasia vislumbrada em seus sonhos mais profundos (ele era conhecido por causa dos seus sonhos bizarros, quais ele baseou a maior parte dos seus contos), e que qualquer coisa que se intitulasse uma religião ou crendice baseada no que ele chamava de “Os Antigos” nada tinha a ver com ele, e deveria ser encerrada imediatamente.
Porém, há quem diga que o Necronomicon realmente existe, e que há realmente um abismo espacial onde feras alienígenas estão presas esperando a hora de reinar sobre a terra mais uma vez (vemos um pouco disso no filme e nas HQ de Hellboy, há uma certa semelhança na história dos deuses antigos). E, segundo estes indivíduos, o Necronomicon torna poderosíssimo quem o possuir, dando a este o governo de um exército de mortos-vivos e demônios de outra dimensão. Esse abismo espacial me faz lembrar do Vácuo, onde habitam os Espectros, em As Wítcharmeds (uma brincadeira meio RPG entre mim e minhas melhores amigas no Ensino Fundamental).
Eu só sei que nada sei. Em minha opinião é o BOX quem sabe de todas as verdades! XD.

Digam o que vocês acham.
Antonio Fernandes.
#$~

domingo, 16 de agosto de 2009

ESPERO QUE ESTEJAM GOSTANDO DA NOVA CARA DE THE FATCAT HOUSE!!

Tempestade

Alô viciados em internet de plantão. Aqui estou eu novamente. Peço mil desculpas por estar deixando o blog de lado esses últimos tempos, mas é que estou tão infiltrado nas Crônicas de Nárnia que passo 70% do meu tempo lendo ao invés de escrever, tanto para o blog quanto para o meu livro, que no exato momento está estancado, parado, sem uma linha a mais. Minha inspiração fugiu, e no lugar dela veio a minha velha amiga preguiça... Mas isso nós relevamos, quando falei para meu pai que já estava no final do terceiro livro e coletando ideias para o quarto, ele pediu calma, disse que eu estava sendo apressado demais. Pouco mais tarde, parei para refletir sobre a vida e me caiu a ficha de que um livro é uma obra de arte, e que deve ser feita com calma e no tempo certo, com muita paciência, bem devagarzinho, para que a história seja construída passo a passo e cresça como enredo para se tornar tão verídica quanto um fato.
Para escrever, é necessário paciência e dedicação, e geralmente é comum longos intervalos de meses em uma produção, que é o momento em que a inspiração tira umas férias para tomar água de coco e voltar logo em seguida. Eu estava me descabelando todo há algumas semanas atrás porque não conseguia digitar uma palavra, mas depois percebi que esse tempo “em silêncio” é necessário para a evolução da narrativa e análise do que já aconteceu até aquele ponto...
As aulas estão de volta, mais malignas e cansativas do que nunca, já a todo o vapor para as provas que virão (sinto uma bomba caindo na cidade de Química no País de Boletim). Estou bastante preocupado com a minha situação em Química, Física e também Matemática, pois como era de se esperar, o Jorian não me passou, nenhuma surpresa nisso, aliás. Só espero que o Márcio Costa não invente de colocar gráficos nas provas dele... Ai meu Deus! Quantos problemas!
Nem te digo que a Garota Box e a gangue dela - formada por mais duas garotas, uma cujo vulgo é Tralho - anda aos fuxicos e cochichos pelos cantos da escola, fazendo a minha caveira como é de se esperar. As férias só aumentaram a intensidade da rivalidade entre o Apocalipse Club e certos grupinhos do terceiro ano. Eles continuam, como sempre, lançando AQUELES olhares pra cima da gente, mas nenhum deles tem coragem de vir até nós dizer tudo o que tem vontade, e o que eles fazem? Ficam pelos cantos como camundongos covardes falando mal de mim principalmente, é claro, eu sou o mais visado nessa rivalidade que começou por causa de um Box Falante.
Mal eles sabem que, recentemente, eu soube de uma história envolvendo a mim, a fotografias e a bundas que a Sandra A-DO-RA-RI-A saber. De certo modo estou com a faca e o queijo nas mãos, porém não vou me rebaixar ao nível da Garota Box, que simplesmente resolveu que nós estávamos falando da vagina da amiga dela porque a Tralho disse. Vou procurar a fundo saber de cada uma dessas histórias, das coisas que eles andam falando, e quando chegar a hora certa, os pegarei pelos calcanhares. Tenho sangue de Gênio e de Gigante correndo nas minhas veias, de modo que eu prezo tanto pela honra das palavras quanto pela justiça (ao meu modo, é claro)... Só não admito que o meu nome fique rodando por aí na boca dessa garota. A Fabíola disse que a viu duas vezes em rodinhas que silenciavam assim que um de nós passava ao lado, de modo que o dia em que eu tiver certeza de tudo o que me contam, o dia em que eu mesmo presenciar uma rodinha dessas, tomarei satisfações no mesmo instante. Não vou deixar isso barato, não mesmo...
Mudando completamente de assunto, estas últimas semanas têm sido muito agradáveis. (exceto por algumas discussões dentro do nosso próprio grupo, que tem me deixado preocupado. Estas envolvem os ataques sem-noção e sem motivo que Fabíola dá e que me deixam seriamente perturbado - tenho de ter uma conversa com ela - E envolvendo também o passado negro do novo paquera da Rayanne, que costumava chupar uma verruga que tinha na palma da mão, chorar todo dia dentro da sala de aula e ser filmado nu pelos próprios amigos. - que insistiam que ele não possuía um pênis, e sim uma vagina, isso tudo na sétima série. - e que tem me deixado preocupado sobre as companhias da Rayanne, mas essa história já foi totalmente resolvida e aparentemente, ele cresceu e não é mais o mesmo de antes, e pelo que ela me conta, ele parece até mais adulto do que os garotos da idade dele, o que me faz pensar se estamos falando da mesma pessoa. Mas quem não muda? Quanto a mim, vocês sabem, só acredito vendo. Porém, se Rayanne disse, tudo bem, porque a palavra dela vale ouro).
Como eu ia dizendo, as últimas semanas tem sido maravilhosas. Passei os últimos dias de férias na casa dos meus tios, dias estes que foram revitalizantes e inspiradores. Como prometido, sábado pela manhã, Jamile já havia chegado de viagem, de modo que ela em pessoa me acordou naquele dia, e passamos um tempão colocando o papo em dia. Ela me contando as novidades de Belém, e eu contando pra ela as loucuras de Macapá. Rimos muito, rolamos da cama, brincamos com a cachorrinha Minnie e eu particularmente dancei New In Town na frente da Webcam, mas isso nós relevamos também ;D. Acredite se quiser, mas
assim que eu voltei de viagem do Jarí naquela semana, papai telefonou e exigiu a nossa presença no dia dos pais com ele lá mesmo, no Jarí, de modo que voltamos pra lá na sexta-feira à noite! Já pensou? Viajar para o Jarí duas vezes no mesmo mês, dois finais de semana seguidos? Só para os mais corajosos mesmo, porque aquela estrada não é para qualquer um não! Deus que me defenda. Se bem que da segunda vez fomos de carro com o papai, de modo que foi bem mais rápido do que de ônibus, que é uma verdadeira novela, na verdade. Mas nem assim deixou de ser desconfortável. Chão de terra batida, crateras enormes, árvores tombadas e poças d'água enormes, parece uma viagem de Safári pelo interior do continente Africano se vocês querem saber. Um pesadelo!
O final de semana do Dia dos Pais foi incrível, conhecemos a vida do papai de perto, e, sinceramente, pelo que vimos, ele leva uma vida de Rei. Morando nos altos da comadre dele, todos ali naquele lugar o adoram, porque pelo visto, ele faz tudo por aquelas pessoas, são todos uma grande família ali, ajudando uns aos outros.
Morando num pequeno apartamento com apenas o necessário para uma pessoa que trabalha tanto como ele viver, ele tem uma tevê com alguns canais à cabo, um computador para os projetos da prefeitura, um guarda-roupa, um pequeno e simples frigobar com alguns adesivos grudados, uma cama supermacia com um edredom confortável, banheiro, e logo ao lado do apartamento, um escritório recebendo seus últimos retoques. Uma velha escada de madeira improvisada leva àquele recanto onde ele tira as sonecas da tarde, escada essa que será substituída em breve por outra em caracol que eu vou adorar, com certeza.
Lá no Jarí, tiramos uma tarde para visitar a Tia Adma do outro lado do rio, em Monte Dourado, e eu, com as minhas ideias de jerico, resolvi que iríamos andando até o bairro Vila Nacional, mas eu nunca imaginei que fosse tão longe! (até porque sempre fazemos o percurso de carro e à noite, de modo que não foi possível ter uma ideia da distância certa). Chamamos um táxi quando já era tempo, e lá, acordei Jamile quando a tarde já ia pelas três. Ficamos lá até de noite, quando um temporal se abateu sobre o vale e ninguém ousou atravessar o rio na catraia. Tio Gerson estava com uma infecção intestinal naquele dia, e o pobrezinho ficou vagando a noite passada toda pela casa. Os frutos disso foram as brincadeiras da Mille, que disse que ele estava igualzinho a um zumbi, pra lá e pra cá, infiltrado na escuridão pronto para surpreendê-la a qualquer momento. Não sei se esse detalhe era dispensável XD.
E agora vamos às últimas notícias da semana: na manhã da última sexta-feira (14), uma tempestade apocalíptica se abateu sobre os céus de Macapá, sacudindo as casas com o ribombar dos trovões e clareando os céus com as luzes ameaçadoras dos relâmpagos, que iluminavam as ruas de forma macabra como se o sol estivesse a pino sobre a cidade durante apenas alguns segundos. Quem presenciou sabe do que eu estou falando: ventos de velocidades absurdas, explosões celestes como se o universo estivesse em guerra, raios de luz que entravam por todas as brechas das janelas, portas e mínimas rachaduras e espaços entre os aparelhos de ar-condicionado e as paredes. Foi um show, mas também é só esse tipo de atração que temos em Macapá, e uma vez na vez na vida, outra na morte.
Macapá é uma cidade entediante: calor intenso, animais esmagados no asfalto e muitos carros pra lá e pra cá, todo santo dia é a mesma coisa, e quando acontece uma tempestade arrasa quarteirão dessas, é de deixar o povo até feliz. Menos o pessoal da baixada, é claro, que tem a casa inundada toda vez que cai uma chuvinha dessas.
O barulho que os trovões faziam naquela manhã por si só ilustravam as imagens em minha mente: o céu rachando de leste a oeste como se acertado por uma marreta gigante, se desfazendo em mil pedaços com explosões e clarões. Foi uma coisa! Só sei que faltou luz durante meia hora, e eu torci pra energia não voltar mais, porque eu não queria ir pra aula, mas acabou que ela voltou rapidinho. E quando a mãe foi me deixar na aula então? O cenário da cidade parecia o final do filme Cloverfield - O Monstro! Era folha, galho, saco plástico, sapato, roupa, uma coisa só. E algumas horas depois o sol já estava rachando o topo das nossas cabeças como se a tempestade estivesse apenas no nosso imaginário, o céu estava tão limpo que qualquer um poderia jurar que imaginou todo aquele pandemônio, a mesma coisa foi no dia anterior à tempestade. Nenhuma nuvem no céu. Muito estranho.
Isso me faz viajar até a minha infância, no SESI, onde eu e minhas quatro melhores amigas da época, Beatriz, Naiara, Bianca e Carolina nos juntaríamos no canto mais distante na hora do intervalo e comentaríamos sobre a tempestade. E diríamos que um portal para o Vácuo foi aberto, e que daquela passagem vários Espectros estariam naquele exato momento invadindo o nosso mundo e roubando a energia vital das árvores, dos animais e das pessoas, assumindo formas de monstros gigantescos capaz de esmagar um prédio com apenas uma passada. Senão, diríamos que a própria tempestade foi uma batalha entre nós e os espectros, e que os trovões e os raios foram na verdade explosões de magia causadas pelos nossos poderes mágicos... Isso me faz pensar... Quem são as novas Wítcharmeds?
Bons tempos...

Cuidado com os Espectros!
Antonio Fernandes.
#3~